Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sábado, 13 de março de 2004

Ele abriu os olhos e fitou o teto escuro, as roupas pelo chão de seu quarto, o computador desligado. Levou quase um segundo para sentir a dor, e alguns minutos desorientados para perceber de onde ela vinha. Respirava em golfadas curtas e tentava entender o que estava errado, de onde vinha aquilo. Seu peito estava tão enormemente vazio e ele sentia-se tão sozinho. Fitou a parede como quem busca algo no que segurar-se, olhou para o teto, para o tripé de sua máquina que estava ao alcance da mão... fitou as próprias mãos e tentou manter a calma. A dor era quase física. Ele não sabia por que, mas nunca sentira-se tão sozinho... e esta solidão doía mais do que poderia aguentar. Ele não sabe se tem algo haver com a noite passada, que tornou-se a manhã pasada também... ele não sabia dizer se era a bebida perdendo seu efeito... ou se era falta de alguem que nunca teve...

O celular toca e o desperta. Uma mensagem de texto. Ele a lê, e então fica apenas fitando as pequenas letras borrarem-se frente a seus olhos que perdiam o foco. Ele sente-se pior...

POR QUE ele sentia-se assim?
POR QUE estava fazendo isso com ele?

Então ele se virou para o lado e chorou. Mas como chorar nunca adiantou, não demorou a se levantar e ligar seu computador. Ele encontrou palavras de veludo em mãos que antes traziam pedras, e isso foi irônico. Ele quase sorriu, entre um cigarro e outro que acendia...

O amor não é assim...
e ele está cansado de se agredir em nome de sua gula.

por que?

Então Ninfig, providencial, me socorre...
"é uma sensação de perda, mas não é uma perda do outro, por que não há um outro para se perder... você se violentou... e sente falta de si mesmo. o vazio que vc sente é pq você perdeu um pouco a si mesmo..."
ela tem razão.

o amor (defintivamente) não é assim...
preciso de um remédio...
onde está minha apotecarista?

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