A história ainda tá começando a ser esmiuçada, mas segundo o Zé Augusto do blogue Os Amigos do Presidente Lula (ok, nome suspeito!), o famoso blogueiro e jornalista Ricardo Noblat estaria recebendo uns 40mil reais por ano do Senado, por motivos não muito bem explicados, e com o envolvimento do Senador Efraim Moraes (DEM/PB):
O Jornalista Ricardo Noblat recebe um mensalinho do Senado Federal.
O contrato foi assinado em 03/09/2008, época em que o Sen. Efraim Moraes (DEM/PB) ocupava a secretaria da mesa do Senado, responsável por estes contratos.
Nós, cidadãos brasileiros, estamos pagando através dos cofres públicos do Senado o valor de R$ 40.320,00 (por ano) para Ricardo Noblat.
O mensalinho é descrito como uma "pesquisa, produção e apresentação de 1 (um) programa semanal para a Rádio Senado"
Bem que tentaram esconder o sobrenome famoso, publicando apenas "RICARDO JOSÉ DELGADO", mas o CPF denuncia tratar-se do jornalista.
O próprio blog do jornalista confirma seu nome completo:
A dica veio de nosso amigo leitor Fabio Mello.
É claro que a notícia caiu como um rinoceronte na blogosfera. A idéia de que um blogueiro político importante esteja recebendo dinheiro "não muito bem explicado" do Senado, ainda mais advindo de um contrato com um Senador do DEM, sempre tem contornos de rinoceronte cadente. Até que se fique provado que focinho de porco não é tomada, muita água vai rolar.
Vamos ver as repercussões, as defesas de um lado e os ataques do outro, as egotrips e as conclusões acertadas (e as apressadas) da blogosfera brasileira. Está armado o circo da semana.
Não acho nada supreendente que o velho poder tenha tido a idéia de comprar blogueiros. Eles sempre acham que podem, e geralmente podem, comprar tudo e todos. Só fica feio pro Noblat, que aparentava ter uma reputação a zelar e agora terá muito a explicar.
Explica aí, Noblat.
UPDATE 23/03/2009 - 12:44PM:E o Noblat se explica (aqui,
ecoado pelo PH Amorim):
"Ricardo Noblat Em resposta a um dos leitores deste blog: Completou 10 anos no último dia 19 o programa semanal Jazz & Tal que faço para a Senado FM. Durante 113 meses, entre março de 1999 e agosto de 2008, paguei do meu bolso todos os custos do programa. Foram 493 programas ao custo mensal de R$ 1.200,00. Devo ser o único brasileiro que até hoje doou dinheiro ao Senado - 135.600,00 (113 meses x R$ 1.200,00). Fi-lo porque qui-lo. Na época, era medíocre a qualidade de produção da rádio Senado. Procurei uma produtora em Brasília - a Linha Direta. Ela cuida do programa. Gosto das coisas bem feitas e topo pagar por elas. Paguei pelo capricho de ter um programa de jazz. Pude pagar e paguei. Em setembro último, sugeri à direção do Senado que a rádio arcasse com os custos do programa pagando diretamente à produtora. Do contrário suspenderia o programa. Disseram-me que não era possível. Que seria possível me pagar como pessoa física para que então eu pagasse à produtora. Firmaram então um contrato comigo no valor mensal de R$ 3.360,00. Descontados pela própria rádio os impostos (R$ 560,00 de INSS e mais R$ 560,00 de IR), e abatido o que eu pago à produtora (R$ 1.750,00), restam-me por mês a fortuna de R$ 490,00. Preciso de mais 23 anos a R$ 490,00 por mês para recuperar os R$ 135.600,00 que gastei do meu bolso durante 9 anos e meio. Não viverei tanto tempo. E não imagino fazer o programa por mais 23 anos. Em tempo: assinei o contrato com meu nome completo - Ricardo José Delgado Noblat. Se o Senado publicou o contrato no seu site omitindo o Noblat, o problema é dele. Nada tenha a ver com isso. Noblat
De Chuíça (*): na CBN, Secretário de Serra não caiu por causa da corrupção, 21/03/2009, 19:18
Ricardo Noblat
Em resposta a alguns comentários: originalmente o programa seria veiculado em uma rádio de Brasília do jornalista Garófalo. Pressionado pelo então governador Joaquim Roriz, Garófalo desistiu do programa. Eu dirigia o Correio Braziliense que batia muito em Roriz. Ofereci o programa a Fernando Cesar Mesquita, na época Diretor de Comunicação do Senado. Ele topou. Eu nada ganharia para fazê-lo. Duas vezes o programa foi ao ar com produção da rádio Senado. Não gostei do locutor, muito menos do redator. Disse a Mesquita: como esse programa é um hobby e detesto as coisas mal feitas, irei entregá-lo pronto. É o que faço até hoje. Contratei uma produtora de Brasília que é de um amigo meu. Durante nove anos e meio paguei do meu bolso R$ 1.200,00 mensais pelo programa. O contrato com o Senado foi assinado com meu nome completo. Tenho cópia dele, naturalmente. Se no site do Senado omitiram o “Noblat”, perguntem ao Senado o que aconteceu. Nada tenho a ver com isso. O valor do contrato é de R$ 3.340,00 mensais. O Senado desconta R$ 560,00 de INSS e mais R$ 560,00 de IR. Entrega-me o resto. Pago R$ 1.750,00 à produtora. Tenho os recibos. Depois de pagar R$ 1.200,00 durante nove anos e meio, nada mais razoável que o preço cobrado pela produtora fosse reajustado. Escrevi acima que me restam R$ 490,00 por mês. Corrijo: é bem menos do que isso. Porque ainda pago o Imposto Sobre Serviço. Não sou franciscano nem candidato a Madre Teresa de Calcutá. Gosto de jazz, no meu blog tem uma estação de rádio que toca jazz, quis ter um programa, e paguei para ter. Outros gastam seu dinheiro com outras coisas. Parte do meu gasto comprando cds. O responsável por este blog sabe disso. Nada há de ilegal em ter trabalhado de graça para a Senado FM. Há outros responsáveis por programas que também procedem assim. Nada há de ilegal no contrato assinado com a Senado FM. Creio que o Senado não bancaria um contrato ilegal - e logo comigo que escrevo com dureza sobre suas mazelas. Alguns disseram aqui que não acreditam nas minhas explicações. Só posso lamentar. Tenho como sustentá-las com documentos. Por fim: espante-me a leviandade daqueles que comentam qualquer assunto sem o menor conhecimento de causa. Mas isso acontece também no meu blog. O anonimato na internet favorece os comentaristas irresponsáveis.
De Noblat explica contrato com o Senado, 22/03/2009, 19:14"
Tá explicado?
Não perguntem para mim. Eu, que acho complicada essa história de probloggers, tendo a acreditar que blogueiro tem mesmo que ter telhado de vidro. Se quer vir a público, ter voz, poder atirar para todo lado, pode se preparar para ter que se explicar muito bem sobre tudo que faz. A blogosfera brasileira não perdoa deslizes, e está sempre em busca de novos alvos. Segue a conversa, pois sei que a coisa não vai parar por aí.