Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2004



E por falar em Donnie Darko.
O Director's Cut do filme sai em fevereiro...

Acho que vou assistir mais umas 3 ou 4 vezes. :)


Você se lembra disso de algum lugar?

Leia a versão incompleta de "A Filosofia da Viagem no Tempo", por Roberta Ann Sparrow.
(dica da nath blue moon, que por sua vez recebeu a dica do bart...)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

De que valeria um horror que não choca?

Quando foi lançado, o RPG Vampire: the Masquerade (Mark Rein*Haggen, editado pela Whit Wolf Gaming Studios) era a promessa de uma verdadeira nova geração de sistemas e histórias baseadas em temas adultos de horror e frenesi. Alguns grandes nomes do horror e da literatura frenética abençoaram o jogo. E, então, alguém dentro da White Wolf resolveu que o jogo deveria agradar "um pouco mais" ao péblico geral. Levou pouco tempo para que a proposta original do sistema se perdesse (e o gênio Mark Rein*Haggen desaparecesse). Foi nessa época que eu desisti do vampire. Mas, ultimamente, lendo as tentativas corajosas de se revitalizar o sistema, voltando à sua idéia original, recuperei o meu tesão pela história. Vale a pena dar uma olhada neste texto do Rob Hatch (do qual reproduzo um trecho logo abaixo).

"...I'll be honest here: I don't think VAMPIRE: THE MASQUERADE should be an entirely comfortable roleplaying experience. The game was originally designed to be an edgy, adult-oriented alternative (pardon the overused MTV-ism) to what was already out there. While my bank account and I are grateful for WW's popularity in our industry, I sometimes wonder if we've lost our willingness to experiment and take risks - if VAMPIRE's become less of a horror-story simulation and more like D&D with sunglasses.

Shouldn't be that way, in my opinion. We've already got D&D - and CHAMPIONS, and SHADOWRUN, and a lot of other games out there offering lighter, less controversial fare. If children want to jump on the White Wolf bandwagon - or hearse, if you will - more power to 'em, if their parents don't mind. But that's not the audience to whom the game should cater.

Thus the "GAMES FOR MATURE MINDS" and "SUGGESTED FOR MATURE READERS" logos on ALL our products; thus the disclaimers scattered hither and yon throughout the books. This is not "The Storytelling Game of Superheroes with Fangs." You're a monster, and you feed on the blood of the living. Unpleasant stuff, and I think sanitizing such things does them a disservice. (Which is more "obscene" - The Revolting Revenant, or a VAMPIRE player diluting an act of murder down to the level of "OK, I attack the bum and recharge my Blood Pool"?)"

-- Rob Hatch, um dos designers do RPG Vampire: the Masquerade, a respeito da controvérsia causada pelos complementos de sistema de sua autoria, considerados "adultos" e "chocantes" demais. Com Rob Hatch na WW e Rein*Haggen ainda vivo, sempre haverá esperança para o RPG.

Esta é uma discussão um bocado específica, eu sei. Interessa apenas aos interessados em Role Playing Games e literatura de horror (de qualidade) e de ficção científica (o que quer dizer William Gibson e companhia frenética, para quem não sabe). Mas o tema que ele toca é muito mais amplo. É a questão contemporânea da esterilização da arte e da expressão em prol da comercializabilidade (não me importa se inventei a palavra) da produção artística e outros interesses pouco ligados à qualidade e intensidade da obra.

Isso é algo que acontece quando Tim Burton filma Batman e distorce toda a estética (e coloca o idiota do Keaton, seu amante da época) para fazer o papel do grande morcego. Acontece quando boas bandas do cenário alternativo viram fabriquetas de baladinhas fáceis ao ingressar no hall da fama da MTV. Acontece quando bons textos de horror e ficção científica só existem em fanzines, publicações alternativas e mídia digital (abençoados pelos deuses sejam estas 3 mídias) enquanto a grande indústria de publicação se preocupa se seus leitores cristãos, adequados e pretensamente sensíveis (meras caixas de reações pré-estabelecidas) não vão ficar chocados e mexidos demais com este ou aquele "produto" artístico.

RPG, assim como cinema, não é unicamente uma atividade infanto-juvenil. Alinhei estas duas formas de expressão artística propositalmente pois é muito fácil, quase óbvio, afirmar isso sobre o cinema. Mas o RPG, muitas vezes por culpa da própria indústria medrosa e adequada que o produz e dos próprios jogadores que falham em perceber suas possibilidades mais profundas e intensas, sofre ainda a etiquetação de "coisa de adolescente". Não deveria ser assim. Não foi assim quando surgiu o Vampire: the Masquerade e, a bem da justiça, já não era assim muito antes disso. Muitos sistemas e universos simbólicos de RPG foram pensados, colaborativamente criados e experienciados numa esfera muito maior do que a mera diversão juvenil desde muito antes do Vampire. O que aconteceu então? A mesma coisa que acontece com a música e com a literatura...
É mais fácil não ousar, seguir pelos caminhos conhecidos, e vender muito para um público fiel por sua falta de criatividade do que ousar e se arriscar a chocar este mesmo público.

Quando a atmosfera de horror pessoal de um de meus sistemas prediletos de RPG dissipou-se em prol das batalhas de poder (e outros delírios fálicos), alguma coisa importante se perdeu. Quando o foco na interpretação de uma pessoa transformada em um monstro que vive da morte do outro foi substituida pela tentativa rasa de interpretação de uma máquina de destruição sem objetivos ou sentimentos, alguma coisa se perdeu. Como disse Rob Hatch, já temos outros sistemas, blockbusters em seu próprio modo, que enfocam a por vezes entediante repetição de matar, ficar mais poderoso, matar um adversário mais poderoso. Isso é um retrato de nosso mundo, a seu modo. Sinto falta da profundidade que se perdeu quando o Vampire se torna mais um destes sistemas.

Estou em busca da verdadeira experiência de interpretação, como Rein*Haggen a pensou... como eu a pensei desde o dia em que descobri o RPG. Aquela experiência de perguntar-se "como é que eu me sentiria nesta situação? como é que meu personagem, sendo quem é, se sente nesta situação?". Uma experimentação, uma reflexão e sobretudo um contar de uma história que tem valor próprio. Estas são as coisas que se perdem quando um rpg de horror pessoal se transforma em mais um rpg de poder pessoal. É atra? destas coisas que eu e vários outros jogadores, fãs do velho vampire, estão atrás.

Em homenagem a tudo isso, resolvi começar uma nova crônica de Vampire, utilizando as regras originais de Rein*Haggen (sim, ainda tenho um exemplar surrado do velho livro que começa com a carta de V.T. a M.H.). Vamos ver no que dá...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2004

Ok, eu admito.
Posso escrever muito melhor do que isso.

Espere e verá.
Quando eu estiver com vontade de escrever, vou escrever.
Por agora estou apenas com vontade de tomar sorvete e caminhar no parque.
Alguém me acompanha?

Eits a núl láif: Dêi Uôn
"all right... / now i'm beginning to see the light / here we go again..."

Acordei cedo.
Não. Pensando bem, eu NÃO acordei. Mas, foi cedo, de qualquer forma.
Não foi fácil manter o carro em linha reta da minha casa até o trabalho. Quanto a trabalhar... isso já é uma abstração. Por sorte havia anotado (nota da consciência: EU não havia anotado. Habiam anotado para mim) meus afazeres pendentes da semana em um pedaço de papel. Por mais sorte ainda o papel ainda estava no bolso do meu casaco. Deuses do trabalho e chefe apaziguados... tudo correu bem.

-- // --

- O que você faz aqui tão cedo?
- Eu trabalho aqui.
- Eu sei, porra. Mas você nunca chega tão cedo...
- Bem. As pessoas mudam.
- Duvido!
- Creo quia absurdum.
- Beleza, então vamos rangar.

Ahhh, Metal.
O bom e velho (e alucinado, porém realista) Metal.

-- // --

Mudar é foda. Mas foda é bom.
O que não muda, morre.
Eu estou vivo...



"...Olhando pra essas chamas,
alguns pensamentos flutuam e vão.
Outros, permanecem.

(...)

Talvez, agora,
eu esteja vivendo
um pouco mais perto da realidade."

-- Metal, aquele que se fode.

-- // --

Post longo, não é?
Pois é. Deu vontade de fazê-lo.
É bom pra cacete fazer as coisas que se tem vontade de fazer... :)


p.s. quem sente sabe o sentido das coisas que digo. não tente entender o que só faz sentido se for sentido.

p.p.s. se a sua vida é entediante, o problema não é meu. :)

domingo, 26 de dezembro de 2004

Cientistas japoneses identificam pingüins homossexuais (folha online)

Impressionante como ainda há pessoas que acham isso anormal. Achar que só o bicho (ou mais especificamente a bicha) homem pode gostar de se agarrar com indivíduos do mesmo sexo é uma forma de preconceito velado. Todo ser sob o sol (ou sob a lua... ou sob a lâmpada fluorescente também) pode escolher seus prazeres, e arcar com eles, e gozar com eles. Sejam eles quais forem...

p.s. qualquer piadinha sobre "pinguins homossexuais e o Linux" será tolerada. não se pode esperar bom senso de todos o tempo todo, não é mesmo?

As voltas do caminho...
caminhando pelo parque Olhos D'Água, eu reencontro um velho amigo: eu mesmo...

Há muito tempo eu não me lembrava de me sentir tão bem...
Quando saí sem rumo certo da casa de uma velha amiga e decidi não tomar o caminho de casa, talvez eu não soubesse para onde estava sendo guiado. Por vezes gosto de acreditar que fazemos nosso destino. Uma amiga, muito amada por sinal, diz que todos os caminhos estão escritos. E foi para lá mesmo, para a casa desta amiga, que meu caminho, propositalmente ou não, me levou.

Este é um post sobre caminhos. Os meus caminhos, que me levaram para longe de mim e aqueles que me trouxeram de volta. Caminhos que passam por muitos lugares, e que por fim se encontram com os caminhos de tijolos cinzentos do parque Olhos D'Água. Aquele pequeno (e adorável) parque incrustado entre as quadras, alí nas 413-14 norte.

Eu estava um pouco entediado quando cheguei ao parque. Caminhava entre as pessoas, trocando palavras agradáveis e distraídas com Natália (a amada amiga em questão, como você deve imaginar). Em algum momento, não sei exatamente qual, percebi o quanto me sentia bem por estar ali. Talvez tenha sido quando olhei para aquela árvore morta. Aquela que mais parece um castelo da corte invisível das fadas... Ou talvez tenha sido quando me vi dançando e saltitando como nos velhos tempos. Em algum lugar naqueles caminhos a mágica se refez. Embrenhava-me por entre as árvores, mesmo fora das trilhas demarcadas, nos velhos saltitos de duende que antes foram uma de minhas marcas registradas. Tudo parecia tão verde, vivo e bom. Depois de muito tempo esmaecido pela vida e pelos caminhos que esta tomou, finalmente, alí, eu me sentia vivo e completo novamente...

Não vou me alongar mais neste post. De fato já falei muito mais do que pretendia a princípio. Talvez seja por que eu sempre fui mesmo um bocado verborrágico...

O que importa é que naqueles caminhos, naquele final de tarde, eu me senti novamente vivo. Dancei por entre as árvores, cantei para mim mesmo e para quem quisesse ouvir e por fim fui saudado pela lua (que já de outrora eu sentia como minha mãe) enquanto deixava o parque. Algumas vezes a vida nos supreende. E que boas estas supresas podem ser...

Digo obrigado, de coração, aos Deuses pela vida e por seus caminhos.

"I was walking in the park dreaming of a spark
When I heard the sprinklers whisper
Shimmer in the haze of summer lawns
Then I heard the children singing
They were running through the rainbows
They were singing a song for you
Well it seemed to be a song for you..."
(Lavender, do Marillion)


Manhãs azuis e tardes verdes para todos...

sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

Então é natal...
Vai chegando o fim do ano gregoriano...
Vão chegando as festas e todos parecem estar revestidos de uma eletricidade e uma felicidade cultural que é quase contagiante. Quase... por que no fundo estas festas nunca fizeram muito sentido para mim...

Mas não estou triste. Não desta vez. O fantasma do banzo que me atingia em outros Natais, outros anos novos, parece ter se esquecido do meu endereço desta vez. Nada de solidão e sensação de inadequação. Eu até poderia passar o dia de hoje feliz, em casa, jogando algum jogo de computador e escrevendo e tomando litros da sopa que eu preparei. Eu ando curtindo muito a minha companhia... e só a minha companhia.

Os tempos estão mudando. Eles sempre estão.
Mudando também estou eu. Por vezes me supreendo com meus atos, não entendo e muito menos sei explicar o quê ou por quê estou fazendo... mas o que seria uma experiência desagradável para alguns para mim tem sido divertida.

Meu grande presente de natal (é, mesmo sendo um pagão confesso e vocal eu ainda ganho presentes de natal...) sou eu mesmo. Ainda estou abrindo os embrulhos e tentando adivinhar o que é exatamente essa coisa chacoalhando, cantando e falando coisas estranhas ainda meio embrulhada em papel preto e verde...

Felizes festas pra quem vai festejar.
Eu vou apenas viver e ver no que dá. :)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

- por quê você está dizendo isso agora?
- deu vontade de fazer um post com uma música do Dead Kennedys. O que você esperava? :)
- Too Drunk to Fuck... :)
- ...
- Hehehe... relaxa. seu post está interessante.
- Você é uma voz em minha cabeça e está me sacaneando? Que porra de mundo é esse?
- É o mundo dentro da sua cabeça. Agora seja bonzinho e vá dormir...
- !?!

P.S. i don't remember being too drunk to fuck... ever. but, then again, maybe i wouldn't remember it anyway. :)

Você acredita que o espírito inovador, contestador, verdadeiramente criativo e caótico do Rock cabe na telinha da sua TV (e que uma emissora comercial bancada pela indústria fonográfica/cinematográfica e pela indústria de moda/comportamento pode ser a sua porta voz legítima)...?


ENTÃO VOCÊ É A CARA DA MTV!

Sentindo-se muito esperto, fotologger?
liga a televisão que passa...

-=-

"M.T.V.-Get Off The Air"
(Dead Kennedys)


Fun Fun Fun in the fluffy chair
Flame up the herb
Woof down the beer
[click!]
Hi
I'm your video DJ
I always talk like I'm wigged out on quaaludes
I wear a satin baseball jacket everywhere I go

My job is to help destroy
What's left of your imagination
By feeding you endless doses
Of sugar-coated mindless garbage

So don't create
Be sedate
Be a vegetable at home
And thwack on that dial
If we have our way even you will believe
This is the future of rock and roll

How far will you go
How low will you stoop
To tranquilize our minds with your sugar-coated swill

You've turned rock and roll rebellion
Into Pat Boone sedation
Making sure nothing's left to the imagination

M.T.V. Get off the
M.T.V. Get off the
M.T.V. Get off the air
Get off the air

See the latest rejects from the muppet show
Wag their tits and their dicks
As they lip-synch on screen
There's something I don't like
About a band who always smiles
Another tax write-off
For some schmuck who doesn't care

M.T.V. Get off the air
And so it was
Our beloved corporate gods
Claimed they created rock video
Allowing it to sink as low in one year
As commercial TV has in 25
"It's the new frontier," they say
It's wide open, anything can happen
But you've got a lot of nerve
To call yourself a pioneer
When you're too god-damn conservative
To take real chances.

Tin-eared
Graph-paper brained accountants
Instead of music fans
Call all the shots at giant record companies now

The lowest common denominator rules
Forget honesty
Forget creativity
The dumbest buy the mostest
That's the name of the game

But sales are slumping
And no one will say why
Could it be they put out one too many lousy records?!?

M.T.V.-Get off the air!
NOW!

-=-

p.s. sim, claro que eu também gosto de videoclips... por isso eu uso meu p2p predileto.

p.p.s. sim, eu também tenho um fotolog. quem disse que as pessoas fazem sentido? :)

terça-feira, 21 de dezembro de 2004

As pessoas são tão complicadas...
inclusive eu.

o conhecimento moderno (científico, que seja, ou não) converge curiosamente rumo ao que já se sabia há muito tempo. A sabedoria dos antigos, muitas vezes chamados de primitivos, mostra-se cada vez mais verdadeira e útil aos olhos de uma ciência que deixa de lado as birras mecanicistas e percebe a beleza das conexões e das coreografias micro e macrocósmicas desse lugar legal que chamamos de universo.

"o renomado cientista pegou sua lanterna e apontou para a escuridão da noite. pensava que com ela, venceria o desconhecido. mas a única coisa que pode perceber é que a escuridão se ria dele..."

o universo tem um senso de humor e uma forma de realizar as coisas que escapa das percepção embotada dos cientistas. talvez eles devessem passear mais por aí e deixar de se achar tão donos das verdades. a verdade não tem dono, nem tem endereço.
tudo que temos é aquilo que podemos ver e sentir.
já é o bastante, se você não quiser brincar de sabe tudo...

Alguém me disse que meus posts são, muitas vezes, "posts bobos de auto-ajuda que servem para entender alguém igualmente confuso...".

Bem... Crítica aceita (seja lá o que for que eu puder fazer a respeito...). Mas a pergunta é: se meu blog é tão terrível assim, por que é que você o lê? Eu estou escrevendo para mim, e para quem quer ler o que escrevo. Quem não gosta, o que faz aqui?

É cada uma que me aparece :)

[mode chavão (pseudo) místico ON]

Todas as coisas no universo estão conectadas. É uma conexão que, quando acompanhada, observada, percebida, causa até espanto.
Pegue um acontecimento da sua vida. Qualquer um. Agora pense nos acontecimentos, fatos, circunstâncias anteriores que possibilitaram e/ou causaram o acontecimento no qual você pensou. Encontros casuais, palavras ditas mesmo sem muita atenção ou profundidade, um dia em que você não estava afim de sair mas mesmo assim foi àquele cinema... tudo.
É impressionante observar as conexões, as cadeias de acontecimentos, e a forma como eles se trançam em sua vida.

É simplesmente impressionante...

[mode chavão (pseudo) místico OFF]

Não é teoria do caos.
É uma sacação muito mais antiga.

Por essas e por outras que temos que viver atentos, e em contato com o que estamos fazendo. É também por isso que vale a pena viver inesperando...

o inesperado (e o absurdo) acontecem...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

"o bardo caminhante, cansado da estrada, ferido no corpo e na alma, aceitou o convite para voltar ao castelo da velha senhora. em meio a toda estranheza daquela refeição, com ícones antigos e velhas palavras feitas novas, ele sentiu que estava no lugar certo.
seguiu seu caminho, de posse de concocções mágicas e idéias confusas, sabendo que iria voltar.
o bardo está em busca de se curar... e talvez reencontrar seu velho lugar.
talvez... apenas talvez...
por hora tudo que ele deseja é voltar a cantar."

domingo, 19 de dezembro de 2004

"...pois eu me canso do templo,
onde nada há para se fazer.
se quiser me encontrar,
me procure na peixaria,
na taverna ou no bordel."

Ikkiu, mestre Zen

sábado, 18 de dezembro de 2004

- você está tão calado. o que você tem?
- eu mesmo.

diálogos (imaginários?)

- às vezes eu não te entendo...
- bem, eu tenho algo a te dizer.
- o que é?
- eu sou assim mesmo, e não sou fácil de entender. ou você me ama assim, ou não há outro eu para amar.
- isso é óbvio.
- e quem disse que as pessoas enxergam alguma coisa só pq ela é óbvia?
- é. vc tem razão...
- não me importa ter razão. eu só quero ser amado.
- seu... carente.
- desisti da hipocrisia há alguns dias, baby.
- isso é bom.
- não. isso é apenas necessário. bom é ser feliz.
- e você é feliz?
- make my day...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2004



em dias como estes
eu me vejo olhando longamente para o horizonte
e pensando em golfinhos.

eu nunca aprendi a nadar com golfinhos
e mesmo assim ela nadou comigo.

eu nunca aprendi a nadar com golfinhos...


quantos erros é possível se cometer em uma só vida?

hoje é um dia que simplesmente não começou.
todas as coisas escorrem por entre meus dedos
e eu não sei ao certo para onde vou.

hoje é um dia que simplesmente não começou
e eu não sei para onde vai terminar...

eu preciso de uma tarde de paz
junto a meus contos
e de cerveja, muita cerveja
e toda a diversão que o mundo puder proporcionar...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

é impressionante a quantidade de coisas sobre as quais se pode refletir enquanto se prepara (ou se reinventa de forma estapafúrdia a receita de) um salpicão...

uma lágrima ou duas não fazem mal a ninguém (e pode até cair bem como tempero, dizem...).

eu estava cozinhando com amor.
coisas estranhas acontecem quando vc faz isso...

terça-feira, 14 de dezembro de 2004

Leva-se muito tempo para se conhecer realmente uma pessoa. Talvez leve uma vida inteira, um pouco mais, ou pouco menos. Em tempos como estes em que todos tem pressa e parece haver sempre muito pouco tempo para tudo (como se corrêssemos cada vez mais rápido, mas não se sabe para onde...) isso parece ser algo paradoxal.

Não há supresa em encontrar paradoxos como estes na vida. Você tem que escolher entre valorizar a calma de se viver uma coisa de cada vez ou o ritmo frenético de nossa civilização. É uma escolha entre estar fora ou dentro, das pessoas ou da sociedade. Não existe um caminho simples bordeando as duas coisas. Ou se é você mesmo, ou se abre mão disso em prol da civilidade. Ou se vive a vida no ritmo da vida da sociedade, ou se vive a vida no ritmo do contato com as pessoas. Este é o nosso paradoxo... mais ou melhor - consigo e com os seus, ou com todos?

Eu estou comigo, não sou civil ou certo, muito menos adequado. Eu tomo meu tempo vivendo meus momentos e me dando tempo para conhecer as pessoas. Não há, ou não deveria haver tanta pressa. De um jeito ou de outro eu sigo meu caminho, mesmo que seja uma estrada marginal, pois nele eu conheço meus passos.

É preciso se aproveitar o prazer de conhecer a si mesmo e às pessoas que te encantam, pois este é um prazer raro. Leva-se muito tempo para se conhecer alguém, talvez a vida inteira. Esquecer-se disso é cortejar o engano, a superficialidade e a farsa.

Eu estou comigo.
"Quem quiser vin, vem" :)

"...there was so much life
between those mechanical, mathematical
parts of being and body.
behind the brown shiny windows
of her logical eyes,
behind all the programming
and electrodes,
behind the man made things,
there was something faerie.

whe was a fascinating paradox
looking for a sense in every thing..."

(um fragmento)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

...The fool escaped from paradise will look over his shoulder and cry
Sit and chew on daffodils and struggle to answer why?
As you grow up and leave the playground where you kissed your prince
and found your frog, Remember the Jester that showed
you tears, the script for tears.

So I`ll hold my peace forever when you wear your bridal gown
In the silence of my shame the mute that sang the siren`s
song has gone solo in the game I`ve gone solo in the game
But the game is over...


Script for a Jester's Tear, Marillion.
Uma das músicas mais perfeitas que eu já ouvi 178 vezes seguidas
dentro de minha cabeça.

"- "Eu senti saudades..."
- "Não faz isso Rodrigo... por favor..."
Mariana sentiu que ia chorar.
- "Não tô legal hoje... não dá pra conversar." Disse por fim,
mas não fez menção de voltar para o bar.
- "Sei lá, cara. A gente vai ficar fugindo um do outro?" disse Rodrigo,
tentando encontrar com seus olhos os olhos esquivos de Mariana.
- "Mariana, eu ainda te amo. Não há nada mais que eu possa dizer..."
Eles choraram, então, entre as pilastras mal iluminadas
de um bloco de apartamentos. Choraram em silêncio,
e não se abraçaram.

Eu preferia terminar esse conto por aqui, enquanto a história ainda é bela.
Mas a vida não é sempre como queremos que ela seja..."

(fragmento do conto O Último Cravo, um dos contos que eu mais reescrevi nos últimos meses...)

não. ele ainda não está pronto.
mas vai ficar...
um dia.

domingo, 12 de dezembro de 2004

existe em toda caminhada
um ponto sem retorno.
eu já passei por alguns,
mas nunca me dou conta disso
enquanto não tento olhar para trás...

de qualquer forma
as três bruxas estarão sempre
esperando sobre o rochedo.

pois assim eu desejo...

o resto é ficção para os meus sentidos.

1) Vocal Under A Bloodlight

Last night you said I was cold, untouchable
A lonely piece of action from another town
I just want to be free, I'm happy to be lonely
Can't you stay away?
Just leave me alone with my thoughts.
Just a runaway, just a runaway,
I'm saving myself.


2) Passing Strangers

Strung out below a necklace of carnival lights
Cold moan, held on the crest of the night
I'm too tired to fight

So now we're passing strangers, at single tables
Still trying to get over,
Still trying to write love songs for passing strangers
All those passing strangers.

And the twinkling lies, all those twinkling lies,
Sparkle with the wet ink on the paper.


("vocal under a bloodlight" e "passing stranger" são poesias de Fish, ex vocalista da banda de rock progressivo Marillion. Os versos rodeavam minha cabeça hoje... e eu sei por que.)

sábado, 11 de dezembro de 2004

Bons e (muito) velhos prêmios Darwin...



O prêmio Darwin é conferido à pessoa cuja morte é a mais estúpida e absurda do ano, geralmente causada pela estupidez do próprio morto. Rodando pelo site (do qual eu já estava com saudades) encontrei potenciais ganhadores ilustres...

Você sabia que Átila o Huno morreu de sangramento no nariz no dia de seu casamento? Ele se afogou no próprio sangue pq estava bebado demais para saber que não deveria dormir com o nariz sangrando...
Leia estas e outras logo abaixo, ou no site do Darwin Awards...

"Holy Roman Emperor Frederick I embarked on the 3rd Crusade to recapture the Holy Land in the twelfth century. After spending days trudging across the dry summer desert, his army came upon the River Saleph. In his parched state, Frederick threw caution to the wind -- instead of his heavy armor -- and plunged into the river, whereupon he sank to the bottom and drowned.

Attila the Hun was one of the most notorious villains in history. He conquered all of Asia by 450 A.D. by destroying villages and pillaging the countryside. This bloodthirsty man died from a nosebleed on his wedding night. After feasting and toasting his own good fortune, he was too drunk to notice his nose, and he drowned in a snoutful of his own blood.

Tycho Brahe, a sixteenth-century Danish astronomer whose research helped Sir Isaac Newton devise the theory of gravity, died because he didn’t make it to the bathroom in time. In that society it was considered an insult to leave the table before the banquet was over. Brahe forgot to relieve himself before the banquet began, then exacerbated matters by imbibing too much alcohol at dinner. Too polite to ask to be excused, he instead allowed his bladder to burst, which killed him slowly and painfully over the next eleven days.

Francis Bacon was an influential statesman, philosopher, writer, and scientist in the sixteenth century. He died while stuffing snow into a chicken. He had been struck by the notion that snow instead of salt might be used to preserve meat. To test his theory he stood outside in the snow and attempted to stuff the bird. The chicken didn’t freeze, but Bacon did, prompting the question “Which froze first? The Bacon or the egg?”..."


A condição natural do ser humano é o ridículo (esta frase está ficando velha) e a estupidez é o elemento mais comum do universo inteiro "of the woooorld" :)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

goiania noise...?
poutz... proposta indecente!

A vida vai entrando nos eixos.
Tudo que eu preciso é dormir...

ao menos meu senso de humor está intacto.

p.s. alguém arranja uma focinheira para o sapo e volta no tempo para dar um colete à prova de balas pro guitarrista do Pantera?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

...em meu silêncio de busca de mim mesmo, faço expedições sensíveis a meu universo interno. Viajo por trilhas de lembranças, guiado por odores e sons...
Nem sempre sei dizer onde vou chegar, e nem é por isso que faço a viagem. Estou viajando por dentro de mim para ver se me encontro por aí, por que o simulacro já se cansou de atuar...

sábado, 4 de dezembro de 2004



"...Luciano não se cansava de observá-la com um sentimento de ansiedade no estômago e os olhos fitos perfurando a noite. Ele desejava aquela menina, mas não como os outros a desejavam. Depois dele não haviaria outro. Depois dele, nada mais. Luciano gostava de se deliciar com o olhar antes de comer alguém. Ele sempre teve o seu jeito de fazer as coisas..."

Um velho conto, recomeçado.
Garotos que dormem tarde é um conto sobre crescer, descobrir o mundo... e licantropia.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

SUPER NOITES SENHOR F
Sexta e sábado, dia 10 e 11 de dezembro, às 22h, no Gate´s Pub (403 Sul). Show com algumas atrações do 10º Goiânia Noise Festival. Mais informações em breve...
(www.protons.com.br/agenda)

Desta vez eu não perco...
sinto saudades dos velhos tempos.



eu tenho duas mãos e o sentimento do mundo.
i like to watch, i love to touch...

(é.)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

O corpo se revolta...
Preciso de mais horas de sono e de alguma comida que não seja um insulto a meu estômago fragilizado. Preciso de tempo para respirar longe de todos os escudos e telas...

Eu acho que vou para casa, onde o silêncio pode reinar...

No bangue bangue tupiniquim nunca se sabe se quem morre no final é o mocinho ou o bandido...

Cinco militantes do MST morreram e mais de 20 ficaram feridos na manhã
deste sábado, durante um ataque de 15 pistoleiros à Fazenda Nova
Alegria, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. Os pistoleiros
também incendiaram barracos e destruíram bens das famílias acampadas.
A fazenda é a sede do Acampamento Terra Prometida, onde 140 famílias
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão acampados
desde o início de 2002...

(notícia recebida por email do CMI, clique aqui para ler a notícia na íntegra.)

É uma merda que coisas assim aconteçam, mas fica feio culpar o presidente pela falta de justiça no campo. Onde estavam os policiais, o delegado, o juiz, o secretário de segurança do estado e a consciência do mandante nessa hora? Só dois motivos realmente levam uma pessoa a matar outra, e eles geralmente acontecem juntos: querer matar e (acreditar) poder matar. Fazer política em cima do caixão alheio é feio feio feio...

DP e DD sobre a colina...

- Olhe para o céu, para as estrelas, luzes no meio da escuridão... Agora olhe em volta, para as luzes da cidade, as luzes das casas no meio da mata lá embaixo... São duas cidades, dois lugares. O reino lá de cima e o reino aqui de baixo.
- E nós estamos o tempo todo tentando chegar lá, mas somos por demais ciborgues para isso...
- Não. Estamos, na verdade, tentando construir uma réplica da cidade do céu aqui na terra. Olhe à nossa volta... Não estamos muito longe...
- Mas ainda temos muito trabalho pela frente...
- É...

(meu irmão diria "tem que ter fé...")

terça-feira, 30 de novembro de 2004

a noite é sempre tão amiga
e o dia é sempre tão claro...

eu sou uma criatura da noite.
o mundo é que está ao contrário.

Eu tenho medo de pessoas que são sempre boas, pois elas estão obsessivamente jogando suas sombras para dentro e expulsando toda a bondade que tem... e a despejando sobre os outros.

Estas pessoas são bombas relógio.

- Qual o sentido do amor?
- Indo e voltando, baby. indo e voltando... :)


(uma resposta com muitas interpretações)

É tudo humano. Tudo que vemos, que criamos, que descobrimos, tem a marca humana. É uma marca indelével, signo inescapável da natureza deste mundo. Não o mundo, a terra com sua natureza própria e suas leis. Não o mundo dos deuses, mas este mundo. Este é um mundo humano, e tudo que nele há, é inegávelmente humano em sua essência enquanto algo percebido... por um humano.

Mesmo nos mitos, onde a figura humana não pode mais ser vista depois das alterações providas pelas eras (e pela imaginação humana), é tudo uma parte da essência humana. Quando me chamo de Duende, não estou negando minha humanidade. O Deus com Chifres, os espíritos das coisas, tudo é tocado pela essência maior da humanidade real (e não esta humanidade como a percebemos, prisioneira de sua criação).

Este é um blog para humanos, pq somos humanos.

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

link para fora do mundo atualizado...

...então eles te combatem...
Achei no blog do Wanderson Berbert (via Planet Viva o Linux!) um post interessante sobre uma megacorporação entrando em desespero... tenham pena, os velhos nerds da velha economia não sabem mais o que fazem :)

"Li em uma reportagem do folha online que a Micro$oft estava advertindo empresas que aderissem ao sistema operacional de código livre que estas poderiam ser processadas pois o software livre, segundo a Micro$oft, fere mais de 100 patentes e propriedades intelectuais, portando era mais lucrativo continuar com o MS. Esta declaração foi dada depois que várias empresas da Europa terem declarado que irão migrar para o software livre..."
(clique aqui e leia o post inteiro no blog do Berbert)

Relembrando o post do Murilão sobre o FUD e o desespero da Micro$oft, fico me perguntando se isso não é mesmo o sinal de que eles estão sacando que estão perdendo a briga que eles mesmo começaram. Antes eles riam. Bom sinal... :)

o Alriada Express está pirando de novo.
Os posts estão mudando de lugar. Este deveria vir antes deste, mas resolveram trocar as poltronas na última hora...

Deixa eles... posts traquinas.

Semiótica
mais uma (citação) do Hernani Dimantas, do Marketing Hacker

quando combinamos ícones e mouse criamos uma nova linguagem. que não há verbos. apenas ação.
-- Steven Johnson

Nomadismo como norma
Hernani Dimantas, o carequinha legalzão do Marketing Hacker, citando Maffesoli.

Quando penso no retorno do nomadismo, sei que há, ao mesmo tempo, o desenvolvimento tecnológico. Um dos elementos desse nomadismo é a Internet, isto é, como se vai reutilizar a tela para, de uma maneira horizontal, entrar em contato com pessoas, participar de fóruns de discussões filosóficas, pesquisas sexuais, espirituais... Um das definições que atribuí à "pós-modernidade" é a sinergia entre o arcaísmo e o desenvolvimento tecnológico. É verdade que o nomadismo é uma boa ilustração disso. Simultaneamente estou em casa diante do computador e posso estar ligado aos quatro cantos do mundo em função de meus gostos. É uma espécie de contração do tempo e do espaço.
-- Maffesoli

Eu sou desta terra
e de lugar nenhum.
Eu estou nesta terra
em todos os lugares,
sem ser de lugar algum.

Descobri que "outro" é um anagrama para "touro".

...são essas coisas nonsense que descobrimos por causa de pequenos erros, de digitação ou não.

Faça como a Rossana, "Espalhe essa idéia!"
Um post legal da Rossana (do Wumanity) sobre um tema com o qual tenho uma ligação especial...

Em seu blog, a Rossana disse (e muito bem dito):
"O Site do câncer de mama está com problemas pois não têm o número de acessos e cliques necessários para alcançar a cota que lhes permite oferecer 1 mamografia gratuita diariamente a mulheres desprivilegiadas.

Demora menos de um segundo para ir ao site e clicar na tecla
cor-de-rosa que diz "Free Fund Mammogram". Isto não custa nada e pelo número diário de pessoas que clicam, os patrocinadores (Avon, Tupperware,...) oferecem a mamografia em troca de publicidade.

Vamos visitar o site e clicar na doação, vamos também divulgar esse problema e o link do site nos nossos blogs, para que as mulheres que não podem pagar pelo exame não fiquem sem assistência!"
http://www.cancerdemama.com.br


Vai lá, dá uma clicada...
Para você não custa nada
mas para quem precisa faz toda a diferença.

"Blogvangelização"
Estou de volta à blogosfera. Tá na hora de comentar que é interessante (e dar alguma coisa interessante para ler aos subscribers do meu feed no bloglines)

Boa blogada da Su.
Vale a pena dar uma olhada...

"Will R comenta o artigo que referi no post anterior e isso mostra que os leitores de conteúdo (no caso o bloglines) me fizeram encontrar tanto o artigo, quanto os comentários que ele gerou na blogosfera.
No seu comentário ele reflete sobre a idéia de convencer professores que devem construir sítios próprios onde possam divulgar quem são, o que fazem e, também, interagir com seus alunos, divulgar conteúdo etc. - Porque simplesmente não criam um blog? - pergunta ele. Um blog que faça o mesmo e, além disso, disponibilize um endereço rss que uma audiência específica e interessada pode subscrever..."


Pois é. Depois da invasão inicial da baixa cultura internética ("oba, vamos todos ter sites e fazer sites sobre tudo...", estamos agora no momento de sacar que existem formatos para cada tipo de fluxo de informação, e para cada tipo de informação.

Se a informação é referencial (uma casa noturna, um grupo estabelecido de swing e adoração sexual com cera quente, um órgão público...), é de boa forma construir um site com os dados fixos sobre o referido e neste site encaixar um blog com as notícias (não esquecer de disponibilizar feeds RSS e mecanismo de comentários...). Se a natureza dos dados é por si só dinâmica (a página de um professor universitário, como no exemplo, ou o diário de uma viagem... ou de qq outra atividade) vale muito mais a pena se desestressar da idéia de construir um site e fazer apenas um blog.

É uma lembrança muito boa de se ter que o WebloggerTerra, e outros (como o Blig) não são blogs, pois não disponibilizam permalinks nem feeds... além dos templates horríveis.

"Blogueiros fazem melhor com os dedos..."

Descobri que a solidão a gente é que faz,
por não saber se fazer companhia...

Eu e Metal (o de Alma Alucinada que tem uma lua só pra ele dentro da cabeça) descobrimos pratos exóticos no restaurante do Ministério das Cidades. Sopa Ensopada (que definitivamente era a sopa com o maior grau de "sopidade" que eu já vi) e "Angu Desapimentado" eram alguns deles. Risadas gratuitas do cotidiano de funcionário público...

Murilão e a Máquina de Ritmo do Gil
Fazendo o link, muito atrasado, para o excelente post de meu irmão sobre as ótimas notícias musicais e culturais de Gil+Articuladores em SP.

"...Neste último sábado (20/11) a galera dos articuladores xemelentos esteve reunida com o Ministro Gilberto Gil para demonstrar as possibilidades dos aplicativos que comporão a ilha de edição de áudio e vídeo totalmente equipada com softwares livres, os quais farão parte dos kits a serem distribuídos nos mais de 100 Pontos de Cultura do Brasil. Na cadência da exploração das infinitas possibilidades, o Ministro sacou seu violão e apresentou (canalizou?) uma composição inédita, absurdamente sintonizada com o que vai na cabeça da galera, e que já sai do forno como conteúdo licenciado pela Creative Commons. Pode ripar, mixar, samplear, queimar..."
(leia o post inteiro no Ecologia Digital)

E dá-lhe Murilão!

domingo, 28 de novembro de 2004

My friend assures me it’s all or nothing
I am not worried- I am not overly concerned
My friend implores me for one time only,
Make an exception. I am not not worried
Wrap her up in a package of lies
Send her off to a coconut island
I am not worried - I am not overly concerned
With the status of my emotions
Oh, she says, were changing.
But were always changing
It does not bother me to say this isn’t love
Because if you don’t want to talk about it then it isn’t love
And I guess I’m going to have to live that
But, I’m sure there’s something in a shade of gray
Or something in between
And I can always change my name if that’s what you mean
My friend assures me it’s all or nothing`
But I am not really worried
I am not overly concerned
You try to tell your self the things you try tell your self to make
Yourself forget
To make your self forget
I am not worried
If it’s love she said, then were gonna have to think about the
Consequences
She can’t stop shaking and I can t stop touching her and.....
This time when kindness falls like rain
It washes her away and anna begins to change her mind
These seconds when I’m shaking leave me shuddering
For days she says.
And I’m not ready for this sort of thing
But I’m not gonna break
And I’m not going to worry about it anymore
I’m not gonna bend. and I’m not gonna break and
I’m not gonna worry about it anymore
It seems like I should say as long as this is love...
But it’s not all that easy so maybe I should just
Snap her up in a butterfly net-
Pin her down on a photograph album
I am not worried
I’ve done this sort of thing before
But then I start to think about the consequences
Because I don’t get no sleep in a quiet room and...
The time when kindness falls like rain
It washes me away and anna begins change my mind
And every time she sneezes I believe it’s love
And oh lord.... I’m not ready for this sort of thing
She s talking in her sleep-it s keeping me awake
And anna begins to toss and turn
And every word is nonsense but I understand it and
Oh lord. I m not ready for this sort of thing
Her kindness bangs a gong
It’s moving me along and anna begins to fade away
It s chasing me away. she dissappears, and oh lord I’m not ready for this sort of thing
(Anna Begins - Counting Crows)

Pq esta é uma música que deve ser postada...

sexta-feira, 26 de novembro de 2004



"Choose life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a big fucking television, choose washing machines, cars, compact disk players and electrical tin openers...choose DIY and wondering who the fuck you are on a Sunday morning. Choose sitting on the couch, watching mind-numbing, spirit-crushing game shows, stuffing junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pishing your last in a miserable home, nothing more than an embarassment to the selfish, fucked-up brats you spawned to replace yourself. Choose your future. Choose life. But why would I want to do a thing like that? I chose not to choose life. I chose something else. And the reasons? There are no reasons. Who needs reasons when you've got heroin?"
Irvine Welsh
TRAINSPOTTING (1996)


Achei isso em um velho post e resolvi repostar.
Irvine Welsh é fodão!

Na falta do que fazer, fui ler velhos posts...

nah... "ler velhos posts" é um understatement. Na verdade eu fui começar a reler todos os dois anos e sete meses do meu blog.
Cheguei à conclusão de que eu era muito mais engraçado (e bobo) antigamente.

A boa notícia é que o meu blog era tão legal que não dá sono.
A má notícia é que o meu blog era tão legal que NÂO DÁ SONO! :)


Ok, vou ser humilde e pedir com jeitinho...
EU TÔ PRECISANDO DE UM CAFUNÉ, PORRA!

Estou com insônia novamente...

Bastou deitar a cabeça no travesseiro para todo o sono que eu sentia passar, como de costume. Nâo adiantou contar carneirinhos, pensar em velhos contos, relembrar momentos doces do passado ou dizer 26 vezes para mim mesmo que eu PRECISO dormir. Minhas olheiras estão tão fundas e minha pele está tão estragada por falta de sono que às vezes pareço ter 37, e não 27 anos.
Mas tudo isso passa com algumas noites de sono...

... o que não quer dizer que eu esteja conseguindo tê-las. :)

Se eu estou mal com isso tudo?
Nem um pouco. Estou escrevendo isso só por falta do que fazer mesmo. :)

quinta-feira, 25 de novembro de 2004

computadores de manhã, computadores de tarde
computadores de noite, computadores de madrugada...
contos, contos, contos...

estou virando uma couve-flor.
alguém me tire de casa para fazer uma salada.

Fragmentos...
um diálogo da décima parte (que ainda está no forno) de O Cavaleiro e o Dragão

(...)- “Você não tem sentimentos!?”
O dragão não se voltou para Amarath. Permanecia olhando para o céu cheio de nuvens e para a fumaça no horizonte. Mesmo assim, ele respondeu:
- “Sim, eu tenho. Mas estes são os seus sentimentos. Não vou me enredar neles. Eu apenas estou apresentando-lhe seu teste. Você pode, se quiser, abandonar o caminho do cavaleiro e se juntar a ela. Mas desconfio que você poderia terminar sendo o jantar de sua amada.
Amarath podia imaginar que o dragão mostrava os dentes ao vento, no que deveria ser um sorriso.
- “Você é cruel!” disse o jovem, quase gritando.
- “Eu sou um dragão. E você ainda tem muito a aprender sobre o que é a crueldade, menino. Vá. E aja como o homem que você pretende ser.” a fera verde alongava as asas, falava quase preguiçosamente.
- “Você não sabe o que é amor!? Você não conhece estes sentimentos? Por quê você me pede isso?” agora Amarath gritava.
- “Quando você os conhecer, conte-me sobre eles.” O dragão voltou sua cabeça para o aprendiz de cavaleiro, mantendo o corpo voltado para o templo, e aproximou-a. Seus olhos buscavam os de Amarath...

todo sentido nasce do que se sente.

a liberdade é um modo de ser
que só se torna uma bandeira
em tempos de escravidão.

mas quando a escravista
é a sua própria mente,
levantar o estandarte da liberdade
é pura afetação.

os problemas do âmago
se resolvem em silêncio.
o resto é cacofonia.

quarta-feira, 24 de novembro de 2004

perdemos, por vezes, tempo demais com as pessoas.
é tempo que roubamos de nós mesmos, e das nuvens, e da lua sobre nós.

nem sempre se pode partilhar o encanto.
por vezes as mãos que não recebem estão por demais fechadas para receber aquilo que brilha em nossa palma.

eu vi a lua refletida nas nuvens do cerrado...
eu.
só eu.

Quando você resolve brincar de embriagar a aranha que mora no banheiro, você deveria saber que já é hora de ir dormir.

Ela teria uma ressaca terrível depois de beber tanto desodorante, se não estivesse morta.
Já eu preciso acordar vivo amanhã para trabalhar...

terça-feira, 23 de novembro de 2004

De volta ao ofício blogueiro...
Por nenhum motivo especial. Talvez apenas por sentir assim, hoje voltei a blogar como eu gosto.

Um dia eu já desejei viver sem problemas...
Morri de tédio até o dia em que a vida provou que isto era impossível. ;)
É o desafio que nos tira de nossa casca ensimesmada (sim, esta palavra existe... existe sim... pq eu quero.) e nos faz entrar em contato com a vida. Vocês podem experimentar. A vida é mesmo feita de tentativa e erro... e descobertas.

Como disse uma conhecida, que como qualquer um de nós, nem sempre vive aquilo que diz:
"A coisa mais importante da vida é o tesão".

E é isso mesmo.

have a good life, dear reader.

sábado, 20 de novembro de 2004

"era uma vez um contador de histórias que se esqueceu de si mesmo. ele, que antes pulsava lendas e rimas em seu coração vermelho, agora apenas colecionava coisas de contar, como quem conta dinheiro. seu rosto jovem endureceu-se, a pele cheia da imundície da fumaça urbana. seus olhos não tinham mais a doçura de antes, procurando frenéticos e sem amor. ele não era mais capaz de enxergar...

não sabia mais contar histórias, com o coração como tambor e os lábios dançando como peixes que sobem o rio. não mais as sabia ouvir, nem conseguia mais enxerga-las acontecendo à sua volta. ele havia esquecido de seu ofício. ele havia abdicado de sua posição de contador de histórias para ser apenas um personagem de uma história de um outro alguém...

mas um dia ele despertará
e terá novamente histórias para contar..."

rabiscado em um pedaço de papel...



ciborgues + consciência social = metareciclagem

sexta-feira, 19 de novembro de 2004

me embananei com a reunião dos textos para o metareciclagem.
foi mal aí ff...
acho que estou meio "atropelado" pelo excesso de coisas e falta de cabeça...

p.s. enquanto procurava uma outra coisa, achei uma reportagem do ano passado na magnet falando sobre o metarec. legalzim....

Este é mais um dia normal nos corredores da cultura.
Estou curtindo meu xabú de insônia numa sala vazia e fresquinha cheia de cadeiras verdes novas. A vida é mais divertida quando o inesperado se insinua por seus flancos...

Esta noite que quase consegui dormir, não fossem as goteiras e os raios que ameaçavam a rede e as máquinas da casa da colina...

Acho que vou escrever um pouco.

p.s. Não joguem Wesnoth... vicia mais do que deveria.

quinta-feira, 18 de novembro de 2004

Há males que vem para bem...
um rei adoentado e seus livros numa manhã de quinta feira.

Continuando a série "lifestyle illnesses1 do duende", depois de dois dias de insônia pouco produtiva, passei a manhã deste dia brincando de rei2 e colocando minha leitura em dia.

Foi o bastante pra me apaixonar pela obra de Colin Wilson (e descobrir o escritor de new-sci-fi ducaralho que é o Rudy Rucker). Mais tarde eu faço posts sobre eles.

Por hora, recomendo realmente a leitura de "Maslow, Sheldrake e a Experiência de Pico", de Colin Wilson.

Agora eu vou nessa, entre uma reinada e outra, ver se consigo chegar ao trabalho antes de exercer minha regalidade novamente. Abraços do rei culto. :)

1para quem não sabe, são as doenças associadas ao estilo de vida, como por exemplo a gastrite, as lesões por esforço repetitivo, a obesidade, mal de korsakov... etc... ;)

2este foi o eufemismo mais leve e poético que eu encontrei para o ato de "estar no trono".

PC popular da AMD... não sei não hein?
Equipado com um windows versão frankestein (há quem diga que é um CE modificado) para "baratear o pacote" (!?), sai a coisinha esquisita que a AMD chama de "solução para inclusão digital". Quem viver verá (inclusive eu, cético escorpiano de plantão...).

ele vem em várias cores e sabores, sempre com um windows dentro...AMD demonstra PC popular (idgnow)

A Advanced Micro Devices (AMD) fez ontem (16) a primeira demonstração do Personal Internet Communicator, equipamento destinado a ampliar o acesso à internet com preço mais acessível. PC World conversou com exclusividade com Brad Hale, diretor de desenvolvimento de negócios da AMD que trouxe as primeiras unidades para o país e irá mostrá-lo para o governo e alguns parceiros locais durante essa semana.
(...)
Não maior que uma caixa de lenços e pesando menos que 1,5 kg, o PIC foi projetado para ser simples, barato e resistente a quedas e maus tratos. O gabinete na forma de cápsula possui dois hemisférios. A parte superior é feita de plástico ABS e a inferior, de alumínio. Segundo Hale, o uso de metal na base tem a função de dissipar o calor gerado pelo processador AMD Geode GX500. A única peça móvel dentro do PIC é seu disco rígido de 10 GB de 3,5 polegadas.

O PIC vem ainda equipado com um modem de 56 kbps, um periférico desprezado em um mundo que caminha para banda larga. Hale disse que, durante o desenvolvimento do produto, a AMD nunca pensou que o acesso por banda larga poderia ser tão popular em alguns mercados onde o PIC seria vendido.

Por enquanto, a solução encontrada é usar uma de suas quatro portas USB 1.1 para ligar um adaptador Ethernet ou até mesmo um modem ADSL. Mesmo assim, a empresa já planeja criar uma versão do PIC com uma porta Ethernet no lugar do modem. Esse modelo deve ficar pronto no período entre o final desse ano e no início do próximo.
Sistema operacional
Apesar de rumores indicarem que o PIC utilizaria sistema operacional Linux, a versão final veio equipado com uma nova versão do Windows, chamadaWindows XC. Algumas fontes ligadas ao assunto diziam se tratar de uma versão do Windows CE com elementos do XP e outras que seria versão reduzida do Windows XP Embedded Edition.
Hale confirmou que sua equipe avaliou todas essas opções. A idéia do Linux foi abandonada não por causa do sistema operacional e sim pelo custo do pacote de aplicativos que acompanhariam o produto. Testes também foram realizados com o XP Embedded e, também nesse caso, o custo da licença seria bem maior que o do Windows CE, que surgiu como solução economicamente mais viável.
(leia a matéria inteira)

a dica foi do xl4v3, ainda de férias em lugar desconhecido...

quarta-feira, 17 de novembro de 2004

Depois de ler Urban Archipelago (um texto dos editores da revista The Stranger) eu fiquei com a sensação ao mesmo tempo excitante e desconfortável de que os EUA estão caminhando para a realização de seus sonhos de ficção cientifica mais negros...

Não é uma questão de temer este futuro, é apenas a surpresa de ter a impressão de que ele vai chegar...

vamos comprar um guaraná antártica (eu vou de coca cola, mas o problema é meu) e assistir o lento esfacelamento do império dos egocêntricos... :)

Todo mundo precisa parar um pouco...

Chove do outro lado da janela. O mundo toma uma coloração cinza tranquila e o barulho dos respingos ecoa quietude. A quietude de uma tarde de quarta feira. Eu deveria estar indo para o trabalho agora. De fato, deveria ter feito isso bem mais cedo. Mas não estou preocupado com isso neste momento. Hoje é um dia para relaxar um pouco e escutar o silêncio... e entrar em sincronia comigo de novo.

As ultimas semanas se pareceram demais com um pinball...
e eu era a bola.

Nâo. Chega.
Vamos com calma agora...

Há dias que mal escrevo em meus blogs. Há dias que mal consigo parar e divagar sobre a paisagem, ou sobre qq outra coisa. Este não sou eu. Eu estou precisando relaxar.
And then... so be it. :)

terça-feira, 16 de novembro de 2004

o espaço entrementes começa a se tornar mais coeso.
as mentes começam a se unir e firmar seus protocolos.

one step closer now...

Acredito no que é absurdo.
Acredito pois as pessoas são absurdas,
e os caminhos da vida, por serem tão sábios
soam também absurdos aos nossos olhos
tão cartesianamente míopes.

Não acredito em pessoas normais.
Elas não sabem falar a verdade nem para si mesmas.

(e a porcaria do fotolog.net engoliu mais um de meus posts...)

segunda-feira, 15 de novembro de 2004

agora sim... :)

O Cavaleiro e o Dragão (nona parte)
Uma fábula interna de Daniel Duende


Esta é uma fábula publicada em partes.
Antes de ler a nona parte, leia a primeira, a segunda, a terceira, a quarta, a quinta, a sexta, os fragmentos da sétima e (ufa) a oitava partes...


Já leu?
Então bem vindo à nona parte de O Cavaleiro e o Dragão.



O sol já havia se posto quando Amarath perguntou ao dragão pela sétima vez qual era o segundo teste. Na primeira vez que perguntara o dragão ainda dormia, ou fingia que dormia, e não deu ouvidos à pergunta. Na segunda vez em que perguntara, logo que o dragão se levantou e espreguiçou suas enormes asas, foi mandado caçar, usando apenas um arco rústico e flechas de pedra, animais suficientes para alimentar os dois. Ao voltar carregando com todo o seu esforço duas corsas, Amarath fez a pergunta pela terceira vez. O dragão limitou-se a elogiar as corsas e comentar que costumava comer mais do que aquilo. Após a refeição, quando Amarath perguntou pela quarta vez, o dragão disse que ele devia descer até o rio, banhar-se, e voltar apenas com o pôr do sol.

Entrando novamente no templo, composto por colunas altas de pedra que pareciam escorar o céu e vários altares rústicos, Amarath encontrou o dragão deitado novamente. Por um segundo pensou que este dormira e já se preparava para sentar-se e esperar, mas sentia um pouco de frio e resolveu preparar uma fogueira. Com ramos das árvores próximas preparou uma pequena pilha e se pôs a pensar como arranjaria fogo. Foi quando percebeu que o dragão o observava com uma expressão que poderia ser interpretada como a expressão divertida de um dragão.
- “Pode me ajudar a acender esta fogueira? Estou com frio...” – disse Amarath, com um ar cansado.
- “Posso.
Amarath se afastou da fogueira e esperou por uma enorme labareda, ou qualquer coisa que se assemelhasse ao lendário sopro do dragão. Em seu lugar nada viu, e ouviu apenas a risada raspada do dragão, muito parecida com o ruído de alguém arrastando uma pedra em um vaso de cerâmica.
- “Você não vai acender a fogueira?”
- “Não estou com frio.” – disse o dragão, sarcásticamente.
- “Mas você disse que podia me ajudar.”
- “É óbvio que posso.
- “Mas você não vai me ajudar?”
- “Quem está com frio é você. Por que eu o ajudaria?
Dezenas de respostas passaram pela cabeça de Amarath, desde argumentações sobre a importância que havia em aquecer-se até xingamentos. Mas ele não disse nada por um longo tempo, enquanto congelava no vento frio do anoitecer. Por fim perguntou pela quinta vez se este era um teste, mas o dragão apenas sorriu e pareceu voltar a dormir.

Amarath pensou por longos momentos, enquanto o frio aumentava, e por fim foi encontrar algumas pedras com as quais fazer faíscas. Sentou-se, amuado e frustrado, junto à fogueira e pôs-se a raspar as pedras, que pareciam não estar dispostas a presentear-lhe com faíscas. Sentia-se muito frustrado. De que adiantava ter a seu lado um dragão se este não o obedecia e nem sequer o respeitava? De que adiantava tudo aquilo que passara se iria morrer de frio ali. Angustiado com tudo isso, decidiu caminhar até o dragão e tentar acordá-lo.

Pequenos toques nas escamas agora frias não surtiram efeito algum, assim como não surtiram efeito as pequenas pancadas que ele tentou desferir depois sobre as costas do dragão. Amarath pensou em gritar o nome do dragão, mas não sabia qual era, e então apenas gritou por “dragão”. Sentiu-se ainda mais ridículo ao perceber que isso também não surtia efeito. Por fim, irado, chutou o dragão logo atrás de sua grande cabeça com uma força movida pela raiva e frustração. O dragão levantou-se e empertigou-se de forma ameaçadora. Amarath ficou ainda mais congelado de medo ao ver que talvez não morresse de frio, e sim assado pelo sopro do dragão... ou estraçalhado por seus dentes. Mas mesmo assim, com uma coragem que adveio do momento desesperado, gritou:
- “Isso é um teste!?” – esta fora a sexta vez que Amarath perguntara isso no dia.
- “Quem te deu o direito de me chutar assim?
- “Eu sou o seu cavaleiro e estou com frio. Além do mais estou cansado de ser humilhado e desconsiderado...” – Amarath não teve tempo de terminar a frase, pois o dragão investiu contra ele com aparente fúria. Teve tempo apenas de se jogar para o lado, sem acreditar no que acontecia.
- “Eu vou queimar você da cabeça aos pés! O que você sente a respeito disso!?
Amarath, com presença de espírito, nada respondeu. Apenas colocou-se de pé frente ao dragão tendo a pilha de galhos às suas costas. Quando o dragão abriu sua boca cheia de enormes dentes, Amarath se jogou no chão, sentindo enorme língua de chamas passando por sobre suas costas com um calor terrível e iluminando a noite. Quando o enorme sopro do dragão se extinguiu, Amarath pode ver que não só a fogueira, mas duas árvores estavam também queimando. Levantou-se, tomado ainda por algo muito forte e um pouco insano dentro de si, e disse:
- “Eu SENTIA frio!” – e o disse com um sorriso louco na face.
O dragão olhou um pouco perplexo para a fogueira, e depois para Amarath, e por fim abriu a boca. Por um segundo Amarath pensou que fosse expelir outra de suas mortíferas línguas de fogo. Mas o dragão apenas gargalhou. Amarath começou a rir nervosamente, mas terminou por juntar-se ao dragão em sua gargalhada.
- “Você é louco, ou então mais engenhoso do que imaginava, ou mais provavelmente os dois, Amarath!” – disse o dragão, ainda rindo, o que tornava a sua voz uma confusão pétrea de raspados e ecos montanhosos.
- “E você acendeu a minha fogueira.”
- “Sim.
- “Você ia mesmo me matar?”
- “Você estava com medo?
- “Sim. Mas eu estava com frio e, mais do que isso, eu estava com raiva.”
- “Você me chutou por que estava com raiva?
- “Não, eu te chutei porque estava com frio.”
Os dois se olharam durante vários segundos, e então começaram a rir novamente. Por fim o dragão completou:
- “Eu também estava com frio.
Amarath parou por um momento, e então compreendeu o que havia acontecido.
- “Este era então o teste?”
- “Certamente o teste não era sobre acender fogueiras.
- “Então, qual era o teste?” – Perguntou Amarath finalmente, pela sétima vez.
- “Fazer você enfrentar o seu medo de mim.

Aquela não foi a última vez que Amarath teve medo do dragão, mas certamente foi a primeira vez que pode perceber a real dimensão de sua coragem. Isso faria toda a diferença em sua vida como Cavaleiro de Dragão, e em sua vida como homem.

Amarath estava mesmo se tornando um homem.

(fim da nona parte)


p.s. post publicado, com dificuldade, com o BloGTK. Ainda estou aprendendo os macetes disso aqui...

Acheeeeeeeei!
Achei uma blogging-interface para Linux.



Chama-se BloGTK (agora já na versão 1.0) e foi inspirado no meu querido w.bloggar
(que ainda não viu a luz e portanto ainda não mudou de plataforma...).

Testando BloGTK...................... funciona.

iluminados usuários Debian, apt-get install blogtk :)

ele não é nenhuma maravilha, ainda precisa de muuuitos aperfeiçoamentos, mas é simples e prático.

Eu ia publicar a nona parte de "O Cavaleiro e o Dragão" hoje,
mas descobri que é um saco formatar posts sem uma interface de blogar.

tenho que descobrir logo algum programa que faça no Linux o trabalho que o W.Bloggar fazia no windows por mim...

Eu me recuso a rodar aquela velharia do windows2000 só para fazer um post.

domingo, 14 de novembro de 2004

Novos horizontes se abrem. A chama verde-halógeno da criação se acende.
Vamos ver onde vai dar...

Nós somos os ciborgues vivos.
Ouça nossas conexões cantando...

superego@danielduende:~$ su
Password:
danielduende:/home/duende# apt-get install bomsenso
Lendo Lista de Pacotes... Pronto
Construindo Árvore de Dependências... Pronto
E: Impossível achar pacote bomsenso


fodeu. :)
hahaahhahah

sexta-feira, 12 de novembro de 2004

Elemental

Why don't people leave off being lovable
or thinking they are lovable, or wanting to be lovable,
and be a bit elemental instead?

Since a man is made up of the elements
fire, and rain, and air, and live loam
and none of these is lovable
but elemental
man is lop-sided on the side of the angels.

I wish man would get back their balance among the elements
and be a bit more fiery, as incapable of telling lies
as fire is.

I wish they would be true to their own variation as water is,
which goes trough all the stages of steam, and stream, and ice
without losing its head.

I am sick of lovable people,
Somehow they are a lie.


-=-

D.H. Lawrence,
que também escrevia
cartas eróticas bizarras
para sua mulher
quando viajava...


(presente da Clarinha Elfa)

Minha vida é um castelo cheio de quartos,
uns com amplas sacadas,
outros cheios de coisa guardada.

Minha vida é ficção para os seus sentidos,
mas ela é MINHA e é VIDA.

Ananias na Cultura Digital?
Pfffft! Cadê a nossa Skol? :)

MEDO :)

Morre Yasser Arafat,
em seu quarto Ariel Sharon chora, gritando "que merda que não fui eu que o matei."

Tem coisas que nem todo o dinheiro dos judeus do mundo faz por você. :)

quinta-feira, 11 de novembro de 2004

Colocando a cabeça em dia. Colocando a vida em dia. Colocando meus contos em dia...
Guardando coisas em seus lugares, espalhando outras.
Compondo uma música que nunca vou terminar
e tentando, com vontade, escrever algo sobre cultura digital (mas não deu vontade).

I'm a fucking insomniac,
but i'm a happy fucking insomniac... :)


Hora de dormir.
Amanhã tem mais trampo com a Tia Maristela-Formiga-Atômica.
Está sendo ducaralho trampar lá com ela...

quarta-feira, 10 de novembro de 2004

eu preciso de umas férias de internet.
fico até feliz de estar sem computador no trabalho...

i'll be back.
you know i will.

terça-feira, 9 de novembro de 2004

Good morning starshine, the earth says hello
you twinkle above us, we twinkle below
good morning starshine, you lead us along
my love and me
as we sing our
early morning singing song

gliddy glub gloopy nibby nabby noopy
la la la - lo lo
sabba sibbi sabba nooby aba naba
lee lee - lo lo
tooby ooby wala
nooby aba naba
early morning singing song...


-=-

E então eu redescubro, mesmo que remelento, o prazer de acordar cedo e ter realmente vontade de ir trabalhar... :)
Valeu aí, dona Vida. :)

segunda-feira, 8 de novembro de 2004



festinha honesta.
se eu não esquecer novamente do dia, eu vou. :)

Por trás das muralhas
da mais inexpugnável fortaleza
há sempre um rei solitário...

domingo, 7 de novembro de 2004


Daniel Duende
02 / 11 / 1977
Crono-Psi: 67


Kin 123
Noite Rítmica Azul


Organizo com o fim de sonhar
Equilibrando a intuição
Selo a entrada da abundância
Com o tom rítmico da igualdade
Eu sou guiado pelo meu próprio poder duplicado

'Aceito organizar-me e meus sonhos
se tornam realidade. Estou em paz.'

(calendariodapaz.com.br)

"A coisa mais importante da vida é o tesão"

Gostei dessa.
Realmente gostei dessa. :)

(e da frase tb)

Um bom final de semana, liberto das pressões que eu fazia sobre mim mesmo, pode fazer maravilhas...

Estou saindo por aí (fora) e por aqui (dentro) em busca da minha alma e da minha sombra. Os rumores é de que elas haviam sido raptadas por um duende verde mau, mas descobri que elas fugiram juntas para algum lugar divertido...
Vou ver se as encontro para uma suruba ôntica. (ok, eu gostei desta frase) :)

Estou começando a me sentir muito bem comigo de novo.
Vamos ao trabalho...

sexta-feira, 5 de novembro de 2004

Relendo velhos contos, tentando ajeitá-los para lançar o livro...
estão em sua maioria um lixo.

"Saídas" já está indo para o lixo, "O Ultimo Cravo" vai ser totalmente reescrito...
"A Princesa à Janela" também precisa ser muito modificado...

Pelo visto só os velhos velhos velhos contos se salvarão.

Preciso escrever novos contos...

quinta-feira, 4 de novembro de 2004



Agora eu entendo pq os americanos reelegeram o moralistão Bush. Pq os americanos divertidos estão indo embora dos Estados Unidos, rumo a países que são mais sãos e divertidos...

Quando um bar é mais divertido do que os outros, tem gente tão esquisita quanto vc na maior parte do tempo, fica no seu caminho de volta entre o seu trabalho e a sua casa e vc SEMPRE arranja uma desculpa para passar lá quando está indo para casa... vc começa a virar um barfly.

now i am really becoming a barfly.

33.

Speak to me in a language I can hear.
Humour me before I have to go.
Deep in thought I forgive everyone
As the cluttered streets greet me once again.
I know I can’t be late.
Supper’s waiting on the table.
Tomorrow’s just an excuse away
So I pull my collar up and face the cold, on my own.
The earth laughs beneath my heavy feet,
At the blasphemy in my old jangly walk.
Steeple guide me to my heart and home.
The sun is out and up and down again.
I know I’ll make it, love can last forever.
Graceful swans of never topple to the earth
And you can make it last, forever - you
You can make it last, forever - you
Can make it last...

And for a moment I lose myself
Wrapped up in the pleasures of the world.
I’ve journeyed here and there and back again
But in the same old haunts I still find my friends,
Mysteries not ready to reveal,
Sympathies I’m ready to return.
I’ll make the effort, love can last forever.
Graceful swans of never topple to the earth.
Tomorrow’s just an excuse
And you can make it last, forever - you
You can make it last, forever - you
Can make it last forever - you,
Forever you...
.

.
.
.
.
#FF8040

Elegeram o psicopata do G.W.Bush de novo.
Isso vai ser o fim do mundo como o conhecemos...

ainda bem.
eu não gosto do mundo como o conhecemos
(ou ao menos como a maioria de nós o vê). :)

quarta-feira, 3 de novembro de 2004

segunda-feira, 1 de novembro de 2004

Macacos datilógrafos,
Pinguins terroristas
e Babuinos amestrados...

este é o nosso mundo

Você pode colocar N macacos digitando por N horas e em algum momento eles eventualmente digitarão as obras completas de Shakespeare (duvida? então experimenta...)

Mas se você colocar um Baboo ensinado da Mic(r)osoft para escrever sobre Sérgio Amadeu, o que sai é isso aqui.

Risível...

domingo, 31 de outubro de 2004

é noite de Samhain.
hora de morrer para renascer,
seguindo o caminho de Lugh.

depois desta noite
nada mais será como antes.

é noite de Samhain
e eu vou me encontrar com os meus
e comigo mesmo.

quando nascer o dia
a luz trará novas coisas.

que os Deuses abençoem a todos.

p.s. não esqueçam de acender uma vela para seus ancestrais,
e de tomar cuidado com aquilo que habita as sombras desta noite.

Sentado sozinho na varanda sob a luz sobrenatural que só os dias chuvosos de Brasília podem ter,
me ponho a pensar nos caminhos da vida...

está na hora de puxar o plug e só voltar amanhã.

fui escrever...



o álcool é um catalisador perigoso
para a alquimia da mudança interna.

eu corro riscos.

é um velho hábito dos poetas
e das pessoas que amam.

These Exiled Years (Flogging Molly)
A música que ecoava em minha cabeça ontem enquanto bebia no Gringo's...

It's four in the mornin'
Battered and numb
A loaded room, an empty gun
I whistle a tune, I heard years before
The clock started tickin'
Where did the time go
I danced to the mornin'
She called out my name
The wind was a howlin'
And down came the rain
Her arms they caressed me
Sweet was her brow
She opened my eyes
To banish the doubt
Wash me down in all of your joy
But don't drag me through this again

I've heard all your sad songs I can hear
It's in with the whiskey and out with the gin
I've heard all your sad songs I can hear
It's another day older
In These Exiled Years

The dew on the ground
Blankets the face
Cold was the night
Gone her embrace
For your land of the free
Now prisons me
To rot in this jail
Of lost liberty

Wash me down in all of your joy
But don't drag me through this again

I've heard all your sad songs I can hear
It's in with the whiskey and out with the gin
I've heard all your sad songs I can hear
It's another day older
In These Exiled Years

Walk away, watch me as I wave
One foot here, but sure the other's in the grave
Walk away, walk away

I've heard all your sad songs I can hear
It's in with the whiskey and out with the gin
I've heard all your sad songs I can hear
It's another day older
In These Exiled Years



e antes que me esqueça,
só um idiota pode afirmar que Dubh-Lin não foi fundada por goidélics.
mesmo que seja verdade.

sexta-feira, 29 de outubro de 2004

Coisas que acontecem no dia 29/10...
Não tenho tempo para postar sobre tudo, mas não posso deixar de comentar...

- Felipe Fonseca fala sobre o andamento do Xemelê em seu blog.

- Descobri que o Fernando Sabino já sabia o que era escrever de verdade, e como deveria ser o seu último conto, nos idos de 1965... (dica da Angélica, esposa do Zoid) (ando correndo demais... a dica foi do Feliz, o papai do ano.).

- Redescobri que o blog da Tati (a princesa dos negritos) é ducaralho. Me emocionei com todos os posts, e com seus negritos exatos...

- A Wired soltou um artigo sobre o Brasil e a Produção Colaborativa/Código Aberto. Vale a pena ler, e descobrir que até a múmia do José Serra merece elogios na história...

bem... por hora é isso.

profecias temidas acontecem.
possibilidades estranhas se abrem.
os rumos da vida parecem cada vez mais bizarros...
vamoquevamo. estou curioso pra ver onde isso vai dar.

meu sentido de duende está apitando.
não sei o que é... mas alguma coisa está prestes a acontecer...

medo.

acho que estou apenas triste, cansado e assustado.
são coisas da vida.
só preciso de um pouco de sono,
e da magia da vida batendo novamente na porta...

olhar para fora de si é olhar para o nada
embora sempre façamos isso procurando por alguma coisa...
a beleza do mundo está geralmente em nossos olhos
mas perdemos tempo não enxergando isso.

a felicidade é uma escolha.
deve ser...

quinta-feira, 28 de outubro de 2004

sentado em meu quarto, ouvindo a chuva e tentando descobrir onde estão as goteiras...
penso que em certos momentos da vida precisamos realmente acreditar no futuro.

O Cavaleiro e o Dragão (oitava parte)
Uma fábula interna de Daniel Duende

Se você ainda não leu as outras sete partes da fábula,
leia a primeira parte
leia a segunda parte
leia a terceira parte
leia a quarta parte
leia a quinta parte
leia a sexta parte
leia os fragmentos da sétima parte...

Se você já leu tudo, então vamos à oitava parte...

-=-

Todo o corpo de Amarath estava tomado de dores enquanto este se contorcia sobre a relva. Estava confuso, como que despertando de um sonho, e sentia-se muito machucado. Sua respiração estava entrecortada e seus membros moviam-se em espasmos. Não entendia o que estava acontecendo, nem o que tinha acontecido. Não entendia, sobretudo, se aquilo era, ou fora, um teste e se havia sido bem sucedido.

- "Eu já vi pessoas acordado de forma mais suave." - Disse o dragão.
Amarath fitou a enorme face serpentina e verde, sentiu o hálito de cinzas e coisas queimadas, e quase sorriu. A dor não estava mais em seu corpo. Já as lembranças turvas de um outro lugar onde ele era outra pessoa e conhecera uma mulher lobisomem chamada Silena pareciam reaparecer agora. E elas causavam uma confusão dolorosa...
- "Foi real?" - perguntou ao dragão
- "Você vai aprender que esta não é a primeira pergunta que se faz a respeito de algo na vida." - o hálito do dragão subjugou Amarath quase tanto quanto a resposta. Era como se uma fogueira estivesse troçando de você, quente e esfumacenta. A cabeça do dragão estava agora bem perto da de Amarath.
- "E qual é a pergunta que devo fazer?"
- "Se você não sabe o que quer perguntar, por que se importa em fazê-lo?"
- "Eu quero perguntar. Mas estou confuso."
- "E alguma pergunta diminuirá a sua confusão?"
- "Eu estava realmente lá? Quem era ela?"
- "O que você sente?"
- "Você não vai responder as minhas perguntas?"
- "Sim." - O sorriso do dragão era quase tão grande quanto o céu e seus dentes quase tão ameaçadores quanto as dúvidas que consumiam a mente de Amarath.
- "Então responda! Err... Então responda por favor."
- "Eu respondi uma de suas perguntas, mas você fez tantas que não sabe a qual delas eu estava respondendo."
- "Eu não estou entendendo nada..."
- "Porque você tem pressa em entender. Entender as coisas leva tempo... Agora, levante-se."

O dragão afastou-se de Amarath, virou-lhe as costas a caminhou pela grama muito verde da clareira. Colocou-se a olhar por entre duas das colunas de pedra que pareciam sustentar o céu e fitou o mesmo pensativo. Amarath levantou-se, sentindo-se ainda um bocado zonzo com a experiência. De qualquer forma fitou o céu também, talvez por estar confuso demais para fazer outra coisa, talvez porque estivesse curioso para saber o que o dragão estava olhando.

- "O que você sentiu?" - perguntou o dragão depois do que pareceu ser um longo tempo de observação do azul infinito do céu.
- "Enquanto eu estava lá?" - respondeu Amarath.
- "Você estava lá?"
Amarath ficou em silêncio, mas não estava pensando na pergunta do dragão. Estava pensando no vazio que sentira enquanto era Marcos. Estava pensando naquele outro mundo, e em Selina.
- "Eu não sei. Mas eu acreditei que estava lá, durante um tempo, enquanto... enquanto acreditava que estava lá." - disse Amarath por fim, sentindo-se um pouco estúpido pela frase circular.
O dragão mostrou os dentes, no que Amarath aprendera a perceber que era um sorriso.
- "Eu me senti sozinho. E eu me senti confuso. E eu me senti bem quando conheci Selina. Mas eu também me senti mal quando ela se afastou. Eu me senti muito bem quando estávamos juntos... e depois, quando saltei... eu... eu me senti bem também. Senti que a reencontraria..."
- "E você acha que a reencontrará?"
- "Eu quero reencontrá-la"
- "Por quê?"
- "Porque eu acho que estou... acho que estou apaixonado por ela."
- "Hummm... e por que me perguntou quem era ela e se era real?"
- "Porque eu preciso saber se estou apaixonado por um sonho."
- "Era real enquanto você acreditou, não?"
- "Parecia real."
- "E se não for. Os seus sentimentos não terão sido reais?"
Amarath ficou em silêncio por tanto tempo que conseguiu a façanha de deixar o dragão impaciente. Sentiu-se mais confuso do que nunca, e o olhar severo da enorme criatura o deixava ainda mais tenso. Ele precisava responder alguma coisa, sentia, e então disse o que sentiu que devia dizer:
- "Os meus sentimentos são reais, por que acredito neles. Ela era real também, então, por que eu acreditava nela."
- "E agora? Agora ela é real?"
- "Agora eu não sei."
- "E o que você sente?"
- "Eu sinto que vou descobrir."

O dragão empertigou-se e fitou Amarath com um olhar quase ameaçador. E por fim o perguntou com um tom que fez a sua voz forte e raspada soar como uma enxurrada que desce a montanha:
- "Você voltaria lá para reencontrá-la?"

Amarath respirou fundo e sentiu uma serenidade cuja origem ele desconhecia, mas parecia vir de dentro.
- "Sim. Mas eu não vou voltar porque eu estou aqui para ser testado e me tornar um cavaleiro. Talvez eu volte em outro momento." - Sentiu que tinha dito a coisa certa, mas seu coração estava apertado pelas palavras.
- "Este foi o seu teste."
Amarath ia dizer algo, mas perdeu as palavras. Entendia agora a profundidade com que fora testado em sua firmeza e clareza de objetivos. Por fim, com um meio sorriso no rosto, Amarath perguntou:
- "Mas ela era real?"
- "Isto você ainda não sabe." - disse o dragão, mostrando todos os dentes que eram tão agudos quanto as lembranças que Amarath tinha dos últimos momentos com Selina.

Em algum lugar, longe dali, uma lobisomem entrava em uma casa e devorava uma criança.


(fim da oitava parte)