Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

segunda-feira, 29 de março de 2004

"Entraram juntos naquele quarto da casa de campo. Embora fosse dia lá fora, o quarto estava escuro. A única janela do quarto estava fechada e algumas velas brancas estavam acesas em um canto, sobre o chão de cerâmica muito branca. Ela entrou na frente, conduzida pela mão daquele tão familiar estranho. A porta se fechou atrás deles, sem que ela soubesse ou se importasse se fora fechada por ele. A escuridão do quarto só era afastada então pelas velas, dando um ar muito diferente àquele quarto. A mobilia se resumia a sombras agora e seus corpos projetavam longas e bruxuleantes sobras sobre a parede nua.

Nua era também a forma como ela se sentia, voltada para a parede vendo apenas sombras. Ele deveria estar em algum lugar atrás de si no quarto. Mas ela, não sabia por que, mantivera-se no local para onde sua mão a havia guiado, obedientemente. Seu corpo pulou em ressalto, mas ela tentou não se mexer, quando as mãos dele colocaram sobre seus olhos uma venda. Ele disse em seu ouvido, quase sussurrando:

- Confie em mim.
- 'Eu já não tenho mais escolha há muito tempo...' diz ela, com a voz morrendo no final."




Ela nunca sentira-se tão nua...

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