Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2004



E por falar em Donnie Darko.
O Director's Cut do filme sai em fevereiro...

Acho que vou assistir mais umas 3 ou 4 vezes. :)


Você se lembra disso de algum lugar?

Leia a versão incompleta de "A Filosofia da Viagem no Tempo", por Roberta Ann Sparrow.
(dica da nath blue moon, que por sua vez recebeu a dica do bart...)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

De que valeria um horror que não choca?

Quando foi lançado, o RPG Vampire: the Masquerade (Mark Rein*Haggen, editado pela Whit Wolf Gaming Studios) era a promessa de uma verdadeira nova geração de sistemas e histórias baseadas em temas adultos de horror e frenesi. Alguns grandes nomes do horror e da literatura frenética abençoaram o jogo. E, então, alguém dentro da White Wolf resolveu que o jogo deveria agradar "um pouco mais" ao péblico geral. Levou pouco tempo para que a proposta original do sistema se perdesse (e o gênio Mark Rein*Haggen desaparecesse). Foi nessa época que eu desisti do vampire. Mas, ultimamente, lendo as tentativas corajosas de se revitalizar o sistema, voltando à sua idéia original, recuperei o meu tesão pela história. Vale a pena dar uma olhada neste texto do Rob Hatch (do qual reproduzo um trecho logo abaixo).

"...I'll be honest here: I don't think VAMPIRE: THE MASQUERADE should be an entirely comfortable roleplaying experience. The game was originally designed to be an edgy, adult-oriented alternative (pardon the overused MTV-ism) to what was already out there. While my bank account and I are grateful for WW's popularity in our industry, I sometimes wonder if we've lost our willingness to experiment and take risks - if VAMPIRE's become less of a horror-story simulation and more like D&D with sunglasses.

Shouldn't be that way, in my opinion. We've already got D&D - and CHAMPIONS, and SHADOWRUN, and a lot of other games out there offering lighter, less controversial fare. If children want to jump on the White Wolf bandwagon - or hearse, if you will - more power to 'em, if their parents don't mind. But that's not the audience to whom the game should cater.

Thus the "GAMES FOR MATURE MINDS" and "SUGGESTED FOR MATURE READERS" logos on ALL our products; thus the disclaimers scattered hither and yon throughout the books. This is not "The Storytelling Game of Superheroes with Fangs." You're a monster, and you feed on the blood of the living. Unpleasant stuff, and I think sanitizing such things does them a disservice. (Which is more "obscene" - The Revolting Revenant, or a VAMPIRE player diluting an act of murder down to the level of "OK, I attack the bum and recharge my Blood Pool"?)"

-- Rob Hatch, um dos designers do RPG Vampire: the Masquerade, a respeito da controvérsia causada pelos complementos de sistema de sua autoria, considerados "adultos" e "chocantes" demais. Com Rob Hatch na WW e Rein*Haggen ainda vivo, sempre haverá esperança para o RPG.

Esta é uma discussão um bocado específica, eu sei. Interessa apenas aos interessados em Role Playing Games e literatura de horror (de qualidade) e de ficção científica (o que quer dizer William Gibson e companhia frenética, para quem não sabe). Mas o tema que ele toca é muito mais amplo. É a questão contemporânea da esterilização da arte e da expressão em prol da comercializabilidade (não me importa se inventei a palavra) da produção artística e outros interesses pouco ligados à qualidade e intensidade da obra.

Isso é algo que acontece quando Tim Burton filma Batman e distorce toda a estética (e coloca o idiota do Keaton, seu amante da época) para fazer o papel do grande morcego. Acontece quando boas bandas do cenário alternativo viram fabriquetas de baladinhas fáceis ao ingressar no hall da fama da MTV. Acontece quando bons textos de horror e ficção científica só existem em fanzines, publicações alternativas e mídia digital (abençoados pelos deuses sejam estas 3 mídias) enquanto a grande indústria de publicação se preocupa se seus leitores cristãos, adequados e pretensamente sensíveis (meras caixas de reações pré-estabelecidas) não vão ficar chocados e mexidos demais com este ou aquele "produto" artístico.

RPG, assim como cinema, não é unicamente uma atividade infanto-juvenil. Alinhei estas duas formas de expressão artística propositalmente pois é muito fácil, quase óbvio, afirmar isso sobre o cinema. Mas o RPG, muitas vezes por culpa da própria indústria medrosa e adequada que o produz e dos próprios jogadores que falham em perceber suas possibilidades mais profundas e intensas, sofre ainda a etiquetação de "coisa de adolescente". Não deveria ser assim. Não foi assim quando surgiu o Vampire: the Masquerade e, a bem da justiça, já não era assim muito antes disso. Muitos sistemas e universos simbólicos de RPG foram pensados, colaborativamente criados e experienciados numa esfera muito maior do que a mera diversão juvenil desde muito antes do Vampire. O que aconteceu então? A mesma coisa que acontece com a música e com a literatura...
É mais fácil não ousar, seguir pelos caminhos conhecidos, e vender muito para um público fiel por sua falta de criatividade do que ousar e se arriscar a chocar este mesmo público.

Quando a atmosfera de horror pessoal de um de meus sistemas prediletos de RPG dissipou-se em prol das batalhas de poder (e outros delírios fálicos), alguma coisa importante se perdeu. Quando o foco na interpretação de uma pessoa transformada em um monstro que vive da morte do outro foi substituida pela tentativa rasa de interpretação de uma máquina de destruição sem objetivos ou sentimentos, alguma coisa se perdeu. Como disse Rob Hatch, já temos outros sistemas, blockbusters em seu próprio modo, que enfocam a por vezes entediante repetição de matar, ficar mais poderoso, matar um adversário mais poderoso. Isso é um retrato de nosso mundo, a seu modo. Sinto falta da profundidade que se perdeu quando o Vampire se torna mais um destes sistemas.

Estou em busca da verdadeira experiência de interpretação, como Rein*Haggen a pensou... como eu a pensei desde o dia em que descobri o RPG. Aquela experiência de perguntar-se "como é que eu me sentiria nesta situação? como é que meu personagem, sendo quem é, se sente nesta situação?". Uma experimentação, uma reflexão e sobretudo um contar de uma história que tem valor próprio. Estas são as coisas que se perdem quando um rpg de horror pessoal se transforma em mais um rpg de poder pessoal. É atra? destas coisas que eu e vários outros jogadores, fãs do velho vampire, estão atrás.

Em homenagem a tudo isso, resolvi começar uma nova crônica de Vampire, utilizando as regras originais de Rein*Haggen (sim, ainda tenho um exemplar surrado do velho livro que começa com a carta de V.T. a M.H.). Vamos ver no que dá...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2004

Ok, eu admito.
Posso escrever muito melhor do que isso.

Espere e verá.
Quando eu estiver com vontade de escrever, vou escrever.
Por agora estou apenas com vontade de tomar sorvete e caminhar no parque.
Alguém me acompanha?

Eits a núl láif: Dêi Uôn
"all right... / now i'm beginning to see the light / here we go again..."

Acordei cedo.
Não. Pensando bem, eu NÃO acordei. Mas, foi cedo, de qualquer forma.
Não foi fácil manter o carro em linha reta da minha casa até o trabalho. Quanto a trabalhar... isso já é uma abstração. Por sorte havia anotado (nota da consciência: EU não havia anotado. Habiam anotado para mim) meus afazeres pendentes da semana em um pedaço de papel. Por mais sorte ainda o papel ainda estava no bolso do meu casaco. Deuses do trabalho e chefe apaziguados... tudo correu bem.

-- // --

- O que você faz aqui tão cedo?
- Eu trabalho aqui.
- Eu sei, porra. Mas você nunca chega tão cedo...
- Bem. As pessoas mudam.
- Duvido!
- Creo quia absurdum.
- Beleza, então vamos rangar.

Ahhh, Metal.
O bom e velho (e alucinado, porém realista) Metal.

-- // --

Mudar é foda. Mas foda é bom.
O que não muda, morre.
Eu estou vivo...



"...Olhando pra essas chamas,
alguns pensamentos flutuam e vão.
Outros, permanecem.

(...)

Talvez, agora,
eu esteja vivendo
um pouco mais perto da realidade."

-- Metal, aquele que se fode.

-- // --

Post longo, não é?
Pois é. Deu vontade de fazê-lo.
É bom pra cacete fazer as coisas que se tem vontade de fazer... :)


p.s. quem sente sabe o sentido das coisas que digo. não tente entender o que só faz sentido se for sentido.

p.p.s. se a sua vida é entediante, o problema não é meu. :)

domingo, 26 de dezembro de 2004

Cientistas japoneses identificam pingüins homossexuais (folha online)

Impressionante como ainda há pessoas que acham isso anormal. Achar que só o bicho (ou mais especificamente a bicha) homem pode gostar de se agarrar com indivíduos do mesmo sexo é uma forma de preconceito velado. Todo ser sob o sol (ou sob a lua... ou sob a lâmpada fluorescente também) pode escolher seus prazeres, e arcar com eles, e gozar com eles. Sejam eles quais forem...

p.s. qualquer piadinha sobre "pinguins homossexuais e o Linux" será tolerada. não se pode esperar bom senso de todos o tempo todo, não é mesmo?

As voltas do caminho...
caminhando pelo parque Olhos D'Água, eu reencontro um velho amigo: eu mesmo...

Há muito tempo eu não me lembrava de me sentir tão bem...
Quando saí sem rumo certo da casa de uma velha amiga e decidi não tomar o caminho de casa, talvez eu não soubesse para onde estava sendo guiado. Por vezes gosto de acreditar que fazemos nosso destino. Uma amiga, muito amada por sinal, diz que todos os caminhos estão escritos. E foi para lá mesmo, para a casa desta amiga, que meu caminho, propositalmente ou não, me levou.

Este é um post sobre caminhos. Os meus caminhos, que me levaram para longe de mim e aqueles que me trouxeram de volta. Caminhos que passam por muitos lugares, e que por fim se encontram com os caminhos de tijolos cinzentos do parque Olhos D'Água. Aquele pequeno (e adorável) parque incrustado entre as quadras, alí nas 413-14 norte.

Eu estava um pouco entediado quando cheguei ao parque. Caminhava entre as pessoas, trocando palavras agradáveis e distraídas com Natália (a amada amiga em questão, como você deve imaginar). Em algum momento, não sei exatamente qual, percebi o quanto me sentia bem por estar ali. Talvez tenha sido quando olhei para aquela árvore morta. Aquela que mais parece um castelo da corte invisível das fadas... Ou talvez tenha sido quando me vi dançando e saltitando como nos velhos tempos. Em algum lugar naqueles caminhos a mágica se refez. Embrenhava-me por entre as árvores, mesmo fora das trilhas demarcadas, nos velhos saltitos de duende que antes foram uma de minhas marcas registradas. Tudo parecia tão verde, vivo e bom. Depois de muito tempo esmaecido pela vida e pelos caminhos que esta tomou, finalmente, alí, eu me sentia vivo e completo novamente...

Não vou me alongar mais neste post. De fato já falei muito mais do que pretendia a princípio. Talvez seja por que eu sempre fui mesmo um bocado verborrágico...

O que importa é que naqueles caminhos, naquele final de tarde, eu me senti novamente vivo. Dancei por entre as árvores, cantei para mim mesmo e para quem quisesse ouvir e por fim fui saudado pela lua (que já de outrora eu sentia como minha mãe) enquanto deixava o parque. Algumas vezes a vida nos supreende. E que boas estas supresas podem ser...

Digo obrigado, de coração, aos Deuses pela vida e por seus caminhos.

"I was walking in the park dreaming of a spark
When I heard the sprinklers whisper
Shimmer in the haze of summer lawns
Then I heard the children singing
They were running through the rainbows
They were singing a song for you
Well it seemed to be a song for you..."
(Lavender, do Marillion)


Manhãs azuis e tardes verdes para todos...

sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

Então é natal...
Vai chegando o fim do ano gregoriano...
Vão chegando as festas e todos parecem estar revestidos de uma eletricidade e uma felicidade cultural que é quase contagiante. Quase... por que no fundo estas festas nunca fizeram muito sentido para mim...

Mas não estou triste. Não desta vez. O fantasma do banzo que me atingia em outros Natais, outros anos novos, parece ter se esquecido do meu endereço desta vez. Nada de solidão e sensação de inadequação. Eu até poderia passar o dia de hoje feliz, em casa, jogando algum jogo de computador e escrevendo e tomando litros da sopa que eu preparei. Eu ando curtindo muito a minha companhia... e só a minha companhia.

Os tempos estão mudando. Eles sempre estão.
Mudando também estou eu. Por vezes me supreendo com meus atos, não entendo e muito menos sei explicar o quê ou por quê estou fazendo... mas o que seria uma experiência desagradável para alguns para mim tem sido divertida.

Meu grande presente de natal (é, mesmo sendo um pagão confesso e vocal eu ainda ganho presentes de natal...) sou eu mesmo. Ainda estou abrindo os embrulhos e tentando adivinhar o que é exatamente essa coisa chacoalhando, cantando e falando coisas estranhas ainda meio embrulhada em papel preto e verde...

Felizes festas pra quem vai festejar.
Eu vou apenas viver e ver no que dá. :)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

- por quê você está dizendo isso agora?
- deu vontade de fazer um post com uma música do Dead Kennedys. O que você esperava? :)
- Too Drunk to Fuck... :)
- ...
- Hehehe... relaxa. seu post está interessante.
- Você é uma voz em minha cabeça e está me sacaneando? Que porra de mundo é esse?
- É o mundo dentro da sua cabeça. Agora seja bonzinho e vá dormir...
- !?!

P.S. i don't remember being too drunk to fuck... ever. but, then again, maybe i wouldn't remember it anyway. :)

Você acredita que o espírito inovador, contestador, verdadeiramente criativo e caótico do Rock cabe na telinha da sua TV (e que uma emissora comercial bancada pela indústria fonográfica/cinematográfica e pela indústria de moda/comportamento pode ser a sua porta voz legítima)...?


ENTÃO VOCÊ É A CARA DA MTV!

Sentindo-se muito esperto, fotologger?
liga a televisão que passa...

-=-

"M.T.V.-Get Off The Air"
(Dead Kennedys)


Fun Fun Fun in the fluffy chair
Flame up the herb
Woof down the beer
[click!]
Hi
I'm your video DJ
I always talk like I'm wigged out on quaaludes
I wear a satin baseball jacket everywhere I go

My job is to help destroy
What's left of your imagination
By feeding you endless doses
Of sugar-coated mindless garbage

So don't create
Be sedate
Be a vegetable at home
And thwack on that dial
If we have our way even you will believe
This is the future of rock and roll

How far will you go
How low will you stoop
To tranquilize our minds with your sugar-coated swill

You've turned rock and roll rebellion
Into Pat Boone sedation
Making sure nothing's left to the imagination

M.T.V. Get off the
M.T.V. Get off the
M.T.V. Get off the air
Get off the air

See the latest rejects from the muppet show
Wag their tits and their dicks
As they lip-synch on screen
There's something I don't like
About a band who always smiles
Another tax write-off
For some schmuck who doesn't care

M.T.V. Get off the air
And so it was
Our beloved corporate gods
Claimed they created rock video
Allowing it to sink as low in one year
As commercial TV has in 25
"It's the new frontier," they say
It's wide open, anything can happen
But you've got a lot of nerve
To call yourself a pioneer
When you're too god-damn conservative
To take real chances.

Tin-eared
Graph-paper brained accountants
Instead of music fans
Call all the shots at giant record companies now

The lowest common denominator rules
Forget honesty
Forget creativity
The dumbest buy the mostest
That's the name of the game

But sales are slumping
And no one will say why
Could it be they put out one too many lousy records?!?

M.T.V.-Get off the air!
NOW!

-=-

p.s. sim, claro que eu também gosto de videoclips... por isso eu uso meu p2p predileto.

p.p.s. sim, eu também tenho um fotolog. quem disse que as pessoas fazem sentido? :)

terça-feira, 21 de dezembro de 2004

As pessoas são tão complicadas...
inclusive eu.

o conhecimento moderno (científico, que seja, ou não) converge curiosamente rumo ao que já se sabia há muito tempo. A sabedoria dos antigos, muitas vezes chamados de primitivos, mostra-se cada vez mais verdadeira e útil aos olhos de uma ciência que deixa de lado as birras mecanicistas e percebe a beleza das conexões e das coreografias micro e macrocósmicas desse lugar legal que chamamos de universo.

"o renomado cientista pegou sua lanterna e apontou para a escuridão da noite. pensava que com ela, venceria o desconhecido. mas a única coisa que pode perceber é que a escuridão se ria dele..."

o universo tem um senso de humor e uma forma de realizar as coisas que escapa das percepção embotada dos cientistas. talvez eles devessem passear mais por aí e deixar de se achar tão donos das verdades. a verdade não tem dono, nem tem endereço.
tudo que temos é aquilo que podemos ver e sentir.
já é o bastante, se você não quiser brincar de sabe tudo...

Alguém me disse que meus posts são, muitas vezes, "posts bobos de auto-ajuda que servem para entender alguém igualmente confuso...".

Bem... Crítica aceita (seja lá o que for que eu puder fazer a respeito...). Mas a pergunta é: se meu blog é tão terrível assim, por que é que você o lê? Eu estou escrevendo para mim, e para quem quer ler o que escrevo. Quem não gosta, o que faz aqui?

É cada uma que me aparece :)

[mode chavão (pseudo) místico ON]

Todas as coisas no universo estão conectadas. É uma conexão que, quando acompanhada, observada, percebida, causa até espanto.
Pegue um acontecimento da sua vida. Qualquer um. Agora pense nos acontecimentos, fatos, circunstâncias anteriores que possibilitaram e/ou causaram o acontecimento no qual você pensou. Encontros casuais, palavras ditas mesmo sem muita atenção ou profundidade, um dia em que você não estava afim de sair mas mesmo assim foi àquele cinema... tudo.
É impressionante observar as conexões, as cadeias de acontecimentos, e a forma como eles se trançam em sua vida.

É simplesmente impressionante...

[mode chavão (pseudo) místico OFF]

Não é teoria do caos.
É uma sacação muito mais antiga.

Por essas e por outras que temos que viver atentos, e em contato com o que estamos fazendo. É também por isso que vale a pena viver inesperando...

o inesperado (e o absurdo) acontecem...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

"o bardo caminhante, cansado da estrada, ferido no corpo e na alma, aceitou o convite para voltar ao castelo da velha senhora. em meio a toda estranheza daquela refeição, com ícones antigos e velhas palavras feitas novas, ele sentiu que estava no lugar certo.
seguiu seu caminho, de posse de concocções mágicas e idéias confusas, sabendo que iria voltar.
o bardo está em busca de se curar... e talvez reencontrar seu velho lugar.
talvez... apenas talvez...
por hora tudo que ele deseja é voltar a cantar."

domingo, 19 de dezembro de 2004

"...pois eu me canso do templo,
onde nada há para se fazer.
se quiser me encontrar,
me procure na peixaria,
na taverna ou no bordel."

Ikkiu, mestre Zen

sábado, 18 de dezembro de 2004

- você está tão calado. o que você tem?
- eu mesmo.

diálogos (imaginários?)

- às vezes eu não te entendo...
- bem, eu tenho algo a te dizer.
- o que é?
- eu sou assim mesmo, e não sou fácil de entender. ou você me ama assim, ou não há outro eu para amar.
- isso é óbvio.
- e quem disse que as pessoas enxergam alguma coisa só pq ela é óbvia?
- é. vc tem razão...
- não me importa ter razão. eu só quero ser amado.
- seu... carente.
- desisti da hipocrisia há alguns dias, baby.
- isso é bom.
- não. isso é apenas necessário. bom é ser feliz.
- e você é feliz?
- make my day...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2004



em dias como estes
eu me vejo olhando longamente para o horizonte
e pensando em golfinhos.

eu nunca aprendi a nadar com golfinhos
e mesmo assim ela nadou comigo.

eu nunca aprendi a nadar com golfinhos...


quantos erros é possível se cometer em uma só vida?

hoje é um dia que simplesmente não começou.
todas as coisas escorrem por entre meus dedos
e eu não sei ao certo para onde vou.

hoje é um dia que simplesmente não começou
e eu não sei para onde vai terminar...

eu preciso de uma tarde de paz
junto a meus contos
e de cerveja, muita cerveja
e toda a diversão que o mundo puder proporcionar...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

é impressionante a quantidade de coisas sobre as quais se pode refletir enquanto se prepara (ou se reinventa de forma estapafúrdia a receita de) um salpicão...

uma lágrima ou duas não fazem mal a ninguém (e pode até cair bem como tempero, dizem...).

eu estava cozinhando com amor.
coisas estranhas acontecem quando vc faz isso...

terça-feira, 14 de dezembro de 2004

Leva-se muito tempo para se conhecer realmente uma pessoa. Talvez leve uma vida inteira, um pouco mais, ou pouco menos. Em tempos como estes em que todos tem pressa e parece haver sempre muito pouco tempo para tudo (como se corrêssemos cada vez mais rápido, mas não se sabe para onde...) isso parece ser algo paradoxal.

Não há supresa em encontrar paradoxos como estes na vida. Você tem que escolher entre valorizar a calma de se viver uma coisa de cada vez ou o ritmo frenético de nossa civilização. É uma escolha entre estar fora ou dentro, das pessoas ou da sociedade. Não existe um caminho simples bordeando as duas coisas. Ou se é você mesmo, ou se abre mão disso em prol da civilidade. Ou se vive a vida no ritmo da vida da sociedade, ou se vive a vida no ritmo do contato com as pessoas. Este é o nosso paradoxo... mais ou melhor - consigo e com os seus, ou com todos?

Eu estou comigo, não sou civil ou certo, muito menos adequado. Eu tomo meu tempo vivendo meus momentos e me dando tempo para conhecer as pessoas. Não há, ou não deveria haver tanta pressa. De um jeito ou de outro eu sigo meu caminho, mesmo que seja uma estrada marginal, pois nele eu conheço meus passos.

É preciso se aproveitar o prazer de conhecer a si mesmo e às pessoas que te encantam, pois este é um prazer raro. Leva-se muito tempo para se conhecer alguém, talvez a vida inteira. Esquecer-se disso é cortejar o engano, a superficialidade e a farsa.

Eu estou comigo.
"Quem quiser vin, vem" :)

"...there was so much life
between those mechanical, mathematical
parts of being and body.
behind the brown shiny windows
of her logical eyes,
behind all the programming
and electrodes,
behind the man made things,
there was something faerie.

whe was a fascinating paradox
looking for a sense in every thing..."

(um fragmento)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

...The fool escaped from paradise will look over his shoulder and cry
Sit and chew on daffodils and struggle to answer why?
As you grow up and leave the playground where you kissed your prince
and found your frog, Remember the Jester that showed
you tears, the script for tears.

So I`ll hold my peace forever when you wear your bridal gown
In the silence of my shame the mute that sang the siren`s
song has gone solo in the game I`ve gone solo in the game
But the game is over...


Script for a Jester's Tear, Marillion.
Uma das músicas mais perfeitas que eu já ouvi 178 vezes seguidas
dentro de minha cabeça.

"- "Eu senti saudades..."
- "Não faz isso Rodrigo... por favor..."
Mariana sentiu que ia chorar.
- "Não tô legal hoje... não dá pra conversar." Disse por fim,
mas não fez menção de voltar para o bar.
- "Sei lá, cara. A gente vai ficar fugindo um do outro?" disse Rodrigo,
tentando encontrar com seus olhos os olhos esquivos de Mariana.
- "Mariana, eu ainda te amo. Não há nada mais que eu possa dizer..."
Eles choraram, então, entre as pilastras mal iluminadas
de um bloco de apartamentos. Choraram em silêncio,
e não se abraçaram.

Eu preferia terminar esse conto por aqui, enquanto a história ainda é bela.
Mas a vida não é sempre como queremos que ela seja..."

(fragmento do conto O Último Cravo, um dos contos que eu mais reescrevi nos últimos meses...)

não. ele ainda não está pronto.
mas vai ficar...
um dia.

domingo, 12 de dezembro de 2004

existe em toda caminhada
um ponto sem retorno.
eu já passei por alguns,
mas nunca me dou conta disso
enquanto não tento olhar para trás...

de qualquer forma
as três bruxas estarão sempre
esperando sobre o rochedo.

pois assim eu desejo...

o resto é ficção para os meus sentidos.

1) Vocal Under A Bloodlight

Last night you said I was cold, untouchable
A lonely piece of action from another town
I just want to be free, I'm happy to be lonely
Can't you stay away?
Just leave me alone with my thoughts.
Just a runaway, just a runaway,
I'm saving myself.


2) Passing Strangers

Strung out below a necklace of carnival lights
Cold moan, held on the crest of the night
I'm too tired to fight

So now we're passing strangers, at single tables
Still trying to get over,
Still trying to write love songs for passing strangers
All those passing strangers.

And the twinkling lies, all those twinkling lies,
Sparkle with the wet ink on the paper.


("vocal under a bloodlight" e "passing stranger" são poesias de Fish, ex vocalista da banda de rock progressivo Marillion. Os versos rodeavam minha cabeça hoje... e eu sei por que.)

sábado, 11 de dezembro de 2004

Bons e (muito) velhos prêmios Darwin...



O prêmio Darwin é conferido à pessoa cuja morte é a mais estúpida e absurda do ano, geralmente causada pela estupidez do próprio morto. Rodando pelo site (do qual eu já estava com saudades) encontrei potenciais ganhadores ilustres...

Você sabia que Átila o Huno morreu de sangramento no nariz no dia de seu casamento? Ele se afogou no próprio sangue pq estava bebado demais para saber que não deveria dormir com o nariz sangrando...
Leia estas e outras logo abaixo, ou no site do Darwin Awards...

"Holy Roman Emperor Frederick I embarked on the 3rd Crusade to recapture the Holy Land in the twelfth century. After spending days trudging across the dry summer desert, his army came upon the River Saleph. In his parched state, Frederick threw caution to the wind -- instead of his heavy armor -- and plunged into the river, whereupon he sank to the bottom and drowned.

Attila the Hun was one of the most notorious villains in history. He conquered all of Asia by 450 A.D. by destroying villages and pillaging the countryside. This bloodthirsty man died from a nosebleed on his wedding night. After feasting and toasting his own good fortune, he was too drunk to notice his nose, and he drowned in a snoutful of his own blood.

Tycho Brahe, a sixteenth-century Danish astronomer whose research helped Sir Isaac Newton devise the theory of gravity, died because he didn’t make it to the bathroom in time. In that society it was considered an insult to leave the table before the banquet was over. Brahe forgot to relieve himself before the banquet began, then exacerbated matters by imbibing too much alcohol at dinner. Too polite to ask to be excused, he instead allowed his bladder to burst, which killed him slowly and painfully over the next eleven days.

Francis Bacon was an influential statesman, philosopher, writer, and scientist in the sixteenth century. He died while stuffing snow into a chicken. He had been struck by the notion that snow instead of salt might be used to preserve meat. To test his theory he stood outside in the snow and attempted to stuff the bird. The chicken didn’t freeze, but Bacon did, prompting the question “Which froze first? The Bacon or the egg?”..."


A condição natural do ser humano é o ridículo (esta frase está ficando velha) e a estupidez é o elemento mais comum do universo inteiro "of the woooorld" :)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

goiania noise...?
poutz... proposta indecente!

A vida vai entrando nos eixos.
Tudo que eu preciso é dormir...

ao menos meu senso de humor está intacto.

p.s. alguém arranja uma focinheira para o sapo e volta no tempo para dar um colete à prova de balas pro guitarrista do Pantera?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

...em meu silêncio de busca de mim mesmo, faço expedições sensíveis a meu universo interno. Viajo por trilhas de lembranças, guiado por odores e sons...
Nem sempre sei dizer onde vou chegar, e nem é por isso que faço a viagem. Estou viajando por dentro de mim para ver se me encontro por aí, por que o simulacro já se cansou de atuar...

sábado, 4 de dezembro de 2004



"...Luciano não se cansava de observá-la com um sentimento de ansiedade no estômago e os olhos fitos perfurando a noite. Ele desejava aquela menina, mas não como os outros a desejavam. Depois dele não haviaria outro. Depois dele, nada mais. Luciano gostava de se deliciar com o olhar antes de comer alguém. Ele sempre teve o seu jeito de fazer as coisas..."

Um velho conto, recomeçado.
Garotos que dormem tarde é um conto sobre crescer, descobrir o mundo... e licantropia.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

SUPER NOITES SENHOR F
Sexta e sábado, dia 10 e 11 de dezembro, às 22h, no Gate´s Pub (403 Sul). Show com algumas atrações do 10º Goiânia Noise Festival. Mais informações em breve...
(www.protons.com.br/agenda)

Desta vez eu não perco...
sinto saudades dos velhos tempos.



eu tenho duas mãos e o sentimento do mundo.
i like to watch, i love to touch...

(é.)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

O corpo se revolta...
Preciso de mais horas de sono e de alguma comida que não seja um insulto a meu estômago fragilizado. Preciso de tempo para respirar longe de todos os escudos e telas...

Eu acho que vou para casa, onde o silêncio pode reinar...

No bangue bangue tupiniquim nunca se sabe se quem morre no final é o mocinho ou o bandido...

Cinco militantes do MST morreram e mais de 20 ficaram feridos na manhã
deste sábado, durante um ataque de 15 pistoleiros à Fazenda Nova
Alegria, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha. Os pistoleiros
também incendiaram barracos e destruíram bens das famílias acampadas.
A fazenda é a sede do Acampamento Terra Prometida, onde 140 famílias
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão acampados
desde o início de 2002...

(notícia recebida por email do CMI, clique aqui para ler a notícia na íntegra.)

É uma merda que coisas assim aconteçam, mas fica feio culpar o presidente pela falta de justiça no campo. Onde estavam os policiais, o delegado, o juiz, o secretário de segurança do estado e a consciência do mandante nessa hora? Só dois motivos realmente levam uma pessoa a matar outra, e eles geralmente acontecem juntos: querer matar e (acreditar) poder matar. Fazer política em cima do caixão alheio é feio feio feio...

DP e DD sobre a colina...

- Olhe para o céu, para as estrelas, luzes no meio da escuridão... Agora olhe em volta, para as luzes da cidade, as luzes das casas no meio da mata lá embaixo... São duas cidades, dois lugares. O reino lá de cima e o reino aqui de baixo.
- E nós estamos o tempo todo tentando chegar lá, mas somos por demais ciborgues para isso...
- Não. Estamos, na verdade, tentando construir uma réplica da cidade do céu aqui na terra. Olhe à nossa volta... Não estamos muito longe...
- Mas ainda temos muito trabalho pela frente...
- É...

(meu irmão diria "tem que ter fé...")