Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

segunda-feira, 6 de junho de 2005

Sanduíche de gente...
as relações entre pessoas são sanduíches... de verdades, mentiras, sentimentos, idéias, medos e... e... e coisas (do original: and... and... and stuff.).

Todos dizem falar a verdade. Alguns admitem que não a dizem o tempo todo. Outros se ofendem com a idéia de que os outros não acreditam em sua absoluta honestidade. Alguns admitem que mentem (e roubam, como o Coyote), outros apenas se eximem de discutir o assunto; apenas são. Há muita verdade e mentira nas relações humanas, pq há muita verdade e mentira (e sentimentos e idéias e... coisas) nas pessoas. Assim somos nós...

Todos dizem querer ouvir a verdade. Alguns a escutam pacificamante, insh'Alah (a origem de "oxalá" na língua portuguesa é a expressão muçulmana insh'Alah, que quer dizer "com a vontade de Alá") a compreendem. Alguns pedem a verdade e depois se revoltam com ela. Outros apenas fogem dela, ou deixam com que ela passe através deles e se fazem de desentendidos. Algum desses tipos de pessoa é parecido com você, não?

Juntando estes hábitos de falar e ouvir (ou de não falar e não ouvir) às reviravoltas rollercoasterianas (me faltou um termo melhor, e este é melhor do que "montanharrussianas", vc não acha?) do coração, às maquinações da cabeça (ambos já discutidos em outros posts meus, e em outros que virão também) e a várias outras coisas que povoam nossos universos internos e inter-nós, temos os ingredientes para nossos sanduíches relacionais.

Gostar de alguém é uma coisa muito boa, e ao mesmo tempo muito complicada. Existem muitas coisas que a gente gostaria de dizer, mas não diz pq acha que o outro não entenderia, ou não saberia lidar. Existem coisas que a gente gostaria de ouvir, mas não pode, ou não sabe como, pedir. Existem coisas que a gente gostaria de fazer mas não sabe como e coisas que a gente gostaria de fazer mas acha que não pode ou não deve. Existem os mal entendidos e os mal ditos (algumas vezes parece que o afeto nos deixa disléxicos e meio surdos) e existem todos os outros ingredientes do sanduíche. E existem o eu e o você. Sempre um eu e um você, seja lá quem for o você...

Eu e você é sempre uma coisa complicada. Dois universos com suas realidades próprias tentando se encontrar (espera-se) e suas tentativas de traduzir em palavras (sempre as palavras, mocinhas e vilãs das relações) aquilo que precisa ser tornado comum. Não é mesmo, se você pensar bem e bastante, algo que seja muito provável de funcionar. Talvez a solução seja não pensar demais, e não falar demais. Algumas coisas são melhor entendidas com olhares e convivência. O problema é que isso parece ser algo tão difícil de entender e realizar para tantos de nós...

Se não bastasse a complicação das relações um a um, há sempre a complicação da multitude tridimensional (uau duende, vc e estes seus termos... makes me horny!) de nossas relações. Estamos conectados, de um jeito ou de outro, em maior ou menor grau, a toda uma rede. Gostamos muito de uns, amamos (seja lá o que isso for... algo que ainda estou descobrindo) outros, morremos de tesão por um ou outro (ou muitos ou muitas), achamos divertidos (e apenas divertidos) uns outros tantos. Nossas redes de relações são geralmente coisas muito complicadas de entender. Levando em conta que cada uma destas relações tem todo este universo de complicações, e os cruzamentos e superposições as tornam ainda mais complicadas... uau... como é mesmo que conseguimos lidar com tudo isso, hein?


É simples. Basta não pensar demais nem falar demais. Deixa as coisas acontecerem e confia no que sente. Sempre acaba sendo uma boa idéia, embora não vá te poupar do sofrimento ou da dúvida. Mas, ainda assim, como é que podemos fugir do sofrimento e da dúvida?


Entrar em contato com as pessoas, se apaixonar por elas, vale a pena. Talvez simplesmente pq é bom, pq faz a vida ter algum sentido... pq é assim que podemos realmente nos sentir vivos.



Eu me apaixono, pq assim eu sou.
Nâo há muito a dizer sobre isso.



E você? O que tem a dizer sobre o seu viver com os outros?
Tem feito sanduíches gostosos?

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