Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

terça-feira, 16 de agosto de 2005

abdique da soberania!

essa idéia maluca de que você é dono de algo, e que as pessoas te devem alguma coisa, só pode trazer sofrimento. só somos donos de nosso momento. nem nosso passado, nem nosso futuro, e nem nada além de nós mesmos em nosso momento nos pertence. tentar ter qualquer coisa além disso é uma tolice do ego.

por que queremos tanto que ter tudo, quando no fundo o grande tesão é ser?

conta a lenda que muitas das estradas da irlanda eram perigosas para os comerciantes e viajantes de grandes posses. além dos salteadores de estradas, ou mesmo de eventuais famílias de agricultores empobrecidos, que poderiam assaltar estes viajantes, havia ainda o perigo do povo sutil. hábeis em desaparecer na floresta, criar ilusões (glamour), ou mesmo na arte da invisibilidade, o povo sutil (chamado erroneamente de povo das fadas pelas pessoas de hoje) era o maior dos perigos às posses dos comerciantes. Mas por que um povo dotado de tantas riquezas, capaz de produzir dinheiro ilusório para obter qualquer coisa que pudesse ser comprada, iria querer roubar mercadorias em estradas?

mais do que diversão, havia uma lição a ser ensinada. conta a mesma lenda que um comerciante de prata foi certa vez assaltado em uma estrada por "homens pequenos com orelhas longas vestidos apenas com longos gorros vermelhos" e deixado para trás, nu e assutado na estrada. enquanto os salteadores feéricos corriam, lembra o aterrorizado mercador, gargalhavam e diziam que tudo aquilo que roubavam nunca havia pertencido a ele. originalmente uma lenda para assustar mercadores (e aumentar o preço dos amuletos contra fadas e dos mercenários que acompanhavam caravanas), esta lenda tem um sentido mais antigo.

nada que possa ser acumulado, escondido, guardado, estagnado é realmente posse de quem o guarda. tudo flui, e tudo que é estagnado pode ser liberado, tudo que é aprisionado pode ser liberto, tudo que é tomado para si pode ser roubado e tudo que é roubado pode ser recuperado. só aquilo que não te pode ser roubado realmente te pertence. o resto (seja objeto ou pessoa) está apenas de passagem.

aproveite a vida com desapego. é mais divertido. :)



e, curiosamente, a letra de IMAGO do Pain of Salvation me vem à cabeça...

"Spring came with awakening, came with innocense and joy
Spring came with fascination and desire to deploy
Summer came with restlessness and curiousity
Summer came with longing for the things we could not be

Take me to the forest, take me to the trees
Take me anywhere as long as you take me
Take me to the ocean, take me to the sea
Take me to the Breathe and BE

Autumn came with knowledge, came with ego came with pride
Autumn came with shamefulness for the things we could not hide
Winter came with anger and a bitter taste of fate
Winter came with fear for the things we could not escape

Take me to the forest, take me to the trees
Take me anywhere as long as you take me
Take me to the ocean, take me to the sea
Take me to the Breathe and BE

Teach me of the forest, teach me of the trees
Teach me anything as long as you teach me
Teach me of the ocean, teach me of the sea
Teach me of the Breathe and BE

See me! I am the one creation
Hear me! I am all the love that came from Animae
Know me! I am the incarnation
Fear me! I am all the power held by Animae
Me!

Give me of the forest, give me of the trees
Give me anything as long as it's for me
Give me of the ocean, give me of the sea
Give me of the Breathe and BE

Give me all the forests, give me all the trees
Give me everything as long as it's for free
Give me all the oceans, give me all the seas
Give me all the breathing BE"




a obsessão da posse e a sede de poder
são as armadilhas mais ardilosas do caminho...

é.

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