Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

não é fácil falar o que todo o resto cala. não é fácil se levantar quando todos os outros se enfurecem em silêncio. não é fácil, sobretudo, ter que ser aquele que aponta os pecados daqueles que um dia foram seus companheiros de luta.

Nâo foi sem dor que escrevi aquelas palavras. E não é sem dor que eu sei que por alguns elas serão recebidas da pior maneira possível. Mas por vezes tem-se que fazer aquilo que tem-se que fazer.

Sinto minha alma leve, por ter feito aquilo que acreditei todo este tempo ser a coisa certa. Sinto minha alma lavada com a serenidade de quem venceu o próprio receio, esta coisa cinzenta do medo urbano e corporativo contra o qual todos nós lutamos, mas mesmo assim nos atinge pelos flancos...
Mas tenho o coração pesado de saber que aqueles com os quais um dia trabalhei podem agora me ver como um inimigo por causa de minhas palavras. A verdade dói, e por vezes aquele que a profere é o alvo das reações que se tem contra a verdade.

Não é fácil se manter fiel a seus ideais. Muito fracassaram, muitos ficam só no discurso, e ao ver o quanto meu estômago se embrulha agora que fiz aquilo que acreditava que deveria fazer, eu não condeno todos aqueles que se calam. Mas eu me mantenho fiel aos meus, pois minha poesia e meus ideais são tudo que tenho neste mundo, onde a vida me fez artista e incapaz de compactuar com toda a doença que nos persegue nestes dias.


Minhas dores são minhas, minhas idéias pertencem ao mundo.
Eu fiz o que devia fazer.


Eu vou dormir em paz esta noite.

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