Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sexta-feira, 3 de junho de 2005

O coyote e a máscara...

"Coyote on top of the hill
ooohhh, doin' the things that coyote's will
Staring at the sky, looks at the moon
he starts to howl

Coyote up on the mountain top
blood in his jaws, the bone, he drops
Says no tame dog is ever
ever gonna take this bone"

coyote - velvet underground

Há um tempo atrás eu estava conversando com uma amiga minha sobre a importância de aceitar quem você é, do jeito que for. Estávamos falando sobre como é angustiante não aceitar coisas em você mesmo e, pior ainda, tentar ser o que não se é. Já notaram o quanto sofremos quando tentamos ser algo que não somos? O quanto nos entortamos e amputamos tentando esconder e fugir de coisas que somos? Já perceberam o quanto a gente se violenta quando tenta ser algo diferente de nós mesmos?

O problema é que não somos educados para aceitar a vida como ela é. Não sabemos deixar as coisas serem como elas são. Estamos sempre querendo fazer com que alguém goste de nós, ou tentando fazer com que nos aceitem, mesmo que para isso tenhamos que tentar ser outra pessoa. Estamos sempre tentando fazer coisas acontecerem, sejam elas naturais ou não. Não é fácil aceitar que as coisas são como são, e que só aquilo que acontece naturalmente acontece de verdade. Temos um complexo de deus birrento misturado com uma auto estima baixíssima ou falsificada. Acreditamos que podemos fazer as coisas serem como não seriam naturalmente, e que para isso precisamos ser quem não somos e fazer aquilo que não é de nosso fazer... E assim se passam nossos piores dias.

No fundo não adianta espernear. O que é que realmente conseguimos além de dor quando tentamos ser o que não somos, ou fazer coisas que nos violentam? Que conquistas, ou sucessos, reais e duradouros conseguimos quando não somos nós mesmos? Qual é o preço para se conseguir tão pouco?

Vale a pena tentar?
É um caminho curto para morrer por dentro...

Por essas e por outras que eu digo que é melhor ser você mesmo, seja você quem for, e tentar ser alguém melhor sim, mas sendo sempre você mesmo. No fim das contas quem é que diz o que é que temos ou não o direito de ser? A liberdade verdadeira vem do momento em que você se liberta de tudo e de todos que tentam te dizer o que você pode ou não ser e fazer (inclusive de você mesmo).
Não vale a pena, no fim das contas, viver de outro jeito.

Quem discordar que me jogue a primeira máscara...

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