Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

domingo, 13 de março de 2005

Uma fábula quase nonsense...
por daniel duende

Certa vez um sábio sentou-se sobre uma montanha, sob o sol, alheio ao mundo lá embaixo e a seus pensamentos, e pôs-se a meditar. Suas vestes monásticas cor de açafrão (e de papinha de bebê, dependendo da cultura da qual você veio) brilhavam à luz do impiedoso sol.

Por meio de sua meditação ele buscava encontrar a essência de tudo, a natureza por trás da natureza, o elo que conectava todas as coisas. Sua busca foi interrompida por um dragão que por alí passava.

- "diga o que faz aí, mortal" disse o dragão.
- "medito em busca da essência de tudo" disse o sábio, tentando abandonar a irritação por ter sido interrompido.
- "a essência de tudo é a vontade, homem."
- "se a essência de tudo é a vontade, um homem sem vontades não tem essência?" perguntou o sábio de vestes cor-de-burro-quando-foge.
- "mostre-me um homem sem vontades" zombou a grande criatura verde.
- "quando medito não tenho vontade alguma" respondeu o sábio com o sorriso.
Como o dragão apenas o fitava com um sorriso, completou:
- "sou então um homem sem essência ou estou em busca de uma essência que está abaixo desta que você me aponta?"
- "eu vou te mostrar a verdade de minhas palavras" disse o dragão, ainda sorrindo.
- "como?" perguntou, desafiador, o sábio.

E então o dragão comeu o sábio e foi embora.

Ele estava com vontade de comer alguma coisa...


Não pensem demais. :)

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