Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

quinta-feira, 20 de maio de 2004

Vida de Duende, por ele mesmo...
uma ou duas poesias antigas que fazem sentido para quem sabe me ler...



Fantasma assombrando uma torre.

Por vezes pareço um fantasma.
Fico me assombrando pelos cantos
no escuro, no silêncio
na clareza dos pensamentos.
No silêncio da noite
eu sou um lorde
exilado de suas terras.
Esqueço meu nome,
Acho que é saudade
Meu brasão, um campo
vermelho de paixão

Acendo mais um cigarro
para ver a fumaça subir
e chamar a torpeza de volta.
Acendo um cigarro
pois sinto muito
e agora não quero sentir.
Agora quero apenas observar
Minha queda, minhas memórias.
Apenas observar.
Acendo um cigarro
como quem acende o pavio
de um flash de fósforo
para fotografar a si mesmo

O Lorde em sua fotografia senhorial.
Para a eternidade, para o amanhã,
para decorar estes momentos,
relembrar os passados
e os lençóis amarfanhados.
Fotografia para a identidade
e para a enfermidade da alma
não me levar embora.
Doce miséria, suave liberdade.
Nesta torre em que me aprisiono
perdi o senso e mantive a vaidade
Tenho memórias e galardão,
não tenho ninguém.




Aviso aos Viajantes

Viajante amigo,
se fordes seguir em frente
não temas, não penses na morte;
Esqueças de pensar nas tempestades
mas leve consigo sua capa de chuva;
Não volte teus olhos ao céu
para procurar nuvens negras
pois as nuvens vem e vão sempre
e você não é pastor de nuvens.

Viajante irmã,
quando viajardes ao largo
da terra conhecida
não volte teus olhos ao horizonte
à procura da mesma
pois dela partiste, e é bom
que ela fique para trás.
Volta teu olhar à linha azul,
aos prados verdes do destino
e ao mar cinza metal.
Saboreia o vento
e o momento de liberdade
de estar fora das garras
da cidade, da conformidade.
Buscas terras novas,
as Austrálias e Oceanias
e Atlântidas de seu oceano.

Viajante, se fordes viajar alto
não se esqueça de que venta lá em cima
e de que é este vento que te mantém no ar.
Aprecia a vista, e mantenha o manche firme
e saiba sempre quando retornar para abastecer,
para pisar terra firme,
comer um bom almoço,
saborear as saudades do céu.
Lembrar-se sempre de quanto vale
a liberdade de voar
para não se amedrontar
Em meio à tempestade, se uma vier.

Mas irmão viajante
o mais importante
é que quando fordes viajar
arriscas-te a descobrir lugares
de onde não mais desejarás voltar.
E este é o risco dos que ficam:
sofrer de saudade dos que sabem viajar.
Boa sorte irmão viajante
e quando você chegar
mande pra mim um sorriso
e quem sabe um cartão postal
do seu paraíso.

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