Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

segunda-feira, 20 de outubro de 2003

Confissão de um Duende doente...

Eu confesso
que tenho medo e que me escondo.
Confesso que não sei dançar
e que me agarro a meu par...

Eu confesso
que preciso encantar
e que faço minha poesia
para os outros
pois o mundo faz poesia
para mim.

Eu confesso que assim
como outros assistem novelas
eu assisto janelas

Confesso que fico confuso
ora muito agitado, obtuso
ora perdido e triste,
penso que a magia não existe.

Eu confesso todos os meus crimes
para quem quiser ouvir
tão tolos crimes

Eu me visto de máscaras
para conseguir atenção
e finjo que sei muito mais
do que me permite a visão.

Eu confesso que já roubei
e não me arrependi
Eu confesso que já menti
tanto que nem mais sei

Eu confesso
que me sinto sozinho
e tenho medo
de ficar assim sozinho

Confesso que não sei quem sou
e que por vezes finjo
ser o que sei que não sou

Eu confesso que não gosto
do trabalho repetitivo
e do dinheiro ganho
com o suor de meu rosto.

Eu confesso que bebo
para esquecer e não pensar
e que sei que me enveneno
pois tenho medo da vida durar (demais).

Eu confesso que sujeio meu nome
mais do que as lágrimas podem lavar
e que destrui coisas belas
por que tinha fome de me saciar

Eu confesso que não tenho disciplina
e que deixo o sucesso
escorrer entre os dedos
e depois culpo a sina.

Eu confesso que não gosto da estupidez
e que tenho inveja da genialidade.
Confesso que às vezes quero
o que é dos outros...

Eu confesso que as vezes tento
apagar as estrelas à volta
com medo de que brilhem
mais do que minha verde fogueira.

Eu confesso que preciso de amor
e que preciso que me digam
o quanto eu sou bom e belo
para que não me odeie.

Confesso que faço tudo errado
quando estou apaixonado
e me deixo perder
quando me deixa a paixão.

Confesso que sinto tanta
mas tanta falta de certa menina
que mergulho na merda
para não sentir o perfume de tangerina
que minha alma ainda guarda
e que flui no silêncio da noite
me lembrando do ontem
que não volta mais...

Por fim eu confesso
que escrevo estas palavras
para conseguir amor
admiração talvez...
Escrevo estas palavras
pedindo socorro
e esperando
que alguém goste de mim...

Some one save me from me...

I am falling.

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