Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

terça-feira, 15 de julho de 2003

As nuvens correm no céu. A meu lado, uma lasanha de microondas esfria. Para falar a verdade, tudo esfria. Esfriam meus pensamentos, esfria meu quarto, esfria a já citada lasanha e esfriam meus dedos. Esfria minha inspiração já gasta. Esperam que eu diga, escreva, faça coisas interessantes. Sempre as fiz, nenhuma novidade. Mas agora parece difícil. Acordo de manhã caindo de sono, vou trabalhar, depois fico um tempo com minha namorada. Não me incomodo de acordar com sono, não me incomodo com meu trabalho, adoro a companhia da Bibba... uma das mais doces pessoas que conheço. O que eu não gosto é de mim, da pessoa que me tornei. Estou cada dia mais tacanho, bobo, patético. Não consigo escrever duas linhas de bom texto e nem ter uma conversa razoável com ninguém. É tudo uma exibição de conhecimento ou pura bobagem. É tudo uma grande parada militar de cartuchos já disparados, fardas manchadas de spaghetti, fadas semitransparentes desaparecendo no amanhecer de um novo dia de trabalho...
Onde foi parar o Duende e o que ficou no lugar?

Acho que precido dedicar mais energia, mais tesão, àquilo que me define...
minha escrita e as histórias que conto. Preciso escrever contos, poesias, livros e manuais técnicos para aquecedores de almas...
preciso jogar fora o guarda chuva e voltar a aspergir minhas redondezas com pó de pirlimpimpim....
preciso do tesão verde limão de meu seio...
precisa-se de uma juventude de volta
e preciso de mais foda-se em minha boca e mais força em meu coração
para vencer as teias que as invisíveis aranhas mecÂnicas teceram sobre minha alma...

Eu preciso me encontrar
mas não sei onde estou...

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