Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

terça-feira, 27 de abril de 2004

O som estava bom e havia pessoas interessantes o suficiente. Só isso já faria uma boa festa, eu acho. Estava tocando alguma música que eu gostava, mas eu já havia dançado por horas e resolvi me sentar em uma das cadeiras da sala. Lá no meio da pista de dança a cabeça do Daniel Madsen, acima da cabeça das outras pessoas do setor da pista, balançava. Rio à toa e me sento.

Olho para a pista, talvez estivesse um pouco bebado, e acendo meu cigarro. Por um segundo não estou alí. Lembro-me da noite anterior (ou teria sido da noite daquele dia mais cedo? eu não sabia então, e não sei mais agora), daquela menina que eu havia beijado. É claro que lembrava, e lembro, de seu nome. Tentei sem muita convicção afastar o pensamento e voltar para a festa e me divertir. Não consegui.

Foi então que eu descobri que estava fisgado. E foi assim que começou, há exatamente dois anos atrás. E depois disso muita coisa aconteceu. Muito mais do que eu conseguiria imaginar naquele momento. Naquele momento eu só estava feliz de imaginar que ela também me queria, e que no dia seguinte sabia que acordaria já com a mão no celular.

Agora já passou muito tempo, mas nunca é tempo demais. Tenho a memória boa demais, que hora me tortura e hora me dá algo luminoso nesta noite vazia entre estes dias vazios.

Eu devo ser um eterno, estúpido e incorrigível romântico. E daí?
Eu gosto de ser assim.


Ninguém precisa saber do que estou falando,
porque só interessa a quem sabe...

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