A vitória do Ditador sobre o ditador...
Quando saí do trabalho para fumar um rápido cigarrinho, andando pelo Cruzeiro Center (um centro comercial bem decadentezinho em um bairro carioca de Brasília, onde fica a agência do Banco do Brasil onde trabalho) e ví a imagem da estátua de Saddam Hussein sendo derrubada o primeiro sentimento que me veio foi de alívio, quase alegria. A propaganda norte americana é mesmo poderosa, mesmo quando estamos "espertos" a seu respeito, e havia subconscientemente me convencido que o bigodudo era o anticristo (não que eu seja propriamente cristão para me importar com anticristos...). Passado o impacto inicial da imagem, e um cigarro depois, comecei a me aperceber do que estava acontecendo: Bush conseguiu o que queria, mostrando sua força ao mundo e tirando do caminho o "maluco regional" que não pretendia ceder às pressões petrômanas do "maluco mundial". Quite scary...
Mas o que pode vir a significar esta vitória norte americana sobre o regime iraquiano? Não, não sou nenhum analista político e muito menos pretendo tentar leituras pseudo-históricas do fato. Apenas me pergunto: o que isso quer dizer? Agora temos um presidente George "Eu sou foda" W. Bush com uma enorme popularidade em seu país, que adora vencer uma guerra para matar o tédio e os outros habitantes do mundo que sejam considerados feios, diferentes ou ameaçadores. Temos também um líder muçulmano, que por 23 anos foi o todo poderoso em um país que impunha respeito no contexto do Oriente Médio, que agora virou um fugitivo (isto é, se os Estados Unidos estiverem mentido, como de costume, a respeito da morte do líder iraquiano) provavelmente protegido pelos melhores especialistas em invisibilidade do mundo, os terroristas islâmicos. Entendeu? Calma, eu explico. Veja a equação:
Presidente que se acha foda, de um país que se acha foda
+
Líder derrotado de um país islâmico que agora é protegido de alguma associação terrorista
+
Um oriente médio com a população revoltada pela truculência anglo-americana
=
X
Got it? Eu espero que "X" não signifique mortes demais, desta vez. Não que a queda das duas torres tenha sido grande coisa, em termos de mortalidade, perto de qualquer intervençãozinha americana mas... é um prospecto um bocado assustador. Os EUA provaram que podem vencer qualquer inimigo visível do mundo, e na dúvida atacam mesmo às cegas (vide a invasão do Afeganistão em busca de um homem e os bombardeios massivos de Baghdad que visavam principalmente matar umas 10 ou 15 pessoas específicas). Mas e contra o inimigo invisivel que eles mesmo alimentam de ódio (e que muitas vezes usam armas compradas dos próprios americanos em outros tempos)? Isto é o que vamos ver, provavelmente para a infelicidade de muitos, inclusive do orelhudo Bush, que agora sorri, com suas razões, de orelhão a orelhão de sua face texana...
O jornalista Chris Allbritton, do blog Back to Iraq 2.0, estava em Baghdad e conta o que viu.
Mas acho que já me alonguei demais sobre um tema que já cansou todo mundo.
Vamos falar de outras coisas, e esperar pelo melhor.
Love, NO WAR, Good Blogging and Understanding to the ones who don´t like to kill for profit and fun...
Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
sexta-feira, 11 de abril de 2003
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