Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

domingo, 21 de março de 2004

O velho rei senta-se na torre de seu reino. Talvez fosse a mais alta, talvez a predileta. Contempla o vale que se acarpeta além da amurada, o céu onde voam os pássaros que ele hoje bem sabe que não são seus. Os pássaros não pertencem a ninguém. Nem as pessoas.
Olhando à volta para certificar-se de que está sozinho, acende seu cachimbo, aquele mesmo que seu boticarista disse que o mataria. Em momentos como estes, as coisas não fazem o mesmo sentido de antes. Morrer é agora apenas mais um dia da vida, e não uma preocupação.
Ao longe o rei pode ver a comitiva de um de seus filhos, e ele tem tantos, partindo... Ainda há filhos pelo castelo, e em todos os outros lugares. Ele tem tantos filhos, esposas, parentes e conselheiros que não conseguiria lembrar-se de todos agora. O Rei dá uma baforada longa e se delicia no prazer de não pensar em nada... nada...
Olha então para as nuvens no horizonte, e com a alguma sabedoria que seus anos vividos entre problemas demais deram-lhe, espera a tempestade.
Lá embaixo, soam as trompas...

devem ter descoberto seu corpo agora, em seus aposentos...
O rei sorri, e deixa-se ir. Longa vida ao novo rei, seja qual for ele...


que assim seja, e vamos ver o que a noite e o dia me trazem.
é necessário morrer para renascer
e a crença na magia demanda que se acredite
que se pode voar.

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