Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

quinta-feira, 19 de agosto de 2004

Hacker.Tropical
Deu no Ecologia Digital. Nosso ministro da cultura, hacker tropical desde o princípio, desde antes de saber que o termo para sua forma de pensar era esse, disse tudo na aula magna que proferiu na abertura dos programas 2004/2005 da Cidade do Conhecimento da USP. Nossa revolução, as always, não está sendo televisionada.

"...Vocês certamente sabem, mas não custa destacar: existe uma comunidade, uma cultura compartilhada, de programadores e pensadores, cuja história remonta aos primeiros experimentos de minicomputadores. Os membros dessa cultura deram origem ao termo "hacker". Hackers construíram a Internet. Hackers idealizaram e fazem a World Wide Web. E amentalidade hacker não é confinada a esta cultura do hacker-de-software. Há pessoas que aplicam a atitude hacker em outras coisas, como eletrônica, música e nas ciências humanas. Na verdade, pode-se encontrá-la nos níveis mais altos de qualquer ciência ou arte.(...)

Eu, Gilberto Gil, cidadão brasileiro e cidadão do mundo, Ministro da Cultura do Brasil, trabalho na música, no ministério e em todas as dimensões de minha existência, sob a inspiração da ética hacker, e preocupado com as questões que o meu mundo e o meu tempo me colocam, como a questão da inclusão digital, a questão do software livre e a questão da regulação e do desenvolvimento da produção e da difusão de conteúdos audiovisuais, por qualquer meio, para qualquer fim."


Há quem não veja, e quem diga que não, mas há algo de novo neste governo. Muitas coisas estão correndo como sempre correram, o que decepciona os decepcionados habituais, mas há também algo de novo. No Ministério da Cultura, aquele segundo prédio quadradão depois da Catedral, no seio de velhas tantas quadradices, há uma forma nova de se fazer política e de se gerir cultura mostrando sua cara nova. O programa dos Pontos de Cultura, parte do projeto Cultura Viva do MinC, é um espetáculo de ética hacker e planejamento e gestão democrática de iniciativas.

A idéia básica dos Pontos de Cultura foi jogada em um sistema wiki (uma página de hipertexto editável por qualquer pessoa, onde se pode adicionar/editar conteúdo e a coletividade decide/constrói o conteúdo final) e discutida em um grupo de discussão. As idéias de muitos foram discutidas, refinadas e delas surgiu a formulação do projeto que agora será implantado. Nas próximas semanas será divulgada a lista dos primeiros Pontos de Cultura a ser instalados/montados pelo Brasil afora. Ponto para a Cultura!

Para quem está afim de saber o que está rolando, vale a pena ler isso aqui e isso aqui, e entrar no grupo de discussão.

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