Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

os sapatos mágicos verdes de menina artesã cor de laranja.

Era uma vez uma menina-fada que não sabia o que queria. Mentira! Saber ela sabia sim, mas não sabia como fazer aquilo que queria. Por vezes tentava, e doía de todo coração em cada vez que caía. Tentara vários caminhos, com uma parte ou outra do coração. Tentara várias respostas e mesmo várias perguntas, mas nunca estivera inteira em nenhuma destas empreitadas. O medo de cair e a escuridão da noite-de-dentro a afastavam de ver seus olhos no espelho. Mas um dia tudo isso mudou.

Um dia ela tentou diferente. Não que tenha acordado diferente, ou que o céu tenha mudado de cor. Não que as pessoas tenham começado a dizer coisas diferentes ou as dores do mundo tenham dado uma trégua. Ela apenas começou a tentar algo diferente. Parou e suspirou, e decidiu olhar para si mesma. Perguntou, e perguntou quantas vezes precisas foram, para a sua imagem no espelho - "quem eu sou?". Silenciosa a princípio, misteriosa como costumam ser as imagens de espelho, por fim a sua reflexão falou com sua alma. Palavras que ela guarda hoje bem guardadas dentro a alma, e que guiaram seu caminho - "Você é uma artesã!".

De posse do segredo de sua reflexão e de um bom estoque de vontade da alma, a jovem menina-que-é-artesã começou sua jornada. Arrumou as malas, e as idéias, e foi em busca de sua arte e de sua artesania nas terras de sua infância. Aprendeu o que pode, traçou planos que poderiam ser, que podem ser, que poderão ser. Traçou planos que caíram por terra, ou que podem cair, mas traçou rotas que poderia seguir, e seguiu. Entre todos os caminhos encontrou o seu caminho, um caminho que era seu para caminhar, e seguiu. Enfim, tomada de ânimo novo, caindo e levantando, chorando e sorrindo, ela seguiu seu caminho. Levou na bagagem tudo que aprendeu e o amor daqueles que estão caminhando junto dela, e foi.

Ao chegar no topo da primeira montanha, preparando-se para descer carregando na alma suas primeiras vitórias, ela se sentou e contemplou o caminho que já havia andado. E foi então que, tomada da magia que descobrira ter, ela fez um par de sapatos mágicos verdes. Aqueles que os viram perceberam a magia que estava contida neles. Sua avó, mulher sábia e cheia de amor, disse com olhos orgulhosos "estes serão os seus sapatos da sorte, minha neta".

E foi assim que a bela e jovem menina artesã aprendeu a magia de sua artesania, a força de seu coração e o poder de seu tesão. E foi assim que ela fez seus sapatos mágicos.

Esta é uma lenda dos dias de hoje, um mito particular de nossas vidas mágicas, absurdas, maravilhosas e tão reais.



Palavras mágicas que só podem surgir do amor de um bardo. Vai com fé, menina-artesã-alaranjada. Seus sapatos mágicos vão te levar aonde você quiser ir, à ghrá mo chroí.

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