Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sábado, 14 de dezembro de 2002

A Voz do Fogo
de Alan Moore

The Voice of Fire - Alan Moore Estou começando estes dias a leitura deste que é o primeiro livro não ilustrado de Alan Moore. Nâo que não haja uma outra gravura no livro. Refiro-me ao formato, que desta vez não é de uma HQ e sim de um texto corrido, ricamente descritivo e evocativo. Bah, não estou com a menor disposição de bancar o crítico literário a respeito do livro. Para começar gostaria de dizer que a capa do livro na edição brasileira é de muito mais bom gosto do que esta capa da edição inglesa, muito carregada e colorida. Depois, pela primeira vez estou feliz de ler um livro traduzido. O primeiro capítulo de A Voz do Fogo, Porco do Bruxo, é escrito em uma linguagem toda particular, coisas que só Moore consegue fazer. Trata-se de uma narrativa em primeira pessoa feita por um menino inglês de 4000 A.C. que tem um formato, e uma visão, muito apropriadas. As palavras, embora portuguesas (ou inglesas na versão original) recebem um novo significado e a sintaxe é tão alterada que nos leva a uma nova experiência de leitura. Chego a me questionar se é o narrador que não fala minha língua ou se sou apenas eu que ainda não falo a dele. De qualquer forma o texto é apropriado, rico e instigante. Alan Moore é um dos maiores escritores de minha época, junto a Neil Gaiman (que o crítico de Voice of Fire diz ser inferior a Moore. Não me meto a avaliar...) e Clive Barker. Neil e Moore começaram nos quadrinhos e isso é um diferencial. Vivemos em um tempo muito particular onde dois expoentes de nossa literatura surgiram em uma midia que é tipicamente contemporânea e começam a se tornar fortes na velha e nobre arte da literatura tradicional. Volto a dizer que TRADICIONAL é uma palavra muito equivocada para falar destes caras.
Vale a pena dar uma lida na crítica feita ao livro neste site.
Por outro lado, se quiser comprar o livro, aconselho a versão traduzida. Os trechos do primeiro capítulo em inglês que vi na internet me fizeram crer que ler Shakespeare no original não prova que se saiba ler qualquer coisa na lingua inglesa. Shame on me...

É uma excelente leitura para fãs do Alan Moore, para quem quer ler algo bem diferente de tudo que já leu antes (até mesmo do próprio Alan) ou mesmo para amantes de romances miticos ambientados na Inglaterra. Para mim é imperdível :)

Love, The Voice of Fire and Understanding for the strange and different ones...

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