Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

terça-feira, 27 de julho de 2004

Arqueologia de Hard Disk
Umas velhas poesias para começar o dia?
Então vamos nessa...



Dragão

Já eram meados do dia quando ele acordou.
Abriu seus olhos já não tão cansados, flectiu
Suas mãos não tão calejadas, partiu
Em direção a mais um dia. Começou.

Para trás tudo deixou
Atrás de si, nada sobrou
Pedra sobre pedra
Erva e Minerva
Hera e Açafrão
No fundo, batia um coração
Na face, um sorriso ladrão.

Em silêncio caminhou
Não parou para comer
Não parou para ouvir
Earth rim walker seeks his meal
Prepare the funeral pyres
The shapers songs no longer heal the fear
Within their eyes, within their eyes

Não parou para pensar, para meditar
Para voltar atrás, apenas para encantar
E em seu encanto, desejou redenção
E partiu, em busca de mais uma danação.

Em sua boca, as mais belas mentiras
Predador de sonhos, vampiro de paixões
Vitima do pathos, proferidor de canções
Coisa meio mente, meio mentira
Meio repleta, meio vazia
Monstro sem face, sem força
Na terra de deus, onde há justiça
Caminha um ser, caminho eu
Caminho meu, eu que sou
O seu Dragão.



-=-


(fragmento sem nome)

Quisera fosse uma bruma, mas é só cigarro
quisera fosse um suspiro, mas é só catarro
Caminho sozinho, falta luz e sobra espinho
Fumaça e vinho, e mãos no vazio
Sou homem feito, paixão e barro
Dia após dia, beijo e escarro
E perdão? Não há perdão
Sobram palavras, acabo na mão
Por hora meu sonho é pura ilusão

Um dia tive asas, mas foram arrancadas
E no caminho do céu cansei-me em escadas
No caminho de sua casa, pensei melhor
E o gosto do seu corpo bom me fez pior
Minha fé perdida, cacos espalhados
Pedaços de sonhos nunca acabados
Agora reviro os caminhos, velhos contos de fadas
Arrancadas, esquecidas em uma das casas
Banhadas em sangue, minha alma, minhas asas

Agora odeio toda esta disfome poesia
Me debato, me violento, viro noite, viro dia
Procurando um caminho, procurando um carinho
Procurando uma rosa e me rasgando no espinho
Minha maquiagem tosca amanhece mais borrada
Meu modo falso, minha paixão quase esgotada
Eu não quero mais viver assim, não aceito mais
Não suporto mais, não posso mais, eu quero mais
Minhas asas, minha alma, quero amar em paz!


(eu já publiquei essa antes?)


-=-


E, para terminar...

Hoje sou um amador
não quero saber de nada
mais complicado
do que o como se ama
e como se faz
para ser amado.



Pronto...
Hora de voltar ao trabalho.

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