Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sábado, 31 de dezembro de 2005



all of them with wings...

Alguém, além da polícia, ainda acredita (ou finge que acredita)
que o incêncio no prédio da previdência foi causado
por um azarado curto-circuito?

O que tenho a dizer é que foi uma linda fogueira.
Eu gostei de assistir...

cyber-adicção?

NOVA YORK - Assim como alguns são dependentes de drogas, jogo e cigarro, outros são viciados em internet, fenômeno que especialistas americanos consideram um "problema psiquiátrico".

A doentia fixação pela rede foi diagnosticada como "distúrbio de adição à internet", e estima-se que entre 6% a 10% dos aproximadamente 189 milhões de americanos usuários de computador padecem do mal.

(leia o resto aqui)


"Breathe it in and breathe it out
And pass it on, it's almost out
We're so creative, so much more
We're high above but on the floor
It's not a habit, it's cool, I feel alive
If you don't have it you're on the other side

The deeper you stick it in your vein
The deeper the thoughts, there's no more pain
I'm in heaven, I'm a god
I'm everywhere, I feel so hot

It's not a habit, it's cool, I feel alive
If you don't have it you're on the other side
I'm not an addict (maybe that's a lie)

It's over now, I'm cold, alone
I'm just a person on my own
Nothing means a thing to me
(Nothing means a thing to me)

It's not a habit, it's cool, I feel alive
If you don't have it you're on the other side
I'm not an addict (maybe that's a lie)

Free me, leave me
Watch me as I'm going down
Free me, see me
Look at me, I'm falling and I'm falling.

It is not a habit, it is cool I feel alive I feel...
It is not a habit, it is cool I feel alive

It's not a habit, it's cool, I feel alive
If you don't have it you're on the other side
I'm not an addict (maybe that's a lie)
I'm not an addict..."

(not an addict, Jane's Addiction)

Word of the Day for Saturday December 31, 2005

Hogmanay \hog-muh-NAY; HOG-muh-nay\, noun:
The name, in Scotland, for New Year's Eve, on which children go about singing and asking for gifts; also, a gift, cake, or treat given on New Year's Eve.

This is Hogmanay, the gifting of another year, the coming of midnight, the darkest hour, before the turn towards dawn.
--John F. Deane, "The music of what happens," Irish Times, December 28, 2000

The biggest celebration in Britain was in Edinburgh, where Hogmanay drew about 200,000 people to a free street party in the city centre.
--"Archbishop of Canterbury calls for greater generosity," Irish Times, Saturday, January 2, 1999

The origin of the word Hogmanay is unknown.

Dictionary.com Entry and Pronunciation for Hogmanay



(tá aqui: http://dictionary.reference.com/wordoftheday/archive/2005/12/31.html)

é uma daquelas ironias caprichadas da vida
que eu me veja tentando ensinar aquilo
que só agora estou aprendendo... ;)

mas a vida é assim mesmo. a vida é hoje.
temos que estar aqui, senão estamos em lugar nenhum,
perdidos no limbo de nossos pensamentos.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

O Jogo dos Deuses
rascunhos de idéias sobre o que poderia ser a quarta geração dos Role Playing Games.

Imagine um jogo de interpretação dentro de um jogo de interpretação, onde divindades que existem em um universo misterioso precisam criar manifestações de si mesmas em uma miríade de mundos paralelos não só para crescer em poder, mas também na busca da UNIFICAÇÃO (momento em que uma divindade atinge o ápice de seu potencial e acende a um grau superior onde até mesmo as preocupações e sofrimentos divinos são superados). Imagine que neste jogo de interpretação cada jogador crie inicialmente um personagem divino que é, por definição, a expressão literal da natureza do jogador. Já nesta fase seria necessária uma reflexão do jogador a respeito de si mesmo. Uma divindade que não se pareça com o jogador não apenas está "mais longe da unificação", como também apresentará dificuldades para ser interpretada (e isso pode custar caro para ela). Ainda estou pensando melhor como seria isso.

Em uma segunda fase cria-se então um mundo imaginário onde as divindades se "manifestarão". A manifestação é, a princípio, muito fraca. Embora esta manifestação seja, a princípio, uma criação da divindade e guardando grande semelhança a esta, ela é ainda imperfeita. É ao mesmo tempo um avatar e uma criatura por si só, e estas duas naturezas conflitam-se a princípio da mesma forma que podem no futuro tornar-se sinérgicas, com ganho para a divindade e para a manifestação. Conforme viva naquele mundo, a manifestação cresce em poder conforme alinha-se e elabora sua conexão com a divindade que a criou. Desta forma constrói-se um sistema de premiação para os personagens-manifestação construído não só sobre suas realizações e crescimento pessoal dentro da história, mas também no amadurecimento e aperfeiçoamento da relação entre a manifestação e a divindade (que é, se a criação do personagem-divino tiver sido bem feita, a própria expressão da natureza do jogador).

Ao longo do jogo alterna-se o aperfeiçoamento das manifestações da divindade (podem haver várias, em vários mundos, ao mesmo tempo), conforme estas se alinham com seu eu-deus, com o aperfeiçoamento da divindade enquanto esta descobre sobre si mesma e se aperfeiçoa (conforme o jogador vai refletindo sobre si mesmo e tornando seu personagem-divindade ainda mais fiel à sua natureza). O objetivo último da UNIFICAÇÂO torna-se um norte, uma orientação, para o jogador que durante o jogo terá a oportunidade de "manifestar" a si mesmo em seu personagem-divindade e, através deste, manifestar-se nos mundos-manifestação com suas manifestações divinas.

Estas idéias vem em resposta à pergunta que me faço há 17 anos: Como os RPGs podem se tornar ainda melhores e ainda mais envolventes, e (e esta é a parte nova da pergunta) como isso pode ser construtivo (em vez de alienante) para o jogador?

A demanda é complexa e delicada, e portanto sua resposta é igualmente complexa. Estou ainda trabalhando nela, mas no espírito da cultura livre estou dividindo com vocês as primeiras idéias que estão brotando. É claro que aceito críticas, sugestões, análises e sobretudo colaboração. Só de pensar este rascunho já senti que minha vida faz um pouco mais de sentido.

Vou realizar o meu sonho adolescente de criar um sistema de RPG. E que sistema será este! :)

É impressionante a quantidade de coisas que vc pode descobrir sobre si mesmo, sobre sua vida (e seu modo de viver) e sobretudo sobre o que te faz mal... quando você apenas presta atenção a vc mesmo e ao que vc sente.

O'Gonáls

Estamos todos em busca do O'Gonáls.
Todos buscando algo que conhecemos
ou que queríamos conhecer.
Estamos todos procurando nossa turma
nosso lugar, nosso nicho de estar.
Estamos todos procurando por nós mesmos,
mesmo quando não estamos...

ou não.

escrever contos é como beber com velhos amigos.
escrever fábulas é como empreender uma viagem longa.
escrever poesia é como praticar esgrima, e ser bom nisso...

faz sentido para mim.
eu só queria dizer...

retorno das flores
a-han... (pigarro)... é. poesia. minha poesia. de novo.

quando foi a última vez que você esteve vivo
e viu as flores, e viu as cores, poeira
brilhante e a dança das gentes vivendo?
quando foi?

quando foi a primeira vez que você mentiu?
o que você sentiu quando aquele muro caiu?
você se lembra? você ainda se lembra?
você ainda está aí?

rompida a filigrana a acabada a música
(ou fui eu que parei de dançar?)
não há mais nada para se ver aqui.
(ele achava que estava morto)
não há mais nada para se ver aqui.
(nunca há, quando se é cego)
não há mais tempo para quem não vê.

quando foi a última vez
que você soube cantar uma música?
você se lembra de qual é a sensação de estar vivo?

eu estava lá e eu vi as flores,
e eu vi as cores, e eu vivi aqueles amores.
você se lembra?
você conhece o caminho de volta?



eu conheço.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Voltei a trabalhar no roteiro, mas...
onde se meteu o pessoal da produtora?

Computadores são caixinhas de sugar almas.
Acreditem em mim. Eu levei anos experimentando
e negando isso até chegar a esta conclusão...

Não importa o quanto você esteja feliz,
criativo, animado. Sente-se na frente de
um computador e fique fazendo nada por
algumas horas para ver o que acontece...

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

a fonte brota novamente no deserto...
de repente, e por seus próprios motivos, minha criatividade voltou... e voltou com força.

Há dois dias tudo estava escuro. Debaixo das estrelas, andando em um gramado, eu me sentia como um morto que caminha sobre a própria cova. A cidade onde nasci começava a se parecer com a cidade onde eu iria morrer. Entre os blocos, andando pelos pilotís, sentia o mundo pesar em minhas costas e a chama da vida se apagar.

Então as coisas mudaram...

Hoje, dois dias depois, sem aviso e tão discreta quanto pode ser uma quimera, minha criatividade voltou. Projetos abandonados ou parados, idéias que esmaeciam e perdiam a cor, e principalmente minha paixão pela vida e pela arte... tudo reapareceu e ganhou vida como se fosse uma dança de fogos de artifício (e tal coisa é possível, quando é possível imaginá-la).

O Duende está de volta.
Regozijo... :)

sábado, 24 de dezembro de 2005

me pego pensando...
todo escritor é um poeta,
todo poeta é um escritor?

se há diferença,
qual deles eu sou?




eu acho que abandonei a poesia
há uns tantos anos atrás.
um pedaço de mim ficou lá.

enquanto me arrumo para uma festa de natal,
fingindo para mim mesmo que gosto desta data,
meu XMMS me lembra de quem eu sou e escolhe
esta música para tocar...

Red Water (Christmas Mourning)
(Type O-Negative)

Wake up, it's Christmas mourn

Those loved have long since gone
The stocking are hung but who cares
preserved for those no longer there
six feet beneath me sleep

Black lights hang from the tree
accents of dead holly

Whoa mistletoe
(It's growing cold)
I'm seeing ghost
(I'm drinking old)
Red water
Red water
Red water chase them away

My tables been set for but seven
just last year i dined with eleven
goddamn ye merry gentlemen

Whoa mistletoe
(It's growing cold)
I'm seeing ghosts
(I'm drinking old)
Red water
Red water
Red water chase them away

A vida tem seus mistérios. Eles dão graça, encanto, ao viver.
Se tudo fosse claro e fizesse sentido, como alguns gostariam que fosse,
este mundo seria um desastre ainda pior do que é.

A maioria de nós não sabe quem é. A maioria não se preocupa em saber.
Ter coisas, títulos, reconhecimento... chegar lá... trabalhar muito ou pouco,
mas ser recompensado, confirmado, premiado, condecorado. Ter alguém dizendo
que você é isso e aquilo. Este é o substituto pobre que temos para o ser
que não sabemos ser, para a alma que perdemos.

Dizem que nossa alma se perdeu. Eu acredito que sim.
Ela estava lá, mas nos afastamos dela tentando salvá-la
e hoje nos matamos de trabalho ou de entorpecimento
para tentar ignorar este fato. Desistimos de ter alma.
Hoje nos basta ter um lugar na sociedade, dinheiro,
e as garantias objetivas, quantificáveis, da vida moderna.

É Natal. Nunca entendi o que isso quer dizer.
Dizem que é uma data para reunir as pessoas e celebrar
o nascimento do salvador. Não vejo motivos para celebrar
já que a meu ver estamos mais perdidos agora do que
a dois mil anos atrás. De qualquer forma é sempre bom festejar,
beber um pouco, cantar e se animar. Não faz sentido cortejar
a tristeza. Tem-se que decidir ser feliz. Eu gosto de ser feliz.


Mas se vocês me perguntarem, a resposta que tenho
e que o Natal não faz sentido, mas que isso não faz diferença
pois nós também não sentimos nada há muito tempo...
De qualquer forma, mesmo com este mundo onde vivemos,
eu ainda posso dizer que sou feliz. É um destes mágicos
mistérios da vida que passam despercebidos para a maioria...

Debaixo da couraça, escondido debaixo de camadas de músculos pretensamente sempre prontos para a ação, entre os dois pulmões e à esquerda do saco de veneno, todo escorpiano tem no peito um coração.

Muitas vezes não se sabe como chegar a ele, mas ele existe sim.
É como um Eldorado, uma Xangrilá... é como Tir-Nan-Og... só que com mais tesouros.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Em um mundo como este, em que aqueles que a maioria acredita
serem os guias e salvadores de nosso rebanho apenas se prestam
a nos massacrar o corpo e a alma, só a poesia e o amor podem nos salvar.



Quando o gigante percebe que não é capaz
de ganhar a briga tão facilmente quanto
pretendia, ele se desespera. Nada pode
ser tão absurdo quanto o desespero dos
poderosos senhores da guerra...

Art, truth and politics
Em seu discurso de aceitação do Prêmio Nobel de Literatura, gravado de uma cama de hospital onde este poeta-guerreiro está perdendo uma outra guerra contra a doença, Harold Pinter sintetiza boa parte daquilo que muitos outros homens de bom senso tem dito sobre a Arte, sobre a Verdade... e sobre a maior ditadura internacional da terra: os Estados Unidos da América. Para aqueles que apenas ouviram falar deste discurso, e mesmo para quem nem ouviu falar dele, transcrevo abaixo o mesmo, na íntegra e no original.


In his video-taped Nobel acceptance speech, Harold Pinter excoriated a 'brutal, scornful and ruthless' United States. This is the full text of his address

Thursday December 8, 2005


In 1958 I wrote the following:

'There are no hard distinctions between what is real and what is unreal, nor between what is true and what is false. A thing is not necessarily either true or false; it can be both true and false.'

I believe that these assertions still make sense and do still apply to the exploration of reality through art. So as a writer I stand by them but as a citizen I cannot. As a citizen I must ask: What is true? What is false?

Truth in drama is forever elusive. You never quite find it but the search for it is compulsive. The search is clearly what drives the endeavour. The search is your task. More often than not you stumble upon the truth in the dark, colliding with it or just glimpsing an image or a shape which seems to correspond to the truth, often without realising that you have done so. But the real truth is that there never is any such thing as one truth to be found in dramatic art. There are many. These truths challenge each other, recoil from each other, reflect each other, ignore each other, tease each other, are blind to each other. Sometimes you feel you have the truth of a moment in your hand, then it slips through your fingers and is lost.

I have often been asked how my plays come about. I cannot say. Nor can I ever sum up my plays, except to say that this is what happened. That is what they said. That is what they did.

Most of the plays are engendered by a line, a word or an image. The given word is often shortly followed by the image. I shall give two examples of two lines which came right out of the blue into my head, followed by an image, followed by me.

The plays are The Homecoming and Old Times. The first line of The Homecoming is 'What have you done with the scissors?' The first line of Old Times is 'Dark.'

In each case I had no further information.

In the first case someone was obviously looking for a pair of scissors and was demanding their whereabouts of someone else he suspected had probably stolen them. But I somehow knew that the person addressed didn't give a damn about the scissors or about the questioner either, for that matter.

'Dark' I took to be a description of someone's hair, the hair of a woman, and was the answer to a question. In each case I found myself compelled to pursue the matter. This happened visually, a very slow fade, through shadow into light.

I always start a play by calling the characters A, B and C.

In the play that became The Homecoming I saw a man enter a stark room and ask his question of a younger man sitting on an ugly sofa reading a racing paper. I somehow suspected that A was a father and that B was his son, but I had no proof. This was however confirmed a short time later when B (later to become Lenny) says to A (later to become Max), 'Dad, do you mind if I change the subject? I want to ask you something. The dinner we had before, what was the name of it? What do you call it? Why don't you buy a dog? You're a dog cook. Honest. You think you're cooking for a lot of dogs.' So since B calls A 'Dad' it seemed to me reasonable to assume that they were father and son. A was also clearly the cook and his cooking did not seem to be held in high regard. Did this mean that there was no mother? I didn't know. But, as I told myself at the time, our beginnings never know our ends.

'Dark.' A large window. Evening sky. A man, A (later to become Deeley), and a woman, B (later to become Kate), sitting with drinks. 'Fat or thin?' the man asks. Who are they talking about? But I then see, standing at the window, a woman, C (later to become Anna), in another condition of light, her back to them, her hair dark.

It's a strange moment, the moment of creating characters who up to that moment have had no existence. What follows is fitful, uncertain, even hallucinatory, although sometimes it can be an unstoppable avalanche. The author's position is an odd one. In a sense he is not welcomed by the characters. The characters resist him, they are not easy to live with, they are impossible to define. You certainly can't dictate to them. To a certain extent you play a never-ending game with them, cat and mouse, blind man's buff, hide and seek. But finally you find that you have people of flesh and blood on your hands, people with will and an individual sensibility of their own, made out of component parts you are unable to change, manipulate or distort.

So language in art remains a highly ambiguous transaction, a quicksand, a trampoline, a frozen pool which might give way under you, the author, at any time.

But as I have said, the search for the truth can never stop. It cannot be adjourned, it cannot be postponed. It has to be faced, right there, on the spot.

Political theatre presents an entirely different set of problems. Sermonising has to be avoided at all cost. Objectivity is essential. The characters must be allowed to breathe their own air. The author cannot confine and constrict them to satisfy his own taste or disposition or prejudice. He must be prepared to approach them from a variety of angles, from a full and uninhibited range of perspectives, take them by surprise, perhaps, occasionally, but nevertheless give them the freedom to go which way they will. This does not always work. And political satire, of course, adheres to none of these precepts, in fact does precisely the opposite, which is its proper function.

In my play The Birthday Party I think I allow a whole range of options to operate in a dense forest of possibility before finally focussing on an act of subjugation.

Mountain Language pretends to no such range of operation. It remains brutal, short and ugly. But the soldiers in the play do get some fun out of it. One sometimes forgets that torturers become easily bored. They need a bit of a laugh to keep their spirits up. This has been confirmed of course by the events at Abu Ghraib in Baghdad. Mountain Language lasts only 20 minutes, but it could go on for hour after hour, on and on and on, the same pattern repeated over and over again, on and on, hour after hour.

Ashes to Ashes, on the other hand, seems to me to be taking place under water. A drowning woman, her hand reaching up through the waves, dropping down out of sight, reaching for others, but finding nobody there, either above or under the water, finding only shadows, reflections, floating; the woman a lost figure in a drowning landscape, a woman unable to escape the doom that seemed to belong only to others.

But as they died, she must die too.

Political language, as used by politicians, does not venture into any of this territory since the majority of politicians, on the evidence available to us, are interested not in truth but in power and in the maintenance of that power. To maintain that power it is essential that people remain in ignorance, that they live in ignorance of the truth, even the truth of their own lives. What surrounds us therefore is a vast tapestry of lies, upon which we feed.

As every single person here knows, the justification for the invasion of Iraq was that Saddam Hussein possessed a highly dangerous body of weapons of mass destruction, some of which could be fired in 45 minutes, bringing about appalling devastation. We were assured that was true. It was not true. We were told that Iraq had a relationship with Al Quaeda and shared responsibility for the atrocity in New York of September 11th 2001. We were assured that this was true. It was not true. We were told that Iraq threatened the security of the world. We were assured it was true. It was not true.

The truth is something entirely different. The truth is to do with how the United States understands its role in the world and how it chooses to embody it.

But before I come back to the present I would like to look at the recent past, by which I mean United States foreign policy since the end of the Second World War. I believe it is obligatory upon us to subject this period to at least some kind of even limited scrutiny, which is all that time will allow here.

Everyone knows what happened in the Soviet Union and throughout Eastern Europe during the post-war period: the systematic brutality, the widespread atrocities, the ruthless suppression of independent thought. All this has been fully documented and verified.

But my contention here is that the US crimes in the same period have only been superficially recorded, let alone documented, let alone acknowledged, let alone recognised as crimes at all. I believe this must be addressed and that the truth has considerable bearing on where the world stands now. Although constrained, to a certain extent, by the existence of the Soviet Union, the United States' actions throughout the world made it clear that it had concluded it had carte blanche to do what it liked.

Direct invasion of a sovereign state has never in fact been America's favoured method. In the main, it has preferred what it has described as 'low intensity conflict'. Low intensity conflict means that thousands of people die but slower than if you dropped a bomb on them in one fell swoop. It means that you infect the heart of the country, that you establish a malignant growth and watch the gangrene bloom. When the populace has been subdued - or beaten to death - the same thing - and your own friends, the military and the great corporations, sit comfortably in power, you go before the camera and say that democracy has prevailed. This was a commonplace in US foreign policy in the years to which I refer.

The tragedy of Nicaragua was a highly significant case. I choose to offer it here as a potent example of America's view of its role in the world, both then and now.

I was present at a meeting at the US embassy in London in the late 1980s.

The United States Congress was about to decide whether to give more money to the Contras in their campaign against the state of Nicaragua. I was a member of a delegation speaking on behalf of Nicaragua but the most important member of this delegation was a Father John Metcalf. The leader of the US body was Raymond Seitz (then number two to the ambassador, later ambassador himself). Father Metcalf said: 'Sir, I am in charge of a parish in the north of Nicaragua. My parishioners built a school, a health centre, a cultural centre. We have lived in peace. A few months ago a Contra force attacked the parish. They destroyed everything: the school, the health centre, the cultural centre. They raped nurses and teachers, slaughtered doctors, in the most brutal manner. They behaved like savages. Please demand that the US government withdraw its support from this shocking terrorist activity.'

Raymond Seitz had a very good reputation as a rational, responsible and highly sophisticated man. He was greatly respected in diplomatic circles. He listened, paused and then spoke with some gravity. 'Father,' he said, 'let me tell you something. In war, innocent people always suffer.' There was a frozen silence. We stared at him. He did not flinch.

Innocent people, indeed, always suffer.

Finally somebody said: 'But in this case "innocent people" were the victims of a gruesome atrocity subsidised by your government, one among many. If Congress allows the Contras more money further atrocities of this kind will take place. Is this not the case? Is your government not therefore guilty of supporting acts of murder and destruction upon the citizens of a sovereign state?'

Seitz was imperturbable. 'I don't agree that the facts as presented support your assertions,' he said.

As we were leaving the Embassy a US aide told me that he enjoyed my plays. I did not reply.

I should remind you that at the time President Reagan made the following statement: 'The Contras are the moral equivalent of our Founding Fathers.'

The United States supported the brutal Somoza dictatorship in Nicaragua for over 40 years. The Nicaraguan people, led by the Sandinistas, overthrew this regime in 1979, a breathtaking popular revolution.

The Sandinistas weren't perfect. They possessed their fair share of arrogance and their political philosophy contained a number of contradictory elements. But they were intelligent, rational and civilised. They set out to establish a stable, decent, pluralistic society. The death penalty was abolished. Hundreds of thousands of poverty-stricken peasants were brought back from the dead. Over 100,000 families were given title to land. Two thousand schools were built. A quite remarkable literacy campaign reduced illiteracy in the country to less than one seventh. Free education was established and a free health service. Infant mortality was reduced by a third. Polio was eradicated.

The United States denounced these achievements as Marxist/Leninist subversion. In the view of the US government, a dangerous example was being set. If Nicaragua was allowed to establish basic norms of social and economic justice, if it was allowed to raise the standards of health care and education and achieve social unity and national self respect, neighbouring countries would ask the same questions and do the same things. There was of course at the time fierce resistance to the status quo in El Salvador.

I spoke earlier about 'a tapestry of lies' which surrounds us. President Reagan commonly described Nicaragua as a 'totalitarian dungeon'. This was taken generally by the media, and certainly by the British government, as accurate and fair comment. But there was in fact no record of death squads under the Sandinista government. There was no record of torture. There was no record of systematic or official military brutality. No priests were ever murdered in Nicaragua. There were in fact three priests in the government, two Jesuits and a Maryknoll missionary. The totalitarian dungeons were actually next door, in El Salvador and Guatemala. The United States had brought down the democratically elected government of Guatemala in 1954 and it is estimated that over 200,000 people had been victims of successive military dictatorships.

Six of the most distinguished Jesuits in the world were viciously murdered at the Central American University in San Salvador in 1989 by a battalion of the Alcatl regiment trained at Fort Benning, Georgia, USA. That extremely brave man Archbishop Romero was assassinated while saying mass. It is estimated that 75,000 people died. Why were they killed? They were killed because they believed a better life was possible and should be achieved. That belief immediately qualified them as communists. They died because they dared to question the status quo, the endless plateau of poverty, disease, degradation and oppression, which had been their birthright.

The United States finally brought down the Sandinista government. It took some years and considerable resistance but relentless economic persecution and 30,000 dead finally undermined the spirit of the Nicaraguan people. They were exhausted and poverty stricken once again. The casinos moved back into the country. Free health and free education were over. Big business returned with a vengeance. 'Democracy' had prevailed.

But this 'policy' was by no means restricted to Central America. It was conducted throughout the world. It was never-ending. And it is as if it never happened.

The United States supported and in many cases engendered every right wing military dictatorship in the world after the end of the Second World War. I refer to Indonesia, Greece, Uruguay, Brazil, Paraguay, Haiti, Turkey, the Philippines, Guatemala, El Salvador, and, of course, Chile. The horror the United States inflicted upon Chile in 1973 can never be purged and can never be forgiven.

Hundreds of thousands of deaths took place throughout these countries. Did they take place? And are they in all cases attributable to US foreign policy? The answer is yes they did take place and they are attributable to American foreign policy. But you wouldn't know it.

It never happened. Nothing ever happened. Even while it was happening it wasn't happening. It didn't matter. It was of no interest. The crimes of the United States have been systematic, constant, vicious, remorseless, but very few people have actually talked about them. You have to hand it to America. It has exercised a quite clinical manipulation of power worldwide while masquerading as a force for universal good. It's a brilliant, even witty, highly successful act of hypnosis.

I put to you that the United States is without doubt the greatest show on the road. Brutal, indifferent, scornful and ruthless it may be but it is also very clever. As a salesman it is out on its own and its most saleable commodity is self love. It's a winner. Listen to all American presidents on television say the words, 'the American people', as in the sentence, 'I say to the American people it is time to pray and to defend the rights of the American people and I ask the American people to trust their president in the action he is about to take on behalf of the American people.'

It's a scintillating stratagem. Language is actually employed to keep thought at bay. The words 'the American people' provide a truly voluptuous cushion of reassurance. You don't need to think. Just lie back on the cushion. The cushion may be suffocating your intelligence and your critical faculties but it's very comfortable. This does not apply of course to the 40 million people living below the poverty line and the 2 million men and women imprisoned in the vast gulag of prisons, which extends across the US.

The United States no longer bothers about low intensity conflict. It no longer sees any point in being reticent or even devious. It puts its cards on the table without fear or favour. It quite simply doesn't give a damn about the United Nations, international law or critical dissent, which it regards as impotent and irrelevant. It also has its own bleating little lamb tagging behind it on a lead, the pathetic and supine Great Britain.

What has happened to our moral sensibility? Did we ever have any? What do these words mean? Do they refer to a term very rarely employed these days - conscience? A conscience to do not only with our own acts but to do with our shared responsibility in the acts of others? Is all this dead? Look at Guantanamo Bay. Hundreds of people detained without charge for over three years, with no legal representation or due process, technically detained forever. This totally illegitimate structure is maintained in defiance of the Geneva Convention. It is not only tolerated but hardly thought about by what's called the 'international community'. This criminal outrage is being committed by a country, which declares itself to be 'the leader of the free world'. Do we think about the inhabitants of Guantanamo Bay? What does the media say about them? They pop up occasionally - a small item on page six. They have been consigned to a no man's land from which indeed they may never return. At present many are on hunger strike, being force-fed, including British residents. No niceties in these force-feeding procedures. No sedative or anaesthetic. Just a tube stuck up your nose and into your throat. You vomit blood. This is torture. What has the British Foreign Secretary said about this? Nothing. What has the British Prime Minister said about this? Nothing. Why not? Because the United States has said: to criticise our conduct in Guantanamo Bay constitutes an unfriendly act. You're either with us or against us. So Blair shuts up.

The invasion of Iraq was a bandit act, an act of blatant state terrorism, demonstrating absolute contempt for the concept of international law. The invasion was an arbitrary military action inspired by a series of lies upon lies and gross manipulation of the media and therefore of the public; an act intended to consolidate American military and economic control of the Middle East masquerading - as a last resort - all other justifications having failed to justify themselves - as liberation. A formidable assertion of military force responsible for the death and mutilation of thousands and thousands of innocent people.

We have brought torture, cluster bombs, depleted uranium, innumerable acts of random murder, misery, degradation and death to the Iraqi people and call it 'bringing freedom and democracy to the Middle East'.

How many people do you have to kill before you qualify to be described as a mass murderer and a war criminal? One hundred thousand? More than enough, I would have thought. Therefore it is just that Bush and Blair be arraigned before the International Criminal Court of Justice. But Bush has been clever. He has not ratified the International Criminal Court of Justice. Therefore if any American soldier or for that matter politician finds himself in the dock Bush has warned that he will send in the marines. But Tony Blair has ratified the Court and is therefore available for prosecution. We can let the Court have his address if they're interested. It is Number 10, Downing Street, London.

Death in this context is irrelevant. Both Bush and Blair place death well away on the back burner. At least 100,000 Iraqis were killed by American bombs and missiles before the Iraq insurgency began. These people are of no moment. Their deaths don't exist. They are blank. They are not even recorded as being dead. 'We don't do body counts,' said the American general Tommy Franks.

Early in the invasion there was a photograph published on the front page of British newspapers of Tony Blair kissing the cheek of a little Iraqi boy. 'A grateful child,' said the caption. A few days later there was a story and photograph, on an inside page, of another four-year-old boy with no arms. His family had been blown up by a missile. He was the only survivor. 'When do I get my arms back?' he asked. The story was dropped. Well, Tony Blair wasn't holding him in his arms, nor the body of any other mutilated child, nor the body of any bloody corpse. Blood is dirty. It dirties your shirt and tie when you're making a sincere speech on television.

The 2,000 American dead are an embarrassment. They are transported to their graves in the dark. Funerals are unobtrusive, out of harm's way. The mutilated rot in their beds, some for the rest of their lives. So the dead and the mutilated both rot, in different kinds of graves.

Here is an extract from a poem by Pablo Neruda, 'I'm Explaining a Few Things':

And one morning all that was burning,
one morning the bonfires
leapt out of the earth
devouring human beings
and from then on fire,
gunpowder from then on,
and from then on blood.
Bandits with planes and Moors,
bandits with finger-rings and duchesses,
bandits with black friars spattering blessings
came through the sky to kill children
and the blood of children ran through the streets
without fuss, like children's blood.

Jackals that the jackals would despise
stones that the dry thistle would bite on and spit out,
vipers that the vipers would abominate.

Face to face with you I have seen the blood
of Spain tower like a tide
to drown you in one wave
of pride and knives.

Treacherous
generals:
see my dead house,
look at broken Spain:
from every house burning metal flows
instead of flowers
from every socket of Spain
Spain emerges
and from every dead child a rifle with eyes
and from every crime bullets are born
which will one day find
the bull's eye of your hearts.

And you will ask: why doesn't his poetry
speak of dreams and leaves
and the great volcanoes of his native land.

Come and see the blood in the streets.
Come and see
the blood in the streets.
Come and see the blood
in the streets! *

Let me make it quite clear that in quoting from Neruda's poem I am in no way comparing Republican Spain to Saddam Hussein's Iraq. I quote Neruda because nowhere in contemporary poetry have I read such a powerful visceral description of the bombing of civilians.

I have said earlier that the United States is now totally frank about putting its cards on the table. That is the case. Its official declared policy is now defined as 'full spectrum dominance'. That is not my term, it is theirs. 'Full spectrum dominance' means control of land, sea, air and space and all attendant resources.

The United States now occupies 702 military installations throughout the world in 132 countries, with the honourable exception of Sweden, of course. We don't quite know how they got there but they are there all right.

The United States possesses 8,000 active and operational nuclear warheads. Two thousand are on hair trigger alert, ready to be launched with 15 minutes warning. It is developing new systems of nuclear force, known as bunker busters. The British, ever cooperative, are intending to replace their own nuclear missile, Trident. Who, I wonder, are they aiming at? Osama bin Laden? You? Me? Joe Dokes? China? Paris? Who knows? What we do know is that this infantile insanity - the possession and threatened use of nuclear weapons - is at the heart of present American political philosophy. We must remind ourselves that the United States is on a permanent military footing and shows no sign of relaxing it.

Many thousands, if not millions, of people in the United States itself are demonstrably sickened, shamed and angered by their government's actions, but as things stand they are not a coherent political force - yet. But the anxiety, uncertainty and fear which we can see growing daily in the United States is unlikely to diminish.

I know that President Bush has many extremely competent speech writers but I would like to volunteer for the job myself. I propose the following short address which he can make on television to the nation. I see him grave, hair carefully combed, serious, winning, sincere, often beguiling, sometimes employing a wry smile, curiously attractive, a man's man.

'God is good. God is great. God is good. My God is good. Bin Laden's God is bad. His is a bad God. Saddam's God was bad, except he didn't have one. He was a barbarian. We are not barbarians. We don't chop people's heads off. We believe in freedom. So does God. I am not a barbarian. I am the democratically elected leader of a freedom-loving democracy. We are a compassionate society. We give compassionate electrocution and compassionate lethal injection. We are a great nation. I am not a dictator. He is. I am not a barbarian. He is. And he is. They all are. I possess moral authority. You see this fist? This is my moral authority. And don't you forget it.'

A writer's life is a highly vulnerable, almost naked activity. We don't have to weep about that. The writer makes his choice and is stuck with it. But it is true to say that you are open to all the winds, some of them icy indeed. You are out on your own, out on a limb. You find no shelter, no protection - unless you lie - in which case of course you have constructed your own protection and, it could be argued, become a politician.

I have referred to death quite a few times this evening. I shall now quote a poem of my own called 'Death'.

Where was the dead body found?
Who found the dead body?
Was the dead body dead when found?
How was the dead body found?

Who was the dead body?

Who was the father or daughter or brother
Or uncle or sister or mother or son
Of the dead and abandoned body?

Was the body dead when abandoned?
Was the body abandoned?
By whom had it been abandoned?

Was the dead body naked or dressed for a journey?

What made you declare the dead body dead?
Did you declare the dead body dead?
How well did you know the dead body?
How did you know the dead body was dead?

Did you wash the dead body
Did you close both its eyes
Did you bury the body
Did you leave it abandoned
Did you kiss the dead body

When we look into a mirror we think the image that confronts us is accurate. But move a millimetre and the image changes. We are actually looking at a never-ending range of reflections. But sometimes a writer has to smash the mirror - for it is on the other side of that mirror that the truth stares at us.

I believe that despite the enormous odds which exist, unflinching, unswerving, fierce intellectual determination, as citizens, to define the real truth of our lives and our societies is a crucial obligation which devolves upon us all. It is in fact mandatory.

If such a determination is not embodied in our political vision we have no hope of restoring what is so nearly lost to us - the dignity of man.

* Extract from "I'm Explaining a Few Things" translated by Nathaniel Tarn, from Pablo Neruda: Selected Poems, published by Jonathan Cape, London 1970. Used by permission of The Random House Group Limited.

© The Nobel Foundation 2005

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

e se você também tem uma vida dupla virtual, você não pode deixar de ler...



Eu, que sou fiel ao meu Daimonin
rolei de tanto rir. :)


A dica foi do Guto (que não tem blog. logo, não tem link)

a mais insidiosa demonstração de soberba
é esquecer-se das prioridades alheias.
o descaso para com os seus é a maior amostra
de que vc acha que seu mundo é mais importante
do que o dos outros...

mundo estranho mundo...
algumas notícias que realmente me chamaram a atenção hoje.



Evo Morales vence na Bolívia e adversários admitem derrota
"... O líder cocalero Morales é um indígena da etnia ayamara, que com um discurso anti-americano e a favor da nacionalização dos combustíveis ganhou a simpatia dos setores mais pobres da Bolívia

Morales se considera "um pesadelo para os EUA" e a recíproca é verdadeira. Washington o considera inimigo de sua cruzada contra as drogas na América do Sul. A Bolívia é o terceiro maior produtor de folhas de coca na região, depois do Peru e da Colômbia, e o governo Bush poderá usar a arma econômica se Morales for eleito, cortando a ajuda ao país."
(leia mais)

Foi eleito o primeiro presidente legitimamente (e naturalmente) a favor dos psicotrópicos da América do Sul. Poucas vezes uma questão política me deixou tão curioso a respeito de seu desfecho. Pouco a pouco começa a surgir aqui por estas bandas a composição de poder que os EUA temiam.

Dá para ficar preocupado com a reação homenzinhos doentes da Teocracia Capitalista Norte Americana (duvida que seja uma Teocracia? nunca vi um país lutar tanto contra o "mal"... nem mesmo a Jihad Islâmica é tão fervorosa e absurda.). Por outro lado, eu quero ver o circo pegar fogo. O mundo começa a ficar emocionante... :)


-=-

Venezuela entra em alerta após sumiço de cápsula radioativa
"... Autoridades disseram que souberam do roubo na segunda-feira, mas que não estavam certos de quando teria ocorrido.

A cápsula contém Irídio-192, material usado em radiografia industrial para, por exemplo, detectar problemas em tubulações subterrâneas.

Em março, duas cápsulas com o material desapareceram por negligência na Venezuela. Rivero disse que uma foi encontrada e que se suspeita que a outra fora jogada no Lago Maracaibo."
(leia mais)

Putz... já pensou se a moda pega? Pior ainda, já pensou se o tal Estado Teocrata do norte resolver se aproveitar disso para fazer alguns atentados terroristas? Pior ainda... a reportagem faz questão de lembrar que os Goianos podem ser piores. Este é um mundo estranho....

a camisa que não existe do ser imaginário...
da coleção camisas fantasmas de Dpadua, estrelando o Duende estrelado. :)



Eu quero mandar fazer uma dessas.

Eu quero meu duende de volta.
Que merda de mundo é este que não tem lugar para os duendes?
Eu exijo meus direitos! :)

domingo, 18 de dezembro de 2005

De volta à superfície, feliz e de recesso, vou me dedicar a fazer coisas que gosto nessa semana do natal. Vou, sobretudo, não me sentir obrigado a fazer nenhuma delas.

Depois de um dia inteiro em casa, sem levantar da cadeira, jogando Daimonin vai ser bom dormir, acordar e sair por aí para andar.

Acho que este blog vai ficar dormindo até semana que vem. :)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

A gente sofre menos quando está sempre disposto a aprender de novo, desapegando-se dos velhos jeitos de fazer as coisas. A gente também é mais feliz quando dorme bem e tem um jeito saudável (e flexível) de ver o mundo.

quantas vezes eu vou ter que DIZER isso até APRENDER isso? ;)

Sou meu próprio líder: ando em círculos
Me equilibro entre dias e noites
Minha vida toda espera algo de mim
Meio-sorriso, meia-lua, toda tarde

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
És o que tenho de suave
E me fazes tão mal

Ficou logo o que tinha ido embora
Estou só um pouco cansado
Não sei se isto termina logo
Meu joelho dói
E não há nada a fazer agora

Para que servem os anjos?
A felicidade mora aqui comigo
Até segunda ordem
Um outro agora vive minha vida
Sei o que ele sonha, pensa e sente
Não é coincidência a minha indiferença
Sou uma cópia do que faço
O que temos é o que nos resta
E estamos querendo demais

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia
És o que tenho de suave
E me fazes tão mal


Existe um descontrole, que corrompe e cresce
Pode até ser, mais estou pronto prá mais uma
O que é que desvirtua e ensina?
O que fizemos de nossas próprias vidas


O mecanismo da amizade,
A matemática dos amantes
Agora só artesanato:
O resto são escombros

Mas, é claro que não vamos lhe fazer mal
Nem é por isso que estamos aqui
Cada criança com seu próprio canivete
Cada líder com seu próprio 38

Minha papoula da Índia
Minha flor da Tailândia

Chega, vou mudar a minha vida
Deixa o copo encher até a borda

Que eu quero um dia de sol
E um copo d'água!

(a montanha mágica, legião urbana)

Magia é a imposição da vontade humana sobre o universo (interno e externo).
Resolvi dormir, e dormi. Resolvi sonhar e sonhei (e foi um sonho bastante engraçado).

Resolvi ser feliz.
Funcionou...

Mas a felicidade demanda um enorme envolvimento e responsabilidade (eu diria LEALDADE) para conosco.
Agora eu entendo os sofrimentos de Arthur nas Crônicas Arturianas de Cornwell.
Mas eu sempre me identifiquei mais com Vlad Tepes III :)

Hora de dormir e sonhar.
Há um castelo dentro de mim que quero visitar...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

o mundo do agora me faz querer ir embora, e outras divagações...
pensamentos sobre a nossa época, de alguém eternamente estranho a ela...

Estes são dias de prazeres fáceis e rápidos, custom-fitted, quanto mais rápidos melhor. Os prazeres que demandavam grande tempo e preparação, grande sutileza e sensibilidade, são atropelados pelos prazeres turbinados, rápidos e prontos para consumir de nosso tempo - prazeres sempre ao alcance de quem não se importa em pagar por eles, ou com o sabor meio pasteurizado de tudo. Nestes tempos a velha escrita, o velho romance, por heróicos resistentes que sejam, carregam agora um ar anacrônico. Não sabemos mais degustar ou apreciar. O lance é apertar o botão, abrir a embalagem, ligar o computador, tomar a pílula, passar o cartão... e se deixar ser divertido de tudo e de si mesmo...

Prazeres fáceis, replicáveis, artificiais são extremamente adictivos. É tão fácil utilizá-los, e estão sempre tão acessíveis, que te levam sempre a querer mais. Nada especial, não precisam ser especiais, podem ser repetidos. Ligue o jogo, abra a sala de bate papo, tome a pílula para ligar ou para desligar, compre os ingressos e deixe que mais um momento de prazer completamente on-demand aconteça. É para isso que trabalhamos, é para isso que vivemos, para seguir o script que nos foi escrito e, quando cansados, indulgir em algum prazer fácil e rápido. O show de horrores tem que continuar...

Quando falam em vício e perda de foco, não tenho nem quero dizer nada em minha defesa. Eu sou o elfo junkie que se esqueceu da floresta e agora joga videogames.

Seria trágico, mas é só ligar o jogo ou abrir a garrafa e parar de se importar.
Assim envelhecemos e morremos nestes tempos. Sem fazer idéia do que queremos, do que somos e para onde queremos ir. Em tempos como estes, fugas fáceis são o óbvio.
O que seria de nosso Admirável Mundo Novo sem o Soma?
Talvez não me importe mais como antes com a falta de sentido deste mundo.
Quem sabe algum dia ele faça sentido por si só,
quem sabe isso não faça diferença...

Vou jogar mais um pouco...


estou cansado desta vida urbana moderna.
é.



p.s. não vou procurar uma imagem para este post. a imagem de meu rosto refletida no espelho é tudo que preciso para ele...



A felicidade é uma escolha. A cada dia vc pode escolher ser feliz com a sua vida, ou se deixar ficar triste por ela. A vida é longa e cheia de curvas, mas passa rápido. Ela pode ser ainda mais breve se você não quiser vivê-la, mas ela vale a pena quando vc quer. Chega de lamentações...
O dia vai nascer de novo amanhã. Tudo tem jeito, quando vc quer.

Eu sei que já falei isso, mas eu gosto da frase...
"I choose life..."

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Acordei muitas vezes... a cada uma delas adormecia novamente depois de ligar o snooze do despertador. Acordar não é uma coisa agradável, mas levantar quando se está paralizado ainda com o sono é pior ainda. Enfim, hora de levantar...

Tá na hora de ir para o trabalho. Me visto. Quando estou quase chegando na porta me lembro que hoje é a festa de confraternização natalina do Ministério. Volto para trocar a roupa. Resolvo checar meus emails e fico uma hora checando e visitando milhares de coisas. Tem coisas que a internet faz comigo, não sei se gosto delas.

Decido tomar um banho. Enquanto a água cai na minha cabeça fico pensando "puxa, o Bica está indo embora e ontem eu não tomei uma cerveja com ele". O que foi que eu me tornei? Não vou tomar uma cerveja com o Bica e depois vou para uma "confraternização natalina" do Ministério? Nem fodendo...
Saio do banho, visto a roupa e vou fazer a coisa mais parecida comigo mesmo... jogar tudo para cima e ir tomar uma cerveja com o Bicarato, meu copoanheiro.

Amanhã eu posso ser manso de novo. Esta vida de ministério destá me deixando manso e deprimido. Mas não hoje. Hoje eu serei eu mesmo.

Um brinde a nós!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

Se eu achava que o Wesnoth iria devorar minha alma, é porque ainda não conhecia o Nethack...

Em um tempo em que substituem as boas histórias e a fascinação dos jogos ao mesmo tempo simples e complexos do passado por um festival de gráficos atabalhoantes, Nethack é um sobrevivente. Tudo bem que eu não consigo jogar a versão ASCii dele (eu tentei, mas não sou hardcore o bastante), mas a versão GnomeHack me pegou direitinho...

Mas eu não estou sozinho, Eric S. Raymond escreveu até um "player's guide" para o jogo.




p.s. Nethack também merece um prêmio pelos diálogos mais surreais entre um homem e o seu cachorro.


p.p.s. eu vou amar para o resto da vida a pessoa que me ajudar a encontrar o Falcon's Eye para instalar.

"Quando se tem insônia nunca se está verdadeiramente acordado nem verdadeiramente dormindo"

O mundo toma texturas estranhas. Os acontecimentos à nossa volta nos surpreendem ao mesmo tempo que parecem tão irrelevantes. Todo o mundo à volta se torna pouco relevante e um pouco embaçado. Muitas vezes a insônia e a falta de descanso me deixam deprimido. Outras vezes, como esta vez por exemplo, eu fico apenas anestesiado...

Quando tenho insônia eu vejo o mundo pelos olhos de uma couve-flor. Sou quase um vegetal ressentido de ter que tirar suas raizes da cama para ter que andar entre em um mundo de pessoas tão apressadas, tão rápidas. Quando tenho insônia, funciono por um relógio vegetal e gostaria de ser deixado em paz para tomar chuva ou sol, ou então ser carregado delicadamente para os lugares como um bouquet de couve-flor...

Eu nem sei o que estou escrevendo,
mas ao menos estou de bom humor.


Se alguém quiser me regar, tome apenas cuidado pra não molhar meus cigarros...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

A gentleman's excuse me
música do Fish, ex-vocalista do Marillion, um dos últimos trovadores vivos...

Do you still keep paper flowers in the bottom drawer with your Belgian lace
taking them out every year to watch the colors fade away?
Do you still believe in fairy tales, in battlements of shining castles
safe from the dragons that lie beneath the hill?
Are you still a Russian princess rescued by a gypsy dancer
to anyone who'll listen is that a story you tell?
You live a life of fantasy, your diary romantic fiction.

Can't you see it's hard for me, can you see what I am trying to say?
It's a gentleman's excuse me so I'll take on step to the side.
Can you get it in your head I'm tired of dancing?
For every one step forward we're taking two steps back.
Can you get it in your head I'm tired of dancing?

I know you still like old fashioned waltzes
your reflection in the mirror that you flirt with as you glide across the floor
but if I told you the music's over would you want to hear
that your dance card is empty that there's no-one really there?
Do you still believe in Santa Claus, that there's a millionaire
looking at your front door with a key to a life that you'd never understand?
All I have to offer is the love that I have, it's freely given
you'll see its value when you see what I've tried to say.

It's a gentleman's excuse me so I'll take on step to the side.
Can you get it in your head I'm tired of dancing?
For every one step forward I'm taking two steps back.
Can you get it in your head that from this one step forward
there's no turning back?
Can you get it in your head I'm tired of dancing?
We're finished dancing...




Existem as ilusões, e existem as ilusões que se proclamam reais (e que se proclamam estar por trás das ilusões), e existem então mais ilusões às quais gostamos de nos apegar. Por trás deste emaranhado complexo de ilusões, de enganos, de mentiras que contamos a nós mesmos e aos outros, existem... outras ilusões.

Onde está a verdade? Está em todos os lugares, basta que a gente queira ver.
O amor é real, não importa o quanto se minta sobre ele, ou por causa dele.

o amor é real.
nós... nem sempre.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

E o copoanheiro Bicarato descobriu o filme Baraka...



Uma homenagem a todos os Homers e Marges
que assistem diáriamente a programação
da Rede Globo de televisão...

Não entendeu?
Então não ligue a televisão... clique aqui e aqui,
e entenda do que estamos falando.

nursery rhyme

Remember, remember, the fifth of November,
gunpowder treason and plot.
I see no reason why the gunpowder treason
should ever be forgot.

Guy Fawkes, Guy Fawkes, 'twas his intent
to blow up the King and the Parliament.
Three score barrels of powder below,
Poor old England to overthrow:

By God's providence he was catch'd
With a dark lantern and burning match.
Holloa boys, holloa boys, make the bells ring.
Holloa boys, holloa boys, God save the King!

Hip hip hoorah! A penny loaf to feed the Pope.
A farthing o' cheese to choke him.
A pint of beer to rinse it down.
A faggot of sticks to burn him.
Burn him in a tub of tar.
Burn him like a blazing star.
Burn his body from his head.
Then we'll say ol' Pope is dead.
Hip hip hoorah! Hip hip hoorah!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Tem um excelente post com a tradução do texto "Levantem-se contra a opressão dos EUA" de Dan Gilmore (publicado originalmente no Financial Times) no blogue do Murilão. O texto trata sobre os rumos nefastos que a Internet vem tomando nos EUA, e que podem afetar a internet como um todo: o rumo do controle da rede por parte das empresas de telecomunicações, "donas da bola" (e dos cabos) de infra-estrutura da rede...

"...Considere, em particular, a recente entrevista na revista Newsweek, onde Ed Whitacre, chefe-executivo da SBC Communications, deixou claro sua preferência pelos dias quando as companhias telefônicas americanas eram monopólios. (Agora que a SBC está comprando a AT&T e deve assumir o novo nome, festeja juntamente com outras telecoms aquisidoras o início do retorno daqueles dias felizes -- para os monopolistas!).

Na entrevista, Whitacre anuncia sua intenção de favorecer determinados serviços que transitam informação nos cabos providos por sua companhia. Em certa altura ele reclama do Skype, a companhia de voz-sobre-IP, dizendo: "Eles usam nossa rede de graça"; e indicou fortemente que pretende forçar o Skype (ou seus usuários) a pagar para usar 'sua' rede. A arrogância contida nesta declaração apenas ilustra o equívoco essencial que a fundamenta. O que é provido pelo empresas é banda: mover pacotes de informação de lá para cá. Não cabe a estas empresas, ou não deveria caber, decidir o que é enviado, e em que ordem.

Em função da lógica de Whitacre, que infelizmente é apoiada por nossas políticas públicas, a ele é permitido instalar 'quebra-molas', 'bloqueios' ou 'pedágios' no caminho de todos os provedores de conteúdo da rede..."

(leia o resto no Ecologia Digital)

Havia um cara batendo trocentas fotos no Hibridus...

Onde, diabos, foram parar estas fotos?

o ninho das escorpiões e sua mobília quimérica
mi casa, nuestra casa.

o ninho dos escorpiões e sua mobília quimérica...

terça-feira, 6 de dezembro de 2005

Computadores podem ser excelentes ferramentas de trabalho. São ótimas varandas para o mundo digital também... quiçá portais para este mesmo mundo. Podem ser uma boa distração. Podem até mesmo ser um bom lugar para guardar pedaços de sua vida... (principalmente daquela que passou)

Mas computadores se alimentam não só de energia elétrica, mas também da alma de seu operador. Algumas horas aqui na frente desta caixinha que zumbe e toda a minha criatividade, todas as histórias que tenho para contar, são sugadas. O que sobra é apenas uma sede vaga por ser alimentado com qualquer coisa, qualquer imagem, qualquer texto, sobre qualquer coisa...

Computadores são portais belos para o vazio entre os nós da rede...

Nós...

e por falar em Sonsorol...

Aqui tem um post do Bicarato sobre Sonsorol

Forbidden

You don't have permission to access / on this server.


Quem entende? :)

estranho.com
o site que a cici ciclone descobriu acidentalmente ao juntar, em um email do gmail, a última palavra de uma frase com a primeira palavra da outra, e clicar em cima...

Eles tem fotos estranhas:




Eles tem imagens de ilusões de ótica:




Eles tem histórias estranhas:

" A romena Ioana Cioanca teceu, para o inverno, uma jaqueta de frio, usando seu próprio cabelo. Além da jaqueta, ela já possui um casa, um chapéu, um xale, uma saia e uma bolsa do mesmo material. Ioana, de 64 anos, começou a recolher os cabelos que perdia aos 17 anos, depois que sua avó lhe disse que era pecado jogá-los fora. Ela disse ao jornal romeno Evenimentul Zilei que nunca lava os cabelos com shampoo, porque "envenena" os fios."


E eu não tinha nada melhor para fazer, por isso fiz este post. :)

Mas o site é legalzinho. Vai lá ver: http://estranho.com/

Credo... estou me saindo um grande Rezingão. Acho que a falta de sono e o excesso de envolvimento neste mundo sem graça do governo estão fazendo um puta mal ao Duende em mim...

Preciso agitar as coisas!

Eu tenho complexo de Peter Pan sim... e daí? ;)



O Pearl Jam tocou em Curitiba, Porto Alegre, Rio e São Paulo.
Talvez tenham sido alguns dos melhores shows que rolaram neste ano.

Eu não fui :(

Eddie Vedder (que está cada vez mais com cara de roqueiro velho, o que é bom, tendo em vista que ele é roqueiro e está ficando velho...) disse que o show de Sâo Paulo foi "melhor que Seattle". Caso você tenha estado alheio nos últimos 15 anos, Seattle é a cidade natal da banda. Dizem que, no último show, o do Rio, ele gostou ainda mais...

Quem sabe eu não os veja quando eles voltarem ao Brasil, conforme prometeram?
Espero que até lá o Eddie e eu ainda tenhamos cabelo e juventude o bastante... ;)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

nossa absurdidade nos salva do automatismo...


foto por chickencat

Do jogo de sombra e luz se faz a imagem,
semelhança da verdade.
tudo existe no meio entre os extremos.
nada é apenas o que parece ser...

Eu conto minhas histórias para que a vida faça algum sentido para mim...

"Levantaram seus copos e brindaram. Não que tivessem algum consenso ou clareza a respeito do que brindavam, mas brindaram mesmo assim - parecia a coisa certa e amistosa a fazer. Bebiam em silêncio, pois não sabiam ao certo também o que deveria ser dito. Marcela queria voltar para casa. Não se sentia confortável ali. Chovia um pouco fora do bar. A rua lá fora tinha o aspecto úmido demais que domina as noites de dezembro em Brasília. Sorriam sem jeito, iniciavam conversas e estas morriam afogadas pelas incertezas da vida ou pela cerveja. Por fim apenas beberam e foram embora. Nâo saberiam o que dizer, mesmo que tivessem coragem de dizer alguma coisa..."


É apenas uma história. Uma faceta da jóia secreta da vida
soterrada debaixo da merda cotidiana desta civilização...

Eu soaria dramático demais se dissesse que o único sentido que a vida parece ter para mim é o da experiência e produção da beleza essencial que é a arte? Pois então que eu soe dramático demais.

Esta é a verdade como a conheço.

De resto este mundo de cães e porcos não vale nada.

Desmemórias de um Jovem Ancião.
um pouco dos meus brinquedinhos em um projeto de microcontos que pretendo retomar algum dia...


Parte I - prazeres

Nizar Al-Ahmed, um dervixe da Associação Atlética de Dervixes dos Ben-Azhires Resfolegantes, decidiu que nunca mais iria comer pimenta às quintas feiras. Estava cansado depois de 60 anos de diarréias semanais nas sextas feiras. Sentou-se como mandava sua crença, com o traseiro sobre a cadeira e os pés pousados no chão, e degustou lentamente as torradas que faziam sua dentadura tremer ao serem mordidas. Aquele prometia ser mais um dia quente. Sentiu saudades da pimenta.

-=-

Cecília estava sentada no restaurante, esperando a comida. Por debaixo da mesa tinha a mão entre as pernas e massageava seu clitoris por sobre o tecido da saia fina. Ninguém prestava mesmo atenção nela naquele restaurante. Achavam que sabiam que ela era louca. Cecília gosta de associar os prazeres da vida - comida, sexo e a convivência com a maravilhosa estupidez humana. Ela amava a todos, a alguns em sua cama, aos outros apenas em seu coração. Sua comida chegou e ela comeu. Preferiu não gozar no restaurante.

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"Quando eu como algo que está estragado, perco a fome intantâneamente!" disse Marcelo, justificando-se. Júlio continuava a olhar com nojo para o sanduíche de queijo e mortadela vencidos. Marcelo deu um sorriso, ainda mastigando um pedaço do sanduíche e disse "Não seja bobo. Isso aqui não está estragado.". Júlio podia ver o mofo e sentir o cheiro, mas preferiu acreditar que Marcelo estava certo. Não era a vida dele, de qualquer forma.

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Parte II - desprazeres

"Não joga pedra no vidro, Marquinhos!". O menino nem escutava sua mãe. Olhava para a vidraça da portaria do prédio com olhos gulosos, pegava outra pedrinha do chão e jogava - clinc - a pedrinha quicava. "Não joga! Você vai quebrar o vidro, menino!", a mãe estava ficando irritada. "Não vou não, mamãe. Eu sou especialista em jogar pedras em vidros!", respondeu feliz. Jogou mais uma pedra. Esta era uma pedra caprichada, cinza e triangular. O vidro se espatifou cheio de barulho. Marquinhos se esconde atrás da mãe com olhar assustado. "Este vidro estava com defeito, mamãe. Explica isso para o síndico! Fala pra ele!".

Na Saída
um velho conto de Daniel Duende Carvalho, para quem não o leu na época... e para quem quer reler um pouco de minha prosa.

"Eu quero morrer", eu disse para eles. Eles só continuaram a me olhar. Alguns talvez nem tivessem ouvido o que falei, hororizados com a cena, a situação. "Eu quero morrer, e quem não quiser me matar, vá embora! Eu nunca mais vou ver nenhum de vocês!" Alguns fizeram menção de se mover, com lágrimas nos olhos. Outros nem conseguiam se mover. "Pelo amor de Deus... eu só quero morrer...". Eu não tinha mais esperanças quando disse isso...

Eu era feliz. Algumas coisas davam errado na minha vida, outras davam certo. Tinha meu emprego que eu adorava detestar e tinha umas amigas que saíam comigo. Eu gostava de transar com elas, sabe? Elas também gostavam de transar comigo. Eu era feliz com essa vida. Mas ela acabou muito antes de você chegar, não sabe?

Eu tinha muitas coisas às quais não dava valor. Muitas delas eu nem percebia. Como por exemplo, ter uma vida, um rosto, e poder ir onde quisesse. Eu não dava valor às coisas simples, como todas as pessoas, por que não sabemos o valor das coisas simples que sempre tivemos.

Eu gostava de sair com meus amigos para beber. Eu sempre fazia isso desde que havia tirado minha carteira de motorista. Tirando uma batida leve, nada havia acontecido de errado. Nada tinha acontecido de errado, e eu não sabia o que era "nada ter acontecido de errado". Até que aconteceu.

Eu estava muito feliz. Ela estava comigo no carro, e a gente tinha acabado de transar pela primeira vez. Você a conhece, eu sei. Vocês se encontraram a alguns dias atrás, eu acho. Eu não estava dirigindo rápido. Eu ainda estava gozando aquele momento da melhor maneira possível. Ela sorria para mim e eu sorria para ela enquanto a gente ia cruzando o Eixão para que eu a deixasse em casa. Tudo na vida parecia perfeito naquele momento. Até o trabalho que eu adorava odiar parecia que ia ser bom no dia seguinte. Foi o melhor momento da minha vida, logo antes do pior.

Eu não sei de onde ele veio. Quando eu o vi ele já estava lá. Aquele cara já estava na minha frente. Eu tentei desviar, mas acertei ele mesmo assim. Acho que você o conhece, né? Pois é. Depois eu acho que batemos em outro carro. Eu não me lembro, mas me disseram que batemos em dois outros carros. Quando eu acordei... Quando eu acordei... me desculpe estar chorando, mas você entende. É a última vez que vou chorar, agora eu sei. A ultima vez que sorri foi naquele dia. Quando eu acordei eu já estava aqui neste hospital. Ela estava morta. E eu não tinha mais as minhas pernas. Eu não tinha mais meu braço... Eu não tinha mais ela.

Meus amigos vieram me visitar aqui. Um a um. Isso foi hoje de tarde, antes de você vir. Então eu pedi para que eles se reunissem aqui. No finalzinho do horário de visitar estavam quase todos aqui. O Lô, o Marquinho, o Manel, A Paulinha com o Antônio, o Rafael e o Rodrigo. Eles foram ligando um para o outro até que todos se reuniram aqui. E então eu disse para eles que queria morrer, que queria que eles me matassem.

Que crueldade você querer que eu conte essa história para você. Eu preciso mesmo continuar? O resto é muito simples. O Rafael, que é médico, veio aqui de noite e desligou o meu pulmão artificial. Você deve ter visto ele saindo quando entrou. E então você chegou. Eu não pensava muito em você, sabe? Achava que você seria bonita, ou sei lá. Mas você é apenas você...

Você sempre pergunta a história da vida das pessoas antes de levá-las embora? Talvez seja por isso que dizem que revemos toda a nossa vida no momento de morrer...



"a morte faz anjos de nossos prediletos demônios..."

Uzupio
bebendo cerveja com amigos anarquistas e sonhando com comunidades onde se possa viver de verdade, longe desta merda que a praga humana construiu à guisa de civilização... nos lembramos de Uzupio.

Uzupio (ou U?upio) é um bairro afastado da capital da Lituânia que declarou independência. Vivem em um misto de anarquia divertida e outras formas de governo (que mudam conforme a vontade dos pouco mais de 7000 uzupianos) e tem uma constituição compostas por poetas, onde se lê:

"...As pessoas têm o direito de morar perto do riacho, e o riacho tem o dever de correr junto às pessoas. Tem o direito de celebrar, ou não, os seus aniversários. Tem o direito de amar e tomar conta de um gato (um gato não tem de amar o seu dono, mas em tempos de necessidade, requer-se que ele o ajude). Tem o direito de às vezes não saber se têm alguma obrigação. Tem o direito de morrer, mas não é um dever."

domingo, 4 de dezembro de 2005

Urna Furada: a nossa urna eletrônica também é uma bosta...
copypost do blog do Dpadua...

Em 2003, quatro professores da Johns Hopkins University e da Rice University publicaram uma análise sobre a segurança do código supostamente utilizado em um sistema eleitoral eletrônico fornecido pela empresa americana Diebold. Tal estudo apontou inúmeras falhas e vulnerabilidades a fraudes de origem interna e externa. Novas denúncias de falhas de segurança nas máquinas de votação da Diebold foram apresentadas em março de 2004, o que levou ao descredenciamento, dois meses depois, das máquinas da empresa no Estado da Califórnia.

O presente trabalho, desenvolvido com a ajuda de voluntários, tem por objetivo oferecer uma análise semelhante, de algo semelhante. Código que, segundo tudo indica, origina-se da urna eletrônica do sistema eleitoral brasileiro usada em 2000, e que teria sido desenvolvido pela mesma empresa. As conclusões aqui são também semelhantes, tão graves quanto aquelas.

Link para o artigo completo: http://www.cic.unb.br/docentes/pedro/trabs/analise_setup.html

Outros estudos e links sobre a falibilidade da votação eletrônica brasileira:
http://www.smartmatic.com/infography_03.htm
http://www.votoseguro.org/
http://jus.uol.com.br/pesquisa/urna.html

* Metal e eu ( estamos preparando uma campanha de divulgação da Urna Furada. :) Vai acompanhando, caboclada.

É bom olhar pra trás e admirar a vida que soubemos fazer
É bom olhar pra frente, é bom nunca é igual
Olhar, beijar e ouvir, cantar um novo dia nascendo
É bom e é tão diferente
Eu não vou chorar, você não vai chorar
Você pode entender que eu não vou mais te ver
Por enquanto, sorria e saiba o que eu sei eu te amo
É bom se apaixonar, ficar feliz, te ver feliz me faz bem
Foi bom se apaixonar, foi e é bom o que será,
Por pensar demais eu preferi não pensar demais
Dessa vez foi tão bom e porque será
Eu não vou chorar, você não vai chorar
Ninguém precisa chorar mas eu só posso te dizer
Por enquanto, que nessa linda estória os diabos são anjos

(Nando Reis, Dessa Vez)

Era esta a música.
Era sim... eu me lembro!

"o dia em que o broadcast morreu"
Murilão, meu irmão, e pai coruja da Elisa e de mais 3 figuraças, volta à ação blogueira em grande estilo...

"HOJE é o dia que as redes de TV e rádio em todo o mundo sempre temeram que chegasse. É o dia em que alguém casou o protocolo de assinatura RSS com Bittorrent, de tal forma que transforma a Internet em uma grande, enorme e grátis, máquina TiVo. Como anunciado por Steve Rubel ontem, "alguém encontrou uma forma de assinar shows de TV em Bittorrent e baixá-los como um feed RSS". Em outras palavras, uma vez que um show de TV tenha sido digitalizado e armazenado em Bittorrent, não somente as redes de broadcast de rádio e TV terão sido excluídas da intermediação, mas também todo o modelo de negócio baseado em publicidade. Da mesma forma como com o TiVo, podemos simplesmente avançar por sobre os anúncios. E muito melhor do que TV por satélite, a arquitetura da rede pavimenta o caminho para o recebimento de conteúdo originária de qualquer parte do mundo.
(leia o resto do post no Ecologia Digital)

Sabe.... eu gosto um bocado das apresentações do pessoal do "Tubo de Ensaios"...

O Hibridus hoje foi bem legal. O espaço era legal, embora limitado (e portanto limitante do número de instalações que eram comportadas por ele), mas era legal mesmo assim. Me deu saudades das espaçosas apresentações no minhocão...

Foi uma boa noite...
Uma noite daquelas que faz a gente ir dormir cheio de amor pela arte e pelas pessoas...

sábado, 3 de dezembro de 2005

Hibridus
Esta é a dica da senhorita shoyu para o dia de hoje...

olha a festeenha sabado la no conics!

festa com cinco ambientes, reunindo djs, vjs, artistas plásticos e mais de 100 artistas cênicos em 28 performances simultâneas em todos os ambientes da festa, com uma central de musica eletroacústica das 23hrs a 01hr tornando-se depois pistas de dança + lounge com 11 djs tocando musica de qualidade

* Lounge ANTI :: IDM . Electro . Minimal :: Vjs :: artistas plasticos

Delta WX009 ? live p.a.
Dj Quizik

Hieronimos. João Angelini. Desconstrução

Lhwolf. Lucas Gehre

* Black Music :: Rare Grooves :: Flach Back :: Samba Rock

Dj Jamaika
Industria Brasileira
Som Du Bom

* Hip Hop :: Ragga
Dj A
Dj Bola
Dj Léo

Serviço:

HÍBRIDOS ? tríade ? Gênesis, Êxodos e Apocalipse

Data: 03 de dezembro de 2005

Local: CONIC (térreo ? entrada lateral do Dulcina)

Horário: 23 hs

Ingressos: R$10,00

Uma parceria do projeto Tubo de Ensaios da Unb , Faculdade Dulcina e Move.

10 reais convites limitados. esse sábado. área coberta. estacionamento seguro.

What Changeling Noble House are you from?
E é claro que eu sou da casa Fiona... :)

Fiona crest
You are a Fiona! This spirited Seelie house has
taken up the cause of the commoners in the
noble courts. The Fiona are known for their
strong hearts and their willingness to follow
them. A Fiona knows no fear, unless it is fear
for a loved one. They are the most passionate
of any of the houses, Seelie or Unseelie, and
are outspoken in their views. However, due to
their wild hearts, Fiona always seem to fall
for the wrong person; Fiona romances often end
in tragedy.


What Changeling Noble House are you? (Updated!)
brought to you by Quizilla

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

"Not a shred of evidence exists in favor of the idea that life is serious."
- Brendan Gill

Tem alguma coisa me incomodando.
Não, eu não sei dizer o que é...

Estou falando só para registrar.



Hoje é sexta feira.
O duende precisa MESMO
de um descanso...

A semana que vem vai ser punk. :)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

Hoje é dia de posts curtos.

- Vocês já notaram como a cidade está bonita? Há uma magia no ar nestes dias chuvosos em que o sol aparece vez por outra apenas para mostrar a limpidez do ar e a vitalidade das cores...

- Montar uma crônica de changeling é uma dor e uma delícia. É uma vazão deliciosa para a criatividade, mas consome um bocado de energia. É uma excelente chance de expressão, exorcismo e criação de beleza, mas leva um duende como eu à beira do desvario... ;)

- Preciso... DESESPERADAMENTE... descansar. Tenho que desgrudar deste computador, dos meus livros, de tudo, e descansar. Nem estou conseguindo pensar direito estes dias. Estou parecendo um zumbi verde...

- Andem de ônibus. Brasília tem outra cara através da janela de um ônibus. As pessoas estão mais próximas de vc. A cidade tem cheiro. Quando andamos apenas de carro nós não andamos pela cidade, apenas saímos de um lugar e chegamos a outro.

- Last but not least... ando descobrindo que a vida é a arte do equilíbrio entre extremos inimagináveis. Creo quia absurdum. ;)

quarta-feira, 30 de novembro de 2005

I'm the stranger killing an arab...


Standing on the beach

With a gun in my hand
Staring at the sea
Staring at the sand
Staring down the barrel
At the arab on the ground
I can see his open mouth
But I hear no sound
I'm alive
I'm dead
I'm the stranger
Killing an arab

I can turn
And walk away
Or I can fire the gun
Staring at the sky
Staring at the sun
Whichever I chose
It amounts to the same
Absolutely nothing

I'm alive
I'm dead
I'm the stranger
Killing an arab

I feel the steel butt jump
Smooth in my hand
Staring at the sea
Staring at the sand
Staring at myself
Reflected in the eyes
Of the dead man on the beach
The dead man on the beach

I'm alive
I'm dead
I'm the stranger
Killing an arab


-- Killing an Arab, the Cure


É a única música que me vem à cabeça
quando penso que talvez alguns, alguns muito poucos
soldados no Iraque, ou em qualquer outro lugar,
talvez sejam pessoas legais que se venderam
aos ideais errados...