Ler, blogar, olhar o mundo pela janela, beber umas cervejas... tudo me distrai de mim mesmo. Mas quando paro e olho para mim mesmo é uma enorme solidão que sinto. Busco dia e noite algo para fazer, para me ocupar, para não olhar para mim mesmo. Mas não é fácil. Em algum momento sempre o circo para e eu consigo ouvir meus próprios pensamentos...
Desde que me mudei aqui para esta casa, e durante todos os dias duros, e os dias felizes que vieram depois, a questão era sempre essa. Ter alguém comigo para afastar a solidão. Mas a idéia de morar sozinho não é justamente cultivar a si mesmo na solidão e no silêncio? Eu não sei se era isso que eu buscava quando vim para cá. Acho que eu só queria um lugar onde eu mandasse em tudo, que fosse só meu, e que fosse próximo da Bibba. Não me arrependo, gosto de morar aqui e ainda estou próximo da Bibba.
Por falar nela, que saudades sinto dela agora. É uma excelente companhia para mim. Me faz sentir menos solidão, me diverte, me ilumina os dias. Agora que ela está no Rio sinto algo que não é uma tristeza, mas um vazio que vai além da saudade. Além da saudade que sinto por ela estou agora em contato com o vazio dentro de mim. Isso não me faz feliz nem triste, isso apenas me anula. Não tenho tido vontade de sair com meus amigos, tenho impressão que eles não entenderiam nada que eu falasse e só me trariam dor com seus comentários tacanhos embora bem intencionados. Queria estar com a Bibba agora, para esquecer dessa solidão e fazer alguma coisa divertida e doce... mas eu sei que estar aqui sozinho em Brasília é bom e necessário. É uma lição que tenho que aprender, mas não sei se estou aprendendo.
Queria estar me divertindo agora, em algum lugar da cidade, com algum grupo de amigos. Queria ter ânimo para resolver as coisas que tenho que resolver. Juntar os documentos para o negócio do Rio, pegar meu Celular, comprar o presente da Bibba... Queria ter energia agora. Mas não tenho, fico apenas aqui em casa, na inércia, fumando cigarro atrás de cigarro e esperando o tempo passar. De certa forma estou lidando com a solidão... não chamei ninguém, não procurei ninguém.
Mas isso não me faz bem.
Queria muito um pouco de colo agora.
Queria que a Bibba estivesse aqui para me dar um pouco de amor e colorir meu dia.
Eu quero sempre coisas demais.
"O Desejo é a fonte de toda dor e sofrimento. No momento que paramos de desejar e aceitamos a vida como ela é nos desvencilhamos da principal fonte de dor e começamos a ser felizes."
Provérbio Zen
Love, Learning to be with Myself, Being truly loved and Understanding life and the ways to live it.
Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
sábado, 21 de dezembro de 2002
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