Morre o velho palhaço brasileiro.
Longa vida ao palhaço.

"A essência do Clown, do Palhaço, é representar de forma satírica tudo que é estranho, esquerdo, bizarro em nosso mundo e convívio. O palhaço traz ecos das divindades trapaceiras européias, ecos do uivo troceiro do Coyote ameríndio e dos Exus e Hanumans da antiguidade. A cristianização trouxe um palhaço inócuo, distanciado de sua essência original. Mesmo assim, não há igreja que possa roubar o palhaço de seu encanto de quebra do padrão e de suave terror mesclado com riso...

... Carequinha fez do ofício do palhaço, não o palhaço de outrora, mas o palhaço de agora, a sua arte. Não foi como Hanuman ou Exú, não tinha ecos de Loki ou de Coyote. Carequinha era palhaço brasileiro, bom e correto. E no remix do guerreiro com o palhaço traçou seu rumo e firmou sua lona. Seu picadeiro é de herói social, seu disfarce é a tinta de palhaço. Eu não sei bem o que era o Carequinha, mas sei que foi uma perda que as tintas e as brincadeiras não vão esconder.

Que falta de graça. Palhaços não deviam morrer... eles deveriam ser como os Deuses."


Uma homenagem ao Carequinha.