Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006



"Você acorda com o despertador, mas não está realmente acordado. De fato, você não esteve realmente acordado desde... desde que se lembra. Sentado na cama, um tanto relutante - você não quer ir para o trabalho - tenta se lembrar de seus sonhos. Não consegue lembrar-se nem sequer se sonhou. Lembra-se vagamente dele, e da forma como ele olhava pra você, mas não sabe se o sonhou ou se o imaginou. Todas as perguntas já desapareceram quando você começa a escovar os dentes, balançando para um lado e para o outro e morrendo de sono. Você não está realmente acordado, mas está de pé. Tem que se contentar com isso. Ao menos não vai perder a hora novamente. Se ele estivesse alí, lembraria você de perguntar a si mesmo quem é você. Você provavelmente não saberia a resposta. Você não está acordado o bastante para isso.

Ás vezes você queria ser normal -- como os outros -- mas você não sabe ao certo o que isso quer dizer. Quando olha de verdade para a vida da maioria das pessoas que o cercam, você tem a impressão de que eles não são felizes. Parecem de fato viver vidas muito chatas. Veja aquele pessoal do escritório, e mesmo aqueles seus amigos lá do boteco. Eles se divertem ao modo deles, mas você não tem certeza de que se divertiria no lugar deles. Há algumas pessoas cuja vida e modo de ser você admira, mas é isso... você gosta que elas não sejam você, para que elas possam estar em sua vida. De qualquer modo você não iria querer viver a vida delas -- elas também parecem inadequadas para você -- não são o tipo de vida que poderia ser a sua vida. Então você se pergunta o que é ser normal, não encontra resposta, e acaba desistindo da idéia. É então que você se sente bem com a idéia de tentar ser você mesmo. Não que você saiba ao certo o que isso quer dizer..."
(Primeiras palavras de "Acorda pra Sonhar")

É um bom começo para o meu primeiro conto da minha nova fase.
Escrever em segunda pessoa é mesmo um tesão.

Eu já falei que devo um brinde ao Jay?


UPDATE: O Dpadua apontou, e com muita sabedoria, que eu deveria ter experimentado com a narração em segunda pessoa há muito tempo atrás. Sou mestre de RPG desde antes de me entender por gente. Narrar uma situação em segunda pessoa é cotidiano para mim. Pq nunca tentei escrever usando este recurso? Não sei... não importa pq não o fiz antes. Agora eu comecei...

Vamos ver no que vai dar (my new motto)

UPDATE2: adicionei mais uma parte (o segundo parágrafo, versão 1.0.1) para dar um gostinho melhor do que se trata. provavelmente este não será o segundo parágrafo no fim das contas. há um parágrafo com vontade de aparecer no meio dos dois. vou fazer a vontade dele, eventualmente. Sigo trabalhando, com amor...

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