Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

segunda-feira, 18 de outubro de 2004

O Cavaleiro e o Dragão
(fragmentos da sétima parte)

O Cavaleiro e o Dragão é uma fábula que venho escrevendo e publicando em partes (1, 2, 3, 4, 5, 6...) há aproximadamente 4 meses. Talvez seja uma das melhores coisas que já escrevi até hoje, talvez não. O fato é que trata-se de uma de minhas obras prediletas.

Não me importa quantos estão lendo, mas para aqueles que estão, vai uma rápida explicação:
A sétima parte da fábula não será publicada integralmente. Assim eu decidi, e não será tão necessária assim à compreensão final.
Talvez vocês possam conhecê-la quando o livro de fábulas for publicado. Talvez não.



Stephanie Pui-Mun Law

Marcos não sabia por quanto tempo havia andado. A cidade parecia um lugar estranho agora, que pouco o dizia respeito. A cidade e os carros e as pessoas eram agora apenas a paisagem ao longo de um caminho que parecia ser o único que existia. O caminho até a casa de Selina. Não se lembrava de saber o endereço, mas sabia que estava no caminho certo, como se o vento o estivesse guiando. Quando chegou ao bloco de apartamentos cercado por árvores baixas, sentiu-se confuso entre a exultação e uma compenetrada sensação de iminência de algo. Era naquele momento alguma coisa entre Amarath e Marcos e o Dragão que estava ali, em um mundo que era pequeno demais para tantas coisas...

(...)

...A arma disparou com um som abafado por trás de Marcos. Ele não saberia dizer se fora atingido ou sequer se sentia dor quando saltou em direção à janela. Os cacos do vidro que se estilhaçou, o vento da tarde fria, a imponderabilidade e as gotas vermelhas flutuando no ar. Tudo parecia passar rápido demais, e ao mesmo tempo muito devagar. A única coisa que Marcos sentiu então foi a sensação estranhamente familiar de estar suspenso no ar. E ele por um segundo gozou do prazer de estar livre do chão, livre daquele mundo, rumando de volta para casa da única forma que havia para fugir daquele lugar...

Marcos estava sorrindo quando atingiu o solo.
No fundo sabia, sem saber por que, que ele e Selina se reencontrariam em outro lugar...

Mas nem todas as previsões são realmente tão auspiciosas quanto se imagina.


(fim da sétima parte)

Não se precisa fazer sentido para se fazer sentir...

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