Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sábado, 31 de março de 2007

Batismo carioca.

Eu estava esperando o momento em que isso iria acontecer. Quando o meu Orkut, naquela sua mania de dizer "a sorte do dia", falou que eu iria "escapar por um triz de um problema sério", eu ignorei, como sempre. O que um mecanismo automático de apresentação randômica de frases sabe sobre o futuro?

Indiferente dos dons advinhatórios do Orkut, ou de minha mansa preparação de escorpiano precavido, quando eu vi o sujeito com a arma ao meu lado, logo depois de pagar a conta naquele bar, eu entendi que eu iria passar pelo meu batismo carioca.

- "É um assalto! Baixa a cabeça! Entra todo mundo no bar! Não olha pra mim não, porra!"

Obediente, entrei de cabeça baixa no bar. Entre as muitas coisas que passavam em minha cabeça, certamente não passavam os pensamentos padrão de "eu vou morrer" ou coisas do gênero. Pelo contrário, boiando em minha cabeça cheia de álcool rodopiavam pensamentos engraçados do tipo "puxa, como ele fala baixo! falando baixo assim, amigo, você deveria levantar mais esta arma! nunca vi ninguém fazer um assalto com a arma na cintura, porra!". Amadores! Ainda bem. Não que eu seja corajoso, ou experiente em ser assaltado (foi meu batismo carioca, lembram-se?), mas sinceramente a situação parecia apenas algo um pouco mais desagradável do que não conseguir um táxi e ficar sozinho na rua.

- "coloquem seus pertences sobre a mesa! Anda! Coloca tudo!"

Enfiei a mão no bolso. Desisti de colocar minha chave sobre a mesa (afinal, o que ele iria querer com minha chave? eu moro do outro lado da cidade, amigo.). Da mesma forma, desisti de catar todas as moedas do bolso, e coloquei apenas os 10 reais que havia reservado para pagar alguma coisa no início da noite. Com o dinheiro do taxi seguro no outro bolso, relaxei. Sentei-me, e senti o peso do meu celular no outro bolso. Será que eu o entrego? Em meio à confusão, tirei o celular do bolso, olhei para ele com o todo o amor que tenho pelo meu celular, olhei para o assaltante (que estava de costas para mim), e voltei a guardar o celular. Ele não havia pedido com veemência por todos os pertences, afinal.

- "vai todo mundo pra cozinha!! se olhar pra mim eu vou passar ferro em vocês!"

É... estava demorando pra fazer a primeira ameaça. Assim, ninguém estava ficando assustado. Confesso que até eu fiquei tenso quando ouvi "passar ferro" vindo de alguém com uma arma na mão. Foi então que percebi que eu não estava assustado justamente porque o assaltante era TÂO amador e TÂO gente boa (ele havia pedido por favor para que uma das moças do bar desse seu relógio a ele), que realmente não assustava ninguém. Assalto assim é bom, né? O cara rouba só o bar, leva só o que você quer dar, e ainda nem chega a falar alto. Ahh, se todo assaltante fosse assim...

- "Agora se eu ouvir um celular tocar, tá todo mundo morto!"

Opa! Que merda! Eu não devia ter desligado meu celular antes de colocá-lo de volta no bolso? Faço um malabarismo discreto para alcançar o bolso que fica abaixo do meu joelho e desligar o celular. É com alegria que eu sinto o tremelique que avisa que ele foi desligado. Depois disso, foi só recostar na mesa da cozinha, virado de costas para a porta, e acalmar a moça a meu lado, que estava um tanto mais assutada que eu. É claro que eu estava assustado, mas misteriosamente preferira guardar o ataque de nervos para mais tarde. Naquele momento a situação toda estava tão interessante e surreal que eu simplesmente não conseguia ficar efetivamente nervoso durante aquele momento.

Quando um dos cozinheiros falou que os caras tinham ido embora, senti um misto de alívio e decepção. É até escrotice falar que senti decepção, mas eu juro que senti. Então era isso que eu tava com tanto medo? Sinceramente... não quero passar por isso nunca mais, mas não vou dizer que foi tão ruim assim não. É desagradável, e eu perdi o meu isqueiro no meio da confusão, mas está longe de ser uma das piores experiências do meu ano (e este está sendo um ano bem tranquilo). Mais do que isso, eu descobri horas depois que por pouco minha querida tia de 84 anos não me matou. Ao chegar em casa, em meio ao piti que ela deu pelo meu atraso (indiferente ao fato de eu estar trancado dentro de uma cozinha de restaurante), ela disse que tentou me ligar várias vezes. Ao ligar o celular, percebi que ela havia ligado sim -- 3 vezes -- mais ou menos na hora do assalto. Foi então que minhas pernas tremeram, e eu REALMENTE fiquei nervoso. O meu celular IA tocar e, bem, eu iria descobrir até que ponto o cara tava falando sério quando disse que mataria todo mundo se algum celular tocasse.

Bem... eu estou vivo. O mundo não perdeu um escritor e uma cantora, e eu tenho mais histórias para contar. Agora são TRÊS as vezes em que eu fui salvo da morte por pura sorte.

Alguém me paga uma cerveja?
Fiquei sóbrio depois dessa.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Edir Macedo, sua igreja de fazer dinheiro e a sua rede de televisão de estimação.

Acredito que todos aqui que não estão dando dinheiro para o Bispo Edir Macedo sabem, ou ao menos suspeitam, que a Igreja Universal do Reino de Deus é uma grande empresa cuja única função é tirar dinheiro dos pobres crentes para enriquecer seus pastores e bispos.

Não é novidade que existe um vídeo em que o nosso caro bispo Macedo aparece ensinando a seus seguidores o evangelho do convencimento de pessoas crédulas a doar o dinheiro que mal tem para viver. Para quem ainda não viu o tal vídeo, vale a pena dar uma olhada. Pérolas como "(...)Ou dá (o dízimo) ou desce!(...)" e "Você também tem o Cajado de Moisés! É a sua fé! (quer? traz 10.000 aqui, então!)" já valeriam o vídeo, mas descobrir como são divertidos os encontros destes pregadores, e a fome que estes possuem por abocanhar o dinheiro das doações... ahhh... isso não tem preço, ao contrário do ticket de entrada no Reino dos Céus vendido pelo sr. Macedo.



Bacana, né? O que mais me impressiona é que mesmo vendo estas imagens na Globo (a eterna Deusa Prateada), os fiéis continuam dando sua grana pro cara. Existem algumas coisas que realmente me deixam perplexo nas pessoas...

Mas, para evitar estes contratempos, Macedinho resolveu comprar uma rede de televisão. Juntou uns amigos, pegou um pouco do dinheiro que Deus lhe deu e foi à luta. Conseguiu seu brinquedinho. Chama-se Rede Record, e consegue bater os níveis de idiotice já bastante altos do resto da TV aberta brasileira. Isso também não é novidade. Mas vocês viram de onde veio o dinheiro para a compra? É claro que foi do bolso dos fiéis, Batman! :)

Com sua Igreja e sua rede de televisão, onde não se pode falar em uma quantidade enorme de assuntos considerados "do demônio" ou "católicos" mas se pode chutar imagens sacras cristãs em horário nobre (nada a favor dos cristãos, por favor), Edir sonha alto -- Quer tornar-se o nosso novo misto de Papa e Roberto Marinho. Pelo talento que este homem tem para a filha-da-putisse em seu mais fino grau, acho que ele chega lá!


(esta adorável charge veio daqui)

quarta-feira, 28 de março de 2007

publicando videos do YouTube no blogger: o problema da edição de posts.

Vamos brincar de blog técnico?

Tentou publicar um vídeo do YouTube no seu blog do Blogger, e descobriu algum erro no post? Sem problemas, não é? Basta editar o post e corrigir o problema, certo? Mas então você descobre um dos bugs famosos do blogger, o de implicar com os vídeos do YouTube "embeddados" no post quando se vai tentar editar o post.

No blogger antigo, bastava mandar o sistema ignorar o aviso de "erros de código" e seguir em frente. O post era republicado bonitinho, sem problema nenhum, e o blogger mostrava que só estava sendo cricri. Mas agora não há mais a opção de ignorar o problema "tocar ficha na parada". O que fazer então?

O problema consiste em uma implicância do Blogger com a falta do fechamento de tag /embed no final do post. O que acontece é que o vídeo do youtube, originalmente, TEM o tal fechamento de tag /embed ao final do post, mas quando o blogger reabre o post para edição, ele dá um sumiço no fechamento da tag (não me perguntem por quê ele faz isso). Logo, quando ele vai processar o post editado, ele implica com a tag não fechada ao final do objeto/vídeo.

A solução é mais simples do que parece. Basta ir no código de objeto do vídeo e colocar de novo a tag (não se esqueça do "<" e do ">") /embed, logo antes do fechamento de tag /object. Depois, e só mandar publicar (mas não esqueça de verificar se o blogger também não sumiu com as suas marcações de permissão de comentários e de trackbacks, no menu de Opções de Postagem).

Fez sentido para vocês? Se não fez, eu explico de novo.
Eu ADORO explicar coisas... :)

a falta de assunto divertida e a falta de assunto enfadonha...

Um belo dia (ou noite, pois nunca dá pra saber se é dia ou noite quando se está no metrô) um cara resolveu colocar uma câmera na cabeça, tirar o seu par de esquis do armário e descer a escada rolante de uma estação de metrô londrina sobre seus esquis. Isso é pura falta de assunto, mas foi divertido para ele e para quem observava.

Horas depois, a administração do metrô deu um piti e resolveu insistir para que a polícia tomasse "as medidas mais sérias possíveis" contra o cara ou qualquer um que repetisse o feito. Isso é pura falta de assunto, e não foi divertido para ninguém.

Se vai fazer merda, meu amigo, faça algo que seja divertido. Kudos para o esquiador, "vão procurar o que fazer!" para a administração do metrô londrino.

Vejam o vídeo:



Agora me digam... isso não parece ter sido divertido?

sábado, 24 de março de 2007

O Acid Girls está de volta(!?)

O Acid Girls, o site de ensaios fotográficos alt.nude que seguia (a um modo brasileiro e, a meu ver, melhorado) a proposta do site americano Suicide Girls, fez um bocado de sucesso quando estreou em 2004. Pouco tempo depois, coisa de alguns meses, o site acabou saindo do ar por "problemas internos" nunca adequadamente explicados.

Hoje recebi uma mensagem no meu scrapbook do Orkut dizendo que o site está voltando ao ar (e já tem até uma nova comunidade no orkut). Ao que parece estão apenas esperando que as primeiras candidatas enviem seus ensaios para acidgirls.br@gmail.com.

Hey! Porque estão me olhando com esta cara? Isso é notícia, pô! :D

quinta-feira, 22 de março de 2007

Livros do velho sistema Storytelling da White Wolf para download no Rapidshares

O Google achou para mim, sem que eu sequer tivesse perguntado, esta página aqui. Qual não foi minha surpresa quando vi mais da metade dos livros do sistema de RPG Storytelling da White Wolf para baixar.

Se você é, assim como eu, um velho amante do sistema dos pontinhos, corra lá e baixe o que quiser antes que a festa acabe...

Eu já estou baixando um bocado de coisas bacanas de Changeling, feliz que nem criança que entra na loja de brinquedos e descobre que pode levar o que bem quiser... :D

Cultura e Pensamento + Redes = muitas possibilidades

O Zé Murilo escreveu em seu blogue Ecologia Digital sobre o mais recente evento promovido pelo programa Cultura e Pensamento. O ciclo de debates sobre 'Organização Colaborativa da Produção e do Conhecimento - a cultura das redes de informação compartilhada', do qual o Murilão participou e agora blogou parece ter sido bem bacana.

Em sua blogada
, o Zé Murilo nos conta:

"O evento aconteceu como uma reflexão sobre o próprio Cultura & Pensamento em sua potencialidade / capacidade de difusão em rede, pois desde sua concepção o programa trazia como idéia estruturante alargar o alcance dos debates propostos com o auxílio da web. Apesar das iniciativas de difusão dos debates presenciais através de webcast, disponibilização do registro integral do áudio dos eventos em arquivos mp3 (agora também vídeos), e da criação de foruns eletrônicos no site do Programa, o nível de participação não atingiu os níveis desejados. A meu ver, nada mais adequado do que induzir o C&P a curvar-se sobre si para avaliar e debater como melhor aliar a cultura das redes à realização de seus objetivos."
Vale principalmente dar uma sacada no videozinho feito pelo Murilo no fórum, e também publicado na blogada, em que podemos aprender um pouco mais sobre os primórdios irlandeses dos conflitos de direitos autorais (YAY!!!) e um pouco mais sobre a história da arte postal, entre outras questões bem interessantes...

Achou interessante? Então vai lá no Ecologia Digital olhar, oras!

terça-feira, 20 de março de 2007

Pedradas (muito) bem miradas na falácia da política, das cidades, e da beleza desta civilização. por Marcello Pedroso e eu.

"(...)Desde que me dei conta que tudo não passava de um joguinho de cartas marcadas muito do sem vergonha, de que todo esse papo era absolutamente vazio, vazio porque de fato não vai a lugar nenhum e não tem objetivo algum, porque não é relevante de maneira nenhuma, eu disse, e digo, de coração: Foda-se a política.

Não é a pólis a salvação, mas o sintoma mais óbvio de nossa degradação.
Fodeu para todo mundo (perdoe o vocabulário. Mais um motivo para escrever só uma vez sobre isso), mesmo, e não adianta espernear. Vamos nos acostumando com o fato de que quando nossos ancestrais de pouco tempo atrás inventaram de viver aglomerados e de quebra perder o manual de instruções da espécie, fizeram uma grande merda, e depois jogaram tudo no ventilador, e hoje continuamos achando que o problema é o tipo de merda que está sendo jogado na nossa cara.

Eu sou do tipo de pessoa que advoga pela idéia aparentemente absurda de desligar o ventilador da tomada e começar logo a recolher o cocô com as mãos pra fazer um monte de adubo prum novo começo no nosso sítio.(...)"
(trecho do post Política, de Marcello Pedroso, em seu SintropiaEspontânea)

Não é todo dia que encontro gente que tem pensamentos políticos (ou justamente não políticos) que traduzem tão facilmente o que penso. Marcello Pedroso, ou Marcelinho, velho conhecido dos tempos de Casa na Colina e longas partidas de xadrez no Estação 109 regadas a cerveja e excelente conversa, sempre me aparece com grandes sacadas. Mas esta sacada eu não pude deixar de ecoar, até porque é uma reafirmação de tudo que penso sobre este jogo complexo-inviável-absurdo-patético que é a política.

Costumo dizer que na falta de Reis Divinos, é melhor que o povo se governe a si mesmo, pois ninguém mais precisa ou pode fazê-lo. Some-se a isso que precisamos de governos, lideranças artificialmente instituidas e insolúveis nos momentos, simplesmente para resolver problemas absurdos que nós mesmos criamos nos passos tortos desta nossa civilização. Cidades gigantescas, embora tenham seus encantos, são um câncer na carne da terra e na alma de seus moradores. Países, fronteiras, governantes, são abstrações que tristemente nos são materializadas por forças que ora nos pertenciam mas que saíram de nosso controle. Inventamos uma civilização para nos dar uma vida melhor, e com ela inventamos cidades, governos, falsa abundância e problemas que hoje não sabemos como resolver. Onde está a vida melhor que almejávamos? Estão todos felizes?

Não fosse o dinheiro, ninguém seria capaz de acumular muito mais do que precisa. Não fossem os governos que nos tratam como nem o gado deveria ser tratado, com nossa bovina anuência, aprenderíamos -- teríamos que aprender -- a nos tornarmos mais atentos ao que é real e a nos unirmos em busca da sobrevivência e da solução de nossos problemas. Não fossem as cidades, haveria espaço para todos, cada um no seu canto, reunindo-se apenas pela vontade de encontrar ou pela necessidade de colaborar. Em meio a tudo isso, nos tornamos tantos, tão doentes e tão pobres da verdadeira riqueza humana, que começamos até mesmo a acreditar que precisamos dessa merda toda pra viver. Assim é, se nos parece. O dinheiro empobreceu a maioria para enriquecer a minoria. Os governos nos amputam de nossa capacidade de resolver problemas e de nos agruparmos nos conjuntos que bem quisermos, assim como de decidir nossas vidas. As cidades nos enlouquecem e nos atritam ao limite do ódio e da tensão humana, como bichos em jaulas mais ou menos luxuosas, mas ainda assim empilhadas.

Até onde nossa mania por festejar (ou se resignar) à merda de civilização em que nos metemos vai nos impedir de ver que não apenas estamos indo cada vez mais rápido para o mesmo velho lado errado, mas que também estamos levando nosso planeta e a nossa raça à destruição? Você realmente acredita que estamos construindo um mundo melhor? Realmente acredita que algum governante pode tornar o seu mundo melhor, ou que algum modelo econômico pode tornar a distribuição das posses entre as pessoas e a qualidade de vida de todos suficientemente humana? Você realmente acredita nesta nossa civilização? No excesso de SIM engolindo o nosso NÃO, por hora a gente continua colaborando pra tentar tirar a água deste enorme barco furado. Mas um dia este castelo de cartas vai cair e aí sim, graças aos Bons Deuses, vai ser hora de recomeçar. Oxalá, da próxima vez, façamos algo melhor do que esta péssima idéia na qual insistimos há séculos...


Até lá, vão continuar achando que sou um inocente maluco. Acho mais engraçada a parte do inocente, pois para ser são num mundo louco, é necessário ser louco.

Aviso de início dos trabalhos de redação do Manual de Auto Publicação na Rede para Músicos e Músicas Independentes, no Caderno do Cluracão.

(Tenho um fraco pelos títulos grandes e pelos crossposts inevitáveis.
Este post foi publicado hoje no Caderno do Cluracão,
mas acho que cabe aqui também)



Falando de coisas mais alegres agora (enfim!), hoje, dia 20 de março, começa a segunda fase de produção do Manual de Auto Publicação de Músicos e Músicas Independentes, que vinha sendo até agora gestado e discutido neste tópico do Forum de Conversas sobre Cultura do Overmundo. O Manual segue as propostas levantadas neste post feito no Overblog do mesmo Overmundo, além de tantas outras excelentes propostas e colocações feitas na discussão do Forum.

A partir de hoje começa o trabalho prático de elaboração e redação do Manual, com a colaboração de todos os participantes da discussão que se mostraram interessados em participar desta fase dos trabalhos. Se você se interessa pelo tema, nunca é tarde para aparecer por lá, dar uma olhada nos papos (por favor, leia as conversas antes de falar) e se juntar ao grupo.

domingo, 18 de março de 2007

A "Contagem de Corpos" carioca. Uma manifestação e um manifesto.

Reproduzindo o início da matéria de Egeu Laus para o Overmundo:

Pessoal,
Estou vindo agora da Praça XV e quero escrever sem pensar muito:

Sei que um post sobre esse assunto não vai fazer muito sucesso aqui (como de resto em qualquer lugar). É compreensível. Qualquer sinal de violência ou atitude violenta perto de mim costumo me afastar rapidamente. Me sinto extremamente incomodado e acho que passar longe da violência preserva minha saúde mental.

Infelizmente não está dando mais pra fazer de conta que não é com a gente. À noite, aqui no quarto, e nas madrugadas, ouço as AR-15 do Morro Dona Marta (também chamado de Santa Marta) que fica aqui pertinho, embora do lado não ocupado. De dia, ouço os porteiros comentando algum tiroteio que alcançou as escadarias que dão acesso as subidas do morro. Mais que isso, amigos dos amigos são atingidos, como o Picucha do AfroSamba ou a Delphine da Terr'Ativa com a qual mantive contato por um bom tempo. Não preciso contar das últimas nos jornais. Todo mundo leu.

Não sei quais as saídas imediatas. Imagino que existam ações a curto, médio e longo prazo. Tento enxergar algum caminho no meu trabalho com a Rede Social da Música. Como a arte e a cultura poderão contribuir para alguma mudança? Divido com vocês minha perplexidade.

Junto-me ao Egeu Laus e ao Tico Santa Cruz nesta perplexidade. O Rio de Janeiro é hoje, e cada vez mais, uma cidade de contrastes aberrantes. Toda a beleza e encanto desta cidade tão viva convive lado a lado, por vezes frente a frente, com a terrível desigualdade e o mortífero conflito social e econômico que já atingiu há muito tempo a dimensão de uma guerra. E é isso mesmo que acontece aqui no Rio de Janeiro -- uma guerra!

Conheço ainda muito pouco do que é esta cidade, mas posso dizer-lhes de minha própria experiência que o tipo de violência urbana que existe no Rio é diferente de tudo aquilo que conheço. Não é uma cidade de reles assaltantes esperando nos becos (não mais do que qualquer outra), nem uma cidade de batedores de carteiras ou crimes leves causados pela cobiça ou pela miséria. É, infelizmente, uma cidade que guarda -- sob os braços abertos da estátua redentora sobre a montanha -- várias cidades que estão em guerra entre si.

Há no Rio a cidadela murada dos ricos com seus carros blindados e seus seguranças particulares, que flana, ignora, atropela tudo mais em sua sanha para fechar os olhos frente ao cenário que os cerca. Há os constabulários dos justiceiros noturnos, policiais e outros 'profissionais de segurança' que saem à noite para combater 'o problema' a seus próprios modos parciais. Há os feudos das encostas dos morros, com seus senhores feudais populares que guerreiam entre si e contra as polícias -- a oficial e a mascarada -- e cooptam seus servis vassalos a participar de suas guerras financiadas pelos ópios populares ora proibidos. Há as fortalezas das milícias que se arvoram na vista grossa da lei para guerrear em seus próprios termos contra os senhores feudais do tráfico. Há os guetos e os moradores dos viadutos pedindo ou tomando o que podem, na tentativa de retomar para si um pouco do que estas sociedades os negaram. E há, no meio destas cidades em guerra, o povo que como eu e você sai na rua em busca da beleza ou a caminho do trabalho mas não sabe ao certo quando vai se ver na linha de tiro dos tantos militantes desta guerra.



E enquanto a situação apenas se agrava, sem uma atitude coerente vinda de NENHUM dos lados, continuamos apenas contando os corpos, varrendo-os para a sarjeta e para debaixo do tapete ao amanhecer, para continuar acreditando que vivemos numa cidade que é simplesmente a "Cidade Maravilhosa".

O Rio é muito mais do que a cidade maravilhosa que os cartões postais vendem. É muito mais também do que uma cidade em guerra. É mais do que um dos maiores centros urbanos e econômicos do sudeste brasileiro, e muito mais do que apenas uma grande cidade. É mais do que o Rio dos poetas ou dos boêmios, e é mais do que uma das grandes capitais do turismo leigo ou sexual do Brasil. É tudo isso e muito mais, e toda esta beleza e diversidade merece ser salva de suas próprias mazelas. Toda a vida que existe aqui merece ser protegida e exaltada, e não destruída pelos muitos lados deste conflito de idéias e armas. Mas o que fazer? O que pode ser feito? Até quando se vai tentar as mesmas velhas soluções militantes ou paliativas? Até quando vamos apenas contar os corpos e enterrá-los, fingindo não fingir que são apenas mais algumas vítimas da guerra que ninguém quer admitir?

Até quando...?


Voltando à matéria do Egeu, segue o manifesto lido por Tico Santa Cruz na referida manifestação:
"Os Deputados, Senadores, Prefeitos, Governadores e Presidentes, desfrutam de muitos privilégios PAGOS com o dinheiro do povo.

E nós contamos os corpos...

Seus filhos estudam em colégios particulares e muitos de seus parentes quando precisam são atendidos erm excelentes hospitais que não pertencem a rede pública. ANDAM EM CARROS BLINDADOS e moram em locais da cidade protegidos por seguranças particulares.

E nós contamos os corpos...

55% dos deputados estaduais residentes nesta Assembléia Legislativa estão respondendo a processos cível, criminal ou eleitoral, enquanto você sequer pode prestar concurso público se estiver envolvido em algum processo judicial.

E nós contamos os corpos...

Os políticos brasileiros são processados por fraudes, corrupção, desvio de verbas ou qualquer crime cometido ao longo de seu mandato TEM DIREITO A JULGAMENTO EM FORO PRIVILEGIADO.

Até o momento nenhum político envolvido nos crimes e nos escândalos de corrupção que acompanhamos pelos jornais e TVs foram parar atrás das grades. Isso chama-se IMPUNIDADE.

E nós contamos os corpos...

Verbas que deveriam ser destinadas a Rede Pública de Ensino, aos Hospitais, a Segurança de nossas Comunidades são desviadas por muitos destes cidadãos que deveriam nos defender e nos representar.

E nós contamos os corpos...

O Supremo Tribunal Federal retomou dia primeiro de março o julgamento de recurso destinado a garantir o foro privilegiado a "agentes políticos" processados por improbidade administrativa, mesmo que já tenham deixado o cargo. Dos 11 ministros do STF seis já votaram a favor dos político e um contra. Restam votar 4 ministros.

A medida, se aprovada, impedirá que ministros de Estado e o presidente da república sejam fiscalizados por procuradores na primeira instância da Justiça, como ocorre hoje. Além de paralisar os processos em andamento a decisão do STF permitirá que administradores já condenados possam pedir a RESTITUIÇÃO de valores que foram obrigados a devolver aos cofres públicos.

Cerca de 10 mil inquéritos e ações judiciais contra autoridades acusadas de corrupção podem ser arquivadas.
Os defensores do foro privilegiado querem que presidentes, ministros, governadores e prefeitos envolvidos em corrupção não sejam mais atingidos pela lei. O Código Penal Brasileiro é de 1940.

E nós contamos os corpos...

Um soldado da polícía militar ganha 800 reais por mês.
Um professor ganha em média 400 reais por mês.
Um médico do SUS ganha em média 1.500 reais.
O Estado gasta em média com nossas crianças 300 reais por mês.
Um preso custa aos cofres públicos em média 800 reais por mês e todos nós sabemos que o Estado não oferece nas penitenciárias NENHUMA CONDIÇÃO DE REABILITAÇÃO dos apenados, cabendo a sociedade arcar com todos estes custos e mais os salários dos nossos políticos que passam de QUINZE MIL REAIS mensais.

E nós contamos os corpos...

O Rio de Janeiro está em guerra enquanto nossos representantes não fazem nada

E nós contamos os corpos...

Fim da impunidade.
Fim da imunidade parlamentar.
Fim do voto secreto no Congresso Nacional.
Queremos segurança, educação e saúde de qualidade pois
pagamos por isso.

SEM JUSTIÇA NÃO HÁ PAZ.

Deputados assumam suas responsabilidades pois elas são do mesmo tamanho de seus privilégios.

Enquanto nós contamos os corpos.

Ass) Voluntários da Pátria"





Se tudo que podemos fazer neste momento é discutir o problema e tentar enxergar novas dimensões dele, buscar novas propostas para sua solução neste momento em que o caminho parece escuro e sem desvios... então é isso que temos que fazer.

Não há dúvida, contudo, que esta não é uma Guerra que vá se vencer com mais e mais armas ou mais e mais violência. Esta é uma guerra que só vai terminar quando atacarmos as raízes de toda esta belicosidade, que vem do ódio de classes e da inviabilidade e do absurdo cotidiano a que são submetidos os moradores de algumas das tantas cidades que fazem parte desta grande e maravilhosa cidade.

Esta é uma guerra que só acaba quando encontramos um meio para que se queira a paz, em todos os lados destas trincheiras. É uma guerra que só acaba quando se aprender a não odiar e a apresentar soluções que agradem suficientemente a todos os lados. É uma guerra que termina com justiça, mas não com a justiça que pune apenas um dos lados que está a combater, visando satisfazer o outro. É uma guerra que termina quando todos tiverem condições de viver, de crescer, de trabalhar, de produzir e de se divertir em paz... como é justo para todos os homens e mulheres de uma sociedade civilizada. Como é justo para todo morador desta Cidade Maravilhosa que aprendi a amar.



Enquanto não chegarmos a este ponto de capacidade de resolver problemas como uma só sociedade, vamos continuar sendo apenas parte de um dos lados da guerra...
e vamos continuar apenas contando os corpos.

memórias de um blogueiro meio desmemoriado

Enquanto remexia meus arquivos do Alriada Express dos meses de agosto, setembro e outubro de 2004, em busca de meus (poucos) posts a respeito da Cultura Digital, me deparei com tantos posts interessantes que quase abandonei o trabalho só para ficar lendo meus próprios escritos...

Quanta coisa aconteceu! Quanta coisa foi pensada, dita, escrita, relembrada...
Toda vez que dou uma passeada pelos arquivos do Alriada Express me pego pensando que deveria fazer uma expedição mais organizada por eles. Reler os arquivos mês a mês de todos estes quase 5 anos de Alriada Express, e pinçar algumas raridades interessantes.

Espero me lembrar de fazer isso em minha próxima tarde entediada.

"Cultura Digital parando de querer..."

UPDATE IMPORTANTE: Segundo o DPadua, em seu blog, "Deu tudo certo, as pessoas já estão começando a receber." :)

---

Ecoando o post do DPadua, que por sua vez ecoa o post do Uirá passarinho.

Uirá divulgando a situação: "Para quem não sabe, a equipe Cultura Digital já está a dois meses e meio trabalhando, sem parar e sem receber. Isso mesmo, não estamos recebendo nossos salários, nem ajudas de custo nem nada. Nosso contrato está parado numa das ilhas do imenso arquipélago burocrático do governo brasileiro. Não que já não estejamos acostumados a isso, já estivemos em situações piores nos tempos em que, ainda sem saber, ajudamos a fundamentar conceitualmente o programa Cultura Viva. Mas agora a situação está insustentável, MESMO!"

Pra quem não sabe, a ação cultura digital é um grupo de pessoas reunidas em 2003 colaborativamente na Internet (em sua grande maioria blogueiros, ativistas e pesquisadores) e foi responśavel por inventar (e mais tarde implementar) o que viria a ser o programa de inclusão social/digital do Ministério da Cultura do Brasil, o Cultura Viva, que põe em prática o uso, produção e reflexão de software livre e conhecimento livre em geral. Já entrando no terceiro ano de trabalho, a ação vem passando por inúmeras dificuldades, especialmente 3 meses de salário atrasado, o que interfere diretamente em sua capacidade de atender os pontos de cultura.

Trabalhei na Cultura Digital nos seus primeiros momentos de Ministério da Cultura, em 2004. Aprendí um bocado, e conheci de perto um bocado do que havia de bom e de ruim (muito ruim) dentro daquela estrutura. De resto, poupo-me de fazer qualquer outro comentário.

Espero que os meus bons amigos que ainda seguem naquele barco recebam o pagamento que merecem.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Loose Change: Como George W. Bush fingiu um atentado terrorista e matou seu povo em benefício próprio.

Vamos colocar alguns pontos:

* George W. Bush e seu vice-presidente Dick Cheney tinham todos os motivos para querer que um grande atentado terrorista, daqueles que chocam o mundo todo, acontecesse em território norte-americano. Era tudo que eles precisavam para melhorar sua popularidade e ter uma boa desculpa para instalar um governo quase facista nos EUA e posar de guardiães do bem no mundo ocidental.

* Não era possível, tecnicamente falando, derrubar as duas torres do World Trade Center com dois míseros aviões. Não apenas o impacto não as derrubaria (como todos puderam ver que não derrubou), como o incêndio e danos estruturais consequentes não eram suficientes para fazê-las cair daquele modo.

* Um prédio que desaba, o faz aos poucos, de um modo desajeitado e absurdamente perigoso para os prédios da vizinhança. Para que um arranha-céu caia daquele modo reto, rápido e quase de uma forma limpa, seria necessário dinamitá-lo. Com um pouco de atenção aos vídeos e ao relato dos sobreviventes, pode-se ver que aconteceram centenas de explosões ao longo do World Trade Center na hora que antecedeu sua queda. As imagens dos bombeiros mostram o estrago causado pelo que só poderia ser uma bomba no térreo do prédio. Há centenas de outras evidências a este respeito.

* Qualquer um com dois olhos e um pouco de atenção pode notar que nenhum avião atingiu o Pentágono. Nenhum avião poderia cair sem deixar vestígios (tal coisa nunca aconteceu), e o estrago causado ao Pentágono é totalmente incongruente com o estrago causado pelo impacto até mesmo de um avião Cessna, quanto mais de um avião comercial do tamanho proposto. O fato de nenhuma câmera pegou o avião, e que ninguém afirma com certeza tê-lo visto batendo lá, parece ser ignorado convenientemente por todos.

* Nenhum avião caiu ou foi derrubado em nenhum campo norte-americano naquele dia. Ou, se o foi, isso nunca foi mostrado. Policiais que atenderam ao "local da queda" daquele quarto avião disseram que não havia nada lá -- nem destroços, nem corpos. Por sinal, algumas das aeronaves que teriam "sido destruídas" naquele dia ainda constam como aviões existentes e em uso nos EUA.

* Os terroristas acusados da ação não eram capazes de pilotar aviões bem o bastante para manobrá-los da forma que apontam as versões oficiais dos acidentes. Pior que isso, a maioria deles está viva e bem em algum outro lugar do mundo, como afirmam as próprias embaixadas de seus países.

* Não era possível em 2001 se ligar pelo celular de um avião em vôo, e as famílias dos que receberam ligações não reconheceram o jeito de seus "parentes" nas pretensas ligações que informavam o que acontecia naquele vôo.

* Nos dias que se seguiram ao ataque, o vídeo onde, em tese, Osama Bin Laden confessava o ataque, mostrava um homem que não poderia ser o pretenso líder do "Al Qaeda". O próprio Osama lançou naquela época um comunicado dizendo que não tinha nada a ver com os ataques.

* Centenas de pessoas apresentaram, a princípio, relatos e opiniões que apontavam na direção contrária à versão oficial sobre os atentados. No prazo de semanas, todos começaram a concordar a respeito da versão oficial, mesmo tendo afirmado antes que ela era absolutamente ilógica e impossível. Aqueles que mantiveram seus relatos que apontavam em direções diversas da versão oficial foram demitidos de seus cargos ou desapareceram.

* O governo e a mídia tradicional norte americana se recusa a discutir o assunto, ridiculariza quem tenta fazê-lo e, agora, inventou um bode expiatório perfeito (com carícias e remedinhos) para corroborar sua mentira assassina.

* O atual governo norte americano é, a olhos vistos, o maior grupo de terroristas e assassinos da face deste planeta.

Se você discorda destas afirmações, peço que assista a este filme. Seu nome é Loose Change, e foi disponibilizado na página LooseChange911.com desde pouco depois do falso atentado. Nele você encontrará o embasamento para estas e dezenas de outras afirmações que corroboram tudo que estou dizendo. Assistam o filme. Depois a gente conversa.

quinta-feira, 15 de março de 2007

O Borbulhar do Caldeirão de Histórias

Para quem não acompanha o meu outro blog (o Caderno do Cluracão, onde falo de minhas impressões artísticas e de minha produção literária and stuff), estou entrando novamente em um período bem produtivo. Além de estar escrevendo vários contos curtos (os quais devem levar um bom tempo para ver a luz), estou voltando a me debruçar de verdade sobre meu verdadeiro ofício de fabulista. Para quem ainda não viu, a fábula em fragmentos O Cavaleiro e o Dragão (que foi parcialmente publicada aqui no Alriada, em sua forma inicial, nos tempos em que comecei a escrevê-la) está sendo novamente publicada, em sua forma revisada, no Overmundo. Para quem quer começar a acompanhar, ainda dá tempo. Basta ir lá e ler a primeira, a segunda, a terceira e a recém-publicada quarta parte.

Enquanto isso estamos chegando ao fim da primeira fase do papo sobre o Manual de Auto-Publicação na Rede para Músicos e Músicas Independentes (que já foi comentado até pelo Miguel Caetano em seu blog Remixtures). A conversa que está rolando no Forum de Conversas sobre Cultura do Overmundo (nesta fase, um debate sobre o escopo e estrutura do manual) dá gosto de ver. Espero que os Deuses nos abençoem nesta segunda e ainda mais importante fase do trabalho que se aproxima -- a redação e agregação dos conteúdos.

Por fim, há muitas matérias e muitas histórias no forno ainda no Caldeirão, e um bocado de trabalho a fazer. Mas confio que o tempo e a inspiração e a vontade vão ser suficientes para fazer tudo.

Que os Deuses nos Abençoem a Todos.


p.s. Para saber sobre o Caldeirão das Histórias, leia "Sobre Histórias de Fadas" de J.R.R.Tolkien. Trata-se de uma imagem que Tolkien descreve tão bem que não vale a pena tentar explicar... a não ser que eu eu crie um verbete na Wikipedia a este respeito...

"Tá certo! Eu confesso, mas pare de me fazer carinho!"

Sob tratamento exemplar no ensolarado resort para turistas islâmicos de Guantanamo Bay, Khalid Sheikh Mohammed confessou a autoria intelectual dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, bem como o planejamento de mais 29 ações terroristas. Dizem as más línguas que ele confessou até ser a reencarnação de Jack o Estripador (ou de Jack Palance, ele não sabia a diferença), contanto que parassem de tratá-lo com tanto carinho.

Na lógica simples de Bush, seus comparsas e da mídia norte-americana, se alguém confessa algo numa sessão de "carinhos" (não! é claro que eles nunca torturam ninguém!), então deve ser verdade. Principalmente se isso fizer bem para o orgulho nacional do povo mais orgulhoso do planeta. Agora eles já podem enforcar e cuspir em alguém e sentir-se vingados pela ferida feia ao orgulho nacional que foi a queda das duas torres (e que ninguém me convence de que não aconteceu com a anuência do próprio governo americano). Quem sabe o Bush até consiga um pouquinho mais de popularidade depois dessa, né?

E assim passam os dias neste mundo estranho...

quarta-feira, 14 de março de 2007

ambiguidade residencial (ou como eu quase me levei à falência com contas de celular)

Sou menino do interior. Nasci e fui criado naquela cidade estranha, fantástica e provinciana que porventura é a capital do País. Embora seja, como qualquer ser humano curioso e apaixonado pela vida, muito chegado em uma novidade, nunca fui muito de viajar (até agora). A personagem Ana Terra, do O Tempo e o Vento de Érico Veríssimo, dizia que "A vida é como um rio. Quem quer ir ela leva. Quem não quer, ela arrasta.". Pois este rio da vida, no qual nado com gosto, acabou me trazendo para o outro Rio, o de Janeiro. Sem perder meu amor pela minha cidade quadradinha natal, apaixonei-me por esta outra. Como são estranhos os caminhos do coração de um homem, não é mesmo?

Encanto-me cada dia mais com esta cidade tão cheia de vida, onde em cada canto e travessa existe tanto... Mas ainda mantenho uma saudade fininha e aguda das formas quadradas e das pessoas daquela minha cidade. Posto isso, revezo-me entre encantos com a velha capital, minha nova cidade, e a nova capital, minha velha cidade, e fico neste eterno meio termo que me leva a ficar sempre na dúvida a respeito de onde devo estar. Meus planos são os de ficar por aqui pelo Rio por mais tempo, mas sempre me vejo sentindo tanta tanta tanta falta dos meus amigos...

Que acabo quase me levando à falência com interurbanos.

Puta que pariu, Duende. R$780,00 de conta de telefone é o fim da picada, né? Se liga, muleke!

Quando é que eu vou aprender que Duende pobre morando no Rio de Janeiro só deve se comunicar com os amigos da velha cidade por email e ême-ésse-êne?

Como é difícil montar uma mesa "de fácil montagem"!

Passei o dia de ontem quase inteiro às voltas com a montagem da mesa nova que comprei. Apesar da propaganda (enganosa) de "montagem super fácil", penei um bocado por conta das instruções ilógicas de montagem e do acabamento duvidoso das peças. Depois de montada, a mesa ficou bem bonitinha mas... sinceramente... nunca mais acredito em "mesas de fácil montagem".

O problema já começou na hora em que abrí a caixa onde vinham as "peças de fácil montagem". Um dos tampos da mesa estava quebrado. Já pensando no trabalho que me daria para trocar aquela maldita chapa de madeira lamentavelmente partida, fui até a loja onde comprei a mesa e -- que surpresa -- eles trocaram a parte quebrada sem titubear. Talvez o problema seja normal, mas não posso deixar de ficar surpreso com o atendimento deles.

Depois, começa a longa aventura da montagem. Mais de uma vez as instruções faziam afirmações gráficas ilógicas (e, note, o manual de instruções era apenas gráfico). As chapas de compensado não possuíam os furos destinados aos parafusos, o que me forçava a enfiar os parafusos "no muque" (como dizia meu pai) para conseguir afixar as partes da mesa. Mais de uma vez fui forçado a desmanchar o que já tinha feito, pois as instruções me mandavam realizar os estágios da montagem em ordem absurda. Imagine, por exemplo, montar toda a mesa para depois ter que me enfiar por debaixo dela, entre o tampo e as fixações da base, para conseguir apertar as braçadeiras que afixam o tampo. É uma das coisas que eles queriam que eu fizesse. Conclui, então, que fui o felizardo comprador de um móvel feito especialmente para Homem Elástico.

Talvez os móveis das linhas mais luxuosas da Madesa sejam melhores, mais fáceis de montar e contenham material e instruções de montagem mais caprichosos. Mas a minha nova estante 9426 (me sentí em uma cena de Clube da Luta quando olhei para ela montada, igualzinha milhares de outras...) esconde, por trás de sua beleza funcional, um bocado de incompetência (da fábrica e deste montador que vos escreve) e descaso (só da fábrica, pois eu juro que fiz TUDO para montá-la da melhor forma possível).

E assim seguem os dias...

segunda-feira, 12 de março de 2007

Quando o primeiro mundo realmente mostra seu valor...

Enquanto um projeto de lei prevê a prisão de "homossexuais" visando “proteger os valores e a moral da sociedade” na Nigéria, as escolas inglesas começarão a trabalhar em sala contos de fadas e outras obras literárias que abordam com naturalizade o amor entre dois indivíduos do mesmo sexo.

Tem horas em que o primeiro mundo realmente impõe respeito. E, veja bem, mesmo na Inglaterra nunca faltaram católicos (e outros bichos) para emperrar a evolução social. É tudo uma questão de respeito ao ser humano...

Enquanto isso ainda existem escroques eclesiásticos aqui no Brasil fazendo biquinho para a camisinha. Nem o presidente Lula, que anda namorando até a mais nojenta direita do Brasil, engole esse papo bobo bispal. Ô povinho atrasado (esses cristãos...).

Mas não tem problema não. Ainda acredito que um dia a gente sacode esta merda capitalista-judaico-cristã-estrangeira toda e se reconhece, sem hipocrisia, como realmente somos... o povo mais criativo, diverso, sensual, colorido e alegre que há.

Que os Deuses abençoem o Brasil e... desta vez... a Inglaterra também.


UPDATE:
Acompanhando uma discussão sobre a decisão britânica de se ler contos de fadas gay nas escolas, fico cada vez mais furioso com este discurso cristão de "preservação de valores cristãos" e de preconceito contra a diversidade humana. Este um discurso deste naipe que gera toda a divisão, todo o preconceito, todo o racismo, todo o facismo e divisão social, toda a cegueira e toda a soberba.

Como disse lá, em um comentário que duvide-ó-dó que seja publicado, quando era ainda criança fui forçado a assistir horas e horas de aulas de uma religião que não era a minha. Ninguém me perguntou qual era a minha opinião, e ninguém respeitou o fato de que eu não seguia aquela crença. Quando eu disse que estavam tentando empurrar valores que eram nocivos e perversos para mim, riram. É com esta mesma empáfia que condenam todos os outros valores que não os próprios, estes nojentinhos cristãos.

Agora, convenhamos: se eu posso forçar uma criança a assistir uma aula de religião, mesmo que ela não compactue com aquilo, porquê diabos eu não posso permitir que ela entre em contato com a diversidade humana através da literatura e dos contos de fadas? Acreditar que, ao ter acesso à realidade diversa do ser humano fará com que uma criança "escolha" este ou aquele caminho, é apenas parcialmente verdadeiro. É claro que para uma criança que esteja em conflito de identidade, ter acesso às diversas formas de ser existentes pode ajudá-la a se encontrar. Trocando em miúdos, se o menininho e a menininha são gays, ter acesso a esta literatura pode ajudá-los um bocado a entender o que são. Mas para aqueles que não forem, ler contos de fadas gays servirá apenas para que cresçam menos preconceituosos e estúpidos do que os pais que temem tais leituras. E, para terminar, 14 anos de ensino cristão não me fizeram me tornar cristão. Crianças tem convicções também e, mais do que isso, elas sabem muito bem quem são... até o dia em que algum adulto resolve dizer para elas quem elas deveriam ser.

É por estas e por outras que lamento os 1600 anos de atraso cristão que pairam sobre este mundo...
Cuspa-se no túmulo do fraco Teodósio, e viva a diversidade humana!

Babawaggababawabababbawaggababah...

Porque este blog anda ficando sério demais...
(porque eu andava ficando sério demais...)

tá vivo!

De vez em quando você sonha que está voando? Eu costumava sonhar com isso, mas há algum tempo que não sonho com quase nada. Mas não vamos falar de mim, por hora. Quando você sonha que está voando, como é que você faz para voar? Tem que fazer alguma força com a barriga, com as costas, ou coisa assim? Seu vôo é algo gracioso, ou é meio desajeitado? Em meus sonhos, apesar de ser um vôo delicioso, tenho a impressão de que eu era um voante tão destro quanto uma barata voadora...

Babawaggababawabababbawaggababah foi, durante anos, uma das expressões mais engraçadas nas quais eu conseguia pensar. Era o grito de guerra de alguma das criaturinhas surreais do jogo ToeJam & Earl, um dos mais surreais jamais feitos para um videogame (e também um dos jogos com a trilha sonora mais legal que eu já vi). Era uma expressão que eu gritava para mim mesmo quando queria descontrair depois de um momento sério demais. Geralmente era acompanhada por uma corrida desenfreada, com os braços levantados e as mãos espalmadas, em nenhuma direção em particular (imitando o monstrinho que inspirou-me a expressão).

Andava sentindo falta de dizer babawaggababawabababbawaggababah. Esta e outras pequenas coisas é que davam o tom da minha suave maluquice que me mantinha são. Não sei por quê diabos invento, por vezes, de ser tão sério. Eu sou o cara que sonha que está voando (e voa que nem um zangão bêbado), e que sai gritando babawaggababawabababbawaggababah por aí, e que anda na ponta dos pés aos saltitos... e que geralmente não estava nem aí para quem achava que nada disso fazia sentido.

12 de março é um bom dia para deixar de ser tão chato comigo mesmo, por nenhum motivo em especial. É parte do meu nonsense, e só tem mesmo que fazer sentido (ou não) para mim mesmo.

Vou alí.
Babawaggababawabababbawaggababah pra vocês.

sábado, 10 de março de 2007

Amazônia para sempre, ao jeito Rede Globo de fazer (que, cá entre nós, funciona...)

Recebi por email um convite para assinar o manifesto "Amazônia para Sempre", movimentado por "artistas brasileiros" (grande parte deles trabalhando para a Rede Globo, mas que parecem ser gente bacana mesmo assim) em prol do fim do desmatamento da Amazônia e da implantação de políticas mais sérias de gestão e preservação de seus recursos e beleza natural. Apesar do jeitão "global-apelativo" do site, o manifesto (que é lido na íntegra por vozes de atores globais na versão animada do site) parece bem bacana, apesar de ser um pouco vago em uma análise final.

De qualquer forma, vale a pena assiná-lo. É uma forma de se tentar fazer alguma coisa a respeito daquela mata tão bonita e cheia de vida...

sexta-feira, 9 de março de 2007

Deputado Distrital Pedro Passos agride pai de família com filho no colo ao ser vaiado em Brasília.

Quando li o email contando esta história de absurdo desrespeito e desfaçatez por parte deste bem conhecido parlamentar brasiliense, enviada por uma amiga ao AINN, cheguei à conclusão de que não poderia ficar em silêncio. Em uma rápida pesquisa encontrei já o mesmo relato publicado no site do Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos e a repercussão do mesmo em matéria da Tribuna do Brasil. Vamos, então, ao relato contido no email e depois a algumas considerações. (os links e grifos são adição minha)

Meus amigos,

Escrevo para fazer relato de violência gratuita sofrida por membros da minha família no último domingo, 11/02.

Minha irmã caçula, que está grávida de seis meses, foi assistir à folia de reis na Granja do Torto com meu cunhado e meu sobrinho Iuca que está com 2 anos e 10 meses.

Eles chegaram lá por volta das 17h e perto das 21h, quando já se preparavam para ir embora, aconteceu um incidente muito desagradável.

O deputado distrital Pedro Passos, que tem uma ficha penal bem extensa e aproveita o instituto da imunidade parlamentar para continuar impune, ultrapassou todos os limites da boa convivência, cometendo um ato covarde contra minha família.

Um pouco antes do encerramento da festa, subiu ao palco para tentar transformar uma festa popular em palanque político. Várias pessoas ficaram indignadas com a impropriedade do deputado e começaram a protestar com vaias. Entre essas pessoas estavam: minha irmã, cunhado e sobrinho. Eles estavam sentados e meu sobrinho dormia no colo do pai.

Num ataque de fúria, o deputado Pedro Passos desceu do palco e agrediu meu cunhado com dois socos. Antes, porém, tentou intimidá-lo com o famoso jargão "Você me conhece? Sabe com quem está falando?" Um dos socos atingiu meu cunhado no lábio superior. O outro pegou de raspão e quase atingiu a cabeça do meu sobrinho. Minha irmã e outras pessoas que assistiram à atitude covarde seguiram o deputado enquanto procuravam um policial militar. O ato final do parlamentar foi ameaçar minha irmã e sua família dizendo "que tem meios de encontrá-los".

As providências cabíveis foram tomadas. Eles registraram boletim de ocorrência na 2ª DP (Asa Norte), assinado por sete testemunhas. Em seguida, foram ao IML e fizeram o exame de corpo de delito. Além disso, acionaram a imprensa. Desde domingo, o caso está tendo repercussão em todas as mídias e também na Câmara Legislativa.

O deputado Pedro Passos obviamente nega a agressão e a ameaça e já concede entrevistas -muito bem orientado por seus advogados - com a alegação de que "apenas reagiu a uma ação/manifestação premeditada".

Ação premeditada de manifestantes? Que manifestantes? Um professor, pai de família, com sua esposa grávida e seu filho menor de idade? Várias pessoas manifestaram, democraticamente, com vaias, o repúdio à tentativa do deputado de faturar politicamente num evento público.

E o deputado foi "tomar satisfações", como ele mesmo admitiu em entrevista, justamente com uma pessoa que não tinha chances de defesa? E o que é pior: que estava com o filho dormindo em seu colo?

Minha família faz agora o que todos deveriam fazer. Estamos recorrendo aos meios disponíveis para dar publicidade irrestrita a este lamentável incidente A certeza da impunidade e a omissão de muitas vítimas acabam banalizando atos violentos como este.

Hoje, dia 13 de fevereiro, meu cunhado ingressou com uma representação por quebra de decoro parlamentar na Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa. Aos amigos que tenham interesse em acompanhar os desdobramentos do caso, peço que se manifestem para que eu continue enviando e-mails. A melhor demonstração de solidariedade que posso receber de todos vocês é que repassem esta mensagem aos seus catálogos de endereços eletrônicos.

Obrigada pela atenção!

Abraços,

Viviane Ponte Sena
Jornalista
Assessora de impresa do DIAP
Sócia da F4 Comunicação

É desnecessário dizer que esta é uma situação absurda e não de todo nova em Brasília. Pedro Passos e outros "amigos" de Joaquim Roriz desfrutam da liberdade de fazer o que bem quiserem na cidade, escondidos no mais das vezes por trás de suas im(p)unidades parlamentares ou, melhor ainda, por trás do poder de seu estimado amigo ex-governador. Não são poucas as notícias a respeito de crimes e descarados desrespeitos ao povo e ao bem público perpetrados por esta quadrilha que tomou o poder da Capital Federal há mais de quinze anos. Nada disso é mais novidade, como já disse. A pergunta que nunca quer calar é "até quando"?

Se Pedro Passos, por poderes (legais ou ilegais) próprios ou por apadrinhamento de Joaquim Roriz consegue calar a mídia tradicional e amansar tantos magistrados, que por fim o beneficiam em qualquer processo que por ventura surja contra sua lamentável pessoa, por outro lado existe a blogosfera que não se cala. É hora então de passar em frente estas e tantas outras tristes histórias da ação da lamentável corja que manda e desmanda em Brasília.

Se você tem um blog, comente esta notícia. Verifique as fontes e vá atrás de mais informações, se não confiar nas fontes e links que apresentei. Se participa de algum grupo de discussão onde tal notícia seja cabível, passe-a em frente. Existe uma organização criminosa de grileiros, corruptos, estelionatários e salafrários que impunemente prolongam seu poder na (e sobre a) cidade de Brasília. Só a blogosfera e a divulgação e discussão destes fatos por parte de cidadãos (digitais ou não) conscientes pode fazer alguma diferença onde a justiça e os jornais brasilienses já se omitiram ou foram silenciados.

Feliz aniversário, Overmundo. Feliz aniversário para todos nós...

Sou mesmo dado a dar parabéns atrasados, como meus amigos bem sabem. Mesmo quando já sei da data de antemão, por vezes me enrolo e não consigo dar parabéns no dia certo. Aconteceu de novo agora, só que desta vez com o Overmundo, que completou um ano de existência no dia 7 de março passado.

Feliz aniversário para o Overmundo, então. E muitos parabéns para todos que fizeram e ainda vão fazer do Overmundo o que ele é e o que ele ainda será!

E por falar no Overmundo, o Overfeeds -- mecanismo de agregação de blogfeeds do Overmundo -- tem tudo para ficar cada vez mais legal. Esperem e verão!


p.s. Aproveitando a deixa, comemoro também o primeiro mês de meu blog de artes e culturas, o Caderno de Cluracão, que completou seu primeiro mês no dia 6 passado, e seus primeiros 30 dias de existência ontem. (viu? até da comemoração de 30 dias de vida do meu blog eu esqueço...)

quinta-feira, 8 de março de 2007

O que você pode querer fazer com um Jipe, mas não é idiota o bastante para fazer...



Soldados norte-americanos, com medo de um ataque do povo ao qual foram "libertar", dirigindo como soldados americanos com medo de um ataque do povo ao qual foram "libertar", nas ruas de Bagdá.

Nada substitui e falta de senso...

quarta-feira, 7 de março de 2007

As Vozes Globais, agora em português.

O Zé Murilo, que escreve o excelente Ecologia Digital, cuida das estratégias de comunicação na rede do Ministério da Cultura e é também editor de língua portuguesa do Global Voices, está anunciando o lançamento do Global Voices em língua portuguesa.

Alô Colegas,
Venho por essa anunciar o lançamento do site Global Voices em Português,
que neste momento está precisando de visibilidade e colaboradores.
Caso achem a proposta interessante, divulguem e / ou entrem em contato.
Saudações,
José Murilo Junior.
Editor de Língua Portuguêsa - Global Voices Online

O Global Voices é, segundo a explicação dada no próprio site da versão lusófona:

Global Voices em Português, para traduzir para o nosso idioma artigos do Global Voices Online que cobrem as blogosferas mais longínquas.

Estamos iniciando nossas atividades, e desejamos contactar pessoas interessadas em colaborar na tarefa de traduzir para o português as reportagens sobre as blogosferas dos países onde o projeto Global Voices Online tem presença. Este diálogo entre as instâncias de comunicação cidadã nos diversos países tem proporcionado excelentes oportunidades de maior compreensão e entendimento inter-cultural para os leitores de língua inglesa. Com o Global Voices em Português, nosso objetivo é criar a oportunidade para que este diálogo aconteça também em nosso idioma, e para isso contamos com a colaboração de todos aqueles que se sentirem atraídos e em condições de apoiar o projeto.

Interessados, entrem em contato.

E ainda:
A melhor forma de encontrar e desenvolver pontes entre culturas é trabalhando em prol de um desafio comum. O Global Voices Online dá um passo neste sentido ao fomentar a tradução das vozes globais através das blogosferas locais.

O GV lusófono está precisando de tradutores, assim como sempre está aberto a novos blogueiros e produtores de conteúdo e, claro, a quem estiver interessado em apenas acompanhar os papos que rolam por lá. Já venho acompanhando a algum tempo o trabalho excelente do GV mas agora, com esta versão lusófona, fiz uma anotação mental de começar a contribuir.

Para aqueles que participam da blogosfera brasileira e, sobretudo, para aqueles que fazem a blogosfera brasileira com sua apaixonada atividade blogueira, o Global Voices lusófono é uma grande ferramenta. Vamos prestigiar o trabalho do pessoal!

terça-feira, 6 de março de 2007

Países onde queremos morar

Em uma matéria muito interessante e cheia de descobertas preciosas, Hermano Vianna mostra algumas facetas do Brasil que não apenas dá certo, mas que também encanta. Vale a pena dar uma olhada e descobrir um pouco mais sobre o Instituto de Neurociências do Rio Grande do Norte, macacos ciborgues e potiguares biônicos, cientistas capoeiristas, ou sobre o Do Sol Rock Bar e seus eventos, ou ainda sobre a cena indie de Natal ou o mestre dos bonecos Chico Daniel (o mestre está morto. longa vida ao mestre!) e muitos outros pequenos países interessantes. São tantos os países que a gente poderia querer morar, e todos eles dentro deste mesmo Brasil.

O Brasil que a gente quer morar pode ser em qualquer lugar. Basta sonhar, acreditar, e fazer acontecer.

domingo, 4 de março de 2007

Mapeando um mundo em constante movimento...

Olhai para a face da blogosfera (segundo os olhos da galera da DataMining)




Não que eu ache a imagem minimamente elucidativa mas, pô... é interessante, não?

Este é um mapa da blogosfera, considerando links recíprocos entre blogs como linhas mais grossas e links não recíprocos como linhas mais finas. Para saber do resto da explicação, gaste um pouco de seu inglês aqui e aqui.

Quem disse que todos os gráficos tem que ser úteis?


p.s. onde diabos eu achei isso? foi aqui.

sábado, 3 de março de 2007

Mais sobre uma guerra perdida...

Este não é mais um post sobre a guerra do Iraque embora, com este título, bem que também poderia ser. Tem a ver, por outro lado, com outra guerra que é (talvez) mais antiga e (novamente talvez) mais estúpida do que a incursão "libertadora" dos EUA nas terras babilônicas (Oh Babilônia!).

Desta vez estou escrevendo para falar de mais uma discussão (até razoavelmente produtiva) sobre a chamada "Guerra às Drogas" que é movida por boa parte do mundo "civilizado" ocidental. A discussão desta vez está rolando lá pelo AINN, com alguns participantes bem razoáveis (como, por exemplo, o MauMau e o Zecaleeyuga, que tem meu respeito embora discordem de mim). Não quero me alongar muito sobre o assunto. Para quem quiser ver meus argumentos, estão todos expostos lá no thread. Basta ir e ler.

Esta é uma guerra perdida, e a questão não é mais se as pessoas tem o direito de usar a substância que bem entenderem (e eu acho que tem) ou se o Estado tem a prerrogativa de opinar na vida pessoal das pessoas naquilo que só diz respeito a elas mesmas (e eu acho que não tem), mas sim se a chamada "guerra ao tráfico" faz algum sentido, ou se o preço que a população brasileira paga por ela em dinheiro de impostos e sobretudo sangue derramando em meio ao tiroteio faz algum sentido. Eu continuo achando que não.

Não é só no Brasil...

...que acontecem casos de absoluto desrespeito por parte do governo em relação ao povo que o elegeu e que, inadvertidamente, o legitima. O recente caso dos maus tratos dispensados aos soldados feridos da Guerra do Iraque pelo Walter Reed Hospital, em Washington (e que segundo a reportagem parece lembrar alguns de nossos hospitais) levanta mais uma vez a questão (que se aplica tanto a eles quanto a nós): Por que é que aceitamos um trabalho tão porco do governo, quando ele deveria estar trabalhando para nós, e só para nós, seus únicos clientes?

A coisa fica um pouco pior, ao menos em tese, quando este desrespeito recai sobre quem estava fazendo o seu trabalho sujo, não é?

O homem olhando a lua sumir

Hoje é dia de eclipse lunar. Segundo o site da Folha Online, o eclipse deve ser visível a olho nu a partir das 22:05 em todo o Brasil. Já o astrônomo entrevistado no Jornal da Globo afirmou que o eclipse deve começar por volta das 19hs da noite. De um jeito ou de outro, esta é uma boa noite para se ficar ao ar livre entre bons amigos e olhar para o céu, e se lembrar do encanto e do assombro que um fenômeno desses trazia para os antigos. Pode ser uma boa metáfora para entender o nosso assombro frente ao desconhecido. É também uma boa noite para contemplar o encanto que se perdeu, agora que explicações científicas roubaram dos eclipses o seu poder auspicioso.


(fonte: Editoria de Arte/Folha Imagem)

Quando era criança, nos idos de 1996 1986, o Cometa de Halley passou pela terra. Lembro-me de toda a excitação que nos varreu, animados pela Globo e seus "globos-repórter especiais", naquela ocasião. Seria uma tentativa de se recuperar ao menos um pouco da mágica do céu em um momento escuro para o Brasil, ou seria apenas uma tentativa de distração? Eu, criança que era, não me importava. Aboletava-me dias seguidos na janela do velho apartamento da 105 norte onde morava meu irmão e olhava para o céu... e... não via nada. A passagem do Halley naquele ano foi bem bôcomoca. Mas eu minha imaginação, o cometa estava lá. Era um momento mágico, de qualquer forma, porque eu acreditava ao menos que havia alguma coisa diferente no céu.

Em outros momentos, outros fenômenos como este marcaram de alguma forma minha vida. Lembro-me de um eclipse solar que marcou um momento particularmente escuro da minha vida, e de um eclipse lunar que... bem... foi um eclipse lunar muito memorável. Havia um encanto emprestado pelos eventos de minha vida a estes eventos astronômicos, mas eu não me sentia mais encantado por eles em si. Talvez isso aconteça bem mais do que eu gostaria em nossas vidas contemporâneas.

Quando olhamos para o céu observando um eclipse da lua hoje em dia, estamos olhando apenas para uma curiosidade astronômica. Mas havia um tempo em que eventos como este eram um sinal de muitas coisas, muitas mudanças, e da vontade dos Deuses. Dentro de mim há alguém que ainda vive neste tempo, e sente falta desta magia.

No fundo, ao olhar para o eclipse, eu não acho que seja o único que se sente sendo mais do que apenas um homem olhando a lua sumir e reaparecer.

A magia nos faz tanta falta, não é mesmo?


UPDATE:
Surpreendentemente, a Folha estava errada e a Globo estava certa. O eclipse começou por volta das 19:00hs da noite de hoje. Por outro lado, eu gostaria de estar surpreso por eu estar em casa escrevendo em vez de estar na praia vendo o eclipse na hora em que ele aconteceu. Vamos lá, um eclipse não é uma coisa tão rápida assim. Porquê fiquei aqui em casa? É aí que entra a falta de magia, e a falta de vontade de fazer as coisas. É... acho que estou um pouco deprimido.

quinta-feira, 1 de março de 2007

H.P.Lovecraft para todos os gostos

Para os leitores sérios e aficcionados de H.P.Lovecraft, o Viktor Chagas está publicando no Overmundo algumas de suas traduções de certas obras do autor americano que, na minha opinião (assim como na de muitos outros aficcionados pelo escritor) criou todo um novo segmento para a literatura de horror, do qual é o maior representante. Discussões sobre o valor de Lovecraft para a literatura a parte, vale a pena ler as traduções de A Árvore e O Livro, feitas pelo nosso caríssimo overcolaborador ermitão. Segundo o Viktor, outras traduções estão a caminho. Ao que parece a série de traduções vai culminar na publicação da nova tradução de O Chamado de Chtulhu, uma das obras mais conhecidas e comentadas do autor.

Para os aficcionados não tão sérios do Mito de Cthulhu, há também uma empresa americana que está vendendo bichinhos de pelúcia das entidades retratadas em várias obras do autor.



A dica foi da Mi Cortielha, também do Overmundo.

Já plantou sua árvore hoje?

Hoje comecei a fazer meus clicks lá no clickarvore.com. Segundo o site, para cada click dado no site, uma nova muda é plantada em projetos de reflorestamento. Caso queira, você também pode comprar mudas e plantá-las você mesmo. Para quem acredita na proposta do site, vale a pena. Por via das dúvidas, não me custou nada fazer um cadastro e dar um click. Espero que em algum lugar uma árvore vá ser plantada por causa disso. Se não, ao menos eu tentei.