Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

terça-feira, 28 de setembro de 2004

Carta Aberta de Niéde Guidon aos Cientistas e Homens do Futuro
Um lindo aviso a respeito do que ainda pode não acontecer. E não é que ela usa mesmo termos bem semelhantes aos do bolo'bolo (como disse o caríssimo colega Bicarato)?

esta imagem também foi roubada do blog do Bicarato."Destruíram, meu caro colega, a beleza do mundo, o prazer da vida. As primeiras sociedades humanas, pouco numerosas, eram solidárias. A generosidade da natureza podia manter todos saudáveis.
A competição é a regra da vida, e todos os Homens, mesmo sem ter consciência, odeiam seus semelhantes, potenciais competidores. E a eles atribuem a culpa de não poderem viver melhor.
E o que aconteceu com o Homem? É isso que está querendo saber agora, meu caro colega? Infelizmente, não poderei lhe responder a essa pergunta. Parti há muito. Mas tenho algumas curiosidades a respeito do seu tempo.
Me diga: o Sol que o aquece agora é o mesmo que vejo brilhar lá fora, ou ele foi substituído por algo artificial? As geleiras dos Pólos degelaram e invadiram territórios hoje ocupados por populações costeiras?
O que restou da camada de ozônio? Ela ainda existe? E a Floresta Amazônica, o que foi feito dela? Esvaiu-se em fogo e fumaça? A caatinga sobreviveu? Ou você nunca ouviu falar sobre ela?
Você já ouviu falar em macaco-prego? Já ouviu falar em veados-galheiros, vaga-lumes, bem-te-vis? Em tamanduás? Em tatus, araras azuis e vermelhas, sapos, morcegos, onças, cobras, beija-flores, sabiás?
Já conjugou o verbo sonhar, sorrir, acreditar? E as mentes? Conseguiram eles, por fim, dominar todas as mentes?
Nesse instante, caro colega do futuro, estendo o meu olhar pelo vastidão do que ainda é um pedaço do paraíso ? um pedaço do paraíso chamado Serra da Capivara ?, que Poderes nada ocultos insistem em ignorar, em destruir, e entrego-lhe este texto para que continue a contar como prosseguiu a nossa história, a história de todos nós.
Uma história que, por séculos e séculos, tem sido de amargura, aflição e terror."

Niéde Guidon


(transcrito do Alfarrábio do Bicarato, que por sua vez transcreveu o texto do Wumanity da Rô. Viva a blogosfera.br)

Nenhum comentário: