Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

O último quadro
Morreu ontem, com 87 anos, um dos maiores mestres da arte sequencial... Will Eisner agora é, definitivamente, ficção para nossos sentidos.

"Nascido em Nova York em 1917, Eisner começou sua carreira durante a Era de Ouro dos quadrinhos norte-americanos. Depois de fazer diversas tiras (como as de Sheena, a Rainha da Selva), criou, em 1940, as histórias de Spirit, sua maior contribuição aos comics da época. Com estilo noir, as aventuras do detetive mascarado, repletas de mulheres fatais e gângsteres, são inovadoras do ponto de vista narrativo e do uso da seqüencialidade dos quadrinhos.

Já consagrado mundialmente como um dos principais artistas da nona arte (ao lado de seus contemporâneos Alex Raymond, Burne Hogarth, Hal Foster, Milton Caniff e Al Capp), Eisner renovou a arte seqüencial, no final da década de 1970, com a criação do romance gráfico Um contrato com Deus, obra que levou às prateleiras das livrarias as modernas publicações de quadrinhos.

Nas décadas de 1980 e 1990, além de vários romances gráficos (a exemplo de O edifício, Um sinal do espaço, O último dia no Vietnã, O nome do jogo, entre outros), Eisner também elaborou reflexões teóricas a respeito das Histórias em Quadrinhos, em dois livros, Quadrinhos e arte seqüencial e Graphic storytelling & visual narrative (este ainda inédito no Brasil). O artista publicou, ainda, um livro de entrevistas que realizou com os melhores quadrinhistas americanos, como Jack Kirby e Neal Adams.

Porém, mesmo com toda a glória alcançada, Eisner ? que empresta seu nome ao maior prêmio dado aos destaques dos quadrinhos nos Estados Unidos ? até o fim continuava a produzir álbuns de narrativas seqüenciais, adaptando à linguagem das HQs histórias provenientes da literatura (em O último cavaleiro andante, baseou-se no Dom Quixote de Cervantes, e no álbum A baleia branca, partiu do romance Moby Dick, escrito por Herman Melville) e de lendas (como A princesa e o sapo).

Seu último trabalho é a HQ The plot, que mostrará a farsa dos Protocolos dos Sábios do Sião, conspiração forjada na Rússia no início do século passado para culpar os Judeus pelos males do país. A edição será publicada ainda em 2005 pela editora norte-americana W.W.Norton. Além disso, também será publicada este ano uma autobiografia pela Dark Horse Comics, Will Eisner: A Spirited Life.

Não haverá funeral para o mestre. Eisner sempre manifestou-se contrário à prática. Ele será enterrado ao lado de sua filha, Alice, que morreu em 1969. O artista deixa sua esposa, Ann, seu filho John e milhares de leitores e fãs, que em algum momento de suas vidas foram cativados pelo sensível trabalho desse excepcional - e imortal - criador."
(biografia de Will Eisner é um copyleft de "Morre Will Eisner" na omelete.com.br.)


É fútil discutir se Will Eisner era o melhor, um dos melhores, único, ou apenas um dos grandes. Estas são sempres palavras inúteis a se dizer sobre alguém. Quem leu (e viu)a obra de Eisner sabe seu tamanho, medida e o que ele fez pelo mundo da arte sequencial. Quem não sabe, não sabe o que está perdendo... não sabe o que o mundo da arte sequencial perdeu. Mas todos somos ignorantes em alguma coisa.

Toda história chega a um fim.
E Eisner sempre criou alguns dos melhores finais.
Siga em paz velho Will. Seu espirito anda conosco.

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