Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

segunda-feira, 30 de agosto de 2004

Search Engine: ...
Search Words: orkut


e todo mundo continua vindo parar no Alriada Express por conta das buscas pela palavra Orkut...

Eu não reclamo :)

“internet is about conversation, not information,
like sex is about intimacy, not penetration”


a informação faz parte da conversa, ou não.
a penetração... (you've got the meaning).

Realidade Social
O telecentro Banco do Brasil/Sampa.org instalado na São Paulo metropolitana na semana passada foi invadido e roubado. Roubaram tudo de valor que lá havia, computadores et al., como noticia o Paulo Bicarato, ecoando notícia do Dalton. Olha só...

"Inauguramos um telecentro em parceria com o Sampa.org e o Banco do Brasil na sexta-feira passada.
Hoje, hdhd me dá a triste notícia de que foi roubado no final de semana.
Fico pensando nas máquinas pintadas, na oficina de produção, no servidor rodando direitinho, nas crianças que invadiram a sala e ficaram jogando...
Eu sei.
O processo é lento e o Capão é um retrato da realidade brasileira.
Virou pó.
Na boa, não vamos deixar os caras na mão. pensemos..."


O que penso a respeito está comentado em ambos os posts (tanto no blog do Bica quanto no do Dalton), mas para os preguiçosos, eu reproduzo aqui:

“É, é triste pra caralho que isso tenha acontecido. Triste, mas não completamente supreendente. Em qualquer iniciativa social ativa “in loco” existe esta possibilidade de confronto com os residentes da área que já foram tão “torcidos” por sua realidade que preferem tomar para si o que puderem em vez de acreditar em projetos que possam ajudá-los.

Aliás, o “Tomar para Si", a lei de Gérson, não é justamente o pensamento que criou toda esta situação em que eles se encontram? O problema de paradigma é real, e não pode ser deixado de lado. Ao mesmo tempo que temos que descobrir modos de realizar um trabalho de real eficácia em prol da inclusão digital/social também temos que estar cientes da posição social/paradigmatica em que se encontra a população alvo. Trocando em miúdos, um projeto social/cultural sério e bem intencionado AINDA é um alvo pois esta é a realidade do local.

Fico preocupado em pensar formas de se lidar com isso. Trancar os centros e torná-los cidadelas dentro das cidadelas vai no sentido contrário de toda a proposta. Mas deixá-lo aberto, como é a proposta, o deixa vulnerável. A conscientização (e efetivo apoio) da população leva tempo. As autoridades policiais não são capacitadas a defender os centros…

O que deve se fazer então? Eu não tenho as respostas, mas insisto na importância da pergunta.”


Quando você vai salvar alguém que está se afogando, você corre o risco de se afogar também, vencido pelo desespero da vítima...
Está aberta a discussão. O que se pode fazer para evitar que os centros da Casa Brasil e dos Pontos de Cultura sejam invadidos e roubados por membros da comunidade?

UPDATE:
A discussão a respeito está rolando lá no blog do Dalton.
Vale a pena passar lá e deixar sua idéia.
É assim que funcionam as coisas...

Elegia ao Grande Todo

Vou-me embora, volto com a noite,
esta minha grata companheira separável.
Selados estarão nossos destinos então.
Verdadeiros guerreiros seremos ao nascer do dia.
Do Grande Todo teremos todas as partes,
de tua alma terei o vislumbre
e aos meus espíritos irmãos saciarei

Fica comigo esta tarde
e vamos ver o sol fugir com medo do escuro.
Vomos virar a cortina do sonhar pelo avesso.
Estando vivos, morreremos, para renascer mais um pouco.
Estando aqui, iremos embora, apenas para voltar.
Que o vento do outono sopre este frio
e dispa a paisagem do negro pó da mentira.

Dancemos à nudez do próximo e à inteireza de nossa carne,
festejemos com cânhamo e álcool à tua ebritude,
façamos das trevas refúgio de um pouco de delícia.
Então o tempo construirá pontes com o nosso gozo,
construirá estradas e vícios com nosso sangue, enfim...
Fica comigo esta tarde
e fuja com o sol se conseguir.

Daniel Duende, 05.10.1994
(com adaptações)

O texto oficial é oficialmente muito chato. Moribundas, pregadas à cruz da forma estática, as palavras não cantam nem encantam mais.
Eu odeio textos oficiais, pois eles na maior parte das vezes não dizem nada.
Acima de tudo, texto oficial não dá tesão...

Por que é que não podemos escrever de uma forma viva?
Ninguém é obrigado a saber escrever, mas os analfabetos poéticos deveriam reconhecer suas limitações
e deixar a palavra escrita a cargo de quem tem amor à palavra.

O resto é silêncio...

domingo, 29 de agosto de 2004

Os Cavaleiros da Inclusão Digital,
Força Tarefa da Colina do Urubú...




ZéMura, Metal, DPadua e Duende,
um final de semana,
quatro computadores,
alguma cerveja,
macarrão, lasanha,
maravilhas de queijo,
risadas, aprendizados, bagunça,
camas desarruamdas o dia todo,
trabalho à vontade, com vontade,
por vontade e por ideal.
Foi um final de semana,
e havia cheiro de criação
e vontade e amizade,
de mentes insanas arquitetando
a cura de um mundo que esqueceu
como ser feliz, e também tinha cheiro de
poeira e de chuva para acabar com a poeira...

É assim que se vive por aqui.

P.S. There is no spoon, ice frog :)

sábado, 28 de agosto de 2004

Gatos...
um conto miado por Daniel Duende em homenagem à mais nobre das gatas...

este conto é uma homenagem à gata Lotus, foto por Zoid CrazymanOlho à minha volta, procurando aquela gata. Não posso perder ela agora... Desde que a vi, gata perdida entre os blocos, eu a quis. Fico atento a cada movimento, cada sombra. Esse jogo de perseguição, tão antigo, é um tesão. Não posso perder ela agora, e desde que cruzamos nosso olhos nesta noite, eu soube que ela também não queria ser perdida. Ela quer ser desejada, perseguida, alcançada e tomada. Eu vou achá-la. Ah, se não vou...

Corremos entre blocos, ora eu a deixava ganhar distância, ora ela se escondia para que eu a achasse. Este é o nosso jogo. Eu a perdi depois dessa curva e... Não, ela está ali! Meus pelos se eriçam quando vejo seu corpo longo e ágil correndo. Minhas pernas se esticam na corrida, minha vontade se alongando a cada passada. Cruzamos dois blocos, um estacionamento, um parque - correndo, correndo, até que a alcanço. Sinto sua respiração cansada combinando com a minha. Nossas peles se chocam com força quando pulo sobre ela. Rolamos sobre a grama seca. Ela é minha gata, eu sou o gato dela, agora. Sobre a grama, entre os blocos, sob o céu e tudo mais, me coloco dentro dela. Alí roçamos e cheiramos, lambemos e gememos... e gememos... gememos.

Uma janela se abre sobre nós. Um grito, um xingamento, uma pedra de gelo que é jogada em minhas costas - estragam tudo, doem. Alguém joga cubos de gelo sobre nós e nos chama de gatos safados, grita que quer dormir... Corremos por instinto de sobrevivência, em busca de abrigo do perigo, para lados contrários. De meu esconderijo sob um carro posso ver o gelo derretendo sobre a grama que esquentamos. Posso ver a janela sendo fechada e alguém que ruma de volta para o sono entediado. Posso ver a noite se esgueirando sobre o para-choque do carro, mas não posso ver a minha gata. Nós nos perdemos nesta noite...

Porra! Será que humanos não entendem o tesão?


MEOW!!!

...a vida imita a arte imita a vida...
por que é que os trechos de meus contos sempre me lembram de coisas que acontecem depois que os escrevi?

"Sálvia sofreu um acidente de bicicleta. Na verdade não era ela que estava sobre a bicicleta, mas o terrível atropelamento resultou em um dedo quebrado e em um nariz novamente quebrado. Digo novamente, pois ela já o havia quebrado certa vez ao abrir a porta de seu quarto na própria cara. Antes que você pense, ela não era assim tão idiota freqüentemente. Apenas quando resolvia tomar ácido e ouvir kirtangs indianos alto demais em noites de lua nova... "
(Um trecho de "A Orquestra Maragogy para os Muito Ocupados", meu conto sem fim...)

É impressão minha ou há um certo cheiro de lobo nesta Sálvia?

quinta-feira, 26 de agosto de 2004

uma vez blogueiro,
sempre blogueiro.
blogueiro eu sempre hei de ser.
é o maior prazer poder blogar
seja na terra, seja no mar,
blogar, blogar, blogar,
uma vez blogueiro
blogueiro até morrer :)

(uma homenagem idiota ao meu time, e ao prazer de blogar)

Brutus vai para a Oficina

Hoje, antes do trabalho, fui até meu carro (largado na 302 sul, incapaz de se mover de lá) e chamei um guincho. No curto trajeto da 302 sul até a 714 norte me lembrei das outras (muitas) vezes que passeei de guincho. Eu curto andar de guincho, não sei por que.

Cheguei na oficina e tive boas notícias. O problema era só mesmo o carburador. Vou morrer em APENAS R$600,00 (eu digo APENAS, pois por uma noite pensei que poderia ter estourado o motor do carro, depois de ver o óleo vazando pelo topo do motor. Não era nada, apenas 6 parafusos frouxos que permitiram que o óleo vazasse e impediram que o tampo do motor estourasse.). Amanhã o Brutus já deve estar de volta às ruas...

No caminho de ônibus até o trampo me peguei pensando "puxa, esta é uma cidade tão bonita para se andar de ônibus... pq é que eu só ando sempre de carro?". Pensamento anotado... ;)

Tem fogo?

Enquanto na Holanda você pode comprar o seu baseadinho no seu Coffee Shop predileto e fumar em paz, aqui em Terra Brasillis há cada vez menos lugares onde se possa fumar... o seu Marlboro.

Mesmo na rua, andando após o almoço, vejo as pessoas olhando desaprovadoras para a minha fumacinha. Daqui a pouco só poderemos fumar nosso cigarrinho e conversar dentro de Coffee Shops aqui no Brasil.

E o baseadinho?
- Mão na cabeça garoto!

quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Vagas para tratamento de câncer-USP
Uma amiga do Orkut passou pra mim (e pra todo o resto da lista dela). Como eu sou contra o SPAM mas ao mesmo tempo empatizo pra caramba com as pessoas que tem câncer, eu resolvi postar aqui a mensagem. Repassem, do jeito que quiserem, para quem vocês conhecerem...

"Voluntários USP - Vagas para Tratamento de Câncer

SOLIDARIEDADE!

Repassem, pois sempre podemos ajudar alguém !
A Dra. Luciana Cini, está colocando a disposição vagas para tratamento de câncer. Se alguém souber de alguém que necessite deste tipo de tratamento
é só ligar para ela.
Amigos, estar doente, já é horrível. Imagine estar com Câncer Gástrico e
não ter convênio ou meios para realizar o tratamento.
Por amor, repassem esta mensagem.
Dispomos de 15 vagas para pacientes com Câncer de estômago,esôfago,duodeno e intestino.
Tratamento completo, na Gastrooncologia, com Dr. Fonseca, diretor da Oncologia do Hospital Heliópolis,aluno do Hospital do Câncer.
Se vocês souberem de alguém que tem esse diagnóstico, me encaminhe por favor! Não há fila de espera Dra. Luciana Cini
Tel. (11) 9563 5430 / (11) 4975 2309"

É isso. Cada um faz o que lhe manda o nariz e a consciência.
E tenho dito!

Por outro lado...
Tudo bem que Vargas, em seu aniversário de suicidio, é história (e eu adoro história). Mas o outro lado dessa estória não pode ser esquecido. Foi, por sinal, muito bem lembrado por Alberto Dines (ahh, o Dines...) do Observatório da Imprensa.

"Mas o grande inspirador do trabalhismo varguista não era brasileiro e, sim, italiano: Benito Mussolini, o líder socialista que no espaço de 10 anos esqueceu o esquerdismo e tornou-se o paradigma mundial do populismo de direita. O espírito e o aparato sindical-trabalhista de Vargas foi vincado no sindicalismo fascista. Só mais tarde, nos anos 1950, é que Vargas interessou-se pelo fenômeno do Labour Party inglês.

É preciso não esquecer que a Ação Integralista Brasileira (com 600 mil filiados em todo país) dava muita atenção à questão sindical. Lourival Fontes, braço direito intelectual de Vargas, era um dos maiores especialistas mundiais em matéria de fascismo.

O Estado Novo de 1937, proclamado por Getúlio Vargas, foi um pastiche do fascismo europeu que, àquela altura, espalhava-se pela Península Ibérica, Áustria, Hungria, Polônia e Romênia.

Os comunistas, socialistas e anarquistas brasileiros não perceberam o perigo desse desvio sindical, absorvidos por outras prioridades e ilusões ? uma delas a tomada do poder pelos militares. A primeira grande desgraça que abateu-se sobre a esquerda brasileira foi a aventureira "Intentona" de 1935 (a segunda foi o "manda brasa" comandado por Brizola em 1963-64).

Ambíguo e complexo

E aqui chegamos a Olga Benário e a uma das maiores e aberrantes omissões neste cinqüentenário da morte de Vargas. Apesar do fabuloso esforço publicitário para o lançamento do filme Olga, de Jayme Monjardim, a mídia praticamente esqueceu o terror do Estado Novo. Não juntou a efeméride ao filme, tratou-os separadamente, com as raras e honrosas exceções (como o depoimento de Ruy Mesquita, no Estado de S.Paulo) que acabam soterradas pela homogeneização..."

Orkut em Português, finalmente?
Ouvi a dica lá no trabalho, e fui checar. É verdade, a galera do Google está contratando um "Coordenador de Suporte para a Língua Portuguesa" para trabalhar com eles em Mountain View, CA. Será que finalmente o Orkut vai ter uma versão em português (demorou, hein? já somos mais de 50% há muito tempo por lá...)

Segundo a página de NEWS do Orkut, o pessoal do Google está à procura de um profissional para suporte de língua portuguesa para trabalhar no Orkut. O anúncio é mais ou menos assim:

"orkut is looking for an Online Portuguese-Language Support Coordinator to work in our Mountain View, CA office!

We have an immediate need for energetic team players to help us manage our relationship with customers of Google's free products and services. The ideal candidate will have a passion for Google and a commitment to providing customers with the best possible experience. This person will act as the primary point of contact for our users worldwide and will work with Google's product, engineering and marketing teams to share customer feedback. An Online Portuguese-Language Support Coordinator will be immersed in Google's fast-paced environment and will be expected to proactively contribute suggestions about how to make the group as productive as possible.

Responsibilities include:

- Respond to user email inquiries.
- Communicate user feedback to engineering and product teams.
- Troubleshoot technical problems and escalate bug reports.
- Monitor customer feedback and product performance.

Requirements:

- Native speaker of Portuguese, preferably Brazilian Portuguese. Written
- Fluency in Portuguese. Strong attention to detail.
- Ability to complete large volumes of work quickly.
- Exceptional oral and written communication skills.
- Significant problem solving and analytical abilities.
- Capacity to thrive in an extremely fast paced environment.
- BA/BS or equivalent.
- Proven track record of exceptional performance, high productivity and meeting deadlines.
- Ability to work cooperatively and proactively with staff inside and outside of the department. "


Até que enfim, né?
Quem se candidata?

(eu só quero saber quando é que vamos ter categorização por estado também no Orkut)

O Brutus vai ter que funcionar por mais uma semana.
Na semana que vem eu coloco ele na oficina.
Pronto. Tenho dito...

UPDATE (25/08 - 22:30)
Não vai rolar. Ele simplesmente se recusou.
Ele está mal.
Amanhã vou levar ele de ambulância (guincho) pra UTI.
Rezem pelo meu carrinho...

Escreví ontem, lá na casa do Lê Fossa, um conto ótimo sobre... sobre... sobre.... sobre tesão e gatos.
Meu caderninho ficou no Brutus, e o Brutus ficou, para variar, na rua....

Quando eu recuperar meu carro e meu caderninho, prometo que posto o conto aqui.

Quanto à fábula do Cavaleiro e o Dragão, ela ainda existe e ainda está sendo escrita.
Quando vocês menos esperarem, o terceiro capítulo aparece aqui...

Estou também revisando alguns dos contos do livro. A Poocah me deu uns toques, eu dei umas sacadas em outras coisas, e o livro deve atrasar só mais um bocadinho, mas vai sair muito melhor.

O escritor vive, e bem. :)

Getúlio está morto.
Ricardo Noblat faz uma retrospectiva do dia 24/08/54 em seu blog para rememorar um dos dias que mudou a história do Brasil, há exatamente 50 anos atrás. (Bem, agora já são 50 anos e um dia, mas eu não pude postar antes). A dica foi do Alfarrábio do Bicarato.

"O "major" Gregório Fortunato é um homem que não rí nunca. Olha as pessoas de cima para baixo, com seu imenso corpo envergando ternos de casemira inglesa e chapéus panamá, tem as unhas finamente tratadas, possui carros de luxo e uma legião de agentes de seguranças recrutados na zona rural de São Borja, terra natal de Getúlio e também a dele.
Enriqueceu à sombra do chefe, que não liga e nunca ligou para dinheiro. É adulado por políticos e empresários, que antes ou depois de passarem pelo gabinete de Getúlio sempre passam por sua sala no andar térreo do Catete. Criado desde criança pela família Vargas, é capaz de matar ou de morrer por ela.
Tudo indica que por ela mandou matar Lacerda e, sem querer, matou o major-aviador Vaz.
O poderoso Gregório cujo perfil tracei acima deixou de existir desde que foi preso por oficiais da Aeronáutica no último dia 11 - menos de uma semana depois do atentado da rua Tonelero.
Na "República do Galeão", Gregório fraquejou pela primeira vez na vida. Depois de resistir impávido até a ameaça de ser jogado de um avião em pleno mar, e de receber a visita do deputado udenista Adauto Lúcio Cardoso que lhe cobrava "o nome do mandante", ele desmoronou ao ver uma edição falsa da "Tribuna da Imprensa" que pensou ser verdadeira.
Diante dos coronéis Adil e Scaffa Falcão, encarregados do inquérito aberto pela Aeronáutica, o "Anjo Negro" de Getúlio leu no jornal que Benjamim Vargas havia confessado ser o mandante do crime - e que fugira em seguida para Montevidéo. Gregório inocentou Benjamim. E desde então se dispôs a contar o que sabe.
Como costuma ocorrer com presos que abrem o bico sob tortura, Gregório deve se dispôr também a contar o que não sabe.
"
(trecho de um dos posts do dia do blog do Ricardo Noblat. este é foi um dos meus prediletos.)

Você pode gostar ou não gostar de Getúlio. Você pode não ter uma opinião sobre ele (eu mesmo não estou bem certo de que tenha uma) ou mesmo mal conhecê-lo. O que não dá pra negar é que o cara foi extremamente importante para o Brasil, da forma como como viveu e governou até a forma como morreu. Se o cara não saiu da vida e entrou pra história, eu sou um blogueiro prolixo (!?)...

Bem, ele saiu da vida e entrou pra história de qualquer forma.
E eu me interesso por história. E você?


UPDATE.

Se isso não ficou bem claro, eu explico de novo. Eu não tenho uma posição a respeito de Getúlio ou dos outros líderes de seu tempo, ou mesmo dos líderes de nosso tempo. Sou um descrente na organização política burocrática que é moda nestes dias. Sou um fã dos grupos organizados e das ordens emergentes, e não me peçam pra me alongar sobre isso novamente agora...
Achei essa sacada do Noblat interessante por seu valor histórico... E por falar em valor histórico, quem é que (assim como eu) também acha que não foi o Getúlio que apertou o gatilho? :)

Daniel Duende agora também é Cultura.



- "a galera está no apuro lá na Cultura Digital, né?"
- "Nooó, Duende. Eles estão doidinhos lá."
- "Então eu vou lá ajudar, véi."
- "Bora lá, cara. A galera vai curtir."
- "Então chama o garçon e pede mais uma cerva..."

Diálogo entre Daniéis

E assim eu fui, e assim eu trabalhei o fim de semana quase inteiro com Claudio Prado e sua Troupe lá no Ministério da Cultura. E assim lá eu estou, feliz e pimpão, pirando com a galera da Cultura Digital. Tem um milhão de coisas pra fazer, e todas elas tem que ser feitas ao mesmo tempo. Os prazos são curtos, o ritmo é caótico e excitante. A galera é boa demais. AMO MUITO TUDO ISSO.

Valeu DPadua, Lelê, Vitor, Uirá, Fred, Claudião e DPadua de novo e Claudião de novo e por assim vai...
Eu adoro trabalhar com vocês :)

terça-feira, 24 de agosto de 2004

Não Amo Muito Tudo Isso

Quando ouvi falar no rádio da tal promoção do McDonald's/Cinemark, achei que ia ser uma boa. Eu estava com fome, estava afim de ir ao cinema com a minha ruivinha e pagar só uma entrada para o casal durango não ia ser nada mau.

A merda é que, como eu já deveria imaginar, existem "letrinhas pequenas" na porra da promoção (que no rádio devem virar algo sub-vocalizado, pq eu não ouvi nada): Os papéizinhos só valem de segunda a quinta, e pra ver uns filmes palhas do tipo "Eu, Robô" e "Chamas da Vingança". Comi sanduba frio a toa, fiquei puto, e agora resolvi que não como mais no McDonalds nem sequer vou ao Cinemark. Pra que pagar mais caro quando existe Sky's e Parkshopping (que cobra só 5 reais a meia na quarta)?

segunda-feira, 23 de agosto de 2004

PISTAS
Um de melhores contos de Luana Selva, para quem sabe ler.

Tinha essa figurinha que vinha em salgadinhos, sabe? Dessas que você coleciona? Pois é, essa era de um desses japoneses olhudos e uns monstrinhos horrorosos. Mania que japonês tem com olho grande e monstros! Enfim, essa tinha escrito a palavra Esperança e nunca saiu do estojo dela. Nem essa figurinha nem um relógio que sempre atrasava. Tanta coisa ia e vinha daquele pequeno ambiente imundo.... É, imundo, porque lavar os estojo era o número 4765 da lista de preocupações que ela tinha.

Bem, o engraçado dessa figurinha é que é uma das muitas que ela ganhou; todas com palavras tipo esperança, amizade, amor, e tal. E ela, às vezes tinha essa mania de procurar sinais, pequenas pistas irônicas que a vida largava para se poder desvendar o mistério final. Às vezes ela tinha mania de refutar essas pistas e transformá-las em coincidências sem sentido. Era muito boa nas duas coisas, por isso nunca se decidia.

Essa era uma fase de brincar de detetive e ela pegou essa figurinha e seu cenho se franziu assim, bem de leve, entende? Ficou olhando para essa figurinha e para o estojo. Desde que a ganhou ela nunca a tirou dali e se, por um acaso, a tenha tirado, a devolveu. A tal da figurinha da esperança sempre ficou com ela enquanto as outras sumiam e reapareciam quando bem entendessem.

Dessas figurinhas a que mais tinha repetida era a da Coragem. Muitas vezes se agarrou a uma delas e usou como talismã, mas de nada adiantou. Depois, em uma dessas fases detetive, percebeu que teve coragem para fazer outras coisas. Aí, desatou a procurar as figurinhas e nada de achar. Olhando a figurinha da esperança percebeu que mesmo tendo aquele tanto de coragem, elas só apareciam quando bem queriam. Às vezes achava uma em qualquer canto. Às vezes sacudia suas quatro casas e não achava nenhuma.

O símbolo da esperança parecia uma estrela cadente; só que ela está subindo, então não é cadente. Cada uma tinha um símbolo. Lembrava-se de quando as colecionava. A que mais queria era a da Amizade, ela adorava o japonês olhudo daquela figurinha. Só que nunca a achou. Comeu milhões de pacotinhos de salgadinho, mobilizou todos os seus colegas que as guardavam para ela. Ninguém nunca achou - ou nunca lhe deu - a da Amizade.


Não queria pensar no que isso poderia significar.


Qual eram as outras mesmo? Ela pensava nas outras naquele exato momento. Lembrava-se de todas, mas eu tenho que fazer um esforço. Esperança, coragem, amizade... Amor, ah, claro! O amor. Estava sempre em algum lugar, próximo a ela, sabia que se resolvesse procurar o encontraria, mas sempre tinha que se ir à caça da figurinha e ela nunca estava disposta a isso. Nuca esbarrou na figurinha do amor, ou a achou ao acaso. Tinha também a Confiança, a única que conseguira todas sozinha, com os salgadinhos que ela mesma comeu. Lembrava-se de achá-la apenas nos lugares mais secretos como se ela se escondesse. Quando descobriu que confiava em apenas três pessoas na sua vida inteira, deu uma figurinha para cada.

A Sabedoria era seu marcador de livros favorito. A Luz se perdeu e ela desconfiava que tinha se escondido na mala de alguém que partira ou que se escondia na caixa de brinquedo das crianças. A outra figurinha ela esqueceu o que dizia.

Parara de andar de relógio já fazia uns anos. Sabe por quê? Porque não conseguia viver sem. Por isso andava com um, no estojo, que sempre atrasava, então, ela nunca olhava. Coisa complicada, não? Ela se levantou da cama com aquela figurinha na mão. Fechou o estojo, guardou na bolsa e foi até a janela. Olhou para a figurinha e respirou bem fundo. Um carro passava lá embaixo e o vento soprava meio forte. Ela gostava do vento, sabe? Sempre confiou nele. Então, foi para ele que ela deu a figurinha, jogando-a pela janela. A viu flutuar por um tempo e depois, enquanto a figurinha caía, ela, sem nem olhar para trás, deitou e dormiu.

sexta-feira, 20 de agosto de 2004

Tenho que colocar o link do meu BlogLines aqui no Alriada.
Depois, com tempo, eu faço isso...

os não linkados aqui, por favor, perdoem o atraso.
Life's running too fast these days...

and i like it :)

Show de Criatividade e Consciência Comunitária
Gilberto Gil, nosso ministro hacker tropical, está com tudo no movimento pelas formas alternativas e inovadoras de pensar e gerir direitos autorais em nosso tempo.


(clique na imagem para saber mais sobre o evento)

Pow, vai ser um puta show!

"...As pessoas têm o direito de morar perto do riacho, e o riacho tem o dever de correr junto às pessoas. Tem o direito de celebrar, ou não, os seus aniversários. Tem o direito de amar e tomar conta de um gato (um gato não tem de amar o seu dono, mas em tempos de necessidade, requer-se que ele o ajude). Tem o direito de às vezes não saber se têm alguma obrigação. Tem o direito de morrer, mas não é um dever."
(segundo o Bicarato, que achou isso lá no blog da Rezinha, esse trecho faz parte da Constituição de Uzupio, que se auto-intitula uma republica independente da Lituânia.)

Ahh, se toda constituição fosse escrita também por poetas.
Seríamos mais felizes então?

Certamente seria no mínimo mais gostoso estudar direito constitucional :)

P.S. Quanto custa uma passagem para Uzupio?

quinta-feira, 19 de agosto de 2004

Hacker.Tropical
Deu no Ecologia Digital. Nosso ministro da cultura, hacker tropical desde o princípio, desde antes de saber que o termo para sua forma de pensar era esse, disse tudo na aula magna que proferiu na abertura dos programas 2004/2005 da Cidade do Conhecimento da USP. Nossa revolução, as always, não está sendo televisionada.

"...Vocês certamente sabem, mas não custa destacar: existe uma comunidade, uma cultura compartilhada, de programadores e pensadores, cuja história remonta aos primeiros experimentos de minicomputadores. Os membros dessa cultura deram origem ao termo "hacker". Hackers construíram a Internet. Hackers idealizaram e fazem a World Wide Web. E amentalidade hacker não é confinada a esta cultura do hacker-de-software. Há pessoas que aplicam a atitude hacker em outras coisas, como eletrônica, música e nas ciências humanas. Na verdade, pode-se encontrá-la nos níveis mais altos de qualquer ciência ou arte.(...)

Eu, Gilberto Gil, cidadão brasileiro e cidadão do mundo, Ministro da Cultura do Brasil, trabalho na música, no ministério e em todas as dimensões de minha existência, sob a inspiração da ética hacker, e preocupado com as questões que o meu mundo e o meu tempo me colocam, como a questão da inclusão digital, a questão do software livre e a questão da regulação e do desenvolvimento da produção e da difusão de conteúdos audiovisuais, por qualquer meio, para qualquer fim."


Há quem não veja, e quem diga que não, mas há algo de novo neste governo. Muitas coisas estão correndo como sempre correram, o que decepciona os decepcionados habituais, mas há também algo de novo. No Ministério da Cultura, aquele segundo prédio quadradão depois da Catedral, no seio de velhas tantas quadradices, há uma forma nova de se fazer política e de se gerir cultura mostrando sua cara nova. O programa dos Pontos de Cultura, parte do projeto Cultura Viva do MinC, é um espetáculo de ética hacker e planejamento e gestão democrática de iniciativas.

A idéia básica dos Pontos de Cultura foi jogada em um sistema wiki (uma página de hipertexto editável por qualquer pessoa, onde se pode adicionar/editar conteúdo e a coletividade decide/constrói o conteúdo final) e discutida em um grupo de discussão. As idéias de muitos foram discutidas, refinadas e delas surgiu a formulação do projeto que agora será implantado. Nas próximas semanas será divulgada a lista dos primeiros Pontos de Cultura a ser instalados/montados pelo Brasil afora. Ponto para a Cultura!

Para quem está afim de saber o que está rolando, vale a pena ler isso aqui e isso aqui, e entrar no grupo de discussão.

Nossa Senhora Internet...



E então os senhores do mundo (ao menos eles acreditavam, então, ser os senhores do mundo) criaram uma rede de comunicações que deveria sobreviver a tudo. Ela seria à prova de guerras, desgraças, mandos e desmandos dos governos e da história. E então eles a criaram e viram que era boa.

O tempo passou e todos descobriram, a seu tempo, esta divindade etérea que é mais do que uma rede, é uma concordância.

E no fim os senhores do mundo descobriram que sua criação era maior do que eles pois era tão grande quanto tudo aquilo que havia para conectar. E foi assim que os senhores do mundo deram à luz (e às pessoas) o instrumento para criar um mundo sem senhores.

Longa vida à senhora Internet,
filha, mãe, irmã, amante, companheira...

the world of ends.

terça-feira, 17 de agosto de 2004



Eu vou largar essa merda
vcs vão ver!

Desde anteontem de noite
que eu não fumo... :)

A merda que nos mandam engolir...
Um desabafo de uma ex vitima do Zoloft
e atual vitima da Nicotina.




Há mais ou menos um ano e meio atrás
algum psiquiatra pouco esclarecido
acreditou que eu, por estar triste, deveria
tomar um anti-depressivo.



Receitou-me então Zoloft.
Ao menos não era Prozac, certo?
Errado. Zoloft é quase a mesma merda
que o Prozac, e ambos podem
causar surtos de ansiedade,
pensamentos homicidas e suicidas.








Você acha que estou exagerando?
É por que não foi você que ficou
andando para um lado e para o outro
dentro de um apartamento, sem
conseguir dormir, ou sequer se
sentar para comer ou descansar.
Isto se chama Acatisia.
(Sentimento subjetivo de inquietação
que gera incapacidade de permanecer
sentado. geralmente
associada a anti-psicóticos, mas
que EU SEI MUITO BEM que também
é causada por anti-depressivos
inibidores de reuptake de 5-HT)




Cuidado com as merdas que te mandam engolir.
Só por que o cara é um médico
não quer dizer que ele saiba
o que está te mandando tomar...

Se é pra me envenenar,
eu preferia me envenenar
com meus velhos cigarros
que não me fazem pensar
em matar ninguém, além
de a mim mesmo.



Mas por hora eu prefiro viver.
Sem cigarros ou remédios.
Quem precisa de remédios
é doente. E ser doente é
uma questão de escolha...

P.S. É foda largar o vicio
dos cigarros. O segredo
é manter sua boca
e sua cabeça ocupadas... :)

Mad Pride

We hold this truth

That all human beings are created different.That every human being has the right to be mentally free and independent.

That every human being has the right to feel, see, hear, sense, imagine, believe or experience anything at all, in any way, at any time.

That every human being has the right to behave in any way that does not harm others or break fair and just laws.

That no human being shall be subjected without consent to incarceration, restraint, punishment, or psychological or medical intervention in an attempt to control, repress or alter the individual's thoughts, feelings or experiences.

{universal declaration of mental rights and freedoms}


Prozacspotlight.org
Adbusters.org

sábado, 14 de agosto de 2004

A Descoberta do Behr...

Estava me empanturrando de moyashi e andando ansioso pela casa. Sentindo-me já um pouco atrasado para me arrumar e sair. Em minha cabeça, ao menos, estava atrasado. Intranquilo por bobagens, pra variar.
Meu irmão chegou sorridente com livros nas mãos. Adoro quando ele faz isso...

"...Nicolas Behr, conhece?"
Eu não conhecia. "Dizem que é O poeta da Brasilia.". Fiz cara de cético. Não acredito em superlativos fáceis.
Quando olhei dentro dos livros, eu entendi o que meu irmão quis dizer.
Nicolas Behr é o (vamos tirar a maiúscula?) poeta de Brasília, e ponto.

E assim eu descobri o Nick Behr, poeta e louco de plantão, ex-empresário performático da Banda 69 (antiga banda do meu irmão) e escrevedor das linhas retas dessa cidade seca. E assim eu decidi que tenho que entrar em contato com este cara. E eu tenho que mostrar ele para meus concidadãos que o desconhecem.

Nicolas Behr é o cara!

(clique aqui para conhecer o site do cara)

Cigarros e Falsas Necessidades
Um velho texto meu de 2002 sobre a vida de citadino mimado e viciado em civilização (e seus vicios)

"Meus cigarros acabaram, que desastre! Como posso eu viver em cima desta colina sem cigarros? O canto dos passarinhos, o sopro do vento, o toque do meu celular, tudo enfim me lembra de que não tenho um cigarro para fumar. Não estou de todo sem fumo. Tenho os fumos de cachimbo que comprei anteontem, inclusive um Latakia, curtido em cocô de camelo, forte e encorpado, que eu estava namorando há muito tempo. Mas estou sem cigarros, que desastre isto me soa.

Isto me leva a pensar sobre nossa tão birrenta tendência à insatisfação. Por mais que tenhamos quase tudo que nos acostumamos a ter - eletricidade, um teto, amigos, um bom estoque de guloseimas na dispensa além da comida na geladeira - quando nos falta uma das coisas que estamos acostumados a ter então o mundo parece terrivelmente errado. Quando tenho cigarros, penso, eles não são lá grande coisa. Acende-se um, ele dura um tempinho enquanto o fumo quase automaticamente, e então ele acaba e em minutos nem lembro mais que eu estava fumando um cigarro. Deles só me lembro quando quero fumar, mas quando faltam, ah como eu queria um cigarro!

Não é assim apenas com o cigarro. Me lembro de ontem quando faltou luz, eu tinha cigarros mas isso de nada valia, pois faltava energia elétrica e eu detestei estar no escuro sem poder ligar meu computador, ou mesmo uma lâmpada, para me sentir menos sozinho e frágil no escuro. E quando tenho os dois, eletricidade e cigarros, sinto falta de qualquer outra coisa. Uma namorada, a comida que queria comer, ovinhos de amendoim... Eu e meus semelhantes somos mesmo muito mal acostumados...

Por que precisamos destas coisas todas para sermos felizes? Será uma infeliz opção pelo vício, ou será que inadvertidamente nos acostumamos assim? Nascemos sem estes vícios. Cidades, eletricidade, guloseimas, comidas saborosas, cigarros... São coisas que viemos a conhecer depois, acredito. E por que então elas nos foram apresentadas, à guisa de uma vida melhor? Somos mesmo uma raça que tem muito gosto por se prender às correntes de sua obra. Somos o escultor preso à sua escultura, temeroso em afastar-se da mesma, já cego a tudo que não seja obra sua. Temos medo de cair se nos afastarmos demais de nossa fogueira de eletricidade que fumiga a terra com seu mau ar. E pensar em tudo isso me faz ficar triste. Se ao menos eu tivesse um cigarro..."

Daniel Duende, abril de 2002


Eu continuei reclamando
e eu continuo reclamando...
até quando?

E você?
Também reclama de barriga cheia?

Coisas de Sonhador

Lisbela
Los Hermanos

Eu quero a sina de um artista de cinema
Eu quero a cena onde eu possa brilhar
Um brilho intenso, um desejo, eu quero um beijo
Um beijo imenso, onde eu possa me afogar
Eu quero ser o matador das cinco estrelas
Eu quero ser o Bruce Lee do Maranhão
A Patativa do Norte, eu quero a sorte
Eu quero a sorte de um chofer de caminhão
Pra me danar por essa estrada, mundo afora, ir embora
Sem sair do meu lugar
Pra me danar por essa estrada, mundo afora, ir embora
Sem sair do meu lugar.
Ser o primeiro, ser o rei, eu quero um sonho
Moça donzela, mulher, dama, ilusão
Na minha vida tudo vira brincadeira
A matinê verdadeira é domingo e televisão
Eu quero um beijo de cinema americano
Fechar os olhos fugir do perigo
Matar bandido, prender ladrão
A minha vida vai virar novela
Eu quero amor, eu quero amar
Eu quero o amor de Lisbela
Eu quero o mar e o sertão
Eu quero amor, eu quero amar
Eu quero o amor de Lisbela
Eu quero o mar e o sertão

.
.
.
.
.
porque eu sou um sonhador assumido.

sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Precisa-se.

Preciso urgentemente, e negocio qualquer preço não monetário por:

- Um patuá haunukan de "arranjá emprego bom" em bom estado de conservação e com magia forte ainda contida.

- Um helicóptero usado e em razoável estado de conservação, para encurtar as distâncias espaciais entre eu e Poocah.

- Um pote de shampoo de intestino de diabo da tasmânia, para cabelos mezzo secos mezzo cruz credo. Meu cabelo agradece.

- Uma garrafa de coragem engarrafada, de preferencia de fabricação irlandesa.

- 23 agulhas de prata.

- Nada em especial, contanto que seja interessante.


interessados, entrem em contato :)

terça-feira, 10 de agosto de 2004

Um show de democracia

Cyntia Arnas, a raposa das caudas novas, nova Owner da comunidade Brasília do Orkut. Eleita por 23 votos a 10.Em um raro arroubo de pensamento democrático (tão raro em minha pessoa) decidi colocar em votação o nome do novo owner da comunidade Brasília do Orkut. O tópico teve 59 comentários em menos de dez horas e a Cyntia Arnas, minha querida amiga e companheira de cervejadas e "névoas das montanhas" foi eleita com a votação esmagadora de 23 votos contra 10 do segundo colocado. Cyntia, que sempre admirei pela criatividade, fez até uma página para sua candidatura.

Para falar a verdade (e eu tenho este hábito dracônico) a Cyntia já era a minha candidata desde o princípio. Sem dúvida alguma ela será a melhor owner que a comunidade poderá ter. Espero que ela se divirta mais do que eu me diverti com aquela comunidade. :)

Democracia de internet (sic) é assim. Rápida, clara e direta.

Cyntia, você está empossada.
Agora eu quero minhas cervejas. :)

"Não tentem entender os loucos e os poetas.
Apenas recebam deles aquilo que é bom para vocês, e sigam seu caminho.

Muitas coisas não nos são dadas a entender.
Eles conversam com os Deuses, sabe?" ;)

No ínicio da estrada


Leite
+ Nescau
+ Canela
+ Açúcar
+ Restos de bala de côco
+ Xarope de guaraná
---------------------------------
Alimento dos Campeões



Hoje é dia de levar o Brutus para o conserto. É dia de encontrar com a Poocah e matar um pouco das saudades. É dia de encontrar com um velho amigo e beber aos caminhos tortos e longos porém belos da vida. Hoje é dia de viver.
Outro dia é dia para se escrever.
Outro dia...



A quem está em paz com a vida
a (Mãe) Terra dá o alimento
e provê para os dias e noites,
como a mãe a um filho.


"Sou filho desta terra.
Acompanham-me o Deus meu Pai
E a Deusa, minha Mãe.
Meus companheiros espirituais,
meus protetores, meus guerreiros,
meus caboclos, meus guias,
meus duendes,
meus espíritos de luz,
meus irmãos do astral superior.

Me acompanha o meu Totem, o Dragão.

Estou nos braços da Mãe
e ao lado do Pai
em meu caminho para casa.

Que assim seja."

(uma oração de caminho da Tradição, que uso frequentemente)

Porque a vida é melhor quando você tem fé.

segunda-feira, 9 de agosto de 2004

Eu tenho um carro que toma decisões.

Meu carro, o Brutus, não está mais na flor da idade. Dez anos de uso e muitas aventuras cobram dele um preço caro. Em sua digna meia idade Brutus está começando a ficar doente. Problemas nas juntas, entupimentos no carburador, um motor que não é mais aquele...
Hoje eu planejei levá-lo à oficina. Mas ele tinha outras idéias...

Brutus resolveu que preferia ficar tomando sol no pátio da casa e mostrou uma enorme má vontade em sair de lá. Por mais que eu tentasse, o motor não permanecia ligado e não tinha força para puxar o carro na ladeira da minha garagem. Então é assim: o Brutus fica tomando sol, eu vou arranjar algo para comer por aqui mesmo e a oficina fica para amanhã.

P.S. espero que o conserto não demore a semana inteira.



eu acredito no Deus e na Deusa, e na beleza da vida.
eu acredito que tudo no universo faz sentido,
embora nem todos os sentidos das coisas estejam prontamente ao nosso alcance.
eu acredito em magia e eu acredito nas pessoas...

e você?
em que você acredita?

domingo, 8 de agosto de 2004

Huxley de volta ao mundo novo
Uma grande sacada de meu romancista-futurologista predileto sobre os caminhos para a nossa sociedade (que mal sabia ele o quão bem ele retratou no Admirável Mundo Novo, de 31)

" ...Mas voltando ao futuro... Se eu tornasse agora a escrever este livro, daria ao selvagem uma terceira possibilidade. Entre as soluções utópica e primitiva do seu dilema haveria a possibilidade de uma existência sã de espírito — possibilidade atualizada, em certa medida, entre uma comunidade de exilados e refugiados que teriam abandonado o Admirável Mundo Novo e viveriam dentro dos limites de uma Reserva. Nessa comunidade, a economia seria descentralizada, à Henry George, a política seria kropotkinesca, cooperativa. A ciência e a técnica seriam utilizadas como se tivessem sido feitas para o homem, e não (como são presentemente e como serão ainda mais no mais admirável dos mundos novos) como se o homem tivesse de ser adaptado e absorvido por elas. A religião seria a procura consciente e inteligente do Fim último do Homem, o conhecimento unitivo do Tao ou Logos imanente, da Divindade ou Brama transcendente. E a filosofia dominante da vida seria uma espécie de Utilitarismo Superior, no qual o princípio da Felicidade Máxima seria subordinado ao princípio do Fim último, sendo a primeira questão que se punha e à qual seria necessário responder, em cada uma das contingências da vida, a seguinte: "Como contribuirão ou porão obstáculos à realização, por mim ou pelo maior número possível de indivíduos, do Fim último do Homem, este pensamento ou este ato?" "

Para quem leu o livro, este trecho é auto explicativo. Aqueles que não leram, leiam. Vale a pena.

Mal posso esperar pra mostrar isso pro DPadua :)

Enquanto observava as pessoas em seu frenesi de Stage Dives durante o show do Little Quail, eu me lembrava de uma história que ouvi certa vez...

Ao que parece o primeiro stage dive do Brasil foi... cometido... por Tony Tornado (sim, aquele negão enorme). A pobre mocinha que estava embaixo dele ficou paralítica. Só no Brasil mesmo... :)

P.S. Este post é dedicado às famílias das pessoas que estavam embaixo do Daniel Madsen quando ele pulou de cima do palco.

Little Quail é do caralho!
(depois eu faço um post decente a respeito)

sábado, 7 de agosto de 2004


ok... eu sou narcisista.

sexta-feira, 6 de agosto de 2004

Twa Corbies
uma sombria balada escocesa...

As I was walking all alane
I heard twa corbies making a mane:
The tane unto the tither did say,
"Whar sall we gang and dine the day?"

"- In behint yon auld fail dyke
I wot there lies a new-slain knight;
And naebody kens that he lies there
But his hawk, his hound, and his lady fair.

"His hound is to the hunting gane,
His hawk to fetch the wild-fowl hame,
His lady's ta'en anither mate,
So we may mak our dinner sweet.

"Ye'll sit on his white hause-bane,
And I'll pike out his bonny blue e'en:
Wi'ae lock o' his gowden hair
We'll theek our nest when it grows bare.

"Mony a one for him maks mane,
But nane sall ken whar he is gane:
O'er his white banes, when they are bare,
The wind sall blaw for evermair."



pelo amor da magia e do mito.

Só para quem acredita em magia...


Knock at the Duir
O primeiro filminho da deliciosa página Duirwaigh.

tem coisas que não se explicam...
elas tem encanto a seus olhos, ou você é cego para elas.

"O amor perfeito é só uma planta..."

Amor de verdade é pra segurar as pontas.
Há de ter vontade de ser melhor,
há de fazer alguma força e de cantar
algum canto de dormir.
Tem que se ter esperança e vontade
e confiar nas coisas belas do estar.

Amor de verdade não questiona, pergunta;
não se entrega ou se corta
mas também dói e estica.
Não tem remédio, mas tem sempre curativo;
não tem punho fechado,
pois com a mão aberta a pele se mostra melhor.

Ele é noite para quem passou o dia,
é madrugada para quem deita tarde.
Amor de verdade se dá, mas não se toma.
Se deita, mas não se doma.
Ele tem pontas dos dedos e tem segredos
e tem seu jeito de afastar os medos.

Acima de tudo, amor de verdade não é perfeito,
ele é completo e presente, é muito mais.
Amor perfeito é só uma planta...

quarta-feira, 4 de agosto de 2004

está comprovado:
Quando eu não acesso o MSN as pessoas leem mais o meu blog. :)

Vocês não imaginam o bem que um pouco de jejum de internet auto imposto pode fazer por vocês, pricipalmente se forem escritores e/ou estiverem com estresse de informação.

por que você não desliga isso e vai ler um bom livro pra variar?
é o que vou fazer, de novo, agora :)

"As coisas estavam mais quietas do que de costume por ali. Há algum tempo ele já não se sentia bem. Estava difícil trabalhar, o tempo todo sendo assaltado por sentimentos tão fortes, tão intensos. Estava difícil trabalhar também pois ele era frágil e doente desde que nascera. E foi então por isso que as coisas aconteceram como aconteceram, ele descobriu depois. Mas naquele momento ele só sabia que as coisas estavam calmas demais por ali. Não era uma noite de sono - estava calmo demais por ali mesmo que fosse uma noite de sono das mais profundas. E então um ruído imenso fez a sua casa tremer, as paredes, e o seu amigo inseparável sob ele, e as vigas to teto...
E então vieram aquelas mãos enormes e brancas, junto a toda aquela luz que ele já havia experimentado de certa forma mas nunca havia visto com seus olhos, mesmo por que não tinha olhos. E então as mãos o levaram embora da casa onde sempre morou. Isso deveria ser o fim, não é? Mas o fim tem que ser assim?

Esta é a História de um Coração."

(fragmentos de meu novo conto de realidade fantástica "Esta é a história de um coração")

terça-feira, 3 de agosto de 2004

"os fotologs nos deram a grande chance de nos tornarmos todos fotógrafos com chance de publicar nossos trabalhos... mas em vez disso, que vergonha, nos tornamos apenas modelos cheios de caras e bocas."

eu não disse que a tendência natural do ser humano é para o ridículo?

abração para a macacada...


trecho do conto "O Último Cravo", último conto de meu primeiro livro.

está quase pronto...
quase...
pronto...

P.S. Obrigado a todos que me apoiaram. Obrigado pela compreensão e apoio, Poocah. Vocês são todos inestimáveis...

segunda-feira, 2 de agosto de 2004


o império vem aí
para foder com você...


Bruno Lasher é um fofo-agressive...

(os posts nonsense estão de volta ao Alriada Express...)

"Depois de chorar eles conversaram. Não foi uma conversa agradável, mas ao menos era a verdade. Dizem às vezes que uma verdade triste é melhor do que uma fantasia. No caso deles, as fantasias já estavam rasgadas em algum momento do passado. Então conversaram sobre verdades tristes..."

tudo que eu preciso é de um parágrafo como este para poder começar bem um dia de trabalho em meus contos...

isto é um post.