Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sábado, 19 de março de 2005

O inverso da perfeição
Quando tudo foge dos planos e nada acontece como planejado, é uma grande chance para a vida mostrar o quanto pode ser surpreendentemente foda.

Eu sou um cara que tem lá suas particularidades. Escrevo meus contos e poesias, como muitos outros também fazem, mas os meus contos e poesias são os meus contos e poesias. Eles são particulares e falam sobre meu mundo. Vivo, de fato, com um pé em um mundo todo meu que poucas pessoas entendem, e menos pessoas ainda podem adentrar. Eu acredito em sinais e presságios, nos espíritos dos lugares e das coisas. Creio em tantos deuses que nem sei ao certo o nome de todos eles... mas eles estão lá.
As coisas que faço nem sempre são bem planejadas. De fato a minha vida é uma sucessão de fugas de planos maravilhosas e desastrosas. A sorte é minha amiga e acho que aprendi a ver o valor das surpresas. Enfim, eu sou eu. Mas não é sobre isso que eu queria falar neste post.

Este é um post sobre um Sarau que quase não foi um sarau, ou que talvez tenha sido mais sarau do que muitos outros saraus juntos. Este é um post sobre a beleza emergindo do Caos.

A maioria dos planos para o Sarau dos Imaginários deram errado. A maioria dos convidados não apareceu, por motivos que pouco me interessam. O fato é que a meu ver fizeram pouca ou nenhuma falta. Descobri muito rápido que todas as pessoas que deveriam estar lá, estavam. E a parte que tomaram em nossa dança imaginária foi simplesmente encantadora. O encanto da surpresa que é as coisas tomarem seus rumos após fugirem dos planos. Saraus como aquele me fazem pensar que os planos são apenas uma impostura que fazemos para não ter que olhar para o fato de que tudo acaba acontecendo do jeito que quer acontecer, e não como queremos que aconteça. Melhor assim.

Não havia tanto material para se criar, mas o que se criou do ar e do parco material que se tinha foi além do que se poderia imaginar. Cantamos, mesmo sem acompanhamento adequado. Recitamos, mesmo que a maioria de nós não tivesse preparado nada para este fim. Contamos histórias, rimos, nos aproximamos, nos batemos e nos abraçamos. Foi um festejo de amor ao fazer arte e ao fazer contato. Quebramos a cara e nossa vaidade em achar que podíamos fazer acontecer. Mas aconteceu mesmo assim, por debaixo de nossos narizes. O que se construiu foram laços e elos, momentos e idéias, que não surgiriam se tudo tivesse seguido os planos. Foi, enfim, nada do que planejamos, e muito mais do que poderíamos esperar. Foi o Sarau dos Imaginários como ele deve ser, e não como achávamos que deveria ser. E eu fui dormir dopado de vinho e felicidade.

Tudo que posso dizer à vida, e todos que também estavam lá, é obrigado.

Obrigado DP (por tudo) , Kélu (por tudo), Artur (por tudo também, por que não?), Peixa (por ser a Peixa), Lena-coisa-azul (por ser azul, tirar fotos, e adicionar tanto mesmo sem fazer nada), Uirá (por não calar a boca quando não devia mesmo calar a boca. pq deveria?)...

Obrigado Nanath pelo comparecimento adiantado para o segundo sarau. ;)

Eu já falei Obrigado DP e Kélu? Bem... queria apenas frisar. :)


Com amor,
Duende.

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