Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

Ridículo!
Alguns pensamentos ridículos sobre ser ridículo, saber que se é ridículo, aceitar que todos somos ridículos... e dar umas boas risadas disso.

Perdi a conta das vezes em que ia dizer, escrever, fazer, mostrar algo a alguém e me refreei no último momento. Em minha cabeça work-a-holic, o ato reprimido, amarrado sem chance de defesa pelo pensamento esquisito de que "isso é ridículo demais... não faça isso". Ao mesmo tempo, entre outras tantas coisas igualmente ridículas que este pensamento vigilante não me impediu (ainda bem) de fazer, está uma frase de autoria desta mesma cabeça que diz "a condição natural do ser humano é o ridículo. patético é quem tenta não ser, sábio é que aprende a rir disso...".
Que ridícilo (ou melhor, patético) sou eu, autor e espalhador desta frase, tentando não ser ridículo. É algo que me identifica mais ainda com os outros seres humanos... não é?

Agora mesmo, enquanto escrevo este texto, me pego pensando que ele está mal escrito, que é uma débil tentativa de mostrar vida inteligente (para quem, cara pálida? para mim mesmo ou para as pessoas à minha volta?) e habilidade com as palavras. A autocrítica é uma das coisas mais ridículas que aninhamos dentro de nosso ser...
Ruim com ela. Pior sem ela?

Ponho-me então a pensar no quanto é normal toda esta autocrítica insegura. Quantas pessoas além de mim também não passam por estes mesmos ridículos tão humanos de contradizer em atos e pensamentos aquilo que fala, quantas pessoas não apagam frases, parágrafos, textos inteiros por achar que são ridículos demais para os olhos do mundo.... e para os seus próprios. Quantas pessoas, além de mim, não se pegam tentando fazer alguma coisa não ridícula... como se precisassem ser aceitos... como se precisassem fazer bonito... como se precisassem ser a graciosa cereja do pudim social no qual habitam...
como se fosse possivel, e tivesse enfim alguma graça, não ser ridículo.

Todos nós somos ridículos. Isso nos identifica, nos dá boas chances para a interação. Isso nos permite dar umas boas risadas de nós mesmos e dos outros. Isso é bom...
Ponto para quem inventou tudo isso aqui nesse universo. É um ser com senso de humor e uma boa dose de sabedoria gonzo.
"Os deuses tem um gosto pela comédia pastelão", dizia Tom Robbins em "Ferozes e Inválidos de volta dos Trópicos". Um livro que me fez dar boas risadas, por que é maravilhoso e ridículo (e maravilhoso EM ser ridículo).

Somos os palhaços dos deuses.
Por que não sermos nossos próprios palhaços então?


Rir é bom. Faz parte daquilo que chamamos ser feliz.
E se permitir ser quem vc é também é parte deste pacote brilhante e tão esperado.

Vamos nos fazer um bem? Vamos nos deixar ser ridículos, nos permitir fazer aquilo que nos dá vontade de fazer...
E vamos parar de julgar tanto aos outros, e principalmente a nós mesmos?


Fica combinado assim.
E assim vamos dar umas boas risadas.




Este é um texto ridículo que eu tive prazer em escrever :)



P.S. não, eu não cortei o cabelo. as fotos deste post são antigas... bem antigas... de tempos também ridículos e felizes.

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