As Janelas
no meu fotolog novo.
Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.
sexta-feira, 30 de abril de 2004
quinta-feira, 29 de abril de 2004
Monopólio?
Um trecho do texto de Joaquim Falcão, Diretor da Fundação Getúlio Vargas e professor de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explicando a ação do STJ em considerar inconstitucional a lei gaúcha que determinava a preferência do governo estadual por softwares livres nas licitações.
"... O Congresso americano se reuniu recentemente para investigar se Microsoft era realmente um monopólio. Os melhores juristas, cientistas e economistas foram convocados. O melhor argumento, porém, não veio deles. Veio do pedido de um depoente na sala de audiências. ‘‘Senhores congressistas, permitam-me pedir-lhes um favor. Aqueles que usam Word e Windows levantem a mão!’’ Todos levantaram. Ele exclamou: ‘‘This is monopoly!’’ E mais não disse.
Por favor, leitor: seja você juiz, advogado, legislador ou jornalista, levante a mão se você usou o Microsoft Word esta semana!"
Precisa dizer mais?
É monopólio ou não é?
A liberação (das drogas) pode amenizar o que a guerra (a elas) piora
Cora Rónai escreve sobre a dificuldade de se largar um vício, qualquer vício,
e sobre a droga que é a guerra às drogas (e pensa em liberar o que não se pode proibir)
(os parênteses são, DEFINITIVAMENTE, deste blogueiro)
Aqui vai um trecho do texto:
"...Para mim, o único meio de se resolver o problema das drogas é fazendo com que elas deixem de ser um problema — pelo menos, um problema de polícia. Em outras palavras, liberando o seu consumo, e tirando a distribuição das mãos do crime organizado.
É lógico que quando falo em consumo livre não estou falando num sentido consumista. Ninguém que propõe a liberação das drogas com um mínimo de seriedade é louco de sugerir a distribuição descontrolada, com marcas chiques, gente sarada fazendo propaganda em outdoors e merchandising na novela das oito. A liberação das drogas deve ser uma liberação sem charme, hype , néon ou embalagens vistosas.
Sei que esta é uma idéia radical, malvista por boa parte da sociedade; também sei que contraria interesses e levanta questões — inclusive diplomáticas — de uma complexidade indescritível. Mas acho que deve, pelo menos, ser discutida. Será que a distribuição legal de drogas, controlada pelo Estado, seria tão pior do que a atual distribuição ilegal, controlada pelo tráfico?"
(leia aqui o texto na íntegra no blog da Cora)
Este texto foi publicado hoje, no O Globo, Segundo Caderno.
Quando o li não pude deixar de lembrar de um livro que está aqui na minha estante (mas que confesso nunca ter lido) e que foi escrito pelo Juiz James P. Gray (na época, recêm aposentado juiz da suprema corte norte-americana, um país onde os juízes adicionam o título "Juiz", e usando a primeira letra maiúscula, antes de seus nomes...) e chamado "Why our drug laws have failed and What we can do about it" (Porque nossas leis sobre drogas falharam e o que podemos fazer a respeito disso).
Meu irmão, que diz (e eu acredito) ter lido o livro, disse que o juiz chega à mesma conclusão: de que a guerra contra as drogas está já agora (e já em 2001, quando o livro foi editado) perdida, e que nos resta aprender a conviver com a existência delas. Não como vitimas de uma guerra perdida, mas como sociedade que busca a se adaptar a uma questão real e multifacetada da atualidade, como há tantas outras por aí em nosso dia a dia.
Estamos precisando de mais gente sensata e corajosa, como a Cora e como o Juiz Gray, que não fique repetindo discursos medrosos anti-drogas e que olhe para a questão de frente: Estas substâncias existem e são usadas, e usadas por todos desde o mais pobre até o mais rico, por algum motivo. Nada (nem mesmo toda a polícia do país) pode impedir alguém de comprá-las e usá-las. Resta então entendê-las, conviver com elas e buscar um meio de lidar com aqueles que as tem como um problema em suas vidas.
Estou admirado com a coragem da amiga (e mentora) blogueira...
Vai fundo, Cora! :)
UPDATE 1 - 29/04 09:23am
Já pararam para pensar que talvez os maiores interessados na proibição das drogas sejam os próprios mega traficantes (não os gerentes que conhecemos, mas os grandes negociantes por trás deles)? Certamente eles tem poder para mexer um pauzinho aqui e outro alí e manter a guerra indo. É bom para a indústria bélica, é bom para os negócios do tráfico (e do tráfico de armas) e é bom para o governo Norte Americano (que deita e rola no papel de xerife do mundo).
Pensem nisso...
Common Content
Por que depois de todo o discurso, é bom ver a prática.
Depois de se informar sobre o Creative Commons, registrar seu trabalho ou simplesmente ler a minha e outras blogadas a respeito, vale a pena dar uma olhada nos trabalhos que já estão cadastrados no Common Content, um catálogo aberto das obras e conteúdos licenciados pelo Creative Commons.
A partes de Imagens e de Filmes são particularmente interessantes.
O Alriada Express já está cadastrado lá.
Creative Commons
A criação de todos aberta à criatividade de todos.
Tudo começou quando alguns artistas começaram a, mais do que adimirar o trabalho de alguns de seus pares, pensar em usar pedaços ou conceitos destes para realizar sua própria arte. Logo estes artistas esbarraram nas muralhas do Copyright. (assista o vídeo sobre o Creative Commons, em inglês)
Nos Estados Unidos da América, por determinação legal, toda obra intelectual ou artística tem seus direitos totais restritos a seu criador no exato momento de sua criação. Isto é muito útil enquanto dispositivo de defesa da autoria destas obras, mas restringe enormemente o intercâmbio e a colaboração entre artistas. Principalmente entre artistas famosos e seus admiradores (e potenciais colaboradores/remixadores) anônimos. Alguma coisa precisava ser feita a este respeito.
Surgiu então o Creative Commons, uma iniciativa ideológica e legal voltada para "expandir a gama de trabalho criativo disponível a ser trabalhado e compartilhado". Partindo desta premissa o Creative Commons pesquisou as leis e lançou novos termos de licenciamento nos quais o criador tem a oportunidade de liberar "alguns ou todos" os direitos de cópia para que sua obra possa ser utilizada parcial ou totalmente por outros criadores em seu trabalho. A idéia simples provocou uma explosão criativa.
Hoje há mais de um milhão de obras cadastradas sob licenças Creative Commons e nosso popular Ministro da Cultura, Gilberto Gil, tomou nas mãos esta bandeira no Brasil. Gil, seguido em breve por muitos outros, disponibilizou suas obras na internet para sampleamento e remixagem e enquanto ministro, com a acessoria da Fundação Getúlio Vargas, tomou uma série de iniciativas no sentido de popularizar a busca de formas alternativas de tratamento dos direitos autorais. (leia mais sobre o projeto no Brasil)
Ontem foi realizado o coquetel de lançamento oficial do Creative Commons no Brasil. Meu irmão estava lá e conta melhor em seu blog como foi a história toda. O Creative Commons ainda vai dar muito o que falar. Desde hoje o Alriada Express já está registrado sob uma licença da Creative Commons (como você pode notar se olhar lá no final da barra à esquerda do blog).
O que você pode fazer a respeito? Informe-se sobre o Creative Commons. Se você é artista ou produtor intelectual, adote esta idéia. Se você é um blogueiro como eu, cadastre seu blog no Creative Commons (enquanto o site brasileiro não chega).Vamos levar em frente esta bandeira...
Tudo aquilo que digo são minhas palavras, mas minhas palavras não teriam motivo de ser se não tivesse alguém para ouví-las e talvez para utilizá-las a seu modo em outra situação. A natureza humana é Creative Commons, por que nossa produção intelectual deveria ser diferente?
UPDATE 1, 29/04 às 07:45am
Para quem é membro do Orkut vale a pena dar uma olhada nas duas comunidades a respeito do Creative Commons (a mais antiga e animada e a outra, mais nova). Existe uma discussão interessante sobre licenças CC e obras editoriais na primeira comunidade.
P.S. Este post terá alguns updates ao longo do dia, acredito...
quarta-feira, 28 de abril de 2004
Festa Risco Biológico
Rafa Echelon disse em seu fotolog:
"...Então, a festa "risco biológico" vai ser numa casa no Lago Sul, e o som que vai rolar vai ser esquema "festa de formatura": rock/pop/forró/techno pra fazer o povo dançar e, principalmente, se divertir.
Lembrando que é pra ajudar na minha formatura, e que os ingressos estão quase esgotados!!"
E eu acho que essa festa vai ser boa.
Eu vou...
P.S. Ele só esqueceu de dizer que a festa é na sexta feira agora, e que os ingressos estão a 5 reais. :)
"o tempo acaba com tudo.
o tempo, assim como as areias do deserto, é algo que quando vc olha parece infimo, pequeno.
mas quando vc observa sua ação ao longo dos anos, vc percebe que ele é o último Deus terreno.
Como as areias do deserto levadas pelo vento, o tempo esculpe, molda e termina por tornar tudo pó... e parte dele mesmo, como lembrança.
como as pedras do deserto viram areia."
Filosofia de MSN...
Amores mal resolvidos
por Arnaldo Jabor.
(enviado pela Yanni)
"Olhe para um lugar onde tenha muita gente: uma praia num domingo de 40º,
uma estação de metrô, a rua principal do centro da cidade.
Metade deste povaréu sofre de Dor de Cotovelo. Alguns trazem dores
recentes, outros trazem uma
dor de estimação, mas o certo é que grande parte desses rostos anônimos tem
um Amor Mal Resolvido, uma paixão que não se evaporou completamente, mesmo
que já estejam em outra relação.
Por que isso acontece? Tenho uma teoria, ainda que eu seja tudo, acho que
as pessoas não gastam seu amor. Isso mesmo. Os amores que ficam nos
assombrando não foram amores consumidos até o fim. Você sabe, o
amor óóóó...acaba. É mentira dizer que não. Uns acabam cedo, outros levam
10 ou 20 anos para terminar, talvez até mais. Mas um dia acaba e se
transforma em outra coisa: lembranças, amizade, parceira, parentesco,
e essa transição não é dolorida se o amor for devorado até o fim.
Dor de Cotovelo é quando o amor é interrompido antes que se esgote. O amor
tem que ser vivenciado. Platonismo funciona em novela, mas na vida real
demanda muita energia sem falar do tempo que ninguém tem para esperar. E
tem que ser vivido em sua totalidade.
É preciso passar por todas as 7 etapas:
1.Atração
2.Paixão
3. Amor
4. Convivência
5. Amizade
6. Tédio
7. Fim.
Como já foi dito, este trajeto do amor pode ser percorrido em algumas
semanas ou durar muitos anos, mas é importante que transcorra de ponta a
ponta, senão sobra lugar para fantasias, idealizações, enfim, tudo
aquilo que nos empaca a vida e nos impede de estarmos abertos para novos
amores. Se o amor foi interrompido sem ter atingido o fundo do pote,
ficamos imaginando as múltiplas possibilidades de continuidade, tudo o que
a gente poderia ter dito e não disse, feito e não fez.
Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos,
passe por tudo que tiver que passar, não se economize.
Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o
amargo do fim, mas não saia da
história na metade.
Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo.
Isso é que libera a gente para Ser Feliz. Novamente ."
Eu não costumo gostar do que o Jabor escreve, principalmente quando ele se afasta da política. Mas, desta vez, eu tenho que tirar o chapéu (ou seria o gorro) para ele. A mensagem do texto é direta e simples: Só termina quando acaba.Se ternima antes de acabar, a gente tende a ficar pendurado.
E é isso...
Propaganda gratuita pro pessoal da chapação...
Essa eu achei no Orkut, e passo em frente aqui.
A quem interessar possa...
"A Válvula Discos, primeiro selo nacional voltado exclusivamente para stoner/garage/rock'n'roll está distribuindo no Brasil dois títulos Argentinos de Stoner Rock,
que foram listados como dois dos melhores discos de 2003 pelo site www.stonerrock.com.
Os títulos são: Buffalo - Temporada de Hurracanes e Dragonauta - Luciferatu e podem ser adquiridos por R$18,00 + Frete cada um.
Compras: valvula@superig.com.br
Info: www.planetastoner.com
Reviews: www.stonerrock.com
Ps. Para o segundo semestre de 2004, a Válvula Discos estará lançando, em parceria com o selo argentino
Dias de Garage, a primeira coletânea sulamericana de Stoner Rock, com bandas como Walverdes, Los Natas,
Sonic Volt, Dragonauta, Mechanics, Buffalo, Billy Goat e muito mais."
Bem, tá feita a propaganda.
E não é que ainda existe um link pro Alriada lá no blog Delinquente do Ari Almeida? Além do link, ainda tem um comentário aborrecido dizendo que eu nunca fiz contato...
("...Daniel Duende nunca entrou em contato, mas curto pra cacete seu blog.", ou coisa do genero)
Estou até me sentindo um seboso agora.
Ari, bom terrorismo pra vc, homem!
Ceinwyn e Derfel...
"Olhei para a grande porta do salão no momento em que Ceinwyn apareceu e, um instante antes que os aplausos se iniciassem no salão, houve um ofegar perplexo. Nem todo o ouro da Britânia, nem todas as rainhas da antiguidade poderiam ter suplantado Ceinwyn. Nem precisei olhar para Guinevere a fim de saber que ela fora totalmente derrotada naquela noite de beleza.
Essa, eu sabia, era a quarta festa de noivado de Ceinwyn. Ela viera aqui uma vez para Artur, mas ele rompeu o juramento sob o feitiço do amor de Guinevere, e depois Ceinwyn ficara noiva de um príncipe da distante Rheged, mas ele morrera de febre antes que os dois pudessem se casar; depois, não fazia muito tempo, tinha carregado o cabresto do noivado para Gundleus de Silúria, mas ele morrera gritando sob as mãos cruéis de Nimue, e agora, pela quarta vez, Ceinwyn levava o cabresto para um homem. Lancelot lhe dera um monte de ouro, mas o costume exigia que ela desse o presente comum de um cabresto de boi como símbolo de que, a partir desse dia, iria se submeter à sua autoridade.
Lancelot se levantou quando ela entrou, e o meio sorriso se espalhou num ar de alegria, e não era de se espantar, porque a beleza dela era ofuscante. Nos outros noivados, como cabia a uma princesa, Ceinwyn viera com jóias e prata, ouro e atavios, mas nesta noite usava apenas um vestido branco, tendo como cinto um cortão azul claro que pendia na saia simples do vestido, terminando numa franja. Nenhuma prata prendia seu cabelo, nenhum ouro aparecia em sua garganta, não usava nenhuma jóia preciosa, só o vestido de linho e, no cabelo louro claro, uma delicada grinalda azul feita das últimas violetas do verão. Não mostrava qualquer sinal de realeza nem qualquer símbolo de riqueza, simplesmente viera ao salão vestida com a simplicidade de uma campônia, e isso era um triunfo. Não era de se espantar que os homens estivessem boquiabertos, e nao era de se espantar que aplaudissem enquanto ela andava devagar e tímida entre os convidados. Cuneglas chorava de felicidade, Artur puxou os aplausos, Lancelot alisou o cabelo oleado e sua mãe demonstrou aprovação. Por um momento, o rosto de Guinevere ficou ilegível, mas então ela sorriu, e foi um sorriso de puro triunfo. Podia estar sendo derotada pela beleza de Ceinwyn, mas esta noite ainda era a noite de Guinevere, e ela estava vendo sua antiga rival ser dada num casamento que ela própria havia tramado.
Vi esse risinho de triunfo no rosto de Guinevere, e talvez tenha sido sua satisfação maldosa que me fez decidir. Ou talvez tenha sido meu ódio por Lancelot, ou meu amor por Ceinwyn, ou talvez Merlin estivesse certo e os Deuses adorem o caos, porque, num súbito jorro de raiva, apertei o osso com as duas mãos. Não pensei nas consequências da magia de Merlin, em seu ódio pelos cristãos ou no risco de morrer procurando o Caldeirão no reino de Diwrnach. Não pensei na ordem cuidadosa de Artur, só sabia que Ceinwyn estava sendo dada a um homem que eu odiava. Eu, como todos os outros convidados no chão, estava de pé e olhava Ceinwyn por entre as cabeças dos guerreiros. Ela havia chegado ao grande pilar central de carvalho, onde foi rodeada e sitiada pelo barulho de gritos e assobios. Apenas eu estava em silêncio. Olhei-a e pus os dois polegares no centro do osso e apertei as pontas no meio das mãos. Agora, Merlin, pensei, agora, seu velho bandido, deixe-me ver sua magia agora.
Parti o osso. O barulho se perdeu em meio aos aplausos.
Enfiei o osso quebrado no bolso, e juro que meu coração praticamente não batia enquanto olhava a princesa de Powys, que tinha saído da noite com flores no cabelo.
E que agora parou subitamente. Junto ao pilar onde estavam penduradas folhas e frutinhos, ela parou.
Desde o momento em que entrara, Ceinwyn mantivera os olhos em Lancelot, e ainda estavam nele, e ainda havia um sorriso em seu rosto, mas ela parou, e sua imobilidade súbita fez um lento silêncio perplexo cair sobre o salão. A menina que espalhava pétalas franziu a testa e olhos em volta, procurando orientação. Ceinwyn não se mexeu.
Artur, ainda sorrindo, deve ter pensado que ela estava nervosa, porque a chamou, encorajando. O cabresto nas mãos dela tremeu. A harpista tocou um acorde inseguro, depois levantou os dedos das cordas, e enquanto as notas morreram no silêncio, vi uma figura de capa preta sair da multidão atrás do pilar.
Era Nimue, com seu olho de ouro refletindo as chamas no salão perplexo.
Ceinwyn olhou de Lancelot para Nimue e então, muito devagar, estendeu um dos braços cobertos pela manga branca. Nimue pegou sua mão e olhou nos olhos da princesa com uma expressão enigmática. Ceinwyn parou um segundo, depois assentiu minimamente. De súbito, o salão se encheu de conversas enquanto Ceiwnyn se virava de costas para o tablado e, seguindo Nimue, mergulhava na multidão.
As conversas morreram, porque ninguém conseguia encontrar uma explicação para o que estava acontecendo. Lancelot, deixado de pé sobre o tablado, só podia olhar. O queixo de Artur havia caído enquanto Cuneglas, meio levantado de sua cadeira, olhava incrédulo sua irmã atravessar a multidão que se afastava do rosot feroz, marcado e escarninho de Nimue. Guinevere parecia pronta pra matar.
Então Nimue captou meu olhar e sorriu e senti o coração batendo como uma coisa selvagem aprisionada. Então Ceinwyn sorriu para mim e eu não tinha olhos para Nimue, apenas para Ceinwyn, a doce Ceinwyn, que estava trazendo o cabresto de boi por entre a multidão de homens até o lugar onde eu estava. Os guerreiros se afastavam para o lado, mas eu parecia petrificado, incapaz de me mexer ou falar enquanto a princesa, com lágrimas nos olhos, vinha até mim. Nada falou, apenas estendeu o cabresto, oferencendo-me. Uma confusão de falas atônitas cresceu a nossa volta, mas ignorei as vozes. Em vez disso, caí de joelhos e peguei o cabresto, depois segurei as mãos de Ceinwyn e as apertei contra o rosto que, como o dela, estava encharcado de lágrimas.
O salão explodia em raiva, protesto e espanto, mas Issa ficou acima de mim com o escudo levantado. Nenhum homem entrava com uma arma de gume num salão real, mas Issa segurava o escudo com sua estrela de cinco pontas como se fosse derrubar qualquer um que questionasse aquele momento espantoso. Nimue, do meu lado, estava sibilando maldições, desafiando qualquer homem a questionar a escolha da princesa.
Ceinwyn se ajoelhou, até seu rosto ficar perto do meu.
- O senhor fez um juramento de me proteger, lorde.
- Fiz, senhora.
- Eu o liberto do juramento, se for o seu desejo.
- Nunca - prometi.
Ela se afastou ligeiramente
- Não me casarei com homem nenhum, Derfel - disse ela em voz baixa, os olhos fixos nos meus. - Eu lhe darei tudo, menos o casamento.
- Então a senhora me dá tudo que eu algum dia poderia querer - falei, com a garganta cheia e os olhos turvos de lágrimas de felicidade. Sorri e lhe devolvi o cabresto. - É seu.
Ela sorriu diante desse gesto, depois largou o cabresto na palha do chão e me deu um beijo suave no rosto.
- Acho - sussurrou maliciosamente em meu ouvido - que esta festa ficará melhor sem nós. - Em seguida nos levantamos e, de mãos dadas e ignorando as perguntas, os protestos e até mesmo alguns aplausos, saímos para a noite enluarada. Atrás de nós havia confusão e ira, e na frente uma multidão de pessoas perplexas, através da qual andamos lado a lado. - A casa atrás do Dolforwyn está esperando por nós - disse Ceinwyn.
- A casa das macieiras? - perguntei, lembrando-me de quando ela contou sobre a casinha com a qual sonhava na infância.
- Aquela casa - disse ela. Tínhamos deixado a multidão reunida perto das portas do salão, e estavamos indo para o portão de Caer Sws, iluminado por tochas. Issa tinha se juntado de novo a mim, depois de pegar nossas espadas e lanças, e Nimue estava do outro lado de Ceinwyn. Três das serviçais de Ceinwyn corriam para se juntar a nós, bem como uns vinte dos meus homens.
- Tem certeza disso? - perguntei a Ceinwyn como se, de algum modo, ela pudesse voltar os últimos minutos e entregar o cabresto a Lancelot.
- Tenho mais certeza do que de qualquer outra coisa que já fiz - disse Ceinwyn calmamente. Em seguida me olhou, divertida. - Alguma vez você duvidou de mim, Derfel?
- Duvidei de mim.
Ela apertou minha mão.
- Não sou mulher de homem nenhum. Só de mim mesma - em seguida gargalhou de puro deleite, soltou minha mão e começou a correr. Violetas caíram de seu cabelo enquanto ela corria por puro prazer sobre a grama. Corri atrás dela, enquanto atrás de nós, pela porta perplexa do salão, Artur gritava para que voltássemos.
Mas continuamos correndo. Para o Caos."
(O Inimigo de Deus, segundo livro da trilogia das Crônicas do Senhor da Guerra, pgs. 78-82.)
Eu sempre choro quando leio esta parte. Não é apenas a beleza da história tocando as cordas de meu romantismo incurável. Tem algo a ver com magia e com a coragem de se fazer o que se sabe que se deve, e que se quer, fazer. Deve ser a terceira ver que a leio. Sou viciado em me emocionar com coisas belas. Uma de minhas deliciosas maluquices, ou não.
Sentei na soleira da porta e fiquei olhando as estrelas. Geralmente saio para fumar na varanda mas hoje, por preguiça de abrir a porta ou algum outro motivo qualquer, preferi ficar à porta de casa para soltar minha fumaça. O céu estava claro, um autêntico céu noturno brasilense sobre as árvores da colina. Naquelas estrelas, as mesmas que recaem agora sobre tantos outros lugares, eu via o meu passado e talvez uma sugestão de futuro. Não que eu seja um bom leitor de estrelas. Não. Eu sou apenas um apaixonado por seu brilho, e isso me basta. O Cruzeiro do Sul já havia dançado um bocado pelo céu agora, desde a ultima vez que estivera alí, desde o último cigarro.
Estava me lembrando da sacada onde me sentava para ler "O Rei do Inverno" de Bernard Cornwell, o primeiro livro da trilogia do Senhor da Guerra. Me sentia quase um rei naquela sacada, naqueles aposentos amplos e isolados no terceiro andar da casa, com a vista das montanhas e da cidade de Itaipava que dorma àquela hora. Estava me lembrando como me sentia então naqueles últimos momentos antes do caos que tomou minha vida depois daquilo. Eu me sentia feliz. Eu era então um rei ainda coroado. Lá embaixo meu reino dormia.
Olhando para estas estrelas me lembro de outros passados também. Sinto saudades do passado e algumas ansiedades pelo futuro. Ansiedades pelo futuro que sei, e pelo que não sei. Isso faz parte do que me faz me sentir vivo. Neste momento debaixo do veludo estrelado, o passado e o futuro não parecem fazer sentido. Nem mesmo eu parecia existir. Tudo é apenas a estória de muitas vidas. Meu conto mais longo...
Eu não tenho certeza de onde venho (mas lembro de coisas bonitas da estrada) e não sei para onde vou (há tantas possibilidades e surpresas no caminho) mas certamente esta noite me lembra de uma coisa: de que a vida é bela.
Algum dia eu reencontro meu reino.
terça-feira, 27 de abril de 2004
O som estava bom e havia pessoas interessantes o suficiente. Só isso já faria uma boa festa, eu acho. Estava tocando alguma música que eu gostava, mas eu já havia dançado por horas e resolvi me sentar em uma das cadeiras da sala. Lá no meio da pista de dança a cabeça do Daniel Madsen, acima da cabeça das outras pessoas do setor da pista, balançava. Rio à toa e me sento.
Olho para a pista, talvez estivesse um pouco bebado, e acendo meu cigarro. Por um segundo não estou alí. Lembro-me da noite anterior (ou teria sido da noite daquele dia mais cedo? eu não sabia então, e não sei mais agora), daquela menina que eu havia beijado. É claro que lembrava, e lembro, de seu nome. Tentei sem muita convicção afastar o pensamento e voltar para a festa e me divertir. Não consegui.
Foi então que eu descobri que estava fisgado. E foi assim que começou, há exatamente dois anos atrás. E depois disso muita coisa aconteceu. Muito mais do que eu conseguiria imaginar naquele momento. Naquele momento eu só estava feliz de imaginar que ela também me queria, e que no dia seguinte sabia que acordaria já com a mão no celular.
Agora já passou muito tempo, mas nunca é tempo demais. Tenho a memória boa demais, que hora me tortura e hora me dá algo luminoso nesta noite vazia entre estes dias vazios.
Eu devo ser um eterno, estúpido e incorrigível romântico. E daí?
Eu gosto de ser assim.
Ninguém precisa saber do que estou falando,
porque só interessa a quem sabe...
Cheia de Amor
Pree Grafitti está cansada de superficialidades
em seu 4o texto na coluna da Protons.
"Outro dia fui apresentada à Fulana, não faz mais que uma semana. Fui uma pessoa agradável, mostrei simpatia, contei aquela piada do papagaio que todo mundo a-do-ra e conquistei a moça com o meu infalível jeitinho de contar piadas desastrosamente mal. Pronto - foi o suficiente pra Fulana dizer que me ama e ali traçar entre "a gente" um laço eterno de amizade.
Péra lá, véi.
Comovente, mas vamos ser razoáveis: Fulana não me conhece. Fulana não sabe de onde eu vim, nem pra onde vou. Fulana não sabe que eu adoro danoninho ou que eu sou capaz de ser a pessoa mais grossa que ela já conheceu - ou até mesmo que eu colei nas provas de matemática pra passar no 3º grau. Fulana não sabe que eu estou com medo daquela monografia maldita e que minha cara de "tá tudo bem, babe" é só pose, e que na verdade eu sou o ser mais chorão do planeta... "
(www.protons.com.br)
e o texto ficou foda, como era de se esperar.
Pree, mandou bem baby.
10% da galera do Orkut já é brasileira.
não há como não ouvir os ecos de "uh uh vamo invadir" soando por aí...
Mais Millôr
por falta de coisa melhor a dizer...
- "ADULTO: Um homem é adulto no dia em que começa a gastar mais do que ganha" (que maneira maravilhosa de descobrir que virei adulto...)
- "AMADURECIMENTO: É indiscutível que aos 20 anos somos todos tremendos idiotas. Como também é indiscutível que, com o passar do tempo, vamos nos transformando em idiotas mais velhos"
segunda-feira, 26 de abril de 2004
Lendo Millôr Definitivo, me vejo tentado a escrever aquilo que todo mundo já está cansado de ler:
- "Morte súbita é aquela em que a pessoa morre sem o auxílio de médicos"
- "A música é uma arte formidável, que a gente pode usar enquanto pratica outra"
- "nunca ninguém me disse que parar de sofrer doía tanto"
- "você conhece alguém que não se queixe?"
Bem, é isso. Fim do plágio.
- onde é mesmo o show?
- é aqui na (inaudível), entendeu?
- não.
- porra velho, é aqui no lago norte, na frente do p...(inaudível)
- pão de açúcar? (menino adivinhão este duende)
- é...
- ah... apareço aí daqui a pouco
- (completamente inaudível, alguma música no fundo)
- ei, é show do Geraldo Azevedo?
- é vei, tá (desisti de entender)
- tá, eu também amo vcs... daqui a pouco estou aí.
-=-
bebida, mais bebida, todos mais bêbados do que eu mas eu corri para alcançar. o professor dançou fantasiado de yo. o juninho dançou como um yo como se fosse novidade. não havia cigarros para vender. alguém ganhou o troféu piupiu engaiolado antes da hora...
isso foi quase a metade de tudo.
quem precisa entender mais?
noite feliz, e nem é natal. :)
domingo, 25 de abril de 2004
sexta-feira, 23 de abril de 2004
Amor pra recomeçar
(Frejat/Mauricio Barros/Mauro Sta. Cecília)
Eu te desejo não parar tão cedo
pois toda idade tem prazer e medo
e com os que erram feio e bastante
que você consiga ser tolerante
Quando você ficar triste
que seja por um dia e não o ano inteiro
e que você descubra que rir é bom
mas que rir de tudo é desespero
Desejo que você tenha a quem amar
e quando estiver bem cansado
ainda exista amor pra recomeçar,
pra recomeçar
Eu te desejo muitos amigos
mas que em um você possa confiar
e que tenha até inimigos
pra você não deixar de duvidar
Quando você ficar triste
que seja por um dia e não o ano inteiro
e que você descubra que rir é bom
mas que rir de tudo é desespero
Desejo que você tenha a quem amar...
Desejo que você ganhe dinheiro
pois é preciso viver também
e que você diga a ele pelo menos uma vez
quem é mesmo o dono de quem
Desejo que você tenha a quem amar...
Errar a gente erra, e bastante, quando é jovem.
O que nunca pode faltar é a vontade de ter um dia seguinte melhor
usando tudo aquilo que aprendeu no dia que passou.
quinta-feira, 22 de abril de 2004
"Discordo do que dizes, mas defendo até a morte..."
Uma história de amor...
O Rafa Parente, colaborador do blog PERTURBADOS, tem algo a dizer sobre minha crítica a seu blog.
Em um momento de consciência social aflorada, vou dar voz a nosso amigo aqui.
Com a palavra, Rafael Parente:
(extraído de comentário deixado no post)
"Oi, Daniel. Aqui é o Rafa Parente (como você já deve ter percebido). Eu gostaria que você fizesse algumas correções no seu post sobre os PERTURBADOS e que repensasse algumas coisas que escreveu. Na verdade ele não é meu, mas de um grupo de pessoas. Nem fui eu quem o começou há pouco mais de um ano. O blog é realmente muito azul. Já foi verde, laranjado, até rosa. Além de mudar constantemente, tem a ver com o nome. Mas valeu pela opinião. O que você quer dizer com "comediante barato e preconceituoso"? Se sentiu ofendido com alguma piada? Os blogs são pessoais. As pessoas são livres para darem suas opiniões. As piadas não deveriam ser levadas tão a sério ou, como nos EUA, você viverá com medo de ser processado porque soltou um peido. Seria melhor que você fosse mais direto e dissesse "Eu não gostei disso". Você estaria sendo mais maduro, responsável e inteligente. O conteúdo é realmente extenso e muito lido. Bom, apesar de ter poucos acessos, quero te agradecer pela atenção, o tempo que você gastou com o nosso blog e, claro, a propaganda gratuita. Seja sempre bemvindo para ler e comentar (com inteligência). Sempre. Já que você achou que o blog é "bonzinho", talvez sua opinião vá melhorando com o tempo. Mas só uma última coisa, e talvez a mais importante: sempre que citar e criticar negativamente alguém ou alguma coisa, dê a chance da pessoa saber para que ela tenha o direito de resposta. O que você fez foi covardia. Só vim fazer esses esclarecimentos porque uma pessoa que lê OS PERTURBADOS (média de 4000 leitores por semana), me mandou um email. Não me gabo por isso. Não me acho muito bom. E não fico esculhambando a vida de ninguém. Um abraço perturbado. E obrigado pelos olhinhos pretos simpáticos. O seu rato deve mesmo ser um gato!!!"
Eu postaria a minha resposta, enviada por email a ele, mas esquecí-me de gravá-la antes de enviar.
Hotmail é mesmo uma merda, não? :)
-
UPDATE: Consegui, com a resposta do Rafael, recuperar a minha resposta à qual ele então respondeu e...
bem... simplificando, aqui vai a resposta que mandei pra ele:
"Rafa, colega blogueiro,
eu sou dono do Alriada Express e acho que você não entendeu muito bem a intenção do meu post a respeito do blog no qual vc participa. Vamos por partes então, para ver se a gente se entende:
1 - É verdade, não havia observado que você era apenas um colaborador do blog. Talvez eu tenha sido induzido ao erro pela forma como vc associou o seu nome ao do blog no Orkut. Mas não tem problema, vc gosta dele, vc o está defendendo, então ele é mesmo quase seu. That's not the problem, is it?
2 - Com comediante barato e preconceituoso eu quis, antes de mais nada, fazer uma brincadeira implicante com vc. Quis também, contudo, indicar que algumas de suas piadas são mesmo um pouco preconceituosas e sem graça. Nada demais, e eu acho que ficamos bem assim: você faz a piada que vc quiser e eu acho ela sem graça e preconceituosa, se eu quiser. Assim é a libertadade de expressão. Em tempo, não fiquei ofendido com nada não. :)
3 - Se eu tivesse "não gostado" do seu blog, não teria me dado ao trabalho de fazer um post sobre ele. Que tal você exercitar a sua inteligência e maturidade percebendo que qualquer expressão publica pode ser alvo de criticas e/ou comentários por observadores casuais/ou não? Achei o PERTURBADOS não só interessante o bastante para valer um post, como também achei digno o bastante de ser lido a ponto de ser criticado. Não é de fato o melhor blog de humor que já li, mas gostei dele (e inclusive linkei para ele). Agora, exerço meu direito sagrado de implicância. Por outro lado, eu disse que vc é um comediante barato e preconceituoso às vezes, e também disse que você parece ser um cara legal. O que há de covarde em emitir minha opinião sobre vc? Se isso te faz mais feliz, eu te mando um scrap no Orkut cada vez que citar seu nome ou o do blog PERTURBADOS.
4 - A propaganda que fiz não foi gratuita. Na blogosfera somos todos, salvo raras excessões, do mesmo time. Eu posso discordar do que vc diz, mas é meu interesse que as pessoas leiam até para poderem entender do qeu estou discordando. A propaganda foi proposital, e eu repito: EU NAO ACHEI O BLOG RUIM, eu apenas o critiquei. :)
5 - Desculpe se "esculhambei" a vida de alguém. A intenção era apenas fazer um post. :)
Venha, vamos ser amigos... eu te apresento meu rato. :)
Abraços implicantes
para o amigo perturbado Rafa. "
E então ele disse (e eu já estou de saco cheio desse post longo):
"As saudações implicantes foram aceitas. Brincadeira... só achei que algumas expressões que você usou (do tipo "visitei o tal Perturbados) não caíram muito bem. Mas com certeza você tem todo o direito de exercer a sua opinião. Peço desculpas se você se sentiu agredido de alguma forma. Abraços perturbados.
P.S. Só mais uma observação: as piadas sempre são feitas com a esculhambação. De alguém ou alguma coisa. Muitas vezes a gente se auto-sacaneia também. Mas muitas outras sacaneamos os outros (e muitas vezes ainda estamos inclusos nos outros). Sacou?
Rafa. "
e então eu respondi (vcs ainda estão lendo isso? vocês gostam mesmo de uma fofoca hein?):
"Poisé, meu velho. Acho que no fundo só nos entendemos mal (e o PERTURBADOS foi vítima de um átimo de mal humor meu tb). Lendo ele melhor, percebi que os seus textos até que são os melhorezinhos (tinha ficado irritado com um texto de outro autor, mas é melhor deixar isso para lá).
Acredite, eu sei como fazer humor (e me auto sacanear é algo que me diverte muito também). Vamos deixar as críticas para lá... Continue com seu bom trabalho de comediante caro e politicamente correto (são os contrários de barato e preconceituoso, não?). :)
De qualquer forma, divirta-se.
E veja se aparece, com o resto do pessoal de Brasilia que contribui para o Perturbados, no encontro da comunidade Brasilia do Orkut. A gente bebe umas cervejas, fala umas besteiras e fica tudo feliz e sorridente. Eu não vou poder levar o rato, pq ele é meio anti-social, mas vc pode conhecer ele em outra ocasião.
Abraços,
Duende."
E agora nos amaremos para sempre. O casamento está sendo marcado... :)
Pronto, resolveu? :)
Estava rodando pela blogosfera e achei o tal blog PERTURBADOS, do Rafa Parente. O blog é azul demais para meu gosto, o Rafa é um comediante barato e preconceituoso (mas eu simpatizo com ele, afinal ele tem olhinhos pretos simpáticos como os do rato da minha cozinha) e os posts são meio longos demais (olha quem fala!) mas até que o blog prendeu minha atenção por alguns posts...
Neste tempo de blogs magros, é uma blog bonzinho. Leia, mas não se perturbe com o humor raso e preconceituoso do blog. É apenas diversão brasiliense...
Valeu aí, Rafa.
Você é potencialmente um cara legal :)
-
UPDATE: Ao que parece soei um pouco mais ofensivo do que gostaria com este post.
Não fiquem tão irritados, amigos. Foi só uma crítica, minha opinião a respeito do blog de vocês.
Postei alí embaixo o comentário deixado pelo Rafa Parente...
Eu ainda acho que ele é potencialmente um cara legal :)
Passei meia hora procurando o rato que fixou residência na cozinha. Não encontrei nada.
Meia hora depois ele me achou. Enquanto eu escrevia alguma coisa qualquer no computador, notei com o canto do olho que havia algo preto no chão, proximo à porta do quarto.
Pensei imediatamente em jogar um chinelo nele, mas...
Ele estáva tão simpático, olhando para mim com aqueles olhinhos pretos...
não deu para matar ele.
Esse rato me conquistou. :)
quarta-feira, 21 de abril de 2004
Boa notícia pra galera da garagem...
Seu CD por R$ 3 mil(do JB Online, recebido pela lista [GóticoDF])
"A ONG Porão do Rock, criada pelos mesmo músicos e produtores que
viabilizaram o festival independente, criou o Projeto Resistência
para auxiliar os artistas que querem se lançar no mercado
independente. O pacote, que custa R$ 3 mil, dá direito a 250 cópias
de CDs prensados, com encarte colorido, 250 pôsteres, inserção
comercial em rádio e distribuição em banca.
- Nós vimos que os independentes não vendiam mais que 300 ou 400
cópias nos primeiros meses. Procuramos um investidor, que tem uma
fabriqueta, para fazer CDs em menor escala - explica Ulysses X,
organizador do Porão do Rock e integrante a banda Plástika.
Além do Projeto Resistência, a fábrica também viabiliza a prensagem
de CDs em pequena escala, a partir de 50 cópias. Com as facilidades
tecnológicas, um músico que tenha algum conhecimento e um bom
equipamento pode gravar boa parte de seu trabalho em casa. Com a
fabricação facilitada, a tendência é que mais bandas possam investir
em lançamentos.
- Brasília capta R$ 1,9 milhões em direitos autorais. É a terceira
maior praça de venda de discos no Brasil. Se começarmos a produzir
CDs aqui com qualidade, podemos ensinar esse consumidor a comprar
produtos locais - raciocina Ulysses.
Não basta apenas lançar discos, o produto precisa ter qualidade. Essa
é a visão de Victor Ziegelneyer, experiente produtor carioca que
adotou a capital federal, no fim do ano passado, e já começou a
trabalhar com os grupos locais.
- Ainda não existe a figura do produtor profissional por aqui.
Brasília é exportadora de talentos até hoje. A semente está aqui, mas
tudo é lapidado lá fora. A minha intenção é ficar aqui, fortalecer a
cena."
***
SERVIÇO
Para obter mais informações sobre o Projeto resistência pelo telefone (telefone!? não tem email?) 447-4184.
Até que enfim, né?
Parabéns pro pessoal do Porão pela iniciativa.
Finalmente, no WebDF...
Bois de Gerião e Gramofocas no SESC(webDF)
"... Após um momento de silêncio no lugar e refluxo de pessoas ansiosas por comprar algo para beber na cantina, alguns acordes de instrumentos de sopro (tão incaracterísticos num lugar como aquele) avisavam que o Bois de Gerião estava no palco. O show demorou mais para começar do que eu gostaria, mas ninguém (nem eu) se incomodou tanto assim. A demora teve algo haver com problemas na captação e equalização do som do vocal e dos instrumentos. That’s fucking SESC, after all... Enfim, o show começou. Começaram com a já querida Garota Fivelinha Clubber (com o som do vocal ainda alto demais) e todo mundo cantou (ao menos o refrão) e dançou, como de costume..."
(leia mais em www.webdf.com.br/musica.htm)
terça-feira, 20 de abril de 2004
existe o momento em que aquilo que é triste e te colocava para baixo vira uma piada. é como se caisse a fase, queimasse o fusível EMO e então no meio da escuridão da casa triste você começa a dar gargalhadas. é o momento em que vc se cansa de ficar triste com algo e percebe as grandes piadas da vida...
and then you belive you don't care anymore.
eu adoro este momento.
as buscas do google que fazem as pessoas virem parar no Alriada são incríveis...
o que quer dizer "imolação por...tos de pessoas"? fico só pensando no absurdo que foi engolido pelas reticências no Site Meter. ;)
a propósito...
FELIZ ANIVERSÁRIO ALRIADA EXPRESS
É, a dois anos atrás, no quarto vizinho a este, eu me sentei sem mais o que fazer e resolvi criar um blog. O que temos aqui hoje, o Alriada, é o fruto desta falta de assunto. E eu adoro este blog. :)
Obrigado á Anna Károl por fazer o template novo...
É isso. Depois escrevo algo mais inspirado a respeito da data.
As formigas que habitam hoje a cozinha da casa são beeeem maiores do que as que habitavam antes. Um ano morando na cidade e me acostumando a formigas pequenininhas me deixou bem impressionado com as comensais daqui. Elas são graaaandes, pretas e... feias.
o que a falta de assunto não nos faz dizer, não é?
segunda-feira, 19 de abril de 2004
Eu deveria dizer alguma coisa sobre o show, né? Bem, eu já estou escrevendo uma resenha sobre isso, e já estou dizendo tudo. quando estiver publicada eu digo o endereço...
por hora o que tenho a dizer é que foi bom.
adoro Bois de Gerião.
por hora é tudo.
deixa eu liberar o computador...
UPDATE: A resenha do show já foi escrita e enviada. Deve estar no ar amanhã na parte de música do site Web-DF
Continuo sem internet em meu computador... ele continua lá, na sala, servindo só como aparelho de som e máquina de escrever...
enquanto isso fico aqui mendigando tempo pra usar o computador do meu irmão, o unico que está com internet na casa.
alguém tem que arrumar esta rede da casa (o que eu nao consegui fazer... e sim, eu tentei).
enquanto isso tenho que escrever uma resenha enquanto fico tentando me manter no computador...
não adianta escrever a resenha no outro computador se eu não posso publicar ela de lá.
e assim vai a minha tarde....
P.S. on top of it all... tenho que estudar.
domingo, 18 de abril de 2004
e como dizia Alan Watts em seu sabedoria da insegurança: "gostamos tanto de certos momentos da vida que gostaríamos que eles durassem para sempre, mas nada dura para sempre. a beleza da vida está justamente na fugacidade, no eterno movimento, que há na vida. não é possivel colher agua corrente dentro de um balde..."
sentei-me na varanda para ver o sol nascendo... e ele já havia nascido. folheei um livro que já havia lido, procurava algo a comentar, a citar, aqui. então o sol, com sua voz de reflexos e cores, me disse "bem vindo à estação seca."
- "é, eu notei que a luz estava mudando mesmo. obrigado." disse, tentando ser simpático.
e ele sorriu, quase como se fosse falar alguma outra coisa, mas continuou ocupando-se apenas em nascer...
desisti do livro. já tinha algo a dizer...
sábado, 17 de abril de 2004
sexta-feira, 16 de abril de 2004
YAFRO!
O melhor sistema de fotolog que já encontrei.
sem censura, crítica ou limite de fotos enviadas.
dos criadores do hotornot. ;)
vale a pena dar uma olhada.
No Recreio
Cassia Eller
(because some things don't change)
Quer saber quando te olhei na piscina
Se apoiando com as mãos na borda
Fervendo a água que não era tão fria
E o azulejo se partiu porque a porta
Do nosso amor estava se abrindo
E os pés que irão por esse caminho
Vão terminar no altar, eu só queria me casar
Com alguém igual a você
E alguém igual não há de ter
Então quero mudar de lugar, eu quero estar no lugar
Da sala pra te receber
Na cor do esmalte que você vai escolher
Só para as unhas pintar
Quando é que você vai sacar
Que o vão que fazem suas mãos
É só porque você não está comigo
Só é possível te amar...
Seus pés se espalham em fivela e sandália
E o chão se abre por dois sorrisos
Virão guiando o seu corpo que é praia
De um escândalo charme macio
Que cor terá se derreter?
Que som os lábios vão morder?
Vem me ensinar a falar
Vem me ensinar ter você
Na minha boca agora mora o teu nome
É a vista que os meus olhos querem ter
Sem precisar procurar
Nem descansar e adormecer
Não quero acreditar que vou gastar desse modo a vida
Olhar pro sol só ver janela e cortina
No meu coração fiz um lar
O meu coração é o teu lar
E de que me adianta tanta mobília
Se você não está comigo
Só é possível te amar
Ouve os sinos, amor
Só é possível te amar
Escorre aos litros, o amor
.
.
.
.
.
i dream.
Estudando para concursos cheguei à conclusão de que é necessária uma dose de perversão para se apreciar o estudo das leis. É talvez uma das coisas mais chatas que já li na minha vida, mas não tem nada não, eu vou estudar esta MERDA pq eu decidi que vou passar nestes concursos...
depois disso juro que vou me vingar, ah se não vou, dos beócios que realizaram redações tão confusas de leis tão simples. Recomento a todo verborrágico legislador que mantenha-se munido de seu fabrício no momento da redação, pq para escrever aquela obra de pura poesia que é a constituição brasileira é necessária uma elevada carência de PAU NO CU :)
Sento-me à varanda e acendo mais um cigarro. Ao longe o sol se põe deixando para trás um céu de baunilha. Ainda me sinto um pouco triste, um pouco alegre, um pouco silencioso. Ainda me sinto, mas o espetáculo é poderoso demais para que eu consiga me ater a meus pensamentos de humano. A mata na planície experimenta muitos tons de verde para seduzir os pássaros que voam no fim do dia. O sol vai desaparecendo, desaparecendo, e levando consigo a cor da hoste de nuvens que acompanhou sua retirada. E então resta apenas o azul. E eu me sinto bem. A beleza do universo é grande demais para que possamos ficar nos preocupando com as dores dos momentos.
Tudo está bem, tudo vai ficar bem.
Tudo acontece como tem que acontecer...
Aos que se preocupam, vou muito bem.
Aprecio a companhia daqueles que moram comigo na colina, e a de meus livros, meus pensamentos, e da natureza que está em tudo.
Este é o lugar perfeito para se refletir e escrever e criar, e talvez até para estudar.
Esta é a minha nova casa.
quinta-feira, 15 de abril de 2004
quarta-feira, 14 de abril de 2004
terça-feira, 13 de abril de 2004
Enquanto ela não chegar...
barão vermelho
Quantas coisas eu ainda vou provar
E quantas vezes para a porta eu vou olhar
Quantos carros nessa rua vão passar
Enquanto ela não chegar
Quantos dias ei ainda vou esperar
E quantas estrelas eu vou tentar contar
E quantas luzes na cidade vão se apagar
Enquanto ela não chegar
Eu tenho andado tão sozinho
Que eu nem sei no que acreditar
E a paz que busco agora
Nem a dor vai me negar
Não deixe o sol morrer
Errar é aprender
Viver é deixar viver
Não deixe o sol morrer
Errar é aprender
Viver é deixar viver
Quantas besteiras eu ainda vou pensar
E quantos sonhos no tempo vão se esfarelar
Quantas vezes vou me criticar
Enquanto ela não chegar
Eu tenho andao tão sozinho
Que eu nem sei no que acreditar
E a paz que busco agora
Nem a dor vai me negar
Não deixe o sol morrer
Errar é aprender
Viver é deixar viver
Não deixe o sol morrer
Errar é aprender
Viver é deixar, é deixar
É deixar viver
É deixar viver
Viver é deixar viver
Não deixe o sol morrer
Errar é aprender
Não deixe o sol morrer
Errar é aprender
Viver é deixar viver
Brasilia Bizarra
Homem ateia fogo ao próprio corpo em frente ao Palácio do Planalto(correioweb) - "Ele queria era falar pro presidente pra ajudar toda essa gente que só faz sofrer". A democracia, hoje em dia, se faz chamando atenção (como estão fazendo os catadores de lixo na estrutural), mas auto imolação é um pouco demais. Até onde o desespero nos leva? Isso é democracia a ferro e fogo?
Estudante é seqüestrado ao oferecer ajuda na Asa Sul(correioweb) - Se você vê alguém precisando de ajuda de madrugada, você para seu carro para ajudar? Eu não estou bem certo de que eu pararia até de dia. São os ônus de nossa civilização: você pode estar morrendo, mas eu vou continar com medo de você. Vivemos com medo de gente nestes dias...
Polícia prende dois traficantes na 109 Sul(correioweb) - Só dois? Acho que o pessoalzinho está ficando esperto então. Nos velhos tempos eles levavam os doidos de monte e ninguém se importava sequer em noticiar isso no jornal. Traficante com um tablete de maconha? Ahh, tenha dó. Coitados dos caras.
e até agora eu não abri o porta malas do meu carro... :)
Domingo, 18 de abril - às 15h30 - No SESC (913 sul). Show do GRAMOFOCAS (lançamento do cd) + BOIS DE GERIÃO, CAPOTONES e SAPATOS BICOLORES.
Ingresso + CD GRAMOFOCAS = R$15 promocional antecipado na desacato (Conic - 225-6662) Já estão à venda!! O CD vc recebe junto com o ingresso antecipado - na desacato. Pra ouvir antes do show!!! http://www.protons.com.br
pronto. está feita a propaganda.
eu vou! :)
ei, eu ainda não postei esta música este mês... :)
Anna Begins
counting crows
(pq Anna virou um nome REALMENTE significativo.)
My friend assures me, "It's all or nothing."
I am not worried I am not overly concerned
My friend implores me, "For one time only,
make an exception." I am not worried
Wrap her up in a package of lies
Send her off to a coconut island
I am not worried I am not overly concerned with the status of my emotions
"Oh," she says, "you're changing."
But we're always changing
It does not bother me to say this isn't love
Because if you don't want to talk about it then it isn't love
And I guess I'm going to have to live with that
But I'm sure there's something in a shade of grey,
Something in between,
And I can always change my name
If that's what you mean
My friend assures me, "It's all or nothing."
But I am not really worried I am not overly concerned
You try to tell yourself the things you try to tell yourself
To make yourself forget I am not worried
"If it's love," she said, "then we're going to have to think about the consequences."
She can't stop shaking I can't stop touching her and...
This time when kindness falls like rain
It washes her away and Anna begins to change her mind
"These seconds when I'm shaking leave me shuddering for days," she says
And I'm not ready for this sort of thing
But I'm not going to break and I'm not going to worry about it anymore
I'm not going to bend, and I'm not going to break and I'm not going to worry about it anymore
It seems like I should say, "As long as this is love..."
But it's not all that easy so maybe I should
Snap her up in a butterfly net
Pin her down on a photograph album
I am not worried I've done this sort of thing before
But then I start to think about the consequences
Because I don't get no sleep in a quiet room and...
This time when kindness falls like rain
It washes me away and Anna begins to change my mind
And everytime she sneezes I believe it's love and
Oh lord, I'm not ready for this sort of thing
She's talking in her sleep
It's keeping me awake and Anna begins to toss and turn
And every word is nonsense but I understand and
Oh lord, I'm not ready for this sort of thing
Her kindness bangs a gong
It's moving me along and Anna begins to fade away (not)
It's chasing me away
She disappears and
Oh lord, I'm not ready for this sort of thing
.
.
.
.
or maybe I am.
Valeu, Adam.
segunda-feira, 12 de abril de 2004
[o post depressivo que estaria aqui foi apagado pois não fazia mais sentido antes mesmo de ser terminado]
hora de dar mais uma reviravolta da vida.
chega de tentar seguir muitos caminhos e não sair do lugar.
a partir de agora só faço 3 coisas na vida:
Escrevo, estudo para concursos e me dedico àqueles que gosto.
a vida andava complicada demais... ;)
domingo, 11 de abril de 2004
quinta-feira, 8 de abril de 2004
quarta-feira, 7 de abril de 2004
A Batalha Pelo Sono.
um velho texto que escrevi há anos atrás. achei ele agora. ele faz muito sentido, principalmente pq estou voltando para a velha casa onde ele foi escrito...
sim... é um texto longo
"É tão bom ver novamente minha casa depois de uma noite agitada e vazia como esta. Depois da estrada escura, depois de dirigir ao longo de todo o reto e entediante eixão, enfim estou em casa. Estaciono meu carro quase com uma sensação de alívio que não chega a ser prazer, mas é bastante boa. Desço do carro, pego celular e cigarro e me dirijo à familiar e segura porta de minha casa. Coloco as coisas que carrego sobre a tábua de passar roupa, como sempre, o velho ritual. Pego minha chave, como sempre, e aperto o interruptor para acender a luz, como sempre. E então a surpresa: não há luz! A tempestade que desabou há algumas horas atrás deve ter derrubado um fio ou coisa parecida, claro. É muito normal faltar energia após uma tempestade, mas mesmo assim me sinto o mais azarado dos mortais. A sensação de alívio se foi por completo. Vai começar mais uma batalha. A batalha para acertar o buraco da fechadura, a batalha para conseguir navegar pela cozinha na escuridão completa e ainda achar uma vela em meio ao universo silenciosamente tátil em que minha cozinha se transformou. Móvel, bancada, cadeira, mesa... Ah, enfim uma vela! Meu júbilo dá lugar a um novo vazio, meu isqueiro está sem fluido, não há como acender a vela. Heroicamente retraço meu caminho, sem saber ao certo o que procuro, mesa, cadeira, bancada, móvel... Ah, enfim, uma lanterna! Faz-se a luz!
Agora é tudo mais fácil, não é? Claro que é! Agora consigo guiar meu caminho pela cozinha até a porta do meu quarto, e encontrar o caminho até minha cama. Sobre ela, molemente me encara uma aranha. Esta parece ser a pior parte, não é? Claro que não, me sinto satisfeito de ter algum ser no qual descarregar meu desconforto e raiva pela situação. Raiva mesmo eu sinto quando me vejo tendo que limpar os pedaços da aranha esmigalhada de cima de meu cobertor, mas a estupidez tem destas coisas não é mesmo? Deito-me satisfeito então, pensando que agora só falta dormir. Ledo, redondo e ledo engano. Primeiro me lembro de como é desagradável dormir com tantas coisas no bolso, e resolvo trocar de calça. Depois resolvo checar a porta, e depois ainda me lembro de escovar os dentes (me lembrando aterrorizado de como foi terrível minha ultima crise de gengivite). Passo a passo a luz da lanterna que antes parecia um sol a brilhar na escuridão começa a parecer novamente a real bolota de luz que sempre ilumina menos do que gostaríamos. Enfim, depois do que parece uma eternidade realizando tarefas simples que se tornaram complexas nesta escuridão, consigo me deitar. Agora sim, penso, só me resta dormir!
Como posso me enganar tanto em tão pouco tempo? Tão logo me aninho em minha cama, satisfeito por terminar tudo que tinha que ser feito, e me aquieto começo a perceber o enorme silêncio e a enorme escuridão que se apodera de meu quarto, e de todo o meu mundo, afinal. O silêncio é cortado por barulhos infinitamente altos dos calangos passando há metros de distância do lado de fora da casa e das telhas da sala estalando. Todos os ruídos ficam tão altos e assustadores quando se está no escuro completo, não é mesmo? Sinto-me pequeno e desprotegido, deitado na cama com apenas um lençol, que nem sequer vejo, me cobrindo em meio a este mundo negro e assustador e cheio de barulhinhos. Começo a pensar em quantas aranhas mais podem estar me rodeando, esperando que eu apenas durma para passearem alegremente sobre mim e me picarem por pura maldade. Começo a imaginar também todos os terríveis ladrões equipados de poderosas lanternas e com uma enorme mira para atirar no escuro que podem estar rodeando a casa. Antes de começar a pensar em demônios da dimensão das trevas e em alienígenas venusianos nada voluptuosos que podem se mover na escuridão completa com facilidade eu resolvo pegar minha espada e coloca-la ao lado da cama. Então me sento na beirada da cama e rio um riso nervoso de meu próprio ridículo. Eu tenho vinte e quatro anos, um homem que ao menos deveria ser um homem feito, que entende das coisas deste mundo e do mundo dos espíritos, que banca o grande fodão na frente de todo mundo... E que tem medo do escuro. Patético, simplesmente patético.
As horas na escuridão passam lentas. Tento pensar em ex-namoradas, tento pensar em Kendo, compor uma aventura de RPG e até mesmo começo a inventar diálogos com pessoas de meu círculo de amizades que devem estar dormindo sonoramente neste momento, indiferentes a meu drama patético. Tudo para tentar distrair minha cuca amedrontada pelo escuro. É tudo em vão. Basta uma folha roçar numa telha ou uma das portas da casa estalar que novamente Daniel já está de pé, segurando desajeitadamente sua espada em uma das mãos e a lanterna em outra, como se fosse mesmo possível, ou mesmo útil, empunhar uma espada com apenas uma mão... contra um ruído. Dividido entre a resistência a ser ainda mais ridículo e a convicção de que o sono será impossível, resolvo então pegar minha espada de bambú, a lanterna, meu celular e um livro (maldita mania de carregar um livro para todos os lados mesmo que ele seja absolutamente inútil) e me postar na cozinha, montando guarda contra todos os ruídos e rangidos. Imagino que eu estivesse mesmo sendo assustador para todos os sons, pois eles se calaram até o momento em que a luz voltou, pouco antes do amanhecer, me causando um susto maior do que qualquer som. Ah, já não era sem tempo! Deito-me jubiloso em minha cama e penso que agora sim poderei dormir, com todos os ruídos maravilhosos da eletricidade me cercando. O zumbido delicioso do estabilizador de meu computador, os estalos cadenciados e enormemente civilizados da geladeira, o tac tac delicioso do relógio. Meu Deus, como eu adoro os ruídos da civilização provida de energia elétrica!
Eu poderia acabar esta história por aqui, mas me recuso a contar uma passagem tão patética de minha noite sem ao menos termina-la, de uma forma um pouco menos patética, com uma reflexão. Somos todos tão viciados em nossos luxos civilizados, não é mesmo? Mesmo morando em cima de uma simpática colina com vista para metade da cidade avião, e livre de todos os ruídos desta, não sei passar sem estes luxos. Posso valentemente matar aranhas, andar na chuva como a maioria nas pessoas normais não acharia de bom tom, conversar com árvores e invocar duendes para me protegerem quando subo minha estrada de terra, mas não sei ficar confortável sem energia elétrica. Não consigo dormir num quarto escuro sabendo que não está escuro para que eu possa dormir melhor e sim pois não há energia para acender minha querida lâmpada fluorescente. Sinto-me inseguro sem a energia elétrica mesmo quando ela não me seria útil de forma alguma. É como se, sem ela, eu estivesse desprovido do alcance, da proteção, da mãe civilização. É como se minha casa fosse transportada para o meio do mato, e como se tudo se tornasse assustador e perigoso. Esta sim é a coisa mais patética, mas este é o patético de todos nós. Pense nisso da próxima vez que estiver tropeçando pela cozinha de sua casa procurando uma vela para iluminar seu caminho, ou um isqueiro para acende-la. Não somos então todos macacos metidos a fodões com medo do escuro e da natureza?"
"E então ele sentou-se à janela e olhou para o céu. Decidiu que não ia chorar desta vez. Um dia estranho a mais em sua vida, talvez. A expressão de seus medos, ou apenas as estranhezas da vida vestindo as mesmas velhas máscaras... de seus medos.
Olhou para o céu e viu que as nuvens estavam borradas, ou talvez não tenha cumprido sua decisão de não chorar. Os problemas de sua vida parecem estranhos agora, e simbolicamente seu nariz começa a doer. Bateram a porta vezes demais à sua cara, ou seria ele que tem o estranho hábito de dar de cara em paredes que deveria saber que estão lá?
Ele não sabe, e não consegue escrever sobre. Então ele apenas se senta à janela e pensa, ou não pensa em nada, e deixa o tempo passar. No fundo, tudo que ele precisava era de um cafuné de uma mão muito distante agora... uma mão que parece estar atrás de uma ou muitas portas fechadas.
Então ele fecha os olhos e apenas tenta não pensar, enquanto a tarde cai sobre seus ombros como uma enorme pedra. E ele se sente mais sozinho do que antes, mas não mais sozinho do que jamais sentira-se.
De qualquer forma, ele gostaria de ter um motivo de que nem tudo dá errado no fim."
hoje eu só preciso ser compreendido e amado.
um dia ruim, e parece que não é só para mim...
mas no fim é um dia só, para mim.
o único momento no qual sorri hoje foi quando o policial cogitou a hipótese de haver um cadáver no meu porta-malas. a idéia me soou tão absurda e mesmo assim plausível, que eu não pude deixar de gargalhar...
life sounds crazy sometimes.
P.S. O porta malas foi forçado e ninguém conseguiu abrí-lo ainda. e há algo chacoalhando lá dentro...
Ok. O meu carro foi encontrado. Está inteiro e fuinciona. Roubaram livros, meu caderno de anotações, meu pequeno caderno de anotações... ele valia mais do que todo o resto que estava ali dentro....
Aquilo que estacionei lá embaixo não é mais o Brutus. Brutus está violentado e morto. Agora há lá embaixo apenas um carro... e nao sei se estou feliz por vê-lo novamente.
eu preciso descansar um pouco, e começar meu dia de novo. Este começo foi péssimo...
Adeus Brutus...
Roubaram meu carro. O pobre e velho e caquético Brutus foi sequestrado. Não se se sinto saudades. Todos falam, ou tem ao menos facilidade de imaginar, os motivos para se ficar TRISTE por estar sem carro. Então vou inovar, vou listar meus 7 motivos para estar ALEGRE por terem levado o Brutus...
1 - Não vou mais ter que torcer meu cartão de crédito até a ultima gota colocando gasolina.
2 - Vou ter chance de conhecer melhor a experiencia de andar de ônibus em Brasília. Tenho doces lembranças de meu segundo grau e dos ônibus que pegava (ok, estou sendo romântico).
3 - Tenho agora um excelente motivo para pedir carona para as pessoas. Eu adoro andar como passageiro.
4 - O seguro, cedo ou tarde, vai me dar dinheiro pra comprar outro carro.
5 - Todas as preocupações do tipo "eu tenho que lavar o Brutus pq ele tá imundo, tenho que levar ele na oficina antes que pare na rua, tenho que pagar o bendito IPVA antes que uma blitz me pegue" desaparecem instantaneamente...
6 - Do jeito que aquele carro era fácil de arrombar, ao menos levaram logo o carro e não apenas alguma coisa querida que estivesse no interior dele. Dessa forma não tem mais a chance de eu me tornar estupido o bastante para perder algo pq deixei dentro de um carro que pode ser aberto com uma chave de fenda.
7 - Toda a parte da minha história que estava atrelada ao carro foi junto com ele. Novos periodos de vida demandam mudanças. Ficar sem o Brutus está sendo ótimo pra simbolizar a nova fase....
ok, tem o oitavo motivo que quem me conhece sabe muito bem que existe:
AGORA TENHO UM ÓTIMO MOTIVO PARA FURAR, ME ATRASAR, OU SIMPLESMENTE RECUSAR QQ CONVITE. ;)
Estejam em paz.
E em breve espero sugestões de carro novo ;)
terça-feira, 6 de abril de 2004
Um tal de Metralhadora deixou o recado, e eu "repasso pra galera" (sic).
"ENTÃO TÁ! ATENDENDO AOS PEDIDOS DA GALERA. FAREMOS UM ENCONTRO DOS BLOGUEIROS DO DF NO DIA 14 DE ABRIL. SUGIRO ALGUNS BARES E FAREMOS UMA VOTAÇÃO!!
- BEIRUTE - 110 SUL
- LIBANUS - 206 SUL
- MARUJO - 105 SUL
- AZEITE DE OLIVA - 403 SUL
REPASSE PARA OUTROS BLOGUEIROS DO DF QUE VCS CONHEÇAM!!"
Entre esses eu prefiro o Beirute, e vocês? :)
The Bitter End
placebo
Since we're feeling so anesthetised
In our comfort zone
Reminds me of the second time
That I followed you home
We're running out of alibis
From the second of May
Reminds me of the summer time
On this winter's day
See you at the bitter end
See you at the bitter end
Every step we take that's synchronized
Every broken bone
Reminds me of the second time
That I followed you home
You shower me with lullabies
As you're walking away
Reminds me that it's killing time
On this fateful day
See you at the bitter end
See you at the bitter end
See you at the bitter end
See you at the bitter end
From the time we intercepted
Feels alot like suicide
Slow and sad, getting sadder
Arise a sitting mine
(See you at the bitter end)
I love to see you run around
And i can see you now
Running to me
Arms wide out
(See you at the bitter end)
Reach inside
Come on just gotta reach inside
Heard your cry
Six months time
Six months time
Prepare the end
(See you at the bitter end)
.
.
brian knows the truth
brian reads the future
brian is a fag, brian is a god.
thank you brian.
a vida é impressionante o bastante para me manter vivo.
seus caminhos são estranhos
e há supresas no caminho, sempre.
é impressionante como, com um pouco de concentração e macarrão apimentado, consigo escrever rapidamente. :)
o texto (do qual um trecho é citado abaixo), muito adequado embora macarrônico, foi escrito em 7 minutos.
" A questão do ambiental do transito automotivo nas áreas urbanas muito interessa a nós, estudantes de psicologia e condutores de veiculos automotivos. Por este motivo, após alguma deliberação com nosso parceiro de pesquisa, sr. Marcelo Brandt, foi decidido que o tema a ser abordado em nosso artigo é a interação dos motoristas automotivos que sobem a segunda vicinal transversal à via W4 oriundos do balão em frente à saída central do estacionamento da ala sul do Instituto Central de Ciências da UnB com o ambiente do cruzamento da referida vicinal transversal com a via W4, localizado em frente ao Hospital Universitário de Brasília, e a escolha por seguir o caminho indicado pela sinalização, realizando conversão à direita, ou transgredindo a orientação da sinalização e cruzando a pista em uma conversão à esquerda."
Achou o tema irrelevante?
Eu acho que o professor não achou. Assim é a ciência psicolôgica, "uma cienciazinha aborrecida que se ocupa de elaborar sobre o óbvio" já dizia William James (aquele que cheirava gás hilariante e que escreveu alguns dos mais geniais livros sobre loucura e religião).
Manhã de terça feira...
Acordei com a chuva batendo na janela. Isso foi pouco antes da mensagem chegar no celular. Eu acho que já estava sorrindo antes, e certamente estou sorrindo depois. Levanto-me. Há dois textos breves para escrever para uma matéria da UnB. Há muitos emails para ler, há uma aula a assistir, há a chegada de um amigo a comemorar... há tanta coisa a se ajeitar, numa vida que é maravilhosa mas ainda desajeitada... e há ela.
E então me levanto e faço uma coisa de cada vez.
Devagar, a gente chega lá.
domingo, 4 de abril de 2004
(cortesia do blog da Luisa que não é a minha sobrinha)
vamos à caça, meninas!
- posso levar ela em casa?
- não.
- onde você mora?
- longe.
- eu moro perto dela.
- e daí?
- deixa eu levar ela em casa?
- não.
- ela pediu para eu perguntar pra vc.
- já não perguntou?
- deixa, vai...
- NÃO!
my name is cu niahm
UPDATE: segundo a própria, eu teria dito "voce mora perto? problema seu... ela está indo para longe"
pessoas cambaleando pelos corredores / água para todos / cada um cai em um canto / ei, essas almofadas são minhas, eu vi primeiro... / nath, veste isso aqui, vc tá de saia / seu celular deu pau, pega o meu... / eu tenho que escrever um conto, fica para amanhã / tatuagem amanhá cedo / eh, tatuagem amanhã cedo / bebe água você também / melecas pretas de rapé / a casa fica em siléncio...
e então também é minha hora de dormir.
chegamos todos bem, e bem bebados, a Weimar.
sábado, 3 de abril de 2004
Saturnine
The Gathering
The day you went away
You had to screw me over
I guess you didn't know
all the stuff you left me with
is way too much to handle
But I guess you don't care
You don't need to preach
you don't have to love me, all the time
Whatever on earth possessed you
to make this bold decision
I guess you don't need me
While whispering those words
I cried like a baby
hoping you would care
You don't need to preach
you don't have to love me, all the time
You don't have to preach
all the time
sexta-feira, 2 de abril de 2004
Olha lá, quem vem do lado oposto vem sem gosto de viver
Olha lá, que os bravos sao escravos sãos e salvos de sofrer
Olha lá, quem acha que perder é ser menor na vida
Olha lá, quem sempre quer vitoria e perde a gloria de chorar
eu que ja nao quero mais
ser um vencedor
levo a vida devagar
pra nao faltar amor
olha voce
me diz que não
melhor esconder
o coração
Não faz isso amigo
ja se sabe que voce
so procura abrigo
mas nao deixa ninguem ver
Porque será?
e eu que ja nao sou assim
muito de ganhar
junto as mãos ao meu redor
faço o melhor
que sou capaz
so pra viver em paz
(los hermanos, o vencedor)
Pq se parece comigo.
Sometimes...