O GENÉRICO DO AMOR
-- de CarolinA "é com A e não com E" Paganine
– Este par de sapatos é filho de uma desilusão amorosa – Carina certa vez ouviu de Angélica. Nada mais corriqueiro. Se não se pode obter uma coisa, adquire-se outra. De alguma forma misteriosa e bizarra, os sapatos novos de Angélica preencheram a lacuna da Desilusão Amorosa.
“Compreensível”, pensou Carina. Até mesmo porque o Homem, agora também conhecido como o Homem-sexo-fácil, com um toque genérico de amor, passou hoje em sua frente e ela nada pôde fazer. Exatamente, nada pôde fazer. Mas o que é que se faz quando uma inesperada possibilidade de trepada boa, com um toque genérico de amor, surge bem à sua frente? Se Carina fosse mais decidida, ou quem sabe mais desesperada, logo gritaria o nome dele. Entretanto, apesar de impulsiva, o vislumbre de uma sombra de amor a paralisou.
E aqui se explica o que é genérico de amor: é o sexo tão gostoso, mas tão gostoso, e tão íntimo que aparece, e apenas parece, que é amor. A sensação é tão real que confunde as mentes fracas, muitas mulheres, e muitos homens também, acabam se enganando sobre os próprios sentimentos e sobre os sentimentos de seu/sua amante.
Mas o Homem não vai ligar para Carina no dia seguinte. Nem vai querer chamá-la para ir ao cinema. É uma questão de intervalos e acasos. Quando Carina e o Homem se encontrarem de novo, pode ser que o sexo com toque genérico de amor não passe desapercebido. E quem pode dizer que isso não é amor?
Havaianas, remédios, Cds, Dvds, bolsas Louis Viton, relógios Rolex, jogos e programas de computador, cartazes de quadros famosos, calças Zoomp, óculos Rai-Ban, cremes hidratantes, cigarros, eletrônicos e guarda-chuvas. Hoje em dia existe cópia e pirataria para tudo. Até para o amor. É uma vida de genéricos, onde o amor é só mais uma categoria. Cuidado com o amor pirata, contrabandeado, paraguaio, made in Taiwan. Aquele amor que chega em uma noite escura no cais do porto, que é transportado em porões de aviões que cruzam os oceanos – clandestinamente – e que se esconde dentro de um vagão de trem vindo da Colômbia. Cuidado.
-=-
Pinçado entre outros contos muito bons,
ESTE é o que diz tudo!
Cuidado com as imitações!
Há imitações demais por aí nestes dias...
Prefira o que é real... se realmente existir algo real
(e alguém souber a diferença). :)
UPDATE:
Depois de reclamar que, misteriosamente, meu mecanismo de comentários não a deixa postar, Kelu Paganine pediu encarecidamente que eu deixasse aqui registrado seu comentário:
"Fiquei lisonjeada agora e levemente sem graça...
Beijos da Carolina "é com A e não com E" Paganine [que por sinal é com E e não com I]"
Bem... é isso.
Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
sábado, 15 de janeiro de 2005
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