Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

segunda-feira, 30 de agosto de 2004

Elegia ao Grande Todo

Vou-me embora, volto com a noite,
esta minha grata companheira separável.
Selados estarão nossos destinos então.
Verdadeiros guerreiros seremos ao nascer do dia.
Do Grande Todo teremos todas as partes,
de tua alma terei o vislumbre
e aos meus espíritos irmãos saciarei

Fica comigo esta tarde
e vamos ver o sol fugir com medo do escuro.
Vomos virar a cortina do sonhar pelo avesso.
Estando vivos, morreremos, para renascer mais um pouco.
Estando aqui, iremos embora, apenas para voltar.
Que o vento do outono sopre este frio
e dispa a paisagem do negro pó da mentira.

Dancemos à nudez do próximo e à inteireza de nossa carne,
festejemos com cânhamo e álcool à tua ebritude,
façamos das trevas refúgio de um pouco de delícia.
Então o tempo construirá pontes com o nosso gozo,
construirá estradas e vícios com nosso sangue, enfim...
Fica comigo esta tarde
e fuja com o sol se conseguir.

Daniel Duende, 05.10.1994
(com adaptações)

Nenhum comentário: