Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

quinta-feira, 15 de julho de 2004

Velhas poesias...
Algumas velhas poesias minhas que encontrei perdidas em meu computador... e achei muito boas

Quisera fosse uma bruma, mas é só cigarro.
Quisera fosse um suspiro, mas é só catarro.
Caminho sozinho, falta luz e sobra espinho,
fumaça e vinho, e mãos no vazio.
Sou homem feito, paixão e barro.
Dia após dia, beijo e escarro.
E perdão? Não há perdão.
Sobram palavras, acabo na mão.
Por hora meu sonho é pura ilusão

Um dia tive asas, mas foram arrancadas
E no caminho do céu cansei-me em escadas.
No caminho de sua casa, pensei melhor.
E o gosto do seu corpo bom me fez pior.
Minha fé perdida, cacos espalhados,
Pedaços de sonhos nunca acabados.
Agora reviro os caminhos, velhos contos de fadas.
Arrancadas, esquecidas em uma das casas,
banhadas em sangue, minha alma, minhas asas

Agora odeio toda esta disfome poesia.
Me debato, me violento, viro noite, viro dia,
Procurando um caminho, procurando um carinho.
Procurando uma rosa e me rasgando no espinho.
Minha maquiagem tosca amanhece mais borrada.
Meu modo falso, minha paixão quase esgotada.
Eu não quero mais viver assim, não aceito mais,
Não suporto mais, não posso mais, eu quero mais
Minhas asas, minha alma, quero amar em paz!



-=-


Um dia eu soube fazer poesia
mas hoje não
Um dia eu soube o quanto valia
mas hoje não
Eu só queria a sua companhia
e quem sabe, o seu coração
Mas você é tão vazia
E com você é tudo em vão...

Um dia eu me deitei com uma fada
que eu mesmo encantei
Viví uma grande história de amor
que eu mesmo inventei
Encenei minha parte, disse minha fala
mas foi a mim que enganei
Fiz o que queria, e paguei em dor.
O fim eu não sabia, agora sei...

Um dia eu tive um enorme apetite para romance
mas hoje não
Me apaixonava pela beleza vista de relance
e hoje não?
Será que importa que musica eu dance?
Será que importa o salão?
Será que foi tudo por você estar fora do alcance?
Tão longe da minha mão...

Um dia eu amei fazer poesia
mas hoje não
Hoje, me irrita esta tal poesia
hoje estou no chão
Tanto rimar me soa hipocrisia
Tanta vaidade, tanta morfofilia
que me cansa
que me esgota
que me faz querer gritar
Agora estou cansado
de tentar fazer meu sentimento rimar
Irritado, esgotado
Farto de me deformar
Puta merda, puto azar
por quê torno tudo tão complicado
quando o que quero é escancarado
Porra, eu só quero gozar.

.
.
.
.
.
Bem.
Achei que iriam gostar.

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