Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

"A casa no rochedo estava em silêncio. Em sua última noite antes de partir para a terra dos homens, o jovem bardo debruçava-se na varanda e observava o oceano escuro. Lá dentro, por trás da porta a qual ele imaginava estar trancada, dormiam aquelas que o povo acostumara-se a chamar de 'as três bruxas do rochedo'. Quando o sol se levantasse de seu berço no oceano ele iria partir daquela casa em busca de Dánloth, meio homem, meio mito, aquele que tinha em suas mãos o coração daquelas três mulheres. Delian sentia-se pequeno frente à estrada que tinha à sua frente. Seguir os passos de um deus na terra dos homens, encontrá-lo e por fim tentar trazê-lo de volta para aquela casa. Parecia impossível e apenas os deuses são capazes de coisas assim impossíveis. Mas Delian era apenas um poeta e um sonhador. E por isso talvez fosse aquele mais indicado para a tarefa de encontrar Danloth. Seus pensamentos foram interrompidos pela música da flauta mágica de Danae, que emanava suave de todos os lados. A beleza da melodia, e a lembrança da face tão bondosa e casta da mais velha e ao mesmo tempo mais jovial das três bruxas encantavam e atormentavam Delian. Sem que se apercebesse ele já estava seguindo os passos de Dánloth. O bardo que partia para além daquele oceano com os primeiros raios de sol estava apaixonado. E sua missão absurda era tentar trazer de volta àquela que detinha seu coração aquele a quem ela havia entregue o seu. Delian chorou em silêncio de medo e confusão. E então ele apenas olhou para o horizonte e aceitou o seu destino. Se a busca de Dánloth o trouxera até ali para viver aquilo, ele só tinha a agradecer àquele deus. Amanhã ele seguiria seus passos..."
(trecho de Delianárra, minha mais nova fábula)

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