Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Getúlio está morto.
Ricardo Noblat faz uma retrospectiva do dia 24/08/54 em seu blog para rememorar um dos dias que mudou a história do Brasil, há exatamente 50 anos atrás. (Bem, agora já são 50 anos e um dia, mas eu não pude postar antes). A dica foi do Alfarrábio do Bicarato.

"O "major" Gregório Fortunato é um homem que não rí nunca. Olha as pessoas de cima para baixo, com seu imenso corpo envergando ternos de casemira inglesa e chapéus panamá, tem as unhas finamente tratadas, possui carros de luxo e uma legião de agentes de seguranças recrutados na zona rural de São Borja, terra natal de Getúlio e também a dele.
Enriqueceu à sombra do chefe, que não liga e nunca ligou para dinheiro. É adulado por políticos e empresários, que antes ou depois de passarem pelo gabinete de Getúlio sempre passam por sua sala no andar térreo do Catete. Criado desde criança pela família Vargas, é capaz de matar ou de morrer por ela.
Tudo indica que por ela mandou matar Lacerda e, sem querer, matou o major-aviador Vaz.
O poderoso Gregório cujo perfil tracei acima deixou de existir desde que foi preso por oficiais da Aeronáutica no último dia 11 - menos de uma semana depois do atentado da rua Tonelero.
Na "República do Galeão", Gregório fraquejou pela primeira vez na vida. Depois de resistir impávido até a ameaça de ser jogado de um avião em pleno mar, e de receber a visita do deputado udenista Adauto Lúcio Cardoso que lhe cobrava "o nome do mandante", ele desmoronou ao ver uma edição falsa da "Tribuna da Imprensa" que pensou ser verdadeira.
Diante dos coronéis Adil e Scaffa Falcão, encarregados do inquérito aberto pela Aeronáutica, o "Anjo Negro" de Getúlio leu no jornal que Benjamim Vargas havia confessado ser o mandante do crime - e que fugira em seguida para Montevidéo. Gregório inocentou Benjamim. E desde então se dispôs a contar o que sabe.
Como costuma ocorrer com presos que abrem o bico sob tortura, Gregório deve se dispôr também a contar o que não sabe.
"
(trecho de um dos posts do dia do blog do Ricardo Noblat. este é foi um dos meus prediletos.)

Você pode gostar ou não gostar de Getúlio. Você pode não ter uma opinião sobre ele (eu mesmo não estou bem certo de que tenha uma) ou mesmo mal conhecê-lo. O que não dá pra negar é que o cara foi extremamente importante para o Brasil, da forma como como viveu e governou até a forma como morreu. Se o cara não saiu da vida e entrou pra história, eu sou um blogueiro prolixo (!?)...

Bem, ele saiu da vida e entrou pra história de qualquer forma.
E eu me interesso por história. E você?


UPDATE.

Se isso não ficou bem claro, eu explico de novo. Eu não tenho uma posição a respeito de Getúlio ou dos outros líderes de seu tempo, ou mesmo dos líderes de nosso tempo. Sou um descrente na organização política burocrática que é moda nestes dias. Sou um fã dos grupos organizados e das ordens emergentes, e não me peçam pra me alongar sobre isso novamente agora...
Achei essa sacada do Noblat interessante por seu valor histórico... E por falar em valor histórico, quem é que (assim como eu) também acha que não foi o Getúlio que apertou o gatilho? :)

Nenhum comentário: