Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sexta-feira, 6 de junho de 2003

Aviso aos Viajantes
(uma antiga poesia que encontrei anotada em um mapa astral, igualmente antigo)

Viajante amigo,
se fordes seguir em frente
não temas, não penses na morte;
Esqueças de pensar nas tempestades
mas leve consigo sua capa de chuva;
Não volte teus olhos ao céu
para procurar nuvens negras
pois as nuvens vem e vão sempre
e você não é pastor de nuvens.

Viajante irmã,
quando viajardes ao largo
da terra conhecida
não volte teus olhos ao horizonte
à procura da mesma
pois dela partiste, e é bom
que ela fique para trás.
Volta teu olhar à linha azul,
aos prados verdes do destino
e ao mar cinza metal.
Saboreia o vento
e o momento de liberdade
de estar fora das garras
da cidade, da conformidade.
Buscas terras novas,
as Austrálias e Oceanias
e Atlântidas de seu oceano.

Viajante, se fordes viajar alto
não se esqueça de que venta lá em cima
e de que é este vento que te mantém no ar.
Aprecia a vista, e mantenha o manche firme
e saiba sempre quando retornar para abastecer,
para pisar terra firme,
comer um bom almoço,
saborear as saudades do céu.
Lembrar-se sempre de quanto vale
a liberdade de voar
para não se amedrontar
Em meio à tempestade, se uma vier.

Mas irmão viajante
o mais importante
é que quando fordes viajar
arriscas-te a descobrir lugares
de onde não mais desejarás voltar.
E este é o risco dos que ficam:
sofrer de saudade dos que sabem viajar.
Boa sorte irmão viajante
e quando você chegar
mande pra mim um sorriso
e quem sabe um cartão postal
do seu paraíso.

Daniel Duende, data ignorada.

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