A arte de se começar um livro...
Ganhei o penúltimo livro de Tom Robbins de presente do Lou (our newest Brasilaeiro). O Tom tem um dom magistral para começar livros. Villa Incognito (o livro) começa assim...
"Dizem por aí que Tanuki caiu do céu usando seu escroto como para-quedas.
Isso não é tão ridículo quando levamos em conta o tamanho incomum do escroto de Tanuki.
Tudo bem, é ainda bem ridículo - e não menos só porque em relação à sua massa corporal, o escroto de Tanuki é proporcionalmente maior do que os escrotos de elefantes, baleias e do Grande Gigante Verde (Jolly Green Giant. Eu deixo as minúcias de tradução para minha querida tradutora. N. do T. D.). Naqueles dias seu balão testicular devia ter sido ainda mais volumoso do que é hoje, o que é difícil de imaginar já que suas bolas muito quase arrastam no chão do jeito que são, e qualquer aumento em seu volume iria certamente ter sido um impedimento para a mobilidade se, de fato, não fosse também a fonte de alguma dor. Há também a possibilidade de que Tanuki tivesse (e talvez ainda tenha) o poder de aumentar e diminuir o tamanho de seu escroto à sua vontade.
Ainda, mesmo tendo dito tudo isso, nós temos que conceder que o papel do tamanho anatômico em si na descida (ou descendência. N. do T. D.) de Tanuki não é fácil de determinar, e uma pergunta mais pertinente seria não como o texugo conseguiu usar seu magnífico saco de sementes pra paraquedear até a terra, mas: De onde ele paraquedeou? E por quê?"
(Tradução livre de Daniel Duende para a primera parte de Villa Incognito, de Tom Robbins...)
É por estas e por outras que eu sou fã de Tom Robbins, desde que li a primeira frase de Another Roadside Attraction ("The magician's underwear has just been found in a cardboard suitcase floating in a stagnant pond on the outskirts of Miami." - algo como "As roupas de baixo do mágico acabam de ser encontradas boiando dentro de uma maleta de papelão flutuando em uma lagoa nos arredores de Miami."), o primeiro livro deste escritor que é, ao mesmo tempo também, um guru zen que não pretende ser um guru zen, uma lenda viva da contra-cultura de Seattle, um dos primeiros caras a colocar fotos de negros em um jornal racista do sul dos EUA e o príncipe das frases compridas, compostas, serpenteantes, cheias de vírgulas e curvas. Ele é um mestre,
(e a frase terminada com uma vírgula é também uma homenagem a Another Roadside Attraction)
Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
quarta-feira, 26 de outubro de 2005
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