Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

domingo, 19 de setembro de 2004

Pensando sobre o Xemelê

1. Xemelê
Corruptela de XML (Extensive Markup Language) surgida no Metá:Fora, para determinar a equação entre a pluralidade de perspectivas e a utilização de uma linguagem compreensível por todos. A criação coletiva e o nível de conversação dependem profundamente dos agitadores, aquelas pessoas que têm maior interesse por um tópico específico ou que trazem sempre novos assuntos ou perspectivas para as discussões em curso. Entretanto, se a conversa fica restrita a somente alguns "especialistas" de determinada área, logo os que não têm background naquela área desinteressam-se. Limitando a conversa à perspectivas comuns, qualidade criativa das conversas cai abruptamente. É o momento de agirem os facilitadores, aqueles que têm um grau de interesse menos aprofundado e mais generalista. Não se confunda o papel do facilitador com o típico moderador de uma comunidade de prática, aquele pedaço de plasma que corta as discussões antes que aconteçam em nome de uma hipotética harmonia entre os integrantes, tentando ser imparcial e justo, mas resultando em conversas superficiais e inúteis. Aliás, a crença na necessidade de moderadores "peacemakers" é o que evita que muitas comunidades cheguem a produzir alguma coisa. Em um papo sobre o Metá.Fora, desenhamos no ano passado um processo de criação coletiva que começava pelo Xemelê, a caotização das conversações mantendo uma linguagem compreensível sob várias perspectivas, e passava à catalisação.

2. Catalisação
Os ambientes de produção coletiva frequentemente contam com uma acelerada troca de informações, muitas vezes em um volume difícil de ser acompanhando. No meio do caos de referências e conexões, começam a surgir padrões, agregados em torno de algumas pessoas. São o que no Metá:Fora chamávamos de brokers, ou catalisadores. Não são necessariamente os responsáveis pela produção propriamente dita, mas são pessoas que condensam as atenções em determinados assuntos e conseguem criar micro-dinâmicas de interação voltadas à produção.

3. Feedback
Considerando que em projetos abertos e livres as pessoas não colaboram por obrigação, é razoável manter um bom nível de feedback, evitando que novas idéias percam-se no vácuo, frustrando os colaboradores. Sempre bom lembrar que a criatividade coletiva tem muitas vezes efeito dominó, uma pequena idéia criativa de pequeno alcance pode desencadear um processo violento de inovação.

(extraído da documentação do caso do Liganóis, escrita pelo quase-suave-punk felipefonseca)

Toda conversa que faz sentido começa por suas considerações iniciais...
ou não.

P.S. Vale a pena também dar uma lida nos "12 Princípios da Colaboração" (12 Principles of Collaboration), também sugerido pelo ff nas discussões conceituais sobre o Xemelê.

P.P.S. Mas afinal o que é Xemelê? Nós também estamos descobrindo. Vai juntando os pedaços e você nos alcança...

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