Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sábado, 3 de março de 2007

O homem olhando a lua sumir

Hoje é dia de eclipse lunar. Segundo o site da Folha Online, o eclipse deve ser visível a olho nu a partir das 22:05 em todo o Brasil. Já o astrônomo entrevistado no Jornal da Globo afirmou que o eclipse deve começar por volta das 19hs da noite. De um jeito ou de outro, esta é uma boa noite para se ficar ao ar livre entre bons amigos e olhar para o céu, e se lembrar do encanto e do assombro que um fenômeno desses trazia para os antigos. Pode ser uma boa metáfora para entender o nosso assombro frente ao desconhecido. É também uma boa noite para contemplar o encanto que se perdeu, agora que explicações científicas roubaram dos eclipses o seu poder auspicioso.


(fonte: Editoria de Arte/Folha Imagem)

Quando era criança, nos idos de 1996 1986, o Cometa de Halley passou pela terra. Lembro-me de toda a excitação que nos varreu, animados pela Globo e seus "globos-repórter especiais", naquela ocasião. Seria uma tentativa de se recuperar ao menos um pouco da mágica do céu em um momento escuro para o Brasil, ou seria apenas uma tentativa de distração? Eu, criança que era, não me importava. Aboletava-me dias seguidos na janela do velho apartamento da 105 norte onde morava meu irmão e olhava para o céu... e... não via nada. A passagem do Halley naquele ano foi bem bôcomoca. Mas eu minha imaginação, o cometa estava lá. Era um momento mágico, de qualquer forma, porque eu acreditava ao menos que havia alguma coisa diferente no céu.

Em outros momentos, outros fenômenos como este marcaram de alguma forma minha vida. Lembro-me de um eclipse solar que marcou um momento particularmente escuro da minha vida, e de um eclipse lunar que... bem... foi um eclipse lunar muito memorável. Havia um encanto emprestado pelos eventos de minha vida a estes eventos astronômicos, mas eu não me sentia mais encantado por eles em si. Talvez isso aconteça bem mais do que eu gostaria em nossas vidas contemporâneas.

Quando olhamos para o céu observando um eclipse da lua hoje em dia, estamos olhando apenas para uma curiosidade astronômica. Mas havia um tempo em que eventos como este eram um sinal de muitas coisas, muitas mudanças, e da vontade dos Deuses. Dentro de mim há alguém que ainda vive neste tempo, e sente falta desta magia.

No fundo, ao olhar para o eclipse, eu não acho que seja o único que se sente sendo mais do que apenas um homem olhando a lua sumir e reaparecer.

A magia nos faz tanta falta, não é mesmo?


UPDATE:
Surpreendentemente, a Folha estava errada e a Globo estava certa. O eclipse começou por volta das 19:00hs da noite de hoje. Por outro lado, eu gostaria de estar surpreso por eu estar em casa escrevendo em vez de estar na praia vendo o eclipse na hora em que ele aconteceu. Vamos lá, um eclipse não é uma coisa tão rápida assim. Porquê fiquei aqui em casa? É aí que entra a falta de magia, e a falta de vontade de fazer as coisas. É... acho que estou um pouco deprimido.

5 comentários:

Anônimo disse...

hey, drink up...miss the talk man....i'm an unlike kind...i think your too...zaratustra...nunca esteve tão longe...
Ps: verificação de palavras, porra...tô bêbado...burocrático pra caralho

Anônimo disse...

só ratificando, num é your...é you're...já disse...bêbado, porra...

ps: verificação é o caralho...mas tudo bem...

Daniel Duende disse...

Olá meu velho.

Sinto falta da velha cidade, da velha vida, do velho sentir e do velho sentido do mundo.

Sinto falta de uma boa cerveja com amigos, em uma cidade onde ando de cabeça erguida.

É... você tem razão. Eu ando muito Zaratustra.

Eu também ando sentindo falta do duende saltitante. Quando ele voltar, mando lembranças suas.


Quando eu voltar a Brasília, entro em contato também.


Abraços...

AnaCullen disse...

Adorei o novo Alriada! Textos bem rechados de informações interessantes, com a clássica casquinha lúdica, sem esquecer da leve pitada de melancólico que combina muito bem! Bom de degustar com uma bebida encorpada, algo como um Demian Rice ou Camille. Risos!
Estão muito interessantes as postagens, bem melhores que o antigo que era na maior parte do tempo você falando de você, com pena de si mesmo! Hehehehe
Sobre o eclipse, foi muito bonito, eu estava lá no Espaço Cultural da Caixa e deu pra ver direitinho, entre visitar uma exposição de pinturas (você iria gostar!) neoneoclássicas e assistir uma mostra de dança (eram mais performances).
Melhoras Dani! Brasília também sente sua falta! E vê se sai mais de casa!!! Nem que não esteja com vontade...
Abraço!

Daniel Duende disse...

Hey dona Ana... que bom que gostou. :D
Fiquei muito lisongeado com os elogios, principalmente porque vieram de minha implicante predileta. :D

Você tem toda a razão sobre o antigo Alriada. Chegou um momento em que eu não tinha nada a dizer, e ficava apenas me lamentando pelas dores da vida. Era um porre, não? Eu também me achava um porre escrevendo aquilo...

Mas tudo passa, tudo melhora...
Basta a gente querer.

Quanto ao eclipse, não vi, e portanto pare de me fazer inveja, sua ervilha irlando-italiana pentelha! :P

Também sinto saudades de Brasília mas, como já disse, acho que ainda há um bocado para se fazer por aqui pelo Rio. Um dia eu volto...


Abraços apertados do Verde.