Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

quarta-feira, 11 de junho de 2003

Matrix cópia de Dark City?

      Eu estava realmente disposto a não entrar na histeria que se instalou na blogosfera brasileira (e foi prontamente captada pelo toplinks) a respeito da semelhança entre os filmes Dark City (um quase fracasso de bilheteria do diretor de O Corvo, Alex Proyas, em 98) e Matrix (o filme que dispensa apresentações, dos irmãos Wachowski, de 99). Mas ao ver a ultraforçada comparação de imagens feita por um site de cinema chicano, notei que era hora de falar sobre o assunto. Achei interessante aquilo que disse o site Cinema&Opinião sobre a semelhança dos dois filmes:
      "Em “Matrix”, a ilusão da realidade era mantida através de transmissões sensoriais ao cérebro das pessoas por meio de uma fabulosa rede computadores. Já em “Cidade das sombras”, a cidade e a sociedade eram recriadas a cada vinte e quatro horas, quando as memórias dos cidadão e a própria estrutura física da cidade eram remodeladas. Tudo isso para sugar calor e energia, no primeiro caso e conhecimento para melhorar sua própria raça, no segundo. Ou seja, a classe dominante explorava a massa sempre em benefício próprio, utilizando para isso os recursos de (des)informação disponíveis.
      Onde será que já ouvimos falar disso? Será que não estamos passando por situação semelhante, sem o glamour fantástico da ficção científica? Não apenas no Brasil, mas em todo o mundo pós-modernista, o que se vê é a insaciável sede de recursos dos poderosos, que sugam as energias e dilapidam as memórias, cultura e valores do povo. Para isso, mantém através da mídia a ilusão de que vivemos às portas do paraíso, por conta de celulares minúsculos ou carrões importados a peso de ouro."


De qualquer forma, é interessante observar a frequência com que a temática do mundo ilusório apareceu em nossa cultura pop nos últimos tempos. A própria idéia da virtualidade, das relações virtuais, da revolução digital e a abstratização de nosso cotidiano (com o dinheiro de plástico com crédito virtual, contas pagas sem boletos, cobranças sem cobradores nos olhando feio...) nos leva a ficar com menos certeza daquilo que é real e daquilo que é fabricado. Você tem certeza de que o mundo em que vive, e aquilo que acredita ser a realidade à sua volta, é real? De uma forma ou de outra, é uma boa pergunta, são dois bons filmes, e é uma boa discussão...

Wake up, take the red pill... and open your eyes...

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