é noite de Samhain.
hora de morrer para renascer,
seguindo o caminho de Lugh.
depois desta noite
nada mais será como antes.
é noite de Samhain
e eu vou me encontrar com os meus
e comigo mesmo.
quando nascer o dia
a luz trará novas coisas.
que os Deuses abençoem a todos.
p.s. não esqueçam de acender uma vela para seus ancestrais,
e de tomar cuidado com aquilo que habita as sombras desta noite.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
domingo, 31 de outubro de 2004
These Exiled Years (Flogging Molly)
A música que ecoava em minha cabeça ontem enquanto bebia no Gringo's...
It's four in the mornin'
Battered and numb
A loaded room, an empty gun
I whistle a tune, I heard years before
The clock started tickin'
Where did the time go
I danced to the mornin'
She called out my name
The wind was a howlin'
And down came the rain
Her arms they caressed me
Sweet was her brow
She opened my eyes
To banish the doubt
Wash me down in all of your joy
But don't drag me through this again
I've heard all your sad songs I can hear
It's in with the whiskey and out with the gin
I've heard all your sad songs I can hear
It's another day older
In These Exiled Years
The dew on the ground
Blankets the face
Cold was the night
Gone her embrace
For your land of the free
Now prisons me
To rot in this jail
Of lost liberty
Wash me down in all of your joy
But don't drag me through this again
I've heard all your sad songs I can hear
It's in with the whiskey and out with the gin
I've heard all your sad songs I can hear
It's another day older
In These Exiled Years
Walk away, watch me as I wave
One foot here, but sure the other's in the grave
Walk away, walk away
I've heard all your sad songs I can hear
It's in with the whiskey and out with the gin
I've heard all your sad songs I can hear
It's another day older
In These Exiled Years
e antes que me esqueça,
só um idiota pode afirmar que Dubh-Lin não foi fundada por goidélics.
mesmo que seja verdade.
sexta-feira, 29 de outubro de 2004
Coisas que acontecem no dia 29/10...
Não tenho tempo para postar sobre tudo, mas não posso deixar de comentar...
- Felipe Fonseca fala sobre o andamento do Xemelê em seu blog.
- Descobri que o Fernando Sabino já sabia o que era escrever de verdade, e como deveria ser o seu último conto, nos idos de 1965... (dica da Angélica, esposa do Zoid) (ando correndo demais... a dica foi do Feliz, o papai do ano.).
- Redescobri que o blog da Tati (a princesa dos negritos) é ducaralho. Me emocionei com todos os posts, e com seus negritos exatos...
- A Wired soltou um artigo sobre o Brasil e a Produção Colaborativa/Código Aberto. Vale a pena ler, e descobrir que até a múmia do José Serra merece elogios na história...
bem... por hora é isso.
quinta-feira, 28 de outubro de 2004
O Cavaleiro e o Dragão (oitava parte)
Uma fábula interna de Daniel Duende
Se você ainda não leu as outras sete partes da fábula,
leia a primeira parte
leia a segunda parte
leia a terceira parte
leia a quarta parte
leia a quinta parte
leia a sexta parte
leia os fragmentos da sétima parte...
Se você já leu tudo, então vamos à oitava parte...
-=-
Todo o corpo de Amarath estava tomado de dores enquanto este se contorcia sobre a relva. Estava confuso, como que despertando de um sonho, e sentia-se muito machucado. Sua respiração estava entrecortada e seus membros moviam-se em espasmos. Não entendia o que estava acontecendo, nem o que tinha acontecido. Não entendia, sobretudo, se aquilo era, ou fora, um teste e se havia sido bem sucedido.
- "Eu já vi pessoas acordado de forma mais suave." - Disse o dragão.
Amarath fitou a enorme face serpentina e verde, sentiu o hálito de cinzas e coisas queimadas, e quase sorriu. A dor não estava mais em seu corpo. Já as lembranças turvas de um outro lugar onde ele era outra pessoa e conhecera uma mulher lobisomem chamada Silena pareciam reaparecer agora. E elas causavam uma confusão dolorosa...
- "Foi real?" - perguntou ao dragão
- "Você vai aprender que esta não é a primeira pergunta que se faz a respeito de algo na vida." - o hálito do dragão subjugou Amarath quase tanto quanto a resposta. Era como se uma fogueira estivesse troçando de você, quente e esfumacenta. A cabeça do dragão estava agora bem perto da de Amarath.
- "E qual é a pergunta que devo fazer?"
- "Se você não sabe o que quer perguntar, por que se importa em fazê-lo?"
- "Eu quero perguntar. Mas estou confuso."
- "E alguma pergunta diminuirá a sua confusão?"
- "Eu estava realmente lá? Quem era ela?"
- "O que você sente?"
- "Você não vai responder as minhas perguntas?"
- "Sim." - O sorriso do dragão era quase tão grande quanto o céu e seus dentes quase tão ameaçadores quanto as dúvidas que consumiam a mente de Amarath.
- "Então responda! Err... Então responda por favor."
- "Eu respondi uma de suas perguntas, mas você fez tantas que não sabe a qual delas eu estava respondendo."
- "Eu não estou entendendo nada..."
- "Porque você tem pressa em entender. Entender as coisas leva tempo... Agora, levante-se."
O dragão afastou-se de Amarath, virou-lhe as costas a caminhou pela grama muito verde da clareira. Colocou-se a olhar por entre duas das colunas de pedra que pareciam sustentar o céu e fitou o mesmo pensativo. Amarath levantou-se, sentindo-se ainda um bocado zonzo com a experiência. De qualquer forma fitou o céu também, talvez por estar confuso demais para fazer outra coisa, talvez porque estivesse curioso para saber o que o dragão estava olhando.
- "O que você sentiu?" - perguntou o dragão depois do que pareceu ser um longo tempo de observação do azul infinito do céu.
- "Enquanto eu estava lá?" - respondeu Amarath.
- "Você estava lá?"
Amarath ficou em silêncio, mas não estava pensando na pergunta do dragão. Estava pensando no vazio que sentira enquanto era Marcos. Estava pensando naquele outro mundo, e em Selina.
- "Eu não sei. Mas eu acreditei que estava lá, durante um tempo, enquanto... enquanto acreditava que estava lá." - disse Amarath por fim, sentindo-se um pouco estúpido pela frase circular.
O dragão mostrou os dentes, no que Amarath aprendera a perceber que era um sorriso.
- "Eu me senti sozinho. E eu me senti confuso. E eu me senti bem quando conheci Selina. Mas eu também me senti mal quando ela se afastou. Eu me senti muito bem quando estávamos juntos... e depois, quando saltei... eu... eu me senti bem também. Senti que a reencontraria..."
- "E você acha que a reencontrará?"
- "Eu quero reencontrá-la"
- "Por quê?"
- "Porque eu acho que estou... acho que estou apaixonado por ela."
- "Hummm... e por que me perguntou quem era ela e se era real?"
- "Porque eu preciso saber se estou apaixonado por um sonho."
- "Era real enquanto você acreditou, não?"
- "Parecia real."
- "E se não for. Os seus sentimentos não terão sido reais?"
Amarath ficou em silêncio por tanto tempo que conseguiu a façanha de deixar o dragão impaciente. Sentiu-se mais confuso do que nunca, e o olhar severo da enorme criatura o deixava ainda mais tenso. Ele precisava responder alguma coisa, sentia, e então disse o que sentiu que devia dizer:
- "Os meus sentimentos são reais, por que acredito neles. Ela era real também, então, por que eu acreditava nela."
- "E agora? Agora ela é real?"
- "Agora eu não sei."
- "E o que você sente?"
- "Eu sinto que vou descobrir."
O dragão empertigou-se e fitou Amarath com um olhar quase ameaçador. E por fim o perguntou com um tom que fez a sua voz forte e raspada soar como uma enxurrada que desce a montanha:
- "Você voltaria lá para reencontrá-la?"
Amarath respirou fundo e sentiu uma serenidade cuja origem ele desconhecia, mas parecia vir de dentro.
- "Sim. Mas eu não vou voltar porque eu estou aqui para ser testado e me tornar um cavaleiro. Talvez eu volte em outro momento." - Sentiu que tinha dito a coisa certa, mas seu coração estava apertado pelas palavras.
- "Este foi o seu teste."
Amarath ia dizer algo, mas perdeu as palavras. Entendia agora a profundidade com que fora testado em sua firmeza e clareza de objetivos. Por fim, com um meio sorriso no rosto, Amarath perguntou:
- "Mas ela era real?"
- "Isto você ainda não sabe." - disse o dragão, mostrando todos os dentes que eram tão agudos quanto as lembranças que Amarath tinha dos últimos momentos com Selina.
Em algum lugar, longe dali, uma lobisomem entrava em uma casa e devorava uma criança.
(fim da oitava parte)
Doctor Unheimlich has diagnosed me with Duende's Disorder | |
Cause: | mobile phone radiation |
Symptoms: | pale skin, bad poetry, neck shortening |
Cure: | cryogenic freezing until science catches up |
quarta-feira, 27 de outubro de 2004
Rompendo o casulo
Depois de alguns dias de silêncio, pelos motivos que for, estou de volta para comentar as voltas da vida...
Minha vida e minha cabeça já deram muitas voltas desde a última vez que escrevi algo aqui. Mesmo depois dos furacões, eu continuo sendo eu... apenas compreendendo um pouco mais as voltas que a vida dá, e as que ela não dá.
Hoje é o último dia do ciclo de reuniões de trabalho entre os movimentos articulados (Metareciclagem, Rádios Livres...) e o pessoal no Ministério da Cultura a respeito dos rumos dos Pontos de Cultura. Ralação total durante o dia, correndo com conceitos e especificações, e viagens pelo mundo das idéias, possibilidades filosóficas e alcoólicas e do macarrão à noite.
Poder estar estes dias com o Daltão, com o Glauco, com o Felipe e todos os outros que eu conhecia apenas por lista de discussão está sendo uma experiência pirante. Mais uma daquelas experiências que a gente agradece à vida por nos ter presenteado.
Tenho passado meus apertos também por esses dias, com questões que vem de todos os lados. Mas tudo se resolve, a seu jeito, cedo ou tarde.
Hoje o dia acordou lindamente nublado e eu, adoravelmente desanuviado. É hora de tomar banho e ir para mais um ciclo de reuniões (com uma rápida interrupção para ver apartamentos com o DP e depois para resolver algumas coisas que precisam ser resolvidas na vida além trampo...)
E depois de hoje, vou ter algum descanso merecido e mais tempo para dedicar às minhas coisas.
Há tempo para tudo nessa vida, embora a vida não espere momento para acontecer.
sexta-feira, 22 de outubro de 2004
Redes Sociais de Vizinhança
Uma matéria interessante do Tech Dirt sobre Neighbournodes, as redes wi-fi compartilhadas por uma vizinhança, e suas possibilidades...
"The New York Times is writing about Neighbornode, and does a pretty good job showing how a neighborly hotspot with a bulletin board for the home page can help build neighborly connections. For all the talk about why people should never share internet connections, this shows a pretty good reason why shared WiFi can be quite a good thing. There are still security concerns (and maybe some patent issues along with questions about providers' terms of service on sharing connections). However, if they start to add more security features it could be a very useful way to set up a community network around your home that helps bring your neighbors together."
O site do Creative Commons está de cara nova
Eu pensei em dezenas de maneiras de dizer isso, mas todas elas eram chavões. De qualquer forma, o site está uma gracinha (e muito bem organizado). Um brinde aos caras do CC.
Vai lá ver...
[Prozac] "was associated with more hospitalizations, deaths, or other serious adverse reactions reported to the FDA than any other drug in America."
Business Week 3/16/98 p. 14
"So far, the tools used to manipulate serotonin in the brain are more like machetes than they are like scapels--crudely effective, but capable of doing plenty of collateral damage."
Time magazine 9/29/97
"Drug companies [that produce antidepressants] have been accused of failing to publish drug trials which do not give the "right" result."
BBC NEWS 04/23/04
"Traces of the antidepressant Prozac can be found in the nation's drinking water, it has been revealed. An Environment Agency report suggests so many people are taking the drug nowadays it is building up in rivers and groundwater. "
BBC NEWS 08/08/04
isso me lembra da pior bad trip que tive em minha vida:
acreditar em médicos... :)
sejam bondosos com suas próprias almas. não entrem na furada de achar que um remédio pode resolver as vicissitudes humanas. tem alguém montado na grana fazendo você de otário quando vc acredita que anti-depressivos podem resolver o problema de alguém.
um dos dias mais felizes de meu ano passado foi quando mandei uma psiquiatra enfiar em seu respectivo cu uma receita.
vocês também deveriam experimentar a liberdade que advém de saber que esta sociedade não tem a solução para o seu problema pois é a própria causa dele. :)
The dreaming renegades ~ a message (por dpadua)
"Não se encaixam em famílias mas vivem em bandos, exercitando sua arte sem limites e transformando sua própria realidade de maneira quase sempre destemida. Depois de cada respiração, seus mundos colapsados se reagregam em novas teias de aventuras e emoções intensas. Seus mestres aparecem em sonho, e não atrás de altares. Autoridade não é uma opção.
I know you are out there, fellows.
I'm here too."
-=-
Em meio a esta sociedade de modos industriais, que produz doentes em escala industrial, e os dopa em escala industrial com remédios que servem apenas para os alienar de suas sensibilidades a respeito deles mesmos e de seu mundo...
Em meio às ruínas do sonho egoísta de um mundo rígido, controlado, de luxos supérfluos e carros blindados para nos separar daqueles que estão fora de nossa redoma...
Em meio aos dormentes que andam pelas ruas sem olhar para o lado...
nós estamos lá.
e temos músicas para cantar
e histórias para encantar.
nós estamos lá, e estamos aqui também. estamos em todo lugar.
o tecido do vestido de festa desta civilização está ficando roto.
nós somos a carne que começa a aparecer por baixo dele.
nós estamos aqui.
e damos boas vindas aos que vão chegar.
quarta-feira, 20 de outubro de 2004
Will you be a part of the open source legacy?
A versão 1.0 do famoso (e adorável) browser Firefox será lançada, com um barulho incomum às empreitadas Open-Source. Eu, usuário Firefox desde o início, estou achando lindo. Abaixo vai o texto do email que o site SpreadFirefox enviou a todos os seus assinantes...
On November 9th, Firefox 1.0 will take back the web. We want the world to know it. Join us over at SpreadFirefox as we raise funds for the most ambitious launch campaign in open source history. A portion of each donation will go towards taking out a full-page ad in the New York Times celebrating the release. All donors will be listed in the ad, the signatories of a declaration of independence from a monopolized and stagnant web. Will you be a part of the open source legacy?
Essa eu quero ver.
Até lá, vamos usando o Firefox beta. :)
segunda-feira, 18 de outubro de 2004
What If God Smoked Cannabis (NOT BY Weird Al Yankovic) :)
Depois de ouvir esta música 3 vezes ao longo da tarde, percebi o quanto ela realmente é engraçada...
And if His eyes were pretty glazed
If He looked spaced-out
Would you buy His story
Would you believe He had an eye infection
And yeah yeah
God looks baked
Yeah yeah
God smells good
Yeah yeah yeah yeah yeah
What if God smoked cannabis
Hit the bong like some of us
Drove a tidy micro-bus
And He subscribes to Rolling Stone
When God made this place
In the beginning, did he plant any seeds
Or did he put them there for Adam and Eve
So they'd be hungry for the apple that the snake was always offering
And yeah yeah
God rolls great
Yeah yeah
God smells good
Yeah yeah yeah yeah yeah
What if God smoked cannabis
Do you 'spose He had a buzz
When He made the platypus
When He created both our homes
Does He like Pearl Jam or the Stones
And do you think He rolls His own
Up there in heaven on the throne
And when the saints go marching home
Maybe He sits and smokes a bone...
UPDATE:
Recebi um email do fan clube do Weird All dizendo que esta música NÂO FOI feita por ele. No email inclusive dá para sentir que o pessoal do fan clube é meio chegado em defender o velho copyright. :)
Deem uma sacada:
From: Webmaster of Al-oholics Anonymous
To: daniel.carvalho@gmail.com
Date: Mon, 18 Oct 2004 17:22:23 -0500
Subject: What If God Smoked Cannabis
Weird Al did NOT do this song.
From the FAQ at http://www.al-oholicsanonymous.com/faq
8. I found some song on Napster/Morpheus/KaZaA/etc that says it's by
Al. Is it really?
Added: 2/7/01
People tend to just assume anything funny is by "Weird Al", even
if it's really bad. Other people write parodies besides Al, but
since they're worthless nobodies, much like yourself, they don't
get the credit. The only TRUE way to tell if a song is by "Weird
Al" or not is to go out and buy all the CDs in Al's catalog.
Everything else, is just a wasted download.
-----------
"Cannabis" was by Bob Rivers as demonstrated here
http://www.bobrivers.com/show/vault/alpha.asp?Var=W
Webmaster@Al-oholicsAnonymous.com
Feeding your addiction for "Weird Al" since 1994
http://www.al-oholicsanonymous.com
É isso aí pe-pessoal :)
Momento macunaíma
From: Daniel Carvalho
Reply-To: Daniel Carvalho
To: vitor cheregati
Date: Mon, 18 Oct 2004 14:50:02 -0200
Subject: duende sem calças fica em casa hoje.
Iaih grande Vitor,
por falta de calças, tesão para sair de casa e gasolina devo ficar em casa hoje.
amanhã apareço por aí (já com calças, espero). ;)
Abraços,
Daniel Duende.
Hoje é dia de ficar em casa e descansar...
E encontrar o meu lugar no mundo e dentro de mim.
O Cavaleiro e o Dragão
(fragmentos da sétima parte)
O Cavaleiro e o Dragão é uma fábula que venho escrevendo e publicando em partes (1, 2, 3, 4, 5, 6...) há aproximadamente 4 meses. Talvez seja uma das melhores coisas que já escrevi até hoje, talvez não. O fato é que trata-se de uma de minhas obras prediletas.
Não me importa quantos estão lendo, mas para aqueles que estão, vai uma rápida explicação:
A sétima parte da fábula não será publicada integralmente. Assim eu decidi, e não será tão necessária assim à compreensão final.
Talvez vocês possam conhecê-la quando o livro de fábulas for publicado. Talvez não.
Stephanie Pui-Mun Law
Marcos não sabia por quanto tempo havia andado. A cidade parecia um lugar estranho agora, que pouco o dizia respeito. A cidade e os carros e as pessoas eram agora apenas a paisagem ao longo de um caminho que parecia ser o único que existia. O caminho até a casa de Selina. Não se lembrava de saber o endereço, mas sabia que estava no caminho certo, como se o vento o estivesse guiando. Quando chegou ao bloco de apartamentos cercado por árvores baixas, sentiu-se confuso entre a exultação e uma compenetrada sensação de iminência de algo. Era naquele momento alguma coisa entre Amarath e Marcos e o Dragão que estava ali, em um mundo que era pequeno demais para tantas coisas...
(...)
...A arma disparou com um som abafado por trás de Marcos. Ele não saberia dizer se fora atingido ou sequer se sentia dor quando saltou em direção à janela. Os cacos do vidro que se estilhaçou, o vento da tarde fria, a imponderabilidade e as gotas vermelhas flutuando no ar. Tudo parecia passar rápido demais, e ao mesmo tempo muito devagar. A única coisa que Marcos sentiu então foi a sensação estranhamente familiar de estar suspenso no ar. E ele por um segundo gozou do prazer de estar livre do chão, livre daquele mundo, rumando de volta para casa da única forma que havia para fugir daquele lugar...
Marcos estava sorrindo quando atingiu o solo.
No fundo sabia, sem saber por que, que ele e Selina se reencontrariam em outro lugar...
Mas nem todas as previsões são realmente tão auspiciosas quanto se imagina.
(fim da sétima parte)
Não se precisa fazer sentido para se fazer sentir...
sábado, 16 de outubro de 2004
O Cavaleiro e o Dragão (sexta parte)
Uma das fábulas internas do Duende
O Cavaleiro e o Dragão é uma fábula publicada em partes.
aqui estão os links da primeira, segunda, terceira, quarta e quinta partes.
acredite, fábulas fazem mais sentido quando lidas na ordem correta. :)
Marcos quase não se lembrava que tinha pais na maior parte do tempo. Mas quando chegou em casa transtornado naquele dia, confuso e com os olhos injetados de angústia, estes se insinuaram desajeitadamente em seu momento. Percebendo inúteis as tentativas de conversa, insistiram para que ele tomasse um calmante, e depois mais um. Vencido pelo cansaço ele tomou aquilo que lhe foi dado, como uma fera domada, cansado demais para continuar se debatendo.
No dia seguinte, também sombrio, mas de um modo diferente com um céu cinzento uniforme, a mãe de Marcos atrasou sua ida ao trabalho para levá-lo a um médico. Marcos estava confuso demais para lutar. Mal dormira à noite, e quando o fizera foi sob efeito dos calmantes. Tivera uma noite sem sonhos e estava agora confuso demais até para se questionar sobre qualquer fronteira entre a realidade e o sonho. Sob efeito de calmantes o mundo é uma massa indistinta de objetos de pano com cores desbotadas. Entre todas as cores desbotadas daquela manhã, predominara o branco das paredes do hospital onde um médico aconselhou uma mãe aflita a medicar o filho. No caminho de volta para casa discutiu com a mãe, afirmando que se recusaria a tomar qualquer remédio. Não sabia mais ao certo por quê, mas algo o dizia que as pequenas cápsulas vermelhas seriam um veneno que destruiria muito mais do que qualquer médico poderia conceber dentro dele.
Quando o carro parou e sua mãe saiu do carro, ainda gritando a respeito do remédio e da falta de noção de mundo de Marcos, algo novamente despertou dentro dele. Algo livre, selvagem e urgente. Desligando-se das palavras de sua mãe e de tudo mais, concentrou-se apenas em inspirar o ar profunda e lentamente... e em começar a correr. Os gritos de sua mãe atrás dele, parada frente ao portão aberto da casa, ficaram cada vez mais distantes, engolidos pelo zunido do vento e o prazer de correr por entre as árvores e as pessoas que se admiravam e se voltavam para ele pelas ruas. Assim Marcos correu, por uma quantidade tempo e em uma direção que ele não saberia precisar. E por fim parou em frente a uma pequena loja de presentes, sem saber também o motivo. Do interior da loja um homem pequeno com o nariz muito longo e adunco e cabelos negros curtos e ensebados sorria para ele com os dentes amarelos. Marcos caminhou para o interior da loja, sem se aperceber de que o cheiro de cinzas que sentia vinha de seu próprio suor.
- "Eu sei o que você é.", disse o homem ainda mantendo o sorriso estranho.
- "E o que eu sou?" perguntou um Marcos surpreso por não ter a respiração sequer alterada depois de tanto correr.
- "Isso você vai descobrir. Você sabe ao menos o que faz aqui?"
- "Eu vim correndo e..."
- "Não, não e não. Você deveria ser mais inteligente. Sim, sim, sim, deveria. Eu perguntei se você sabe o que está fazendo neste mundo." Interrompeu o homem pequeno vestido em um casaco estranho, aparentemente feito para uma mulher, coberto com penas pretas e brilhantes.
- "Como assim?"
- "Eu nunca pensei que encontrasse alguém como você que fosse menos inteligente do que eu. Não, não, não. E a surpresa não foi tão boa assim..." a voz do homem estranho começava a irritar Marcos.
- "Do que diabos você está falando!? Eu estou tendo um dia de merda e você fica me chamando de estúpido e dizendo coisas sem sentido! Eu vou..."
- "Não, não, não... não faça isso!" interrompeu o homenzinho, com urgência, mas mantendo um sorriso sarcástico de satisfação no rosto.
Marcos não sabia o que estava fazendo, e viu-se surpreso ao avançar sobre o homem e segurá-lo pela gola do estranho casaco de penas. Ficou ainda mais surpreso ao levantar o homem facilmente do chão... como se ele fosse ainda mais leve do que aparentava. Por um segundo os olhares dos dois se cruzaram e Marcos se assustou com o negrume dos olhos do pequeno homem. Ao soltar o homem ficou surpreso ao perceber que o riso havia sumido da face deste, substituído por um olhar de terror enquanto este virava seu corpo miúdo e corria por sobre os objetos empilhados, entulhados, da loja. Parou por fim, depois de dar dois saltos muito ágeis, no topo de uma estante que dividia o ambiente da loja em dois.
- "Tenha calma!" disse o homem, que ao gritar revelou ter uma voz esganiçada e aguda.
- "Que merda é essa que está acontecendo? O que é que você diz que eu sou, e o quê é você!?", disse Marcos. Sua voz raspava na garganta e tomava um tom entre o demasiado grave e o patético.
- "Eu vou responder uma das suas perguntas e você irá embora... sim sim sim. As coisas não são geralmente o que parecem, mas no fundo a gente sabe o que elas são. Entenda e acredite você ou não, é sempre melhor acreditar no que você sente do que naquilo que você vê."
Marcos ia tentar perguntar mais alguma coisa, mas o homenzinho desapareceu por detrás da estante com um salto ágil, pouco antes de sair por uma porta cuja vista a estante bloqueava. Depois de respirar fundo, Marcos sentiu então algo que não fazia sentido, mas era o que sentia. Marcos sentiu que a única coisa que devia fazer agora era encontrar Selina. Quando Marcos deixou a loja estava ocupado demais para olhar para o calendário com desenhos de pássaros europeus. Se o tivesse feito perceberia que esta noite seria a primeira noite da lua cheia...
(Fim da sexta parte)
(publicado em homenagem à Nath, minha fiel conselheira doce e histérica).
sexta-feira, 15 de outubro de 2004
Estruturas emergentes são coisas frágeis,
quando submetidas a uma liderança ou gargalo
em seu fluxo, elas se fragmentam e se reconfiguram
de outras formas.
A velha sociedade não sabe lidar com isso,
nem o sabem aqueles que pensam como a velha sociedade.
E eu preciso de uma cerveja
e de algum descanso.
Tive um dia ruim demais para me preocupar com isso agora...
Resistência poética em Amsterdam
Recebi por uma das listas que assino o manifesto do grupo ASCII, da Holanda, que faz um trabalho que me parece semelhante ao do Metareciclagem. É pura poesia de barricada...
Subject: [Thk] ASCII stands against eviction - free software needs /home
From: "jaromil"
Date: Mon, October 11, 2004 11:44 pm
To: thk@autistici.org
-----BEGIN PGP SIGNED MESSAGE-----
Hash: SHA1
The ASCII squat, a free public internet space run by hackers and
activists in Amsterdam, is getting evicted at this moment by the local
police.
ASCII was set up recycling old computers and using only free software (GNU
GPL) to bring broader access to technology for the populace.
ASCII is a collective of free and autonomous thinkers, technically and
politically aware hackers and free software developers.
The current location of ASCII, Kinkerstraat 92, is not the first nor the
last place where hackers struggle for redemption from merchantile agendas
speculating on technology and its accessibility by the populace.
The right to comunicate is everyone's good and software implements it!
Stand now in solidarity with ASCII, because free software needs /home!
Raise consciousness! This small eviction reflects a larger wave of
repression operated by western NATO regimes, the recent FBI raid on
Indymedia online servers is a serious signal of the current crackdown on
freedom of speech. As of today there are no clear legal motivations for
this action of censorship affecting more than 20 different countries.
But for us the motivation is clear: the capitalist regime brought to its
extreme consequences is revealing all its intrinsic violence and its
logics of prevarication by silencing any critical voice opposing it.
We will keep on struggling for the right to think differently, act
differently and compute differently from the way corporations and
fascist state governors are trying to impose us.
And if necessary we will compile our last lines of sourcecode on the
barricades.
in solidarity with all those who resist.
ASCII Amsterdam Subversive Center for Information Interchange
http://squat.net/ascii http://scii.nl
- --
Eu deveria terminar o texto da metareciclagem,
mas só tenho vontade de trabalhar nos meus contos e fábulas hoje.
e ainda assim, estou desanimado demais para escrever.
vou dormir.amanhã o dia pode ser melhor...
"... Sibele olhou pela janela de seu apartamento de cobertura e sorriu sem vontade. Estava entediada. Mesmo tendo dominado o mundo, e todos os homens e mulheres que a interessaram, o mundo continuava parecendo um bocado vazio. Cansada de pensar sobre seus próximos objetivos (quem sabe outros planetas) ela resolveu afastar todos os pensamentos. Sua calcinha sabor morango, a qual não trocava desde a manhã do dia anterior, começava a derreter e causar coceiras. Tentou afastar seus pensamentos disso também. Caminhou até o enorme telão que ocupava uma das paredes de sua sala de estar e apertou um botão no console de seu x-box. No mundo dos videogames há sempre algo mais a se ganhar. Desta forma Sibele sentia-se melhor, mesmo que fosse apenas um jogo. Talvez ela nunca tenha sabido a diferença..."
(fragmentos da biografia quase-autorizada de alguém que quer dominar o mundo.)
quinta-feira, 14 de outubro de 2004
O Cavaleiro e o Dragão (quinta parte)
Uma das fábulas internas do Duende
O Cavaleiro e o Dragão é uma fábula publicada em partes.
leia a primeira parte | leia a segunda parte | leia a terceira parte | leia a quarta parte
Ao abrir os olhos e ver a folhagem, as formas das altas pedras do templo na clareira, ele quase não acreditou no que via. Respirou fundo e esticou o corpo, pôde por um segundo tocar a pedra fria. Era mais lisa do que ele imaginava. Ele então riu, com o som de pedras raspando em uma caverna profunda, alongando com prazer seu grande corpo. A dúvida sobre quem é que estava rindo ainda o assolava quando percebeu que não estava mais no mesmo lugar...
Marcos abriu os olhos e sentou-se na cama em sobressalto. Tivera outro sonho? A antiga sensação de não saber o que era sonho e o que era realidade o assolava. Conseguia sentir ainda, no fundo da espinha, a sensação gostosa de esticar seu corpo na relva e olhava à volta ainda confuso pelo despertar repentino. O som do despertador o arrancou de seus pensamentos. Fosse o que fosse, estava ali mesmo e era hora de se arrumar para mais um dia na faculdade. Arrumou-se quase automaticamente e apenas quando esperava pelo ônibus, sentado na parada onde chegavam pessoas a todo momento, lembrou-se de que veria Selina. A sensação quente da iminência do encontro apenas jogou mais carvão na fornalha de seu peito. Vivia agora entre dois mundos e não queria deixar nenhum deles. Não se lembrava naquele momento de ter sentido tanta vontade de chorar antes. Ao menos naquele mundo...
Aquele foi um dia estranho. As nuvens carregadas no céu o tornavam escuro e cheio de sombras. Por duas vezes uma rajada repentina de vento assaltou as árvores enquanto Marcos caminhava até a entrada da faculdade. Não encontrara Selina no caminho e sentou-se na sala de aula amuado, incapaz de prestar atenção nos acontecimentos acadêmicos que o envolviam naquele momento. Sentia-se intranquilo, e este sentimento prolongou-se ao longo de todo o dia. Ao sair então de sua penúltima aula resolveu rumar para o gramado da biblioteca em vez de dirigir-se para sua última aula. Tinha um sentimento estranho no peito, sentia-se ao mesmo tempo doente e muito vigoroso. Caminhava ansioso por entre as árvores balançadas pelo vento sob o crepúsculo prematuro daquele dia nublado. Seus olhos custaram a enxergar o corpo compacto de Selina sentado sob uma árvore. Ela abraçava as pernas e tinha a cabeça mergulhada entre os joelhos, os cabelos esvoaçando ao vento. Ele não sabia se era o frio, ou se sentira um calafrio, ao ver o vazio nos olhos dela quando ela o fitou.
- "Você está bem?" perguntou ele com uma voz cuja rouquidão o assustou.
- "Ahnn... eu tô" disse ela, sem emoção na voz. Seus olhos estavam ligeiramente vermelhos, assim como sua face. Ela parecia ter chorado recentemente, mas trazia agora uma falta de expressão terrível no semblante.
- "O que você tem? Você está esquisita..."
- "Nada." E sua expressão não se modificava, ainda.
Marcos a fitou em silêncio por alguns segundos, antes que ela voltasse seus olhos para o chão e brincasse distraída com um pedaço de grama.
- "O que aconteceu? Me conte..."
- "Ahnn... Não é nada Marcos. Me deixa sozinha, vai..." havia agora um início de expressão de tristeza e confusão na face de Selina. Ela parecia prestes a chorar, mas parecia ainda durona demais para isso...
Marcos pensou por um momento em ir embora. Ele mesmo estava muito confuso agora. Selina voltou a mergulhar a cabeça entre os joelhos e por vários segundos ele a fitou, tendo a crescente impressão de que ela tentava afastar sua presença. E então ele voltou-se e começou a caminhar rumo ao prédio de sua faculdade.
A cada passo ele sentia sua angústia aumentar no peito, e esta angústia parecia queimar. A cada passo, enquanto diminuía sua esperança de que ela fosse chamar seu nome, que aquela situação fosse se reverter ou começar a fazer sentido, esta angústia começava a ficar mais quente. Por fim ele parou e girou sobre os calcanhares. Sentia um leve formigamento no corpo e seus pensamentos estavam turvos. Percebeu que Selina estava de pé agora, apoiada na árvore, e que então começou a andar. Parecia um pouco sem rumo e seus passos não tinham a graça estranha de antes. Eram desajeitados, vacilantes... Por alguns segundos ele pôde apenas olhar. E então caminhou em direção a ela...
Selina o fitou inicialmente sem expressão. O vazio de expressão em seu rosto era como se lhe tivessem roubado a face, os olhos, a vida. Era como se faltasse alguém, ou algo, dentro daquele corpo. Marcos sentiu que uma lágrima descia de seus olhos e escorria, quente, quase queimando sua face. Tentou falar, mas o que emitiu foi quase um grito...
- "O que está acontecendo? Esta não é você!"
Por um segundo Selina não disse nada, como se surpreendida, atordoada, pela atitude de Marcos. Mas por fim também começou a chorar e pareceu cambalear um pouco. Marcos correu para apoiá-la mas foi repelido por um empurrão sem força de Selina. Marcos voltou a falar, e sua voz havia se tornado ainda mais esquisita e rouca a seus ouvidos.
- "O que aconteceu?" Ele perguntou.
Selina chorava, ainda com o braço esticado, paralisado no gesto de repelir o jovem de cabelos longos e um pouco desgrenhados que também tinha uma lágrima na face. Por fim, disse em uma voz muito baixa...
- "Eu voltei a tomar meus remédios..."
- "Que remédios!?". Marcos sentia-se muito alterado, seu peito estava tomado pelas chamas de uma angústia sem par.
- "Eu sou doente. E você também deve ser... A gente não pode acreditar naquelas maluquices... Vai embora..." Selina olhava Marcos nos olhos, e a angústia dela, que parecia antes amortecida, parecia agora lutar para se libertar.
Por fim, Selina correu. Não com a graça com que correra dias antes enquanto brincavam, felizes, naquele mesmo jardim. Correu de forma desajeitada, quase sem rumo, na direção da biblioteca. Marcos caiu de joelhos então, e em um ato ao mesmo tempo estranho e familiar, urrou de raiva e confusão.
Urrou como se um dragão se debatesse dentro dele, e que impedido de expelir suas chamas, o queimasse.
Talvez fosse mesmo isso.
(Fim da quinta parte)
"Toda história sabe por que está sendo contada..."
quarta-feira, 13 de outubro de 2004
Era uma vez um palito de fósforo Fiat Lux...
o link para o blog da Károl está concertado.
"... e aquelas selvagens feras, depois de dizimar a população da vila que a eles se opunha, começaram a engolir as próprias caudas em sua voracidade. Naquele momento, enquanto se engoliam rumo à desintegração, descobriram o portão para o infinito que reside na estrada da reinvenção."
alguém me disso isso há minutos atrás.
mas não há ninguém além de mim aqui há horas.
há muitos mistérios na vida
de quem mora em uma casa assombrada
por idéias e espiritos
no topo de uma colina.
Metareciclagem: uma idéia e muitas ações.
Comecei o texto base que explica a Metareciclagem. O que acham? Em alguns dias, with a little help from my friends, ele deve estar pronto. Vamoquevamo...
A Metareciclagem é uma idéia. Surgida, como surgem as idéias, na cabeça de algumas pessoas que conversavam sobre seus ideais e sobre o que pensavam que poderia ser feito na busca deles. Estas pessoas, usando das ferramentas de comunicação/conversa que tinham disponíveis (e que possibilitaram a conversa de onde surgiu a própria idéia-Metareciclagem) falaram sobre a idéia. Nestas novas conversas que surgiram sobre a idéia, novas pessoas começaram a pensar Metareciclagem. E, mais do que pensar, algumas começaram a engendrar formas de fazer a idéia se concretizar. Assim nasceu a Metareciclagem como ela é. Não um movimento, não uma organização, não um emblema ou partido, mas uma idéia que norteia uma série de ações, que por sua vez norteiam mais ações e aperfeiçoam a idéia. A Metareciclagem nunca se tornará uma organização ou qualquer outra forma centralizada pois é baseada na liberdade de pensamento e ação. A Idéia Metareclagem é como um vírus (como costumam ser as idéias mais inovadoras), ela "infecta" ações já existentes e modifica a sua forma de agir e inspira novas ações. A Metareciclagem, como idéia que é, está nas pessoas. A história da Metareciclagem é antes de mais nada uma história de pessoas e suas ações...
Será possível falar sobre esta idéia em poucas palavras? Claro que sim, isto já foi feito uma vez, e muitas vezes depois disso.
Vamoquevamo...
segunda-feira, 11 de outubro de 2004
2a feira, 18 de outubro: ato de rebatismo da Av. Jornalista Roberto Marinho para Av. Jornalista Vladimir Herzog.
Pegue o PDF do cartaz e espalhe por aí.
O melhor de mostrar ao mundo a sua posição
é fazer isso se divertindo.
O que seria uma ressurreição sem um pouco de riso?
(Clive Barker)
Cuidado!
Tirar fotos de policiais infiltrados em manifestações,
principalmente quando estes estão em "bad hair day"
pode lhe causar muitos problemas...
Eu apoio o CMI, sempre em defesa da verdade, da informação e do bom gosto nos penteados...
finalmente ajeitei o link para o blog da Pree.
já não era sem tempo...
esqueci de atualizar o link para o blog da Károl.
mas eu faço isso ao acordar...
estar de férias por um feriado
significa não ter que ter algo interessante a dizer. :)
sábado, 9 de outubro de 2004
"A grande moeda da mídia independente é a reputação. O seu alcance direto, mediado pela sua reputação, é complementado pelo seu alcance indireto (via replicações e comentários sobre suas colocações em outros espaços) que também é invariavelmente motivado pela sua reputação. Se a midia tradicional se apóia sobre a reputação de verdade absoluta que tem nas mentes dos analfabetos midiáticos, a nova mídia se constroi de forma diferente, como uma construção em rede de atores reputados trocando informação e opinião em uma tecitura complexa e a prova de influências externas daninhas. Não se pode dobrar ou subornar todos os blogueiros como se pode comprar jornais e televisões..."
Viva o poder dos comuns.
UPDATE:
Veja por exemplo este post que você acabou de ler.
Você pode ter vindo parar nele porque gosta do Alriada Express e o lê regularmente (ou não), ou porque acompanha os meus feeds pelo bloglines.com ou mesmo tê-lo lido no blog da Rô e ter resolvido visitar o Alriada. É uma pequena amostra da difusão de idéias como ela ACONTECE na blogosfera.
FBI apreende servidor do CMI
Notícia do próprio Centro de Midia Independente, dica do Pixel (qual é o seu site meu rapaz?)
O FBI apreendeu na tarde de quinta-feira, dia 7 de outubro, dois servidores na Inglaterra onde estavam hospedados diversos sites da rede internacional CMI (inclusive um espelho do site do CMI Brasil que, por isso, ficou por um tempo fora do ar). A ordem de apreensão foi aparentemente motivada pela publicação de fotos de dois policiais suiços infiltrados em uma manifestação no site do CMI Nantes (França).
Os servidores foram retirados da sede da empresa americana Rackspace Managed Hosting na Inglaterra, onde estavam hospedados, e entregues ao FBI. A determinação federal era de apreensão imediata e não dava tempo para recursos. A empresa não foi autorizada a informar a argumentação por trás da apreensão pelo FBI. A maior parte dos sites que estavam hospedados nos servidores já foram remanejados para outros servidores e, pouco a pouco, estão voltando ao ar.
Essa é a terceira investida direta do governo americano contra os servidores da rede CMI. Em 2001, durante os protestos contra a ALCA em Québec e em 2004, durante os protestos contra a convenção do Partido Republicano em Nova Iorque, o FBI e o serviço secreto entraram com mandados exigindo os endereços de IPs dos usuários do site. Desde os protestos em Québec a maior parte dos CMIs não registra os endereços de IP para proteger a privacidade dos seus usuários. (leia a matéria no CMI)
The History of Weblogs
Texto do Dave Winer, dica da Lu Troina (que sabe de mais coisas interessantes do que imagina)
"(...)Weblogs are often-updated sites that point to articles elsewhere on the web, often with comments, and to on-site articles. A weblog is kind of a continual tour, with a human guide who you get to know. There are many guides to choose from, each develops an audience, and there's also comraderie and politics between the people who run weblogs, they point to each other, in all kinds of structures, graphs, loops, etc.(...)"
Vale a pena dar uma lida...
sexta-feira, 8 de outubro de 2004
quarta-feira, 6 de outubro de 2004
Calaboca já morreu e quem manda na internet também não sou eu...
Depois de tentativa de calaboca judicial, a comunidade Enganados pela Artha volta ao ar em grande estilo. Está aí a primeira prova de que no Brasil também ninguém cala a boca do cidadão digital.
"A comunidade ?enganados pela Artha? foi criada por um usuário da empresa de viagens indignado com a qualidade dos serviços prestados. A empresa não gostou da publicidade negativa e acabou por processar o criador da página, tendo obtido a liminar favorável determinando a retirada da comunidade do Orkut, sob pena de multa diária de R$200,00.
A página, até então desconhecida da maioria absoluta dos usuários do Orkut, acabou por ganhar projeção nacional como a primeira comunidade do Orkut censurada por ordem judicial.
A decisão, que por si só trouxe publicidade negativa à empresa muito superior àquela representada pela própria comunidade, até conseguiu tirar a comunidade do ar, mas acabou gerando tamanha indignação que uma nova comunidade ?enganados pela Artha? já foi criada, só que desta vez por um usuário que se diz estoniano." (clicaí pra ler a matéria inteira, a dica da matéria foi da Rô, que por sua vez viu isso lá no Cris Dias)
All your base are belong to us
terça-feira, 5 de outubro de 2004
Venezuela quer declarar Independência Tecnológica
Seguindo o exemplo do Brasil, e com um discurso bem interessante, o presidente venezuelano anuncia a adoção do software livre no governo venezuelano e a implantação de 343 telecentros aidna este ano. Em suas palavras, ele busca a "Independência Tecnológica da Venezuela".
El presidente Chávez anunció que decretará la utilización de un
software libre en la Administración Pública Nacional y que se logrará
la instalación de 343 infocentros en todo el país antes de que culmine
el año. (...)
El mandatario nacional aseguró que el objetivo de adoptar un software libre es lograr la independencia tecnológica e informática del país. "Esta decisión es para lograr la independencia científica nacional para no seguir dependiendo del software de propietarios, el conocimiento no tiene propietarios, la propiedad intelectual es una trampa del neoliberalismo". Chávez puso como ejemplo a Brasil: "Ya Brasil lo ha anunciado y Venezuela va por el mismo camino", dijo.
(dica do Felipe Fonseca, por email)
E vamoquevamo... :)
já há posts demais por hoje.
amanhã eu posto a quinta parte de O Cavaleiro e o Dragão...
Algumas obviedades sobre blogs e duas menções interessantes da palavra Xemelê.
porque "nem tudo que é óbvio é facilmente perceptível"
Weblogs, ou blogs (como prefiro chamá-los), são uma das mais democráticas, diretas, livres, poderosas e versáteis ferramentas de comunicação de idéias e fatos. Democráticas pois qualquer pessoa com um computador, conhecimento das letras e acesso à internet pode ter um blog. Diretas pois não há intermediários entre você e seu leitor. Exatamente por serem diretos, são livres de censura ou limite, direcionados apenas pelo senso estético e ético de seu blogueiro. Estes três elementos, unidos à enorme versatilidade da linguagem visual e textual permitidos pelo formato blog, tornam esta mídia tão poderosa. Até aí, obviedades...
Há blogs de todos os tipos. Há aqueles que são meros diários de seus donos, outros são complexos centros de análises de notícias e diálogos sobre questões do interesse de seu redator (e, muito provavelmente, de seus leitores). Há os blogs de poetas e os blogs de engenheiros (e os blogs de engenheiros-poetas) e também há os blogs que são um pouco de tudo, com a maior variedade possível de públicos. Um blog pode ser tão genérico ou tão específico quanto se desejar que ele seja, ou tão coloquial ou formal quanto for o seu blogueiro. Ele pode inclusive ser todas as coisas, cada uma em um momento, conforme o momento de seu blogueiro muda. Obviedades ainda? A meu ver, sim...
Mais versátil e mais pessoal do que qualquer outra mídia (ou quase qualquer outra, se você incluir a expressão corporal) e ainda assim com um enorme alcance, seria fácil considerar os blogs como a 4a maravilha da internet (junto ao email, o www, o html... e precedendo o xemelê que vem aí juntando tudo). E de fato podem ser considerados uma maravilha, se você considerar que mesmo as maravilhas tem seus limites.
Por mais que se tente, por meio do design da interface ou da própria forma de escrever, o diálogo provido por um blog entre seu blogueiro e seus leitores é truncado e limitado. É muito menos dinâmico e prático do que um grupo de discussão neste quesito. A própria estrutura dos blogs, com posts sucessivos que vão se colocando um após outro e sendo arquivados, privilegia a comunicação dinâmica mas com o tempo começa a criar uma enorme pilha de material rico porém não indexado e difícil de consultar. Isso pode ser resolvido quando o blog funciona com o apoio de uma página onde se indexam seus destaques, formando uma espécie de dualidade estática-dinâmica que compensa os limites de cada uma das formas de publicação (um bom exemplo desta solução é o Ecologia Digital, escrito por meu irmão. Veja aqui e aqui). Por fim existe o problema da cultura: ainda estamos aprendendo a perceber que a informação obtida por uma pessoa qualquer pode ser mais confiável do que a obtida pela equipe de um jornal, ou a opinião emitida por um pretenso especialista em sua área. Para isso temos a reputação.
Na blogosfera (que, você deve saber ou ao menos imaginar, é um universo de blogs) assim como em muitas outras áreas da rede, a reputação é a moeda e o norte que guia todas as relações. Suas blogadas definem quem vai te ler e o que vão pensar a respeito das coisas que você fala. Na blogosfera, onde quase a maioria absoluta dos leitores são também blogueiros, não são 100 ou 20 acessos diários que interessam e sim quem são os seus leitores e o que pensam de você. Um blogueiro respeitado, com um grupo de leitores-blogueiros sempre ligado em suas palavras, tem um enorme poder de comunicação e formação de opinião. Suas melhores blogadas (e por vezes as não tão boas assim) são replicadas e discutidas nos blogs de seus leitores, cujos leitores podem vir a ler e discutir também aquilo que surgiu inicialmente de seus alegres dedos blogueiros... (é fácil saber quando começo a ficar cansado do que estou escrevendo, não é?).
Imaginemos então o que seria a interligação da dinâmica dos grupos de discussão com a personalização e a força das redes sociais digitais (como o Orkut e a Multiply), somando-se a simplicidade dos mecanismos de mensagens diretas assíncronos (emails) e síncronos (instant messengers em geral). Some a isso tudo os blogs, faça as conexões e interligações corretas, faça tudo funcionar em conjunto, crie uma interface realmente simples e completa (é claro que eu não iria esquecer da interface, né?)... sim-salabim... você está chegando perto do XEMELÊ.
Mas isso já é outro capítulo...
Se você leu o texto inteiro, você merece um doce. Pare o que está fazendo e vá comprar um! :)
Devaneios Platônicos Orkuteiros
Pequena crônica que escrevi, com o título original de "Ahhh, aquela foto..." para a comunidade Orkuteiros Platônicos S/A, fundada por meu amigo Bart, o homem Morrisey...
"Então você, de madrugada, após rodar por horas e horas de fotolog em fotolog, de blog em blog, de profile em profile do Orkut, encontrou aquele par de olhos (ou seria um par de seios?). Você vai e volta, conferindo se aquele par, seja lá do que for, pode mesmo ser daquela menina que lê Bukowski, Umberto Eco e Turma da Mônica... justamente os seus prediletos. Será que a divindade digital pode ser tão boa assim?
Você já passou horas admirando as fotos, rodando pelo profile, esperando que alguma coisa mude naquelas linhas que você já decorou. Esquece-se mesmo que já são 5 horas da manhã e só alguém tão louco quanto você continua rodando no Orkut. Mas talvez a mulher da sua vida, que olha para você emoldurada numa tela Azul-Orkut seja mesmo tão louca quanto você.
E você pensa em como agiria quando a encontrasse, como seriam as primeiras palavras, o primeiro beijo, a primeira pisada no pé. Você pensa qual cheiro ela teria, baseando-se em sua dieta, e imagina o que ela diria, baseando-se em seus gostos para livros e programas de TV. E então, em sua imaginação, você vai com ela até a casa dela, encontra com os "roomates" dela (ou seriam as "roomates"? malditas palavras inglesas que não variam em gênero!) e escuta deliciado os albuns do Nirvana e do Bezerra da Silva que você já sabe que ela gosta tanto...
Por fim vocês transam, ensandecidos, sobre o tapete do quarto (onde você sabe, a partir do profile dela, que há uma televisão, um computador, bagunça, dois elefantes de pelúcia e um abajour do Sonic), ou assim você imagina acontecendo... Trocam juras de amor, e descobrem que seriam almas gêmas, feitos um para o outro (afinal os seus Turn Ons batem tão perfeitamente). E então, nestas idas e voltas, o seu sonho se desmancha...
BAD BAD SERVER.
NO DONNUT FOR YOU...
O Orkut é um lugar perigoso e perfeito para sonhadores. Mas ainda é só o Orkut.
Stay Beautiful... :)"
P.S. Esta é, potencialmente, uma história verídica. Só não saberia dizer com quem foi que ela aconteceu... Talvez tenha sido com você. :)
P.P.S Se você ainda não achou, meu profile no orkut é
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=16031243622865224309
segunda-feira, 4 de outubro de 2004
Arranjando empregos com seu blog
Ao ler esta matéria lá no SmartMobs lembrei do ZéMura, do DPadua, do Metal... e de mim. :)
"Blogging is spreading in the job market,and this article takes a look at the trend.From the article."Job seekers use blogs to establish a strong online presence, display their skills and advertise their availability.For many just out of college, the blog is an essential networking tool because it is common for bloggers to link back and forth to others with recent posts. (...)
A driving factor behind job market blogging is the search engine Google, said Elizabeth Lawley, associate professor of information technology at the Rochester Institute of Technology."
Blogs são hoje (e até que surjam coisas melhores, né DPádua?), em conjunto com as redes sociais digitais, as melhores formas de presença digital. Não apenas para arranjar emprego (o que, cá entre nós, não é o mais importante), mas para fazer amigos e construir diálogos, os blogs são o que há.
Eu sou blogueiro passional sim, e daí?
Nó, mas o povo de Unaí vota bem né?
Partindo do princípio que esta votação foi limpa e lícita, parece que o povo da cidade mineira vota com o cotovelo...
Suspeito por morte de fiscais do trabalho se elege em Unaí (MG)
Dá pra crer?
"Por trás de todo computador tem uma pessoa, e é isso que interessa!"
Hernani Dimantas
PT ganhou poder, mas perdeu alegria
Porque o Gilberto Dimenstein sacou o movimento...
"O que mais me impressionou no dia das eleições, em São Paulo, não foi o que vi. Mas o que deixei de ver.
Andei várias horas a pé pela cidade. Não vi, como no passado, a algazarra democrática dos petistas, sempre animados, com suas bandeiras vermelhas e carros buzinando. Havia naquilo tudo um misto de alegria e utopia. Desta vez, quase não vi os militantes, eram basicamente cabos eleitorais remunerados, sem entusiasmo."
(leia o resto aqui)
3º FESTIVAL PROTONS
Já que eu adorei o primeiro e não perdi o segundo... bem... ok, ok, eu vou no terceiro...
Sábado e Domingo, dias 09 e 10 de outubro, na Aruc (cruzeiro).
Sábado, dia 09/10, às 18h30, show com as bandas Sugar Kane (PR), Os Pedreiro (ES), Gramofocas, Os Excluídos (SP), Pulso e Trezeromeia.
Domingo, dia 10/10, às 15h30, show com as bandas Bois de Gerião, Killi (SP), Capotones, Ludovic (SP), Suíte Super Luxo e Mentes Póstumas.
Ingressos: R$ 10 por dia (no local) e R$ 15 (para os dois dias antecipado na Desacato - conic).
Info: (61) 9601 5166 - www.protons.com.br
pronto.
está feita a propaganda.
Ahh... amanhã eu publico a quinta parte de O Cavaleiro e o Dragão.
Apreciaria algum feedback, meninos e meninas. :)
No Hope is Freedom
como dizia Mr. Flag, citado pela Viking, anotado pelo Sapo e repetido pela Poocah...
"Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não."
~ Manuel Bandeira (também conhecido como Mr. Theeee Flag!)
Eu sigo o meu caminho
e quem anda comigo
é minha companhia. Sempre.
Caminhando e tecendo a gente se entende...
Estão todos dizendo que eu disse...
... e eu disse mesmo, então vou dizer aqui também.
Como disseram a Rô e o Bica, eu disse:
"A tradução da palavra Alriada é, aproximadamente, "A Terra".
Alriada é o nome mítico da Irlanda. Mais do que apenas um logradouro da geografia mítica da europa celta é também um termo simbólico para "terra encantada" ou "terra das fadas". O título Alriada Express significa então:
1 - que o blog é um canal de expressão de um ambiente mítico, porém localizável para quem souber onde procurar, do qual eu sou uma espécie de porta voz. Dependendo do meu estado de humor isso significa que estou trazendo notícias do meu mundo particular ou apenas de um mundo com o qual os leitores não costumam ter contato.
2 - que este blogueiro que vos escreve é um amante da cultura celta.
3 - que é extremamente interessante o que pode surgir quando vc resolve inventar um nome para seu primeiro blog em uma noite fria de abril regada a St. Rémy e tédio.
Todas as explicações são verdade, mas nenhuma palavra pode explicar a totalidade de um conceito abstrato como um nome..."
... E tenho dito. :)
Quer saber das Eleições? Vai lá no Noblat...
Ricardo Noblat, excelencia entre os jornalistas (estes egocêntricos que tem dificuldade de reconhecer, por vezes, aqueles que são excelentes em seu meio), está fazendo uma cobertura (colaborativa) da eleições que só posso caracterizar como "DUCARAIO".
Aproveito pra ecoar aqui o Bicarato e...
Repassar aqui o pedido do Ricardo Noblat.:
Peço ajuda
Amigos: não dou conta sozinho da cobertura.
Peço ajuda.
Sem adjetivos, sem declaração de voto, sem celebrações ou manifestações de raiva, me mandem mensagens com resultados das apurações, fatos que julguem revelante, tudo que considerem notícia.
Postem tudo abaixo desta nota.
Copiarei e transcreverei no espaço principal.
Mandem notícias.
Vamos fazer juntos o primeiro jornal eletrônico dos leitores.
Obrigado.
P.S. aqui em Brasília não ocorreram eleições (como todo mundo sabe... né?). Ainda estou aquendando que elas rolaram nos outros lugares, mas fica aqui minha colaboração pelo bem da comunidade noticiosa...
domingo, 3 de outubro de 2004
Ranking de cervejas (6012 cervejas de 137 países),
dica do Edney
.
E os gringos realmente detestaram a Skol.
Também, quem mandou beber Skol em um puteiro de Copacabana?
Bem sabemos que o ambiente em que se usa a substância
influencia na experiência do uso da mesma...
sábado, 2 de outubro de 2004
Tem gente dizendo na gringolândia que a velha forma de ver a internet está morta.
Dizem que a partir de agora não é mais o usuário que vai atrás da informação, e sim a informação que vai atrás do usuário. Dizem que de agora em diante você começará a, cada vez mais, receber "a informação que quer e que precisa na hora em que precisa".
Parece interessante,
mas por que será que me cheira à reinvenção da televisão e do broadcasting?
Quem sabe o que eu quero sou eu mesmo. E quando eu quero, eu procuro.
Obrigado.
O Cavaleiro e o Dragão (qUARTA pARTE)
Uma das fábulas internas do Duende
O Cavaleiro e o Dragão é uma fábula publicada em partes.
leia a primeira parte | leia a segunda parte | leia a terceira parte
Marcos não se lembrava que a vida podia ser tão estranha e ao mesmo tempo entediante. Os dias passavam como uma paisagem desbotada pelo sol que passa pela janela de um ônibus. As noites, escuras e vazias, não eram diferentes. Ele ainda não tinha certeza de que não estivesse vivendo algum sonho ruim do qual não sabia acordar. Sonhos eram, aliás, uma coisa que ele não tinha mais certeza de saber o que eram. Por muitos dias achou que estaria enlouquecendo e tentava se concentrar na vida que acreditava ser boa antes. Mas, enfim, qual era a sua vida antes? Metade dele acreditava que um dia sonhara ser outra pessoa em outro lugar e este sonho o torturava. A outra metade não via sentido nisso tudo. E assim ele ia vivendo.
Acordava, vestia-se, entrava no ônibus que cruzava ruas e avenidas cheias de gente que parecia funcionar automaticamente assim como ele. Certa vez pensara ter visto, de relance, um lampejo de um enorme sorriso cheio de dentes pontiagudos logo após abrir os olhos de manhã. Mas acreditou que era apenas um fragmento de sonho. Todo dia, depois da viagem de ônibus descia no ponto próximo à sua faculdade e caminhava. Não se lembrava ao certo por que havia escolhido o curso de psicologia, nem sabia ao certo por que continuava vivendo aquela vida. Ele simplesmente tinha tempo demais para pensar nisso, uma vez que sua vida parecia não ser sua. Mas isso parecia loucura, e as pessoas não podem se deixar enlouquecer assim.
Por fim Marcos acostumou-se. Tinha alguns amigos, saía com eles, bebia e acreditava divertir-se. Quando voltava para casa era sempre com uma sensação de que a alegria da noite se desbotava. Quando se deitava à noite na cama, sentia-se vazio. Não era mais naquele sonho que pensava. Era apenas um sonho não é? Era apenas na tristeza e falta de sentido da vida que concentrava seus pensamentos então. Muitas vezes Marcos teve vontade de chorar nestas noites. Mas ele não chorava mais. Havia algo dentro dele forte demais para se deixar fraquejar até nestes momentos. E então Marcos seguia em frente para mais um dia.
Mas mesmo quando não se acredita que as coisas podem mudar, elas ainda mudam...
Ela tinha os cabelos negros e desiguais, os dentes um pouco tortos, talvez meio pontiagudos demais. Ela sorria de uma forma estranha e tinha um olhar desconcertante, penetrante como o de um predador. Parecia tão entediada quanto ele. Conheceram-se da mesma forma que as pessoas se conhecem, ou ao menos de uma das formas como isso acontece. Sentaram-se juntos à mesa no refeitório e comeram em silêncio. Ele desviava seus olhos do prato vez ou outra para olhar para seus seios. Não conversaram naquele dia, mas quando ela se levantou com seu prato vazio onde antes havia tantos bifes, ele sentiu que gostava que ela estivesse ali. Alguns dias depois puxaram conversa em uma situação qualquer, talvez na fila para sacar dinheiro. Ela fazia o curso de biologia, ele sorriu quando seus olhares se cruzaram. Durante o almoço conversaram sobre coisas triviais. E então, sem saber por que, ele a perguntou se acreditava que a vida era apenas aquilo que a maioria das pessoas acreditava ser.
- "Não.", ela sorria com seus dentes desiguais.
- "Eu também não. Eu quero acreditar que há algo mais do que isso." Ele disse, desta vez reconhecia suas palavras. Ele queria acreditar... ele precisava acreditar, embora estivesse perdendo a crença.
- "No que você acredita então?"
- "Eu não sei. Eu acho que acredito que existe um outro mundo..."
Ela não disse nada. Por um segundo ele teve medo que ela o fosse ridicularizar, mas apenas olhava para ele. Não falaram mais sobre isso naquele dia. Ao final do almoço se despediram e sorriam um para o outro.
Talvez a vida fizesse sentido então. Ele ansiava por encontrá-la de novo, e encontravam-se, mas nem sempre conversavam. Por vezes ela simplesmente não parecia interessada. Nestes dias a vida dele era vazia como sempre. Naquele dia tudo indicava que seria do mesmo jeito, até que no final do dia encontraram-se andando sem rumo pelo jardim da universidade. Não se cumprimentaram com nada mais do que um sorriso. Ela parecia triste. Ele a perguntou o que ela tinha e a única resposta foi um balançar de cabeça.
- "Eu acredito que eu vivo no mundo errado." Ele disse, sem pensar em suas palavras. "Este mundo é vazio demais para ser real.".
Por um momento um leve brilho de ânimo preencheu os olhos dela enquanto o vento morno balançava seus cabelos pretos não muito sedosos. Eram cabelos grossos e lisos, com uma certa tendência para ficarem despenteados. Mas o brilho desapareceu, embora ela continuasse a olhar para ele com um ar inquisidor.
- "Se você fosse um outro ser... sei lá, um ser mágico, o que você seria?" perguntou ele.
- "Eu seria... sei lá... talvez eu fosse um lobisomem. Mas por que você está perguntando?"
- "Porque eu queria ser um dragão, e queria companhia em minha maluquice."
Muitas pessoas iriam embora ao ouvir isso. Marcos pensou que ela seria uma destas pessoas, quando ela o fitou com um olhar esquisito e triste nos olhos. Mas ela não foi embora. Talvez não tivesse onde ir, assim como ele. Por fim ela esboçou um sorriso triste e disse que ele era louco. Mas pela primeira vez, mesmo sem saber por que, ele sentiu que não era.
- "Você fuma?" ela perguntou, depois do longo silêncio que se fez.
- "Não. Por que?"
- "Você tem cheiro de cigarro, ou de... sei lá, queimado. Mas nunca te vi fumando..." ela disse por fim.
- "Eu não fumo.", ele repetiu.
- "Nem eu. Não suporto cheiro de cigarro. Não suporto cheiros fortes..."
- "Mas toda aquela carne que você come... quase crua... ela tem cheiro forte. Não tem?"
- "Eu gosto do cheiro da carne" Disse ela, sorrindo por fim.
- "E eu gosto de cheiro de cinzas..." ele começou a dizer, mas percebeu que era algo muito estranho a se dizer. E então completou "É, eu sou esquisito..."
- "Vai ver você é um dragão" emendou ela, com um sorriso sarcástico e cheio de dentes um tanto tortos e pontiagudos.
- "Então você deve ser uma lobisomem..."
A noite caía em dois mundos agora. E ela trouxe uma brisa fresca que levou embora um pouco da poeira.
(Fim da quarta parte)
Esta fábula continua...
sexta-feira, 1 de outubro de 2004
Depois de uma não tão longa conversa com a mulher-lobisomem, que em uma malfadada lua cheia foi parar em Natal, terminei a terceira parte da fábula O Cavaleiro e o Dragão e fui tentar dormir. Mas havia um Marcos dentro de mim desesperado para voltar ao mundo em que montava o dragão...
Me levantei então e escrevi a quarta parte. Tentei novamente dormir, mas Marcos não queria dormir. Havia cada vez mais coisas em sua vida que precisavam ser resolvidas. E como Marcos não dormia, eu tb não tive este privilégio. Voltei então ao computador e escrevi a quinta parte, e logo então escrevi a sexta parte... E então o sol nasceu.
Tomei um banho, mas não seria possível sair de casa antes de escrever a sétima. E então, quando pensei que sairia de casa ainda cedo o bastante pra deixar o Claudio Prado feliz feliz feliz comigo... meu irmão entrou no banheiro.
Costa Carvalho no banheiro é foda.
Mas não é impressionante como o tempo voa quando se está mergulhado em algo que te apaixona?
Em poucos momentos da vida me sinto tão vivo quanto quando estou escrevendo.
Quando serão publicadas as outras 4 partes da Fábula?
Ahh... Vai lendo o Alriada que elas aparecem. :)
O Cavaleiro e o Dragão (Terceira Parte)
Uma das fábulas internas do Duende.
Leia a segunda parte de O Cavaleiro e o Dragão
Dragão e homem fitaram-se por longo tempo. Amarath esperava que sua iniciação começasse, que o dragão dissesse alguma coisa, mas desconfiava que aquilo já era o ínicio de tudo. Fitava com intensidade então aqueles dois carvões alaranjados que brilhavam na face do dragão, sentindo mesmo àquela distancia o calor que emanavam. Amarath fitava o dragão, e ao mesmo tempo o estudava, familiarizava-se agora com suas formas. A cabeça verde e alongada, com escamas estreitas e longas e que cortavam como facas. O pescoço longo confundia-se com o corpo serpentino, tão verdes e alongados como todo o resto. De seu corpo saíam quatro pernas curtas e fortes terminadas em mãos, e não patas como muitos imaginam, e que pareciam ser tão ágeis quanto as dos mais ágeis animais. Suas asas, enormes e tão delgadas quanto gumes de espadas, como lâminas que submetem os senhores do ar a presentear aquele ser com o vôo. Por fim a cauda longa, muito longa, terminada em uma espécie de ferrão aguçado com a forma de um coração alongado. A respiração da fera podia ser sentida mesmo de onde Amarath estava, e tinha cheiro de carvão, cinzas, talvez também de terra. Era uma respiração quente e ligeiramente inebriante. E a cabeça de Amarath então voltou a girar, como se tivesse bebido novamente dos sacramentos rituais de sua tribo. O dragão parecia maior e maior agora e o resto do mundo parecia estar envolto em uma névoa.
Amarath se viu então quebrando o silêncio, com palavras que não tinham certeza se eram suas:
- "Eu me chamo Amarath, filho de Mourrath e Cloethdin, descendente de fadas e dragões e respeitado entre meu povo. Sou filho desta terra e porto o orgulho de meus ancestrais. E quem é você?"
- "Eu sou um filho das montanhas e do céu, desta terra e de duas outras também. Eu existo pois me é dado existir, e eu faço o que me é dado fazer. Sou descendente da serpente da terra e afilhado do senhor dos ventos e tempestades. Eu tenho um nome, mas apenas um nome deste lugar sairá, e será o seu. Ou portaremos ele juntos, ou apenas a mim ele caberá." Disse o dragão, em um tom solene que deixou sua voz parecida com o ruído de um trovão ecoando dentro de uma caverna.
- "Submeta-me então ao que devo ser submetido, para que então eu possa provar da tua essência e afirmar meu valor. Assim seremos um como um eu sou com minha tribo e com meu destino." Agora Amarath tinha certeza de que a iniciação havia começado. Aquelas palavras eram suas, mas ele não era mais aquele que costumava ser. Sua velha vida se desprendia naquele momento como a velha pele de uma serpente que se desprende para dar lugar a seu crescimento.
- "Pois que seja então. A sua vida como você a conhecia ficou para trás. A vida que você terá pode começar agora. Se está pronto, então dê um passo à frente. O último seu último passo antes de se tornar outra coisa, ou morrer."
Amarath, em silêncio, com os olhos cada vez mais turvos, deu um passo. O dragão também se moveu em sua direção, tornando-se maior ainda... e em meio à escuridão que veio, o som agudo de um despertador digital partiu como uma faca o espaço escuro que envolvia o jovem. Já era de manhã, hora de ir para a faculdade. Seu nome é Marcos e ele não sabe ao certo se estava sonhando antes... ou se é agora que ele vive um sonho estranho.
Em algum lugar o dragão se recosta para assistir...
Esta fábula continua...
P.S. Por insistência da mesma, faço constar que esta fábula foi aprovada por Luana Selva.