Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Quando o primeiro mundo realmente mostra seu valor...

Enquanto um projeto de lei prevê a prisão de "homossexuais" visando “proteger os valores e a moral da sociedade” na Nigéria, as escolas inglesas começarão a trabalhar em sala contos de fadas e outras obras literárias que abordam com naturalizade o amor entre dois indivíduos do mesmo sexo.

Tem horas em que o primeiro mundo realmente impõe respeito. E, veja bem, mesmo na Inglaterra nunca faltaram católicos (e outros bichos) para emperrar a evolução social. É tudo uma questão de respeito ao ser humano...

Enquanto isso ainda existem escroques eclesiásticos aqui no Brasil fazendo biquinho para a camisinha. Nem o presidente Lula, que anda namorando até a mais nojenta direita do Brasil, engole esse papo bobo bispal. Ô povinho atrasado (esses cristãos...).

Mas não tem problema não. Ainda acredito que um dia a gente sacode esta merda capitalista-judaico-cristã-estrangeira toda e se reconhece, sem hipocrisia, como realmente somos... o povo mais criativo, diverso, sensual, colorido e alegre que há.

Que os Deuses abençoem o Brasil e... desta vez... a Inglaterra também.


UPDATE:
Acompanhando uma discussão sobre a decisão britânica de se ler contos de fadas gay nas escolas, fico cada vez mais furioso com este discurso cristão de "preservação de valores cristãos" e de preconceito contra a diversidade humana. Este um discurso deste naipe que gera toda a divisão, todo o preconceito, todo o racismo, todo o facismo e divisão social, toda a cegueira e toda a soberba.

Como disse lá, em um comentário que duvide-ó-dó que seja publicado, quando era ainda criança fui forçado a assistir horas e horas de aulas de uma religião que não era a minha. Ninguém me perguntou qual era a minha opinião, e ninguém respeitou o fato de que eu não seguia aquela crença. Quando eu disse que estavam tentando empurrar valores que eram nocivos e perversos para mim, riram. É com esta mesma empáfia que condenam todos os outros valores que não os próprios, estes nojentinhos cristãos.

Agora, convenhamos: se eu posso forçar uma criança a assistir uma aula de religião, mesmo que ela não compactue com aquilo, porquê diabos eu não posso permitir que ela entre em contato com a diversidade humana através da literatura e dos contos de fadas? Acreditar que, ao ter acesso à realidade diversa do ser humano fará com que uma criança "escolha" este ou aquele caminho, é apenas parcialmente verdadeiro. É claro que para uma criança que esteja em conflito de identidade, ter acesso às diversas formas de ser existentes pode ajudá-la a se encontrar. Trocando em miúdos, se o menininho e a menininha são gays, ter acesso a esta literatura pode ajudá-los um bocado a entender o que são. Mas para aqueles que não forem, ler contos de fadas gays servirá apenas para que cresçam menos preconceituosos e estúpidos do que os pais que temem tais leituras. E, para terminar, 14 anos de ensino cristão não me fizeram me tornar cristão. Crianças tem convicções também e, mais do que isso, elas sabem muito bem quem são... até o dia em que algum adulto resolve dizer para elas quem elas deveriam ser.

É por estas e por outras que lamento os 1600 anos de atraso cristão que pairam sobre este mundo...
Cuspa-se no túmulo do fraco Teodósio, e viva a diversidade humana!

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