Daniel Duende é escritor, brasiliense, e tradutor (talvez nesta ordem). Sofre de um grave vício em video-games do qual nunca quis se tratar, mas nas horas vagas de sobriedade tenta descobrir o que é ser um blogueiro. Outras de suas paixões são os jogos de interpretação e sua desorganizada coleção de quadrinhos. Vez por outra tira também umas fotografias, mas nunca gosta muito do resultado.

Duende é atualmente o Coordenador do Global Voices em Português, site responsável pela tradução do conteúdo do observatório blogosférico Global Voices Online, e vez por outra colabora com o Overmundo. Mantém atualmente dois blogues, o Novo Alriada Express e O Caderno do Cluracão, e alterna-se em gostar ora mais de um, ora mais de outro, mas ambos são filhos queridos. Tem também uma conta no flickr, um fotolog e uma gata branca que acredita que ele também seja um gato.

sábado, 30 de agosto de 2003

Para viver um momento triste, precisamos de muito silêncio e calma. Silêncio e calma como estes, desta manhã de sábado. Se não vejo para que rumo vou, basta continuar caminhando devagar, esperando a cerração passar. Se não sei o que fazer, espero aparecer as opções e escolho com calma. Se não sei o que dizer, não digo nada. Não tenho que dizer, fazer ou ser nada...
A saudade vira um sentimento constante, uma tristeza nas bordas da consciência... assim, como as bordas brancas de uma foto. Como uma eterna lembrança no canto dos olhos...
Não peço mais conselhos, mas escuto ora mais ora menos interessados aqueles que me são dados mesmo assim...
Quando me dizem para não ficar triste, esquecer e seguir em frente, ignoro.
Quando me dizem que a reencontro após a próxima esquina, sigo em frente, bem devagar, pé ante pé.
Com calma, vou andando pela vida e vendo onde me leva este caminho. Da minha tristeza, choro por dentro. Da tristeza dos outros, que por hora parece até maior (com o peso da morte), ainda derramo lágrimas. E é assim, vivendo devagar, sem me forçar a nada, que continuo minha vida.
Aceitar a falta que faz a pessoa que tanto quero é parte da vida.
Ao menos eu sei que vamos nos reencontrar.
É maior a dor daqueles que sabem que nunca mais verão alguém. A estes, devo respeito, como devo respeito a mim por sobreviver a meus mortos. E à dor que me causa não ter aquela linda menina a meu lado, dou a permissão de doer. Sentir a falta de quem se ama de longe faz parte da vida, e é melhor do que ter o coração vazio...
Eu sou feliz em minha tristeza por ter amor em meu coração.
E a saudade é tanta...
Preciso de colo. Preciso talvez daquele colo doce pelo qual choro. Mas não se pode ter tudo.
E no fundo do coração, mesmo além de todo o sentido e racionalidade, queria que ela pudesse estar aqui comigo...
Um dia, quem sabe...

Por hora, vou vivendo.

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