The King in the Rain

caminhando na chuva, entre os carros, entre as gentes de um mundo que está enlouquencendo.
eu não estou alí. eu apenas caminho por alí. então, por ser minoria, o louco devo ser eu...

as meninas e meninos, os velhos colegas daquela menina, são só meninos e meninas. eu não sou mais e descubro isso ao olhar para eles. sorrio. atravessei o rio...

a máquina do banco recusa meu cartão em frangalhos. eu já cuidei dela e agora ela não se liga mais em mim. não vou sentir falta.

na volta visito a árvore da feiticeira. digo um oi tímido, não sei mais o que dizer ou fazer. digo um adeus desajeitado e vou embora na chuva...

minhas velhas botas estão furadas / minhas meias estão molhadas. me sinto um viajante em terra distante, caminhando na chuva...

de uma janela a jovem solitária espia o mundo solitário. sento-me sob o bloco e olho em seus olhos que fogem. expiamos então a tendência à solidão deste mundo. as pessoas não sabem e não querem se encontrar...

acendo um cigarro e olho para tudo. para a chuva que cai, para a menina à janela, para as minhas botas e para a lama que há nelas. olho para o dia e para a vida. há uma magia aqui e eu sou parte dela.

o resto não importa



eu sou o rei da chuva.