Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

ESTE QUARTO
Mário Quintana

Este quarto de enfermo, tão deserto
de tudo, pois nem livros eu já leio
e a própria vida eu a deixei no meio
como um romance que ficasse aberto...

que me importa este quarto, em que desperto
como se despertasse em quarto alheio?
Eu olho é o céu! imensamente perto,
o céu que me descansa como um seio.

Pois só o céu é que está perto, sim,
tão perto e tão amigo que parece
um grande olhar azul pousando em mim.

A morte deveria ser assim:
Um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim.




E eu espero que em um dia muito longe deste, com palavras como estas,
eu cerre meus lábios enfim para receber assim o beijo derradeiro da morte.

Quais foram mesmo as últimas palavras de Quintana?
Lembro-me que foram célebres. Amanhã as pesquiso.
Gosto de Quintana, este poeta passarinho que sabia tanto de tudo,
e mesmo assim mantinha a curiosidade e simplicidade de um menininho.

Um comentário:

John D. Godinho disse...

This Sickroom


This sickroom is as barren as my day;
I don’t even read my books anymore.
And my life, since I can’t live it as before,
is like a novel I stopped reading halfway…


Why should I care about this room where I awake
feeling I’m in a stranger’s room, by mistake?
I care about the sky out there, endlessly near,
a sky that comforts me, and soothes my every fear,

The presence of the sky is what I feel and see,
so close and friendly that it seems to be
a great blue loving gaze embracing me.

This is how death should be: it could pretend
to be a sky that gently darkened into night
and we wouldn’t even know it was the end…20)

Mario Quintana
(Translated by John D. Godinho)
Este quarto ( This sickroom) in Notes on
Supernatural History