Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

terça-feira, 2 de agosto de 2005

ok... está na hora de postar.

hoje foi um dia tão cheio de conversas, idéias, novos conceitos, novas mixagens de idéias... tanta coisa que fica até difícil de falar sobre tudo. Vou então fazer aqui um rápido sumário de idéias e se der eu faço depois posts melhores sobre as diversas coisas... ou não. :)

Seu Estrelo e a Mitogênese Local:
O post ficou com um nome pomposo, mas a idéia é muito simples e antiga. Tão simples e antiga que soa nova, e até estranha, aos desavisados do mundo de consumo. Como nascem os mitos? Joseph Campbell, em seu livro O Poder do Mito (vale ler isso aqui e isso aqui, e pra comprar venha aqui, ou não), coloca que o Mito está para o povo assim como o sonho está para a pessoa. É uma construção, uma tecelagem simbólica que recontextualiza o seu cotidiano e o seu universo sensível, dando a ele uma forma ao mesmo tempo mais bela, profunda e trabalhável.

Um ato conjunto desde o princípio, o ato de criar e cultivar mitos foi se tornando com o tempo e a estratificação da sociedade um privilégio de poucos. Não pense você que vivemos hoje em dia em um mundo desprovido de mitos. A televisão, o cinema, a mídia impressa e os outros elementos de comunicação (muitas vezes de pura difusão monocanal) que nos cercam os criam e fortalecem hoje em dia. Não são mais nossos mitos, construídos e mantidos com nossa experiência sensível, e sim mitos que nos são alheios e por vezes agressivos, desprovidos de nossa parcela de alma, criados por pessoas que não vivem como nós as nossas vidas. Mesmo quando não percebido como tal, o mito existe e guarda seu poder. A mitologia da guerra fria e do avanço cruel do comunismo cercava por todos os cantos o universo sensível do americano médio na segunda metade do século XX. Mas estou me desviando do ponto. Vocês já entenderam que os mitos estão entre nós, não entenderam? (e este era APENAS um post preliminar.... duende falador!)

Tico e a troupe sagrada (e mitológica) do Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro vem caminhando (dançando e cantando) em um sentido contrário. Eles trazem de volta o mito às mãos daqueles que são seus verdadeiros donos: TODOS NÓS. Com seu trabalho de criação de uma mitologia (A mitologia do Calango Alado) construída com os elementos do universo sensível e simbólico do cerrado, ele mostra o caminho da mitogênese caseira (a única mitogênese legítima em minha opinião). Cantando e dançando, em um misto de festejo, brincadeira e drama sagrado a troupe do Seu Estrelo mostra como era a experiência mitológica/poética/sagrada/festiva nos tempos primevos, em que éramos talvez primitivos mas seguramente donos de nossas mentes e narizes.

Mas este era apenas o início do trabalho, e todos eles sabem muito bem disso, e portanto começaram a fazer oficinas nas comunidades pelas quais passavam, estimulando as pessoas a criarem os SEUS PRÓPRIOS MITOS a partir de sua experiência pessoal de viver e dos elementos simbólicos de sua realidade. Aí está o movimento em toda a sua beleza. Não fique esperando que alguém te diga o que é sagrado, nem que te aponte onde estão dos deuses. Coloca seus deuses e seu universo interno pra fora e venha dançar junto com a Tribo. Surgem novos heróis culturais a cada dia. Cabe a nós percebermos que eles são muito mais importantes do que os velhos heróis culturais vendidos nos magazines. Viva Seu Estrelo e o Calango Alado (que é o dragão do cerrado...)

E o curioso é que ontem mesmo eu estava pensando nisso de criar seus próprios deuses na sua busca do seu sagrado...
É por isso que eu digo que a magia existe! Esta é a verdadeira bruxaria.


O Relógio das Flores:
Eu nunca tinha observado, mas toda cidade tem um relógio das flores como parte de seus ciclos naturais. Brasília também tem o seu, e ele é particularmente belo. Como moleque urbano transformado em adulto urbanóide eu nunca havia parado para perceber isso de verdade. Me encantei ao notar o quanto os ciclos naturais estão por aí...
Isso também faz parte da minha mitologia agora. :)


GIMP para Fotologgers:
Vocês já pensaram no quanto seria legal fazer uma oficina de GIMP para fotologgers? Fica a dica para os Debianistas de plantão. O Debian-Day tá chegando... :)


Sarau dos Imaginários:
Pelo visto, agosto vai ser o mês dos Saraus dos Imaginários. Tanto os promovidos pelos imaginários de cá (eu, dpadua, jacque fada e companhia) quanto pelos outros imaginários de nossa "tapeçaria sensível". Mais do que isso, agosto vai ser um mês de reunião e agregação dos imaginários. E por falar em agregação dos imaginários, vale a pena ler o relato de nosso querido imaginário sapo barbudo, lá no blogue dele. Longa vida à imaginariedade cocrante!


E por agora é isso.
Eu sei que sempre estou esquecendo muitas coisas,
mas isso faz parte da vida de alguém como eu...

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