Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sexta-feira, 24 de junho de 2005

E então eu me dou colo. Um bom livro, alguns cigarros no fumódromo, uns momentos de solitude dentro de minha bolha anti-pessoal. Sento-me como alguém que espera por um trem em uma estação, ou por alguém que está começando a entender que não há trem algum. Leio com meia atenção. A outra metade está vagueando pelos terrenos do interior de meu ser. O céu lá é pesado de nuvens prenhes.

Lendo Henry Miller me sinto encantado e incomodado. Tudo que escreve tem a sua beleza. Por vezes é uma beleza que choca e horroriza, uma anti-beleza que não significa feiura, mas é como ver o avesso de uma bela pintura. A beleza está lá, mas está sendo vista por outro lado. A beleza triste tem seu encanto. Eu o reconheço e presto minhas reverências a ele.

Mas eu não sou um poeta triste. Nâo me alistei neste exército nem me converti a esta igreja. Eu apenas tive meus tempos de tristeza. Talvez estivesse por ela apaixonado naqueles dias. Pela tristeza. Mas hoje não. Hoje eu quero as coisas belas e alegres. Reconheço o valor de toda nota triste e de todo olhar pesado. Eu mestrava sessões de vampiro onde por vezes os jogadores só queriam pensar no poder de seus personagens. Mas eu estava perseguindo a beleza do desastre e da calamidade da situação daqueles personagens. A maioria deles não entendeu. Não estão prontos para olhar cara a cara com a beleza triste, com seu sorriso de poucos e agudos dentes...

Mas eu não quero mais a beleza triste. Eu quero coisas alegres e arejadas e leves. Como tardes que se avermelham e se embaçam rumo à noite, deitado na rede ao lado de alguém que me ame. Coisas belas e leves como correr pelos campos, brincando de alguma coisa, deixando-me ser criança. Quero a beleza pura dos sorrisos sinceros e a leveza das coisas reais. Nâo quero a tristeza das noites solitárias, da fumaça dos cigarros que nubla os ambientes e corações. Eu só quero amor puro e simples e descomplicado, um sorriso mesmo que apenas de canto de boca e um canto de alegria e beleza pristina para cantar.


Sou senhor e servo da minha arte, e por ela eu vivo e caminho e respiro. Mas eu não quero mais tristeza não.



Eu só quero paz e felicidade.

Ok, eu ainda quero colo tb. :)

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