Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Por outro lado...
Tudo bem que Vargas, em seu aniversário de suicidio, é história (e eu adoro história). Mas o outro lado dessa estória não pode ser esquecido. Foi, por sinal, muito bem lembrado por Alberto Dines (ahh, o Dines...) do Observatório da Imprensa.

"Mas o grande inspirador do trabalhismo varguista não era brasileiro e, sim, italiano: Benito Mussolini, o líder socialista que no espaço de 10 anos esqueceu o esquerdismo e tornou-se o paradigma mundial do populismo de direita. O espírito e o aparato sindical-trabalhista de Vargas foi vincado no sindicalismo fascista. Só mais tarde, nos anos 1950, é que Vargas interessou-se pelo fenômeno do Labour Party inglês.

É preciso não esquecer que a Ação Integralista Brasileira (com 600 mil filiados em todo país) dava muita atenção à questão sindical. Lourival Fontes, braço direito intelectual de Vargas, era um dos maiores especialistas mundiais em matéria de fascismo.

O Estado Novo de 1937, proclamado por Getúlio Vargas, foi um pastiche do fascismo europeu que, àquela altura, espalhava-se pela Península Ibérica, Áustria, Hungria, Polônia e Romênia.

Os comunistas, socialistas e anarquistas brasileiros não perceberam o perigo desse desvio sindical, absorvidos por outras prioridades e ilusões ? uma delas a tomada do poder pelos militares. A primeira grande desgraça que abateu-se sobre a esquerda brasileira foi a aventureira "Intentona" de 1935 (a segunda foi o "manda brasa" comandado por Brizola em 1963-64).

Ambíguo e complexo

E aqui chegamos a Olga Benário e a uma das maiores e aberrantes omissões neste cinqüentenário da morte de Vargas. Apesar do fabuloso esforço publicitário para o lançamento do filme Olga, de Jayme Monjardim, a mídia praticamente esqueceu o terror do Estado Novo. Não juntou a efeméride ao filme, tratou-os separadamente, com as raras e honrosas exceções (como o depoimento de Ruy Mesquita, no Estado de S.Paulo) que acabam soterradas pela homogeneização..."

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